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𝟷 - 𝙴𝚍𝚖𝚞𝚗𝚍𝚘 𝙿𝚎𝚟𝚎𝚗𝚜𝚒𝚎 | 𝙰 𝙽𝚎𝚠 𝙻𝚒𝚏𝚎

Desde criança eu aprendi que cada escolha que fazemos tem consequências, às vezes ela pode ser boa ou ruim, talvez ambas ao mesmo tempo. Meu pai reforçava essa ideia para mim todos os dias, mas minha mãe gostava de pensar de um modo um pouco diferente. Não podemos classificar as consequências apenas em algo bom ou ruim, ela costumava dizer enquanto escovava meu cabelo antes de dormir, pois devemos ver os lados positivos e negativos de cada situação.

Quando eu escolhi deixar de me dedicar às aulas de etiqueta como deveria para treinar luta com espada e arco e flecha, o lado positivo foi ver o olhar de encorajamento da minha mãe, e o lado negativo foi ver o olhar de desapontamento do meu pai. Quando escolhi defender meu primo, Caspian, do meu melhor amigo, o lado positivo foi ter me aproximado de Caspian, e o lado negativo foi ter perdido uma amizade de anos. Quando escolhi não me deixar sucumbir pela dor da perda dos meus pais, o lado positivo foi permanecer viva, e o lado negativo foi ter que conviver com a dor todos os dias.

Escolhas.

A vida é feita delas.

Com arrependimento ou não, elas são feitas, e quase sempre não podem ser desfeitas.

Nunca me arrependi de ter deixado Nárnia para ir para o mundo daquele que eu amava, nem por um segundo, mas, como eu disse, a escolha teve consequências. Desde que deixamos Nárnia após nossa aventura no Peregrino da Alvorada, Edmundo se esforçava para que eu me sentisse bem-vinda em seu mundo e amada todos os dias – não que ele precisasse fazer muito esforço, eu já estava completamente apaixonada por ele –, mas a saudade era inevitável.

Sentia falta de Caspian e dos amigos que fiz depois da queda do meu tio Miraz, mas sabia que meu primo estava bem, porque, como ele mesmo disse, só ficaria feliz se eu estivesse feliz, e minha felicidade não estava mais no lugar em que nascemos.

Nos primeiros dias no mundo dos antigos reis e rainhas de Nárnia, Edmundo e Lúcia não saíam do meu lado, tão animados quanto eu para me mostrarem as diferenças entre nossos mundos. Fiquei impressionada com a diferença dos sabores e variedades das comidas e das vestimentas, principalmente as femininas. As roupas das mulheres não eram nada práticas, e os sapatos me incomodavam mais do que tudo. Nenhuma delas parecia ter pretensão de lutar com aquelas roupas caso fosse preciso.

Aliás, foi um choque para mim quando Edmundo, em um piquenique que ele fez para nós dois, me explicou que as mulheres não costumavam lutar e as que o faziam eram mal vistas pela maioria das pessoas quando o questionei sobre isso – ele também me falou sobre as guerras que aconteceram recentemente em seu mundo. Os telmarinos não pensavam muito diferente, mas as coisas ficaram bem diferentes em Nárnia depois que nos juntamos aos narnianos.

Depois de dias mágicos em um mundo sem magia ao lado do meu rei, precisei ir a um lugar chamado escola. Aparentemente, Edmundo e Lúcia estavam faltando bastante na escola para que eu pudesse me encaixar no mundo deles o mais depressa possível, afinal, eu havia sido acolhida pelos pais de Eustáquio e precisava parecer normal para eles, mas agora precisavam voltar, e eu também.

Uma semana antes de irmos para essa escola, Lúcia me explicou tudo sobre ela: os uniformes iguais que precisávamos usar, o tipo de coisa que era ensinado para os jovens e a diferença nítida do tratamento entre garotas e garotos. No final da sua explicação, conclui que preferia ir para uma guerra, porque parecia bem mais fácil. Em uma guerra não havia um uniforme ridículo – minha nova irmã me mostrou o seu –, os conhecimentos aprendidos eram de fato usados e não havia distinção entre homens e mulheres ao matar, o importante era ganhar.

As coisas em Nárnia eram diferentes e semelhantes ao mesmo tempo nesse quesito, eu tinha aulas junto com Caspian com o Doutor Cornelius, o nosso mentor, e o que aprendemos era parecido com o que era ensinado neste mundo, mas nós usávamos nossos conhecimentos em nosso dia a dia para a nossa sobrevivência, crescimento e para explorar novos lugares.

Agora eu estava em uma sala de aula completamente diferente da sala do castelo que os irmãos Pevensie me instruíram a entrar – para o meu azar, não ficaria na mesma sala que eles –, sentada em uma cadeira desconfortável enquanto batia os pés no chão com certo nervosismo, os sapatos horríveis apertando meus pés. Garotos e garotas da minha idade estavam sentados nas cadeiras ao meu redor, conversando tão alto que doía meus ouvidos. Algumas vezes eles direcionavam seus olhares para mim e cochichavam entre si, o que me deixava em um misto de raiva e desconforto. Parecia que eles nunca tinham visto alguém novo antes.

O professor entrou na sala e todos ficaram em silêncio. Da última cadeira, o vi tirar papéis e livros da sua bolsa e organizá-los sobre a mesa grande de madeira. Ele pegou um dos papéis, leu atentamente o que estava escrito, e começou a fitar os alunos, como se estivesse procurando por alguém. Meu estômago gelou, já sabendo quem era, e, quando seus olhos pousaram em mim, me preparei para toda a atenção que receberia novamente.

— Temos uma aluna nova — ele anunciou.

Todas as cabeças daquela sala se voltaram para mim, os olhos curiosos e atentos me analisando da cabeça aos pés. Não era da minha natureza me esconder ou recuar, então não o fiz, mas não podia negar o receio que eu estava sentindo. Tudo era muito novo para mim, muito diferente do que eu estava acostumada.

— Se apresente para nós, senhorita — pediu o professor. Abri a boca para falar, mas ele me interrompeu antes que eu dissesse alguma coisa: — Em pé, por gentileza.

Fechando as mãos em punho discretamente, me levantei da cadeira e ergui a cabeça, pronta para dizer as falas que treinei com Lúcia no dia anterior.

— Eu sou S/n Fairbain, e me mudei da Escócia para a Inglaterra há pouco tempo.

Edmundo e Lúcia pensaram por muitas horas uma nova história para mim que fizesse sentido para os outros, uma história que explicasse o porquê de eu ser tão diferente dos ingleses, não ter documentos e estar completamente sozinha. Eles escolheram falar que minha família se mudou da Escócia – que eu não sabia onde ficava – para a Inglaterra, mas que eu tinha sido a única sobrevivente de um incêndio em nossa nova casa, assim, ficando sozinha e sem documentos.

Os pais de Eustáquio me acolheram graças ao filho, que quase implorou para que eu pudesse ficar com eles, se tornando meus tutores legais até eu me tornar de maior. Para resolver a questão dos documentos, precisei de uma nova identidade, não podia mais ser a princesa S/n, a III, então Edmundo escolheu uma nova identidade para mim. A única coisa que fiz questão de manter foi o meu nome, pois ele fazia parte de mim, carregava a minha história, e isso eu queria manter comigo.

O professor pareceu satisfeito com a minha resposta, ele me deu as boas-vindas e me mandou sentar em meu lugar novamente, dando início a aula. Todos se voltaram para ele, atentos a sua explicação, e, por um momento, pensei que a pior parte tinha passado, que eu conseguiria sobreviver ao resto do dia naquele lugar, mas quando o professor me chamou novamente, percebi que não seria bem assim e provavelmente eu passaria vergonha.

— Senhorita Fairbain, poderia falar sobre Alexandre, o Grande?

Novamente, todos os olhos estavam sobre mim.

Engoli em seco.

Não, eu não podia falar sobre esse tal de Alexandre, o Grande, porque eu não fazia ideia de quem ele era ou o que fez para ter esse título. Eu poderia falar sobre figuras importantes de Nárnia, mas não conseguiria falar qualquer coisa sem ser considerada maluca.

— Talvez sobre seu império? — prosseguiu o professor, quase impaciente, após o meu longo silêncio.

Eu sabia muito menos que ele tinha um império. Podia falar sobre o rei Caspian I e sobre quando e como ele invadiu Nárnia. Por Aslan! Eu podia falar sobre a história inteira de Telmar e Nárnia, mas, mais uma vez, não poderia falar sobre essas coisas sem ser considerada uma maluca por todos.

Diante do meu silêncio, o professor balançou a cabeça sutilmente em negação e resmungou algo em tom de questionamento que pareceu ser "o que ensinam nas escolas escocesas", então voltou a sua explicação.

Durante o resto da aula, o professor não perguntou mais nada para mim, provavelmente duvidando dos meus conhecimentos – não podia culpá-lo, eu realmente não tinha nenhum conhecimento sobre o seu mundo –, e eu fiquei feliz em ficar calada pelo resto da sua explicação. No entanto, não pude ficar calada pelo resto do período de aulas, os outros professores também insistiram para que eu me apresentasse, mas pelo menos não me pediram para responder nada.

Depois de escutar sobre muitas coisas sobre as quais eu não tinha conhecimento, o que eu precisava mudar com a ajuda de Edmundo, andei sozinha para a frente da escola, esperando pelos Pevensie para que pudéssemos voltar para casa. Os outros jovens saíam em grupos, todos juntos, se amontoando entre si. Alguns iam embora depressa, mas a maioria ficava conversando com amigos ou trocando carícias discretas com as pessoas que gostavam.

Olhei de um lado para o outro umas três vezes em um segundo, procurando por Edmundo e Lúcia. Eu queria ir embora logo para tirar esses sapatos horríveis e o uniforme para colocar o confortável vestido que Edmundo deu para mim em minha primeira semana em seu mundo.

— Então você é a novata — uma voz masculina falou atrás de mim.

Não demorou nem três segundos para o dono dela aparecer na minha frente, um garoto loiro de olhos castanhos e sorriso esperto. Outros dois garotos pararam atrás do loiro, mas não me atentei a eles, foquei meus olhos no dono do sorriso esperto com uma sobrancelha arqueada e corpo na defensiva.

Não lutei tantas batalhas na minha vida, mas convivi com muitos homens de posição importante no reino para saber duvidar do caráter de alguém, e aquele garoto não parecia ser alguém digno o suficiente para me fazer investir meu tempo em uma conversa. Não que fosse preciso, ele parecia estar empenhado em manter um monólogo.

— Sei que você é a novata por causa da sua aparência de outro mundo — continuou ele com um sorriso ladino conquistador.

Um galanteador barato. Pelo visto eles existiam em qualquer lugar mesmo.

— Sou Thomas, é um prazer conhecê-la — Thomas pegou minha mão para depositar um beijo nas costas dela, mas a puxei antes que seus lábios tocassem minha pele. Ele não pareceu se abalar, pois abriu um sorriso de mostrar os dentes. — Você é escocesa, né? Os boatos se espalham rápido por aqui.

Minhas mãos se fecharam em punhos com descrição quando seus olhos vagaram por todo o meu corpo. Cerrei os dentes. Se estivéssemos em Nárnia, já teria lhe dado um soco bem dado para quebrar seu nariz.

— Se espalham tão rápido que já estão dizendo que você está com o Pevensie. Sabe, se enjoar dele, sei onde você pode encontrar algo melhor.

Thomas se inclinou na minha direção, a cabeça direcionada para o meu pescoço. Revirei os olhos e, em um movimento rápido, peguei sua mão e virei seu braço para trás do seu corpo, ele deu um berro de surpresa e dor. Senti Thomas prender a respiração quando reforcei o aperto e me aproximei do seu rosto para sussurrar entredentes:

— Se você ousar tocar em mim de novo sem meu consentimento, quebrarei seu braço.

— S/n!

Virei minha cabeça para a esquerda, Edmundo estava parado perto de mim, Lúcia acabara de chegar, esbaforida, como se tivesse corrido, e todas as pessoas fora da escola estavam olhando para mim. A garota me encarava com os olhos arregalados, um misto de surpresa e confusão, já o garoto me fitava com os olhos orgulhosos e apaixonados. Eu poderia ter derretido ali mesmo com aquele olhar.

Soltei o braço de Thomas com brutalidade e me afastei dele sem olhá-lo, encarando e andando na direção do único homem que me importava. Inclinei meu corpo e dei um beijo na bochecha de Edmundo quando o alcancei, a qual ganhou uma coloração adorável. Ele passou o braço pelos meus ombros, abriu um enorme sorriso – podia afirmar que esse seria o ponto alto do meu dia – e me guiou para fora da escola, deixando todos para trás. Lúcia se apressou para nos acompanhar.

— O que acabou de acontecer? — questionou ela, curiosa, mas com um sorriso.

Dei de ombros.

— Apenas dei uma lição no homem que não sabe tratar uma dama e ousa falar do seu rei — pisquei para Edmundo.

Ele riu e tomou meus lábios em um beijo singelo, as borboletas bateram asas em meu estômago. Lúcia fez um som de vômito de brincadeira e nós nos afastamos, rindo.

— Como foi seu primeiro dia de aula, meu amor? Gostou da escola?

— Vou sobreviver.

— Tão ruim assim? — Edmundo soltou um riso.

— Não foi a melhor coisa pela qual já passei, mas vou me acostumar — admiti.

Lúcia apressou o passo, ficando alguns metros à nossa frente para dar privacidade para mim e seu irmão.

— Arrependida? — indagou Edmundo, os olhos escuros intensos fixos nos meus.

Sabia sobre o que ele estava falando, e a resposta quase voou da minha boca.

— Nunca.

O sorriso de Edmundo, meu rei, o garoto que escolhi, podia iluminar a Inglaterra naquele momento, da mesma forma que estava fazendo com meu coração.

Uma nova vida.

Eu escolhi uma nova vida para mim ao lado daquele garoto, e nunca poderia me arrepender daquela escolha. Minha escolha pode ter rendido seus lados negativos, como qualquer uma, mas também muitos lados positivos, principalmente a minha felicidade.


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Pedido feito por: _mori_777


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