
𝟎𝟔. 𝐈𝐙𝐙𝐘
✰ Pedido: habEkyc2
✰ Música: Cake — Melanie Martinez.
✰ SFW.
["Acalme-se, baby, eu estou aqui"]
•••
You P.O.V
Era só mais um dia normal nessa minha vida de rockstar. Nada de tão novo além daquela incrível aventura que era fazer shows e mais shows.
Eu, S/N, particularmente sou uma pessoa muito insegura e tenho também ansiedade. O que me faz sentir péssima, mas desde que entrei para essa banda — The Blackheart Club — tenho me sentido muito melhor e parece que a fama me fez sentir mais segura a compartilhar minhas emoções com o público.
23 de Maio de 1987, dia de início de primavera aqui nos Estados Unidos.
Nesse exato momento, estou no camarim terminando de me arrumar para me apresentar junto com minhas amigas para mais de oitenta mil pessoas. E devo confessar que esse número me assusta um pouco, mas nada que um copo de água e talvez um beck não ajudem.
— Vou no banheiro, já volto — eu disse, levantando do sofá com um pulo para ir ao banheiro.
— Anda logo, pangaré, temos que fazer a maquiagem ainda — Hades dizia, passando lápis de olho em frente ao espelho.
— Eu sei, pé de pano — revirei os olhos para a morena e entrei no banheiro, logo trancando a porta atrás de mim.
Eu não soube dizer exatamente o porquê, mas ali no banheiro, após ter lavado meu rosto e ter me olhando no espelho algo em mim mudou de maneira bizarra. Eu estava perfeitamente bem até alguns minutos atrás, e agora sinto como se as paredes ao meu redor estivessem me sufocando.
Como se eu estivesse respirando e o ar fosse temperado com sal e pimenta. Queimava meus pulmões e fazia minha visão ficar turva.
Comecei a chorar desesperadamente. Eu não conseguia controlar as lágrimas salgadas que escorriam depressa por minha face.
Do lado de fora, com certeza as meninas deram minha falta. Logo pude ouvir Hades bater na porta.
— S/N, você está bem? — ela questionava, tentando abrir a porta. Sem sucesso obviamente, já que eu a tranquei.
— Hades, me deixa sozinha... — sentei-me no chão, bem próxima à janela.
— Cherry Blossom! — pude reconhecer aquela voz, era Slash, o "peguete" da Hades. — Abre a porta e vamos conversar, vem.
Nada respondi, mas pude imaginar as expressões frustradas no rosto dos meus dois amigos guitarristas bem atrás daquela porta.
Passaram-se cerca de três minutos e alguém pulou a janela, descendo e ficando bem ao meu lado. Quando se sentou pude ver.
Olhos azuis, pele pálida, piercing prateado no nariz, cabelos negros como a noite de lua nova. Senhoras e senhores, Izzy Stradlin!
Ele não disse nada no início, apenas ficou lá, sentando ao meu lado, olhando para a porta como eu. Só dele estar perto de mim, já me sentia infinitamente mais confortável, entretanto era um clima meio chato estarmos naquele silêncio tão mórbido.
— Pretende ficar aqui dentro para sempre? — ele disse com o tom de voz bem sútil. — Tem oitenta mil pessoas lá fora esperando para ver The Blackheart Club.
— Não sei o que vou fazer, Izzy. Eu me sinto tão incapaz.
— Por que você se sente assim? — ele me fitava de cima a baixo.
— Por quê você se importa?
— Por quê eu deveria não me importar?
Depois disso eu não soube mais o que falar, apenas voltei a olhar fixamente para minhas botas de couro, analisando cada mínimo detalhe delas.
— Ansiedade é uma merda, baby, eu entendo. Mas, você pode respirar um pouco e me ouvir? — ele fez menção de ter um sorrisinho estampado em seu rosto.
— Hm... — suspirei.
— Ótimo, beleza... imagina algo que você gosta muito — ele repousou sua mão sob meu ombro.
— Eu gosto de sorvete... — eu sorri, com meus olhos fechados, imaginando uma tigela com meu sabor de sorvete favorito.
— Eu gosto de sorvete também — ele riu. — Agora, imagine estar nos palcos.
Minha respiração voltou a ficar desregulada e meus pensamentos se perderam em hipóteses e catástrofes. Meu batimento cardíaco acelerou e eu só sabia ter vontade de chorar e sair correndo para bem longe, de preferência o mais rápido que eu pudesse.
— Calma, calma... — ele colocou uma mão sob meu peito, porém de maneira respeitosa. — Pensa na parte boa, a conexão com os fãs, as piadas, a diversão, as fotos, as bebedeiras pós-show... pensa em tudo isso.
— Eu gosto de todas essas coisas — sorri genuinamente.
— Seu lugar é nos palcos, baby — ele passou a mão sob meu cabelo, deixando leves carícias. — Você nasceu para ser rockstar. Não desista, eu sei que você é mais forte do que essa ansiedade do caralho!
— Você tem razão!
Imediatamente eu o abracei bem forte. Era bom sentir o corpo dele tão próximo ao meu junto com seu perfume que era capaz de me deixar entorpecida.
— Obrigada por isso, Izzy — sorri para ele.
— De nada, baby — ele ajeitou uma mecha de meu cabelo que estava caindo um pouco em meu rosto. — Eu só quero ver esse sorriso lindo no seu rostinho de novo!
Ele passou seu dedo indicador na ponta de meu nariz, me deixando sem graça, porém me sentindo querida.
Saímos do banheiro logo em seguida e eu abracei Hades e Slash, que estavam extremamente preocupados comigo. Sinto muito em deixá-los assim de vez em quando, mas não consigo me controlar.
Por fim, fiz minha maquiagem e peguei minha guitarra que era uma Gibson Les Paul de cor preta. Totalmente reluzente e com uma ótima sonoridade.
Um minuto antes de subirmos no palco, o moreno sombrio veio até mim e colocou uma pulseira em meu pulso. Era uma correntinha de prata com algumas miçangas fofas, isso não era muito o tipo de coisa que ele parecia usar.
— O que é isso?
— É a primeira coisa para te dar sorte no palco — ele me respondeu, todo contente.
— E a segunda? — arqueei uma sombrancelha.
— É essa aqui.
Num piscar de olhos, Izzy me puxou pela cintura e selou nossos lábios apaixonadamente. De primeira, fiquei estática porquê não esperava isso nunca, mas passei meus braços ao redor de seu pescoço.
Sentir os lábios do guitarrista moreno assim era tão bom... com certeza melhor do que nos meus sonhos.
Sua pele era quentinha como um forno, seus lábios eram doces porém sutis como uma massa fresquinha de baunilha.
Nos beijamos com tanta voracidade que ficamos sem ar, e nos afastamos para respirar, olhando um para o outro feito dois idiotas apaixonados, enquanto estávamos rindo sem jeito.
— Depois vocês se comem, manés. Dez segundos para subir no palco, hein! — Hades disse, pegando sua guitarra e colocando de maneira correta. Era uma ESP branca com detalhes de tabuleiro Ouija.
Reviramos nossos olhos com o que a guitarrista morena disse. A banda não tinha uma guitarrista principal, nós duas assumimos esse papel além de dividirmos os solos.
— Eu quero mais depois do show! — disse para ele.
— Depois do show eu te dou até mais do que beijos se você quiser. Agora sobe naquele palco e seja uma guitarrista foda, como você sempre é!
Os olhos azuis dele demonstravam a mais pura franqueza, num misto em emoção e felicidade.
Eu olhei para ele como se eu quisesse chorar de novo, mas não por tristeza ou mais uma crise de ansiedade, e sim por felicidade e por estar me sentindo amada. Quando estava na curta escada que dava acesso ao palco, ele gritou:
— Eu te amo, baby!
Eu olhei para ele com um sorriso brilhante em meu rosto e meus olhos esbanjando alegria.
— Eu também te amo, Izzy!
Foram as últimas palavras antes de eu subir no palco. Eu me sentia agora ainda mais motivada para dar o meu melhor para aquelas oitenta mil pessoas.
E, sim, foi tudo fantástico. O instrumental da minha guitarra que se uniam com maestria ao instrumental da guitarra da Hades era incrível, os fãs gritando como loucos era incrível, estar tocando heavy metal com aquelas outras quatro mulheres era incrível. Eu amava aquilo com todo o meu coração.
É, acho que Izzy estava certo quando havia me dito que eu nasci para isso.
[...]
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Esse capítulo deixou muita gente boiolinha né, acontece...
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