𝑨𝒇𝒕𝒆𝒓 𝒕𝒉𝒆 𝑾𝒊𝒏𝒏𝒊𝒏𝒈

A viagem a Itália tinha sido intensa, mas também tinha aproximado ainda mais o grupo de amigos. Agora, de volta à rotina, Luísa e Cubarsí pareciam diferentes - ou, pelo menos, foi isso que pareceu a Maya. Não era nada óbvio, mas estava lá. Pequenos detalhes que escapavam a quem não prestava atenção.

Ela começou a reparar na forma como Luísa agora chamava Cubarsí de Cuba sem sequer hesitar. Ou no jeito como Cubarsí retribuía, chamando-a de Lu, como se sempre tivessem sido assim um com o outro. Ele não era o Marc Guiu ou o Hector Fort para terem toda aquela intimidade.

Maya tentou ignorar. Talvez fosse coisa da sua cabeça. Mas a inquietação crescia a cada dia que passava e, quando se deu conta, já estava envolvida demais naquele assunto.

Foi num final de tarde, em casa de Luísa, que a bomba rebentou.

- Desde quando é que o Cubarsí é "Cuba" para ti? - Maya perguntou, cruzando os braços e arqueando uma sobrancelha.

Luísa, que conversava com Marc ao telemóvel, desviou os olhos para a amiga, sem entender o tom.

- Desde sempre? - respondeu, confusa. - Talvez desde Itália. Os meninos estão sempre a chamá-lo assim. Simplesmente soou melhor e habituei-me.

- Engraçado, porque até aqui só o Marc e o Hector é que te podiam chamar de "Lu", mas agora ele também já te chama assim.

Luísa franziu a testa, pousando o telemóvel de lado.

- Mas qual é o problema com isso?

- O problema? - Maya riu de forma irónica. - O problema é que vocês mal se falavam antes. Agora voltam de Itália assim, cheios de apelidos?

A paciência de Luísa começou rapidamente a diminuir.

- Maya, estás a ouvir-te? Passámos uns dias juntos, é claro que ficámos próximos. Mas isso não significa nada.

- Não significa nada para ti.

O tom de acusação na voz de Maya fez Luísa respirar fundo, tentando não se irritar.

- O que estás sequer a insinuar?

- Que talvez estejas a trocar o teu namorado por um dos melhores amigos dele.

A acusação atingiu-a em cheio. Luísa sentiu o seu mundo desmoronar. Como podia a sua melhor amiga insinuar algo assim?

- O que estás para aí a dizer? Isto não tem absolutamente nada a ver com o Marc.

- Não? - Maya inclinou a cabeça. - Tens a certeza? Porque talvez o Marc discorde.

Luísa ficou em silêncio por um segundo. Depois, abanou a cabeça, sem acreditar no que estava a ouvir.

- Eu realmente não acredito que estou a ouvir isto vindo de ti. - Levantou-se do sofá, caminhando um pouco antes de voltar a encarar a loira. - Não vou discutir isto contigo.

Maya soltou um riso curto e descrente, colocando as mãos na cintura.

- Claro que não. Até porque sabes que estou certa.

Luísa cerrou os punhos, sentindo a frustração tomar conta de si. Não acreditava que estava a ter aquela conversa.

- Achas mesmo que tenho tempo para estas discussões de merda? - Perguntou, cruzando os braços. - Achas que, depois de tudo o que fiz para ficar ao lado do Marc, eu ia querer armar confusão na minha vida amorosa?

- Não é confusão, Luísa. Para mim, trata-se de clareza. - Maya rebateu, fazendo a ruiva suspirar, desacreditada. - E acho que não estás a querer admitir que algo mudou.

Luísa riu, mas sem humor.

- Se é isso que queres ouvir, mudou, sim. Passei dias inteiros com o Cuba e com os outros meninos, ficámos mais próximos. Ainda assim, isso não significa que haja segundas intenções. Porra, o Cuba sabe que tu o queres.

- E se houvesse? - Maya estreitou os olhos. - O que farias?

A pergunta apanhou Luísa desprevenida. Aquilo já não era uma acusação, era um teste. Um desafio. Maya queria obrigá-la a confrontar algo que nem sequer lhe tinha passado pela cabeça. Cubarsí tinha-se demonstrado um verdadeiro irmão para Luísa.

- O que estás a insinuar? - Retrucou, baixando ligeiramente o tom de voz.

Maya não respondeu de imediato. Apenas ergueu uma sobrancelha, observando cada detalhe da expressão da amiga, como se estivesse à espera de alguma hesitação, algum pequeno desvio de olhar.

- Nada. - Disse, por fim. - Só espero que saibas o que estás a fazer.

Luísa sentiu o coração acelerar com aquela frase.

- Eu sempre soube.

- Vamos ver.

Maya pegou nas suas coisas e saiu da casa de Luísa sem dizer mais nada.

***

Marc Guiu estava no balneário do Barcelona quando viu Pau Cubarsí entrar. O ambiente ainda estava um pouco movimentado após o treino, mas ele sabia que precisava de falar com o amigo.

- Cuba, precisamos de falar. - Chamou, fechando a porta do cacifo.

Cubarsí olhou para ele com uma expressão neutra, puxando a toalha que envolvia os ombros para limpar o rosto levemente suado.

- O que foi? Aconteceu alguma coisa?

Marc hesitou por um segundo. Parte de si sentia que não se devia envolver assim tanto, mas a forma como Luísa lhe contou o que tinha acontecido e o que Maya disse ainda o incomodava.

- É sobre a Lu. - Marc disse naturalmente o apelido com que agora praticamente todos se referiam à sua namorada.

Cubarsí não reagiu, apenas assentiu para que Marc continuasse.

- Ela teve um problema com a Maya.

Naquele momento, sim, Cubarsí franziu a testa.

- O que queres dizer com 'problema'?

- Maya andou a fazer insinuações sobre a relação de vocês os dois. - Marc explicou, sem rodeios. - Tentou virar a Luísa contra ti, como se houvesse alguma coisa errada em vocês darem-se bem. Eu, que sou namorado da Luísa, nunca disse nada, e agora vem ela meter-se, a pensar que tem propriedade sobre ti ou sobre a Luísa.

Cubarsí ficou em silêncio por alguns segundos, assimilando as palavras. Depois, cruzou os braços.

- Sinceramente, isso é ridículo. Nunca falei com a Maya sequer para ela vir com um discurso desses para cima da Luísa.

- Pois é. - Marc concordou, com uma expressão séria. - Só quero que saibas que ela pode tentar meter-se no meio, mas a última coisa que quero é ver a Lu a passar por merdas desnecessárias só porque a melhor amiga se lembrou de inventar coisas onde elas não existem.

Cubarsí passou discretamente a língua pelos lábios, pensativo.

- A Luísa discutiu com ela?

- Foi mais ao contrário, mas sim. Está passada.

Um silêncio tenso pairou sobre eles. Cubarsí respirou fundo antes de soltar a sua resposta.

- Então é bom que a Maya não espere simpatias da minha parte.

Marc assentiu, satisfeito com a resposta e por saber que Cubarsí estava do lado de Luísa.

- Só queria que soubesses.

Cubarsí olhou para Marc e esboçou um sorriso breve, em forma de agradecimento.

- Parece que esta ida a Itália rendeu mais do que esperávamos.

Marc riu, abanando a cabeça.

- Podes crer.

- Hector e o Lamine sabem?

- O Lamine ainda não, só o Hector. A Luísa esteve connosco ontem, depois do treino. Estava furiosa e precisava de opiniões diferentes sobre o que aconteceu.

Cubarsí apenas assentiu com a cabeça, deixando o assunto morrer ali, mas ambos sabiam que aquilo não terminaria tão cedo.

FIM ♡

1. - Para quem acompanha "After the Winning" a minha fanfic do triângulo amoroso entre o Marc Guiu - Luísa - Hector Fort perceberá um pouco melhor o imagine, ele não têm grandeeee relação com a história já que é apenas um teste sobre um dos rumos que tudo ainda pode vir a tomar e a Maya virar a autêntica vilã da história.

2. - Quem ainda não acompanha a fanfic aconselho vivamente a acompanhar já que é um mini complemento a todos estes nossos imagines ️❤️