⎯ Bem-vindo ao McDonald's, o que deseja? -perguntei para a cliente com o dispositivo via bluetooth pressionado em meu ouvido.

⎯ Gostaria de dois McLanche feliz e um café simples. -ela respondeu e eu não demorei a marcar seu pedido no computador.

⎯ Algo mais?

⎯ Nada além disso.

⎯ Certo. Seu pedido deu no total de vinte e dois dólares. Você pode ir pegar no guichê assim que ficar pronto.

⎯ Obrigado.

⎯ Agradecemos pela preferência. -a cliente seguiu seu caminho enquanto eu mantive meu sorriso gentil de sempre.

O pagamento foi concluído e o pedido entregue. Eu gentilmente me despeço e rezo para que nenhum carro apareça mais no Drive-Thru, estou completamente exausta. Embora eu prefira atender pessoas que só vem buscar comida no carro, do que trabalhar dentro do restaurante. Eu ajusto meu boné mais uma vez e suspiro. Ainda falta uma hora até meu turno chegar ao fim, o que me anima por vezes. O sensor me alerta que há um carro novo no Drive-Thru e eu imediatamente volto minha atenção para lá.

⎯ Bem-vindo ao McDonald's. O que deseja?

Eu ouço uma risada feminina, e em seguida, alguém pigarreia.

⎯ Eu gostaria de convidar uma tal de [Nome] para sair comigo. -sophia brinca após abaixar o vidro do carro. eu sorrio como idiota.

⎯ Ela se encontra indisponível agora, volte em uma hora.

Ela sorri para mim novamente e logo nega vagarosamente com a cabeça.

⎯ Não acredito que está passando o seu verão aqui.

⎯ Preciso de emprego e você sabe muito bem. O que faz aqui?

⎯ Eu vim te sequestrar! -eu solto um riso anasalado.

⎯ Ainda falta uma hora, já te falei. -seu sorriso aberto aparece, onde ela fala mais uma vez.

⎯ Que parte de sequestro você não entendeu? A parte onde você recusa é involuntária.

Estou prestes a abrir a boca para protestar, quando sinto alguém atrás de mim encostando em meu ombro, me viro e vejo meu colega de trabalho ali.
Seu cabelo alaranjado escapa do boné, ele observa Sophia totalmente absorvido pela beleza da loira. Minha atenção volta para a garota novamente.

⎯ O que aconteceu aqui?

⎯ Ele cuidará do seu tempo restante. -a loira pisca para o ruivo e eu suspiro.

⎯ Pra quê fazer isso? -ela encolhe os ombros e logo faz um bico, onde responde.

⎯ Fazemos coisas legais pelos nossos amigos, certo? -seus olhos voltam para mim novamente. ⎯ Então arrume suas coisas e venha logo, eu te espero no estacionamento. Temos que sair agora.

Antes que eu pudesse recusar, ela dispara em direção ao estacionamento, eu suspiro olhando para o ruivo e reviro os olhos, seguindo até os fundos para arrumar minhas coisas. Se não fosse por Sophia, eu teria uma vida totalmente pacata nos verões.
Em poucos minutos, com minha mochila, encontro a loira e entro em seu veículo.

⎯ Não posso acreditar...

⎯ Eu sou a melhor amiga de todas, eu sei! -ela diz de maneira convencida.

⎯ Não, digo, sim. Mas fala sério Sophia, aquele cara? Achei que ruivos não faziam seu tipo.

⎯ Ed Sheeran me fez mudar de ideia a muito tempo.

⎯ E o que você fez?

⎯ Prometi aceitar sair com ele. Mas um detalhe útil é que, eu só cumpro promessas para você. -soltei um riso baixo, não pude evitar.

⎯ Não pode usar seu físico para se safar de tudo.

⎯ Claro que posso, amorzinho. -neguei com a cabeça, ainda sorrindo.

⎯ Enfim, aonde vamos?

⎯ Dominiac, claro. -meus olhos se arregalaram para ela.

Dominiac é um dos clubes populares na cidade e o lugar favorito de Sophia nas noites de sexta-feira. Nunca fui, ser menor de idade me impede, o que Sophia parece ter esquecido completamente.

⎯ Primeiro, minha mãe vai me matar se souber; Segundo, você realmente espera que eu vá assim? Com o cheiro de batatas fritas e com essa roupa?

⎯ Primeiro, isso já está resolvido; Segundo, vamos passar na minha casa antes de irmos.

⎯ Para você me emprestar um daqueles vestidos que mostram até a alma? -sophia ri abertamente para mim, onde eu cruzo os braços.

⎯ Não seja tão exagerada, mostrar os joelhos não é crime, [Nome].

⎯ Para a sua informação, no Oriente Médio é.

⎯ E para a sua informação, não estamos no Oriente médio.

⎯ O semáforo ficou verde. -apontei. as vezes ela se distrai totalmente no trânsito, pelomenos eu estava ali para ajudá-la.

⎯ Só temos mais duas semanas de férias e você não fez nada além de trabalhar.

⎯ Bom, fui útil para mim mesma, pelomenos.

⎯ Isso é o de menos. -ela puxa os óculos escuros e pisca para mim, me fazendo revirar os olhos com um sorriso irônico. ⎯ Mas de qualquer forma, vamos nos divertir querida, somos jovens livres.

Ela sai do carro após estacionar o veículo nos fundos de sua moradia, onde eu arqueei uma sobrancelha por estranhar.
Eu esperava que a mesma entrasse pela porta dos fundos, mas ela entrou pela janela do próprio quarto.

⎯ Sophia?

⎯ Quase esqueci de te falar. Meus pais não sabem das minhas noites fora, então temos que ir rápido.

Essa garota é incrivelmente maluca. Eu a amo.
O que pareceu uma eternidade, mas na verdade foi uma hora depois: Já estamos em Dominiac, conseguimos entrar sem problemas. Eu sei, também não acredito.

Sophia me emprestou um vestido preto que se ajusta perfeitamente no meu corpo. Apesar de ela ser mais voluptuosa do que eu, o vestido foi esculpido na minha silhueta como se tivesse sido meu o tempo todo. Não chega aos meus joelhos, é pouco mais de quatro dedos acima deles, então me sinto confortável.
A primeira coisa que eu noto é que nem todo mundo entra lá, a fila de admissão é muito longa e tem muita gente que retorna para suas casas ou vão para outro clube. Agora que estou do outro lado, entendo o por quê. Este não é um lugar qualquer, é requintado e decorado de forma moderna. Existem luzes coloridas e efeitos de movimentos ao nosso redor, a pista de dança é ampla e cheia de casais dançando ao ritmo da música.

A música...

Sinto que vibro com ela, é impossível ouvir outra coisa senão a música.
Como as pessoas devem se comunicar em lugares como este? Como se Sophia me ouvisse, ela se aproxima de mim.

⎯ Vou pegar algo para beber! -ela grita próxima ao meu ouvido e desaparece, balançando seus cabelos que ficam de certa forma, reluzentes com as luzes ali.

Eu aproveito para olhar ao meu redor, vejo muitas garotas lindas e muito bem vestidas. Eu esperava algo assim, por que sei que Sophia não vai a lugares ruins. A família dela tem dinheiro, claro, não de forma exagerada como a família de Suna, mas vivem perfeitamente bem. Portanto, espera-se que os locais que Sophia frequenta sejam bons e bonitos.

Mas obviamente não existem apenas garotas bonitas, mas também caras lindos.
Porém, nada como meu Suna...
Meu Suna?
Já me apropriei dele sem seu consentimento.

Examinando o local, percebo que há um segundo andar que tem mesas com vista para a pista de dança, e é nesse momento que meus olhos encontram aquele par de orbes amareladas que assombram meus dias e noites.

Suna.

A pessoa em quem venho pensando, está sentado ali, tão lindo como sempre. Ele está vestindo calça preta, sapatos da mesma cor e uma camisa cinza com mangas arregaçadas até os cotovelos. Seu cabelo castanho está naquela bagunça perfeita que só fica bem nele. Inconscientemente, estou me movendo em direção a ele, como um metal em direção a um imã. Seus olhos me prendem, estou sob seu feitiço. Só quando encontro o segurança em frente à escadaria, que me levaria até ele, é que volto a realidade.

⎯ Esta é uma área VIP, senhorita, não pode passar. -o segurança diz com firmeza. eu tiro meu olhar de suna e balanço minha cabeça para acordar.

⎯ Ah, entendi... -eu olho para suna uma última vez, que está me olhando de lá. lá em cima, totalmente arrogante. ⎯ Pensei que todos nós poderíamos subir ali.

⎯ Não, acesso reservado. -ele gesticula para eu ir e deixá-lo seguir seu duro trabalho de múmia na frente de uma escada.

Claro que o todo poderoso Suna está na área VIP; ele é demais para se misturar com o suor e os feromônios das pessoas comuns que dançam aqui.
Relutantemente, volto por onde vim e encontro Sophia no caminho.

⎯ Achei que não fosse te encontrar! -ela grita no meu ouvido e me entrega uma bebida rosa fluorescente.

⎯ O que é isso?!

⎯ Chama-se Rosé! Você tem que experimentar!

Eu a olho, e em seguida, encaro o pequeno copo de todos os lados. Eu cheiro e o cheiro é tão forte... meu nariz fica bêbado e espirra. Sophia toma o dela em um gole, me deixando atordoada. Ela me encoraja a pegar o meu e por algum motivo meus olhos viajam para aquela pequena área VIP. Suna levanta seu copo, do que parece ser, uísque, como se fosse me fazer um brinde, e então toma um gole.
Está me desafiando, Iscariote?

Com um único gole, pego o copo e o líquido agridoce desce pela minha garganta, incendiando tudo em que seu caminho percorre.
Eu tusso e Sophia me dá um tapa nas costas. A gente vai para o bar e lá, a loira me entrega dois drinks. Eu já estava delirando, achei que fosse um para mim e outro para ela, mas não, ela me entrega os dois.
Cinco bebidas depois, Sophia me arrasta para a pista de dança e eu tenho tanto álcool no meu sistema que mal paro para me importar, apenas sigo seu ritmo.

⎯ Vamos dançar, amorzinho! -ela comemora enquanto nadamos na onda de pessoas na pista. eu a sigo e cada vez mais percebo o quão bom é ser espontânea através do álcool.

Eu danço e danço muito. Tudo ao redor é colorido e a música vibra por todo o meu corpo. Por curiosidade, eu olho para a realeza estúpida sentada na área VIP e o vejo. E ele fica me encarando, como um falcão observando sua presa das alturas.

Você não pode parar de olhar para mim?
Não se iluda, [Nome]. Ele disse claramente que não gosta de você.
Então, por quê ele continua me olhando tanto?

Vou te dar algo para olhar, Iscariote.
Eu mal estava pensando, onde comecei a dançar lentamente, movendo os quadris no ritmo da música. Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo comprido e depois descendo pelos lados dos meus seios, minha cintura, meus quadris, até chegar ao final do meu vestido para brincar com ele e puxá-lo um pouco.
Os olhos de Suna vidram ainda mais, ele leva o copo aos lábios e os molha para lambê-los.
Aqueles lábios que percorreram pelo meu pescoço e coxas, me deixando querendo mais e mais. Suna zombou de mim duas vezes, já estava na hora dele receber o que merecia.

Vou mostrar a ele que não me esqueço de nada e que até um trapaceiro pode tomar uma colher do seu próprio remédio.