• 002 •
A tensão no ar parecia aumentar a cada segundo enquanto os jogadores se preparavam para o próximo desafio. Myung-gi observava atentamente cada expressão ao seu redor, tentando identificar fraquezas, brechas que poderia explorar. O homem corpulento que agora chamava de aliado estava ao seu lado, inquieto, mas pronto para agir. Myung-gi sabia que essa parceria seria temporária. Ele não confiava em ninguém, nem mesmo em si mesmo.
A voz mecânica soou novamente, fria e impessoal, anunciando o início do jogo. O ambiente se encheu de sons metálicos e passos apressados enquanto os jogadores corriam em direção à mesa central. Alguns hesitavam, outros agiam por instinto, agarrando qualquer arma ou item que pudessem encontrar. Myung-gi, no entanto, esperou. Ele sabia que agir precipitadamente poderia ser sua ruína.
Jun-hee estava distante, mas seus olhos atentos não perdiam nada. Ela segurava uma faca com firmeza, como se soubesse exatamente o que fazer. Myung-gi sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Havia algo nela que ele não conseguia decifrar, uma força que o intimidava. Ele desviou o olhar, focando em seu plano.
Ele e o homem corpulento se aproximaram da mesa quando o caos inicial diminuiu. Myung-gi pegou uma barra de ferro enferrujada, avaliando seu peso e utilidade. O aliado escolheu uma corrente longa, enrolando-a ao redor do braço como um escudo improvisado. Ambos se afastaram rapidamente, buscando um canto onde pudessem observar e planejar.
A arena agora estava dividida. Pequenos grupos se formavam, alianças frágeis que poderiam desmoronar a qualquer momento. Myung-gi sabia que esse era o momento de plantar sementes de discórdia. Ele precisava garantir que outros jogadores se enfrentassem antes que chegasse a sua vez de agir.
“Precisamos manter o foco,” ele disse ao corpulento, com uma calma que não sentia. “Deixe que eles se destruam primeiro. Depois, eliminamos os sobreviventes.”
O homem concordou com um aceno, mas havia algo em seu olhar que Myung-gi não gostou. Ele sabia que a confiança entre eles era ilusória. Era apenas questão de tempo até que aquele homem se voltasse contra ele.
Do outro lado da arena, Jun-hee permaneceu isolada, mas sua postura exalava determinação. Ela não parecia interessada em alianças ou estratégias complexas. Sua força estava em sua independência, algo que Myung-gi nunca poderia compreender completamente. Ele a observava de longe, tentando entender o que ela faria a seguir.
O primeiro confronto ocorreu rapidamente. Dois jogadores que haviam formado uma aliança começaram a discutir. As palavras se transformaram em gritos, e logo a situação escalou para violência. Myung-gi e seu aliado assistiram de longe, aproveitando a distração para se moverem furtivamente pela arena, evitando chamar atenção.
“Vamos para o centro,” Myung-gi sugeriu, apontando para uma área mais aberta. “Teremos mais espaço para agir.”
O homem corpulento hesitou, mas acabou concordando. Eles começaram a se mover, mas não passaram despercebidos. Jun-hee os observava. Ela sabia que Myung-gi estava tramando algo, mas não interveio. Ela estava esperando, planejando.
Quando chegaram ao centro da arena, Myung-gi sentiu que era o momento certo para agir. Ele virou-se para o homem corpulento com um sorriso falso.
“Você fez um bom trabalho até agora,” disse ele, tentando parecer amigável. “Mas sabe que isso não vai durar, certo?”
O homem franziu o cenho, confuso. Antes que pudesse reagir, Myung-gi avançou, usando a barra de ferro para desarmá-lo. A luta foi breve, mas intensa. Myung-gi saiu vencedor, ofegante, mas ileso. Ele olhou para o corpo inerte do homem, sentindo uma mistura de alívio e culpa.
Do outro lado da arena, Jun-hee assistia à cena com um olhar impassível. Ela não parecia surpresa, nem impressionada. Para ela, Myung-gi era previsível. Ela sabia que ele trairia qualquer um para sobreviver.
Myung-gi sabia que o confronto final entre eles era inevitável. Ele sentia isso em cada fibra do seu ser. Mas, por enquanto, ele precisava se concentrar no presente. O jogo estava longe de terminar, e cada escolha que fazia o aproximava mais do inevitável embate com Jun-hee.
A voz mecânica anunciou o fim da rodada, e os jogadores sobreviventes foram levados para uma sala de descanso. Myung-gi sentou-se em um canto, observando os outros. Ele sabia que a verdadeira luta ainda estava por vir, e que, para vencer, precisaria enfrentar seus próprios demônios – e Jun-hee.
Myung-gi limpou o suor da testa enquanto se acomodava no canto da sala de descanso. Ele sentia os olhares sobre si, pesados e desconfiados, mas fazia o possível para ignorá-los. O ar estava carregado de tensão, e o silêncio era quebrado apenas pelos sons esporádicos de passos ou respirações aceleradas. Ele sabia que cada sobrevivente estava traçando estratégias, pensando no próximo movimento.
Jun-hee permaneceu em pé, encostada na parede oposta, como se não sentisse o cansaço. Seus olhos varriam o ambiente, estudando cada um dos jogadores. Myung-gi tentou não encará-la diretamente, mas era difícil ignorar a aura de força e mistério que emanava dela. Ele sabia que, cedo ou tarde, ela seria seu maior obstáculo.
"Você está bem?" A pergunta o pegou de surpresa. Uma jovem de cabelos curtos, que parecia ter pouco mais de vinte anos, se aproximou dele com um olhar cauteloso. Myung-gi não lembrava de tê-la visto antes, o que significava que ela havia se mantido discreta durante o caos.
"Estou bem," respondeu ele, seco, mas mantendo a expressão neutra. Ele não tinha tempo para estabelecer vínculos, mas também não queria chamar atenção negativa.
"Você não parece," insistiu ela, olhando para a barra de ferro ainda em sua mão. "Foi você quem... eliminou aquele homem no centro, não foi?"
Myung-gi estreitou os olhos, tentando avaliar suas intenções. A pergunta não parecia acusatória, mas também não tinha a inocência de uma mera curiosidade.
"E se foi?" retrucou, num tom que indicava que a conversa estava prestes a acabar.
A jovem deu de ombros e se afastou, murmurando algo que ele não conseguiu ouvir. Enquanto isso, Jun-hee continuava imóvel, mas seus olhos encontraram os de Myung-gi por um breve momento. Foi o suficiente para fazer seu estômago revirar.
Antes que pudesse pensar mais sobre isso, a voz mecânica soou novamente, ecoando pela sala.
"Jogadores, preparem-se para o próximo desafio. Vocês serão testados em coordenação e lealdade. Formem duplas imediatamente."
O anúncio trouxe um burburinho instantâneo. Myung-gi sentiu o pânico crescer à sua volta. Ele sabia que ninguém confiava em ninguém, e formar uma dupla em um jogo como aquele era praticamente uma sentença de morte para um dos lados.
Ele olhou ao redor, avaliando as possibilidades. A jovem de cabelos curtos parecia hesitar em se aproximar dele novamente, enquanto outros jogadores formavam alianças apressadas. Foi então que ele percebeu que Jun-hee ainda estava sozinha, observando-o com um sorriso enigmático.
"Myung-gi," chamou ela, sua voz clara e imponente. "Vamos formar uma dupla."
O silêncio caiu na sala. Todos os olhos se voltaram para os dois. Myung-gi sentiu um nó na garganta. Ele sabia que recusar seria visto como fraqueza, mas aceitar poderia ser ainda mais perigoso.
"Por que eu?" perguntou, tentando ganhar tempo enquanto pensava em uma saída.
"Porque eu sei que você é bom em sobreviver," respondeu ela, dando um passo à frente. "E eu gosto de trabalhar com quem tem instinto."
Myung-gi hesitou, mas sabia que não tinha escolha. Ele estendeu a mão, selando a parceria. Jun-hee apertou sua mão firmemente, e ele sentiu um calafrio percorrer sua espinha.
Enquanto a voz mecânica chamava os jogadores para se alinharem, Myung-gi não pôde deixar de se perguntar se havia acabado de fazer um pacto com o próprio destino – ou com a pessoa que poderia destruí-lo.
O aperto de mão de Jun-hee era firme, quase como um aviso silencioso. Myung-gi sentiu o peso daquela decisão em cada músculo do seu corpo. Ele sabia que, ao formar uma aliança com ela, havia se colocado em um campo minado, mas o que mais poderia fazer? Recusar seria visto como fraqueza. Pior, como um convite para que outros o eliminassem.
O som da voz mecânica ecoou novamente, cortando qualquer linha de pensamento.
"Jogadores, o próximo desafio será realizado na Câmara dos Espelhos. Sigam as luzes até o local designado. Vocês têm três minutos."
As luzes no teto piscavam em sincronia, formando um caminho pulsante que serpenteava em direção a uma porta de metal ao fundo. Myung-gi e Jun-hee trocaram um olhar rápido. Não havia espaço para hesitação. Ele seguiu ao lado dela, sentindo o olhar dos outros jogadores em suas costas.
O grupo se espremeu através da porta, entrando em um espaço que parecia um labirinto sem fim. Espelhos cobriam as paredes, o teto e até o chão, distorcendo suas imagens e criando ilusões perturbadoras. Cada passo ecoava como se o espaço fosse infinitamente vazio, mas também claustrofobicamente fechado.
"Bem-vindos à Câmara dos Espelhos," anunciou a voz, agora mais baixa, quase sussurrada, como se o próprio espaço estivesse ouvindo. "Neste desafio, vocês e suas duplas deverão atravessar o labirinto. Apenas um par alcançará a saída. Os outros... serão eliminados."
Eliminados. Myung-gi engoliu em seco, sentindo o peso da palavra. Não era apenas uma corrida contra o tempo, mas contra todos os outros.
"Uma dica: as respostas estão nos reflexos," concluiu a voz antes de desaparecer completamente, deixando apenas o som de respirações tensas e passos hesitantes.
Jun-hee não perdeu tempo.
"Fique perto de mim. Se nos separarmos, você não vai me encontrar de novo," disse ela, o tom autoritário, como se já tivesse planejado tudo.
"Você parece bem confiante," respondeu Myung-gi, tentando esconder o nervosismo que sentia.
"Porque eu sou," disse ela, começando a andar.
Os primeiros minutos foram desorientadores. Cada corredor parecia igual ao anterior, e os reflexos nos espelhos faziam parecer que havia pessoas ao redor, mesmo quando não havia ninguém. Myung-gi tentou focar nos passos de Jun-hee, mas sua mente estava em alerta constante.
"Espere," ele disse, puxando-a pelo braço. "Olhe ali."
Ele apontou para um dos espelhos. Havia algo estranho no reflexo. Enquanto eles pareciam estar de pé, imóveis, o reflexo mostrava os dois caminhando em uma direção diferente.
"Interessante," disse Jun-hee, inclinando a cabeça. "Você percebe rápido."
"Eu só não quero morrer aqui," ele respondeu.
Jun-hee seguiu o reflexo, arrastando Myung-gi com ela. Cada passo parecia levá-los mais fundo no labirinto, mas as pistas começaram a aparecer. Pequenos símbolos gravados nos espelhos, como runas antigas, pareciam brilhar levemente quando passavam.
"Isso não é apenas um teste de coordenação," disse Myung-gi, quebrando o silêncio. "Eles querem nos confundir. Nos forçar a pensar como uma equipe."
"Ou nos fazer trair um ao outro," Jun-hee completou, olhando diretamente para ele.
O tom dela o incomodou, mas ele não tinha tempo para questionar. De repente, um som estridente cortou o ar – um grito vindo de algum lugar distante.
"Outro par foi eliminado," disse Jun-hee, como se fosse algo inevitável.
Eles continuaram avançando, mas a tensão aumentava a cada segundo. Myung-gi sentia o suor escorrendo pela nuca. Cada passo parecia mais pesado, cada reflexo mais ameaçador.
De repente, chegaram a uma bifurcação. Os espelhos à esquerda mostravam apenas escuridão, enquanto os da direita refletiam uma luz dourada, como se um caminho seguro os aguardasse.
"Qual lado?" perguntou Myung-gi, tentando decifrar os sinais.
Jun-hee olhou para os espelhos, analisando cada detalhe. Então, sem aviso, ela agarrou o pulso dele e o puxou para o caminho da esquerda.
"O que você está fazendo?!" ele protestou, tentando se soltar.
"Confie em mim," ela disse, sem olhar para trás.
Eles correram pelo corredor escuro, os espelhos mostrando imagens desconexas. Myung-gi viu reflexos de si mesmo em situações impossíveis – caído, sangrando, ou encarando algo que não conseguia identificar. Ele sentiu um arrepio, mas seguiu Jun-hee, sem outra opção.
De repente, a luz voltou, revelando uma sala circular com um único espelho no centro. Nele, havia uma inscrição gravada: Somente um reflexo é verdadeiro.
"O que isso significa?" Myung-gi perguntou, a voz carregada de ansiedade.
"Significa que precisamos escolher," disse Jun-hee, aproximando-se do espelho.
Antes que pudessem fazer qualquer coisa, outro par entrou na sala – um homem alto e robusto, segurando uma arma improvisada, e a jovem de cabelos curtos que havia falado com Myung-gi anteriormente.
"Hora do confronto final," disse o homem, sorrindo cruelmente.
Myung-gi e Jun-hee trocaram um olhar rápido. A verdadeira prova não era apenas decifrar o enigma – era sobreviver àqueles que também queriam escapar.
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