✎ 𝙽𝚘𝚝𝚊𝚜 𝚍𝚊 𝙰𝚞𝚝𝚘𝚛𝚊: 𝙽𝚘𝚟𝚘 𝚒𝚖𝚊𝚐𝚒𝚗𝚎, 𝚜𝚎𝚐𝚞𝚗𝚍𝚘 𝚙𝚎𝚍𝚒𝚍𝚘 𝚍𝚊 𝚕𝚒𝚜𝚝𝚊.  𝙰𝚕𝚒𝚌𝚎𝚗𝚝 𝚛𝚊𝚒𝚗𝚑𝚊 𝚍𝚘𝚜 𝚂𝚎𝚝𝚎 𝚁𝚎𝚒𝚗𝚘𝚜 𝚎 𝙾𝙲 𝚜𝚞𝚊 𝚜𝚎𝚛𝚟𝚎𝚗𝚝𝚎 𝚛𝚎𝚊𝚕 𝚜𝚊𝚘 𝚜𝚎𝚌𝚛𝚎𝚝𝚊𝚖𝚎𝚗𝚝𝚎 𝚊𝚙𝚊𝚒𝚡𝚘𝚗𝚊𝚍𝚊𝚜 𝚞𝚖𝚊 𝚙𝚎𝚕𝚊 𝚘𝚞𝚝𝚛𝚊, 𝚖𝚊𝚜 𝙰𝚕𝚒𝚌𝚎𝚗𝚝 𝚜𝚊𝚋𝚎 𝚚𝚞𝚎 𝚗𝚊𝚘 𝚙𝚘𝚍𝚎 𝚌𝚎𝚍𝚎𝚛 𝚊 𝚎𝚜𝚜𝚎𝚜 𝚍𝚎𝚜𝚎𝚓𝚘𝚜, 𝚙𝚘𝚒𝚜 𝚗𝚊𝚚𝚞𝚎𝚕𝚎 𝚝𝚊𝚋𝚞𝚕𝚎𝚒𝚛𝚘 𝚗𝚊𝚘 𝚑𝚊 𝚎𝚜𝚙𝚊𝚌𝚘 𝚙𝚊𝚛𝚊 𝚎𝚜𝚜𝚊 𝚌𝚘𝚒𝚜𝚊 𝚌𝚑𝚊𝚖𝚊𝚍𝚊 𝚊𝚖𝚘𝚛. 𝙴𝚗𝚝𝚊𝚘 𝚊𝚖𝚋𝚊𝚜 𝚜𝚎 𝚟𝚎𝚎𝚖 𝚗𝚞𝚖𝚊 𝚋𝚘𝚕𝚑𝚊 𝚙𝚛𝚎𝚜𝚝𝚎𝚜 𝚊 𝚎𝚡𝚙𝚕𝚘𝚍𝚒𝚛, 𝚜𝚎𝚛𝚊?
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𝙱𝚘𝚊 𝚕𝚎𝚒𝚝𝚞𝚛𝚊!

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3:00 ●━━━━━━───────
Lana Del Rey – Cherry
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─────── Alicent Hightower descia as escadas, cercada por seus guardas, após mais uma daquelas interminaveis reuniões de conselho.

     Interminaveis... as vezes quando a madrugada estava em sua hora mais alta, Alicent desejava nunca ter ido com o pai para Porto Real, desejava que sua mãe estivesse viva para impedir Otto de aceitar o pedido de Viserys para ser sua 'Mão do Rei', claro que nenhum daqueles desejos porém, seriam sequer confessos e seriam para sempre parte de seus segredos.

     Afinal aquela era uma versão de Alicent que a muito havia sido enterrada.

     Ela assumira um novo papel ao se casar com Viserys Targaryen e tal deixara de ser apenas uma interpretação e passara a ser quem ela era, Alicent Hightower, rainha dos Sete Reinos.
     Muito lhe foi ensinado desde que o cargo lhe fora entregue, ela passou a compreender como as peças se encaixavam naquele tabuleiro, num jogo cujo o nome ninguém sabia e as regras favoreciam apenas um grupo muito especifico de pessoas - o qual ela agora fazia parte.

     Mas fazer parte desse grupo tão privilegiado era na maioria das vezes mais uma prisão do que qualquer outra coisa. Alicent tinha poder e riquezas e ao mesmo tempo não tinha nem mesmo livre-arbítrio.

    — Magestade.. — Criston que vinha caminhando ao seu lado a chamou, olhando para ela como se não fosse a primeira vez que o fazia.

    — Sim? — seus olhos, antes naturalmente doceis e agora calculadamente doceis, foram direcionados ao cavalheiro. — Queira me desculpar, Sir Criston, estou um pouco cansada.. mas va em frente, o que estava dizendo?

    — Estava lhe perguntando se gostaria de ir ao jardim comigo? — repetiu ele e Alicent permaneceu em silêncio, como se esperasse um motivo pelo qual ela deveria fazer isso, como se não, era isso mesmo que ela estava fazendo e Criston pareceu entender, visto que já abria a boca para responde-la. — Podemos discutir um pouco as propostas do conselho hoje, descidir o que seria melhor para Aegon e Aemond.

     A expressão no rosto da rainha esfriou levemente.

     Na ausência de Viserys em seu papel paterno, Alicent precisava recorrer a terceiros, como Cole, seu pai Otto ou até um dos Masters, por mais que soubesse ser necessário, visto que ela não poderia ensinar tudo aos filhos, ela ainda não gostava da ideia de compartilhar decisões importantes de suas vidas com qualquer um .

     Mas ela precisava.

    — Podemos fazer isso em um outro momento? — seu tom voltara novamente a ser docil, embora seus olhos não tanto.

    — Claro Alteza. — Cole afirmou prontamente. — Estarei a seu dispor.

     Ela sorriu para o cavalheiro, notando que haviam cruzado o arco de pedra que separava os comodos comuns do palacio dos comodos pessoais da familia real, de sua familia.

     Seu coração pareceu bater um pouco mais rápido, como um aviso.. um aviso de que estava cada vez mais perto dela.

    — Obrigada, Sir Cole.. — os passos foram direcionados para longe dele, procurando.. — Agora se me der licença, estarei descansando um pouco em meus aposentos..

    — A senhora não gostaria que eu lhe acompanhesse?

     Alicent poderia dispensar aquele pedido com um sorriso gracioso e olhos joviais gentis, daqueles que todos eram acostumados a ver em sua face, mas ela não precisou, porém. Pois no momento em que entreabiu os labios outra voz sobressaiu a sua..

    — Não se preocupe, Sir Cole.. — a mulher de olhos cristalinos e fios grossos no mais escuro carvão estava parada atrás de Criston, com aquele olhar nada pudico e sorriso largo - que Alicent jamais vira nos labios de nenhuma mulher de tão ousado e misterioso que podiam ser - direcionados ao cavalheiro — Eu me responsabilizo pelo bem estar da Rainha agora.

     A de fios vermelhos piscou um pouco surpresa com o tom de voz escolhido pela outra mulher, até perceber que na verdade não se tratava apenas de surpresa, mas de outra coisa inteiramente diferente, algo que Alicent jamais se permitiu sentir antes, não podia.

     Alicent percebeu estar sendo encarada por ambos, e como consequência também percebeu que a encarava.

    — Esta tudo bem, Sir Criston.. — garantiu — Seryse me acompanhará.

     Com um breve aceno de sua cabeça o cavalheiro partiu, deixando Alicent sozinha com Seryse.

     Bom, não havia nenhuma anormalidade em uma rainha ficar a sós com uma de suas serventes.. mas aquela era Seryse Snow e Alicent tão bem treinada, cheia de mascaras e segredos nunca sabia o que tomava conta de seu corpo e mente ao estar perto dela.

     Por muito tempo desde a chegada de Seryse em Porto Real, num momento particularmente ruim para Alicent, ela pensou que se tratava de uma boa amiga, pensou que finalmente teria alguém em quem pudesse confiar inteiramente e que não queria nada em troca, que não queria usá-la.

     Mas aquilo, tão puro e inofencivo se transformou em seu pior pesadelo e no mais prazerosos dos sonhos.. muito rápido.

    — Achei que precisasse de uma salvação. — Seryse ronronou para a rainha, num tom baixo e nem um pouco confiante como antes.

    — Eu parecia precisar ser salva, Seryse? — o tom de Alicent era agora mais oco, vazio e gelido, embora não intensional e em nada sintonisado com o calor que ela sentia em seu âmago.

─────── Seryse Snow puxou o ar com força, como se tivesse sofrido um golpe.

     Em todos aqueles anos lidar com a rainha Alicent ainda era como andar numa linha fina, ou numa corda bamba. Algumas vezes ela sorria, era gentil, dava espaço para que Seryse se aproximasse. Outras vezes ela era assim, gélida e apatica, mas nunca inteiramente cruel, não com ela ao menos.

     Seryse não se lembrava exatamente quando Alicent passara a agir assim, mas tinha de assumir que era quase desesperador.

     O fato de querer ser como antes, de sentir falta das vezes que a rainha a chamava todas as manhãs para ajuda-la com o penteado ou para tomarem chá, para conversar enquanto ela fazia seus bordados, ou até mesmo para preparar seus banhos após aquelas reuniões que acabvam com a pequena parcela de bom humor da mulher.

     Ela sempre soube o que sentia pela rainha, por Alicent Hightower. E parte de si mesma também sabia que Alicent percebera.. e por isso a afastara. Ao menos ela pansava ser isso.

      Mas o que é que Seryse podia fazer além de recolher as migalhas de atenção? O que ela poderia fazer além de dizer a si mesma que suas fantasias da madrugada nunca aconteceriam porque se tratava da Rainha dos Sete Reinos?

     Absolutamente nada.

    — A senhora parecia cansada, e como sei que esteve em reunião durante toda a manhã, pensei que.. talvez precisasse de um descanço. — sua resposta veio mansa, educada e bastante calculada.

     O olhar da rainha pareceu suavisar, naquela fração de segundo parecendo a mesma Alicent de tempos atrás.

    — Bom.. — ela pigarrou — Você não esta completamente errada. — seus labios curvaram-se num pequeno sorriso, e os olhos cristalinos de Seryse brilharam — Acho que preciso de um banho com camomila antes do jantar. — confidenciou a rainha.

     Seryse passou a acompanha-la para seus aposentos então, sempre um passo atrás, como o protocolo pedia. Suas mãos pousadas na frente do corpo e os olhos - como sempre acontecia na presença da ruiva - observavam e guardavam para si todo e qual detalhe que pudessem capturar.

     O caminho fora silencioso, mas não do tipo leve e bem vindo, na verdade parecia que a pequena bolha entre Snow e Hightower era densa e tensa, quente e fria, do tipo que não suportaria muito até estourar.

    E veja bem, caro leitor.. aquela implosão há muito vinha dando indicios de que ia acontecer. Alicent e Seryse vinham caminhando por essa linha fina fazia anos, puxando-a um pouco a cada dia, fosse com uma troca de olhar durante um dos janteres, sussuros que caçoavam de lordes que resultavam em risinhos contidos ou fosse nos momentos mais intimos da rainha, em suas trocas e provas de roupas, banhos e outras varias oportunidades que as deixavam no mesmo comodo por tempos sozinhas. Para ser sincera essa autora não faz ideia de como não aconteceu antes. 

     Uma vez no quarto da rainha, Seryse comecou a encher a banheira com a mistura de água quente e natural, adicionando a mistura uma quantidade de camomila e misturando-a. E enquanto a temperatura amenizava mais um pouco a servente passou a desfazer o penteado de Alicent.

     Um a um os grampos liberavam as cascatas grossas e vermelhas da rainha em mechas pesadas.

    — Fique de pé, magestade. — pediu ela mansamente.

      A Rainha não demorou a acatar o pedido, virando-se de frente para a morena que passou a desfazer os laços do espartilho e do vestido, fazendo a peça escorregar por seus ombros e a cair num amontoado aos pés de Alicent.

     Seryse abaixou-se para recolher o vestido.

    — Obrigada, Seryse. — ela ronronou, tão baixo que se Snow não estivesse tão próxima talvez não tivesse escutado.

     Os olhos claros serpentearam até os castanhos da rainha, fitando-a dali debaixo Seryse quase emitiu um ruido doloroso com o retumbar violento que o proprio coração sofreu.

    — Não por isso, alteza. — devolveu ela enquanto se levantava.

     Oh aquela não era a primeira vez que ambas encontravam-se naquela situação, e definitivamente não seria a última. Ainda assim Seryse não conseguia impedir aquele agitar do próprio corpo todas as vezes.

    — A água já está boa, pode vir. — a de fios negros avisou secando a mão no próprio vestido.

    Alicent aproximou-se e entrou na banheira, mergulhando totalmente o corpo até os fios vermelhos escurecessem. Seryse puxou um banco e sentou-se atrás da rainha, como sempre fazia e passou a pentear as mechas ruivas da monarca, evitando olhar em qualquer outra direção, para o próprio bem.

    Seryse não era uma mulher maliciosa, embora, comparada a Alicent ela possuía muito mais experiência a respeito do que gostava e de suas preferencia.. ser bastarda realmente lhe dava algum grau de vantagem. Ninguém realmente prestava atenção em você, não se importavam o suficiente. E no Norte as pessoas eram um pouco mais livres e diretas do que o restante dos reinos.

     Mas quando se tratava da rainha, quando era nos olhos de Alicent Hightower que os seus próprios pousavam, Seryse não tinha muito controle da própria imaginação. Por isso era uma boa coisa que Alicent a evitasse de vez em quando não é?

     Enquanto a escova escorregava por seus fios avermelhados, Seryse não percebeu, entre seus devaneios que Alicent falava com ela.

    — Desculpe, alteza, o que disse?

    — Lhe perguntei se chegou a ouvr algum rumor quanto aos Blacks no norte? — repetiu.

    — Não senhora. — respondeu prontamente, sabendo que deveria manter a boca fechada, mas.. — Ainda procurando por fofocas da princesa e sua familia?

─────── Alicent sentiu-se ficar tensa, aquela era sempre sua imediata reação a mera existencia de Rhaenyra e toda a bagagem de privilégios que vinham com ela.

    — Isso com toda certeza não diz respeito a você. — no mais puro reflexo a resposta saiu cortante e a rainha notou o exato momentoem que Seryse interrompeu o pentear de seus cabelos, mesmo não podendo ver o rosto dela Alicent sabia que ela estava corada.

    — Perdoe-me magestade, não quis intrometer-me... apenas..

   E então, querido leitor, aquela bolha densa e prestes a implodir, de fato o fez.

    Numa pequena fração de segundo Alicent sentou-se ereta, sem a menor ideia do por que estava tão frustrada com um comentário tão bobo. Ela já ouvira coisas piores inclusive de seu proprio pai, mas talvez nunca pensou que chegaria a ouvir algo assim de Seryse.

     Ou talvez esse não fosse o motivo de sua frustração.

    — Apenas o que Seryse? — o tom gelido voltou a alcançar os labios da rainha — O que é que você apenas queria dizer com isso?

   — Magestade e-eu não.. — Seryse parou de falar de repente olhando nos olhos de Alicent que percebeu naquele momento que a morena não mais entraria naquele jogo de estica e puxa, não mais toleraria ser tratada como menos que um...

     Segredo.

     Porque era aquilo que ela era.
     Um pequeno segredo que Alicent se quer assumia para si mesma.
     Seryse era sim a defeinição de um sentimento que Alicent jamais teria o privilégio de acessar.

    — Eu apenas quis fazer uma brincadeira, Alicent.. — Alicent.. seu nome nunca soara tão intimo e doloroso antes. — queria fazer você rir, queria conversar com você sem que lançasse sobre mim uma de suas farpas reservadas a todos em público, como antes!

      Alicent que estava nua ainda dentro de sua banheira, leventou-se rapidammente, rindo com escárnio.

    — Bela maneira de demonstrar isso. — comentou, puxando seu sobretuto verde e cobrindo-se com ele.

     Seryse se levantou, as orbes num azul elétrico nunca lhe pareceram tão raivosos antes, e ainda assim lindos.

    — Demonstrar? — Snow deixou a escova cair na agua — Como você demonstra? — ela riu sem muito humor — Desculpe, alteza, mas não tenho devidas habilidades.

    Alicent passou o sobretudo verde no corpo, cobrindo-se e virou-se para Seryse novamente.

    — O que isso quer dizer? — Alicent apertou-se contra o sobretudo, como se ele pudesse protege-la de sabe-se la o que.

    Ela assistiu o exato momento em que Seryse fechou as mãos em punhos e respirou fundo, como se tomasse coragem.

    — Quero dizer que é quase impossível estar perto de você, Alicent.. — a sentensa saiu num folego — Éramos próximas, ou ao menos eu pensei que sim, você sempre contava comigo, sempre queria contar comigo e então.. — as sobrancelhas de Seryse formaram um vinco de dor — então passou a agir como se eu não existisse, passei a não ser digna nem mesmo de um olhar seu, me tornei algo menor que pena e mais frio que gelo para você e nem ao menos sei a razão para ter entrado na lista de pessoas odiadas por Alicent Hightower.

    Embora Alicent não tenha movido um musculo ou se quer aberto a boca, seu peito subia  descia como se ela tivessse corrido uma maratona inteira. Ambas respiravam com dificuldade na verdade, esperando por uma palavrava ou uma ação que pudesse mudar tudo.

     Ambas pareciam lutar contra os próprios desejos, sentiam seus musculos tensos e suas gargantas fecharem, como se pudessem trancar mais alguma palavra, como se pudessem manter mais aquele segredo.

     Mas o segredo da rainha podia ser guardado pela boca, porém nunca pelos olhares, ou pelos toques singelos e "inocentes" aqui e ali.

     Alicent não podia, sabia que não, tinha plena consiência do que poderia acontecer com ela, com seus filhos e com seu pai se por uma fração de segundo ela cogitasse entreter aquela agitação no peito, aquele arrepio em sua nuca sempre que Seryse lhe tocava, ou aquele calor em seu ventre sempre que seu olhar dizia muito mais do que ela jamais pudesse verbalizar.

      A rainha dos sete reinos tinha absolutamente todo o poder no mundo... aquela seria para sempre a maior mentira de todas.

      — Por que? — O tom de Seryse foi sussurrado, ela parecia ao mesmo tempo determinada e muito triste  — Por que voce me odeia?

─────── Seryse assistiu o exato momento em que Alicent soltou o ar, parecento desistir de manter aquela mascara. Também percebeu que ela lutava contra as palavras.. uma luta claramente vencida.
     
     — Eu não odeio você. — foi a resposta da rainha, que não mais se parecia com a versão cruel de si mesma, mas com quem Seryse havia se apaixonado tempos antes.

     Infelizmente para Alicent, Seryse queria uma resposta melhor que essa.

    — Então o que é? — insistiu, fazendo os proprios pés levarem-na para mais perto da ruiva — Vai precisar ser honesta comigo, alteza, porque não quero ser um estorvo para você.. acredito que tenho muitos sentimentos por você para prejudica-la, mas nao ficarei aqui por mais nenhum segundo para ser humilhada por Vossa Graça.. creio também que me amo demais para fazer isso.

    Agora Seryse estava próxima o bastante de Alicent para ouvi-la resmungar e arfar palavras embaralhadas, mas nenhuma proximidade no mundo a preparou para o que deixou os labios da rainha a seguir.

    — Sou apaixonada por você... desde o momento em que você se ofereceu para me esconder dos lordes no jantar do décimo quinto dia do nome de Aegon e tudo porque eu me sentia enjoada. — Seryse respirou fundo, quase não acreditando que era real — E eu não sabia que podia me sentir assim, porque nunca havia acontecido, nunca, nunca Seryse.. eu não queria passar mais nenhuma tarde em reuniões onde homens gostam de amacear o próprio ego, não queria passar nenhuma maldita hora do dia que não fosse ouvindo as milaborancias que voce tinha a dizer.. e depois veio aquelas.. vontades e eu...

     Mesmo querendo escutar todas aquelas palavras, Seryse não pode conter os impulsos que tomaram conta de seu próprio corpo.

     Ela ja estava perto o bastante para estender as mão e segurar o rosto de Alicent. E foi exatamente isso que Snow fez. Num breve espaço de minuto Seryse estava sufocando as palavras de Alicent com os próprios labios, arrancando da Hightower um suspiro alto e quase manhoso.

     Um beijo que pareceu silenciar todo o mundo ao redor delas. Seryse se esforçou para não saciar todos os proprios desejos de uma so vez, mas deixou que a boca de Alicent ajustasse a dela, saboreassem juntas o que claramente desejavam uma da outra por muito, muito tempo.
     As mãos de Seryse escorregaram pelo pescoço feminino e por seus ombros, icentivando-a a toca-la também, mas assim que Alicent passou os braços pelos ombros de Seryse seu sobretudo verde entreabiu e Snow deixou que as proprias mãos invadissem a peça, arrancando um arfar dos labios da menor.

     Surpresa, Alicent baixou os olhos para a cena, onde as mãos de Seryse lhe tocavam e nem um minuto mais tarde foi a vez de Alicent buscar a boca de Seryse, faminta.

    — Não pare. — a rainha pediu num suspiro sofrego.

    — Não pretendo.

     A partir daquele momento, naquele comodo, Alicent não seria mais uma rainha, não seria uma mãe, não seria sequer uma Lady, seria apenas Alicent, completa e inteiramente sua Alicent.
     E Seryse podia sim viver sendo seu segredo.

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