
𝐇𝐞𝐜𝐭𝐨𝐫 𝐅𝐨𝐫𝐭 & 𝐌𝐚𝐫𝐜 𝐆𝐮𝐢𝐮 🇪🇸
O estádio ainda estava vazio quando Luísa entrou. As bancadas frias contrastavam com o calor confuso que lhe subia constantemente pelo peito. Ela prometera a si mesma que viria só por Marc, para apoiar apenas Marc, mas o coração parecia não obedecer a promessas feitas com nada mais do que meras palavras.
Marc já estava no relvado, de chuteiras calçadas e sorriso fácil. Era tão bonito, tão certo. E, ainda assim, os olhos dela desviaram-se, como sempre, procurando entre os demais jogadores. Hector Fort. Ali estava ele. Sentado com o casaco do Barcelona, os braços cruzados e aquele olhar tranquilo que ela já aprendera a decifrar. Um olhar que falava mais do que devia. Que dizia tudo aquilo que ambos sempre evitaram dizer em voz alta.
— Hoje é por ti — murmurou para si mesma, tentando acreditar que realmente só estava ali por causa de Marc. Que não era Hector quem ocupava a sua mente nos últimos dias. Que o beijo, o toque, o arrepio... tudo isso tinha sido apenas um deslize. Um erro.
Quando o jogo acabou, Luísa esperou impaciente na zona mista. O ar cheirava a suor e euforia. Marc foi quem apareceu primeiro, ofegante, com o rosto suado e brilhante, a expressão cheia de orgulho. Agarrou Luísa pela cintura e deu-lhe um beijo, fazendo vários fotógrafos ao redor registarem o momento como se fosse perfeito.
— Estavas a ver? O golo? — perguntou, rindo, enquanto ainda a segurava. — Fiz aquele remate a pensar em ti.
Ela forçou um sorriso, tentando demonstrar emoção. Sentia-se uma impostora dentro do próprio coração.
— Claro que sim, amor. Parabéns.
Mas o "amor" saiu fraco, quase como um eco distante de uma versão dela que já não sabia bem o que sentia. A voz dela traía a verdade. A dúvida. O conflito que insistia em não desaparecer.
Hector passou por eles pouco depois. Não disse nada. Só lançou um olhar rápido a Luísa, que dificilmente seria apanhado nas entrelinhas. Um olhar que dizia: "Ainda estás aí?"
E ela estava. Estava sempre. Entre os dois.
Mais tarde, num bar perto do estádio, o grupo reuniu-se para celebrar. Luísa sentou-se ao lado de Marc, como seria de esperar, mas o lugar vago do outro lado foi rapidamente preenchido por Hector. De maneira casual, como quem só queria estar por perto da melhor amiga e, por consequência, do melhor amigo também.
— Estás calada — comentou Marc, apertando a mão dela por baixo da mesa. — Tudo bem?
Ela assentiu, engolindo a verdade. Mas o toque dele já não a arrepiava. Já não a fazia estremecer. Não fazia o mundo dela parar. Não era como aquela noite, há cerca de duas semanas, em que ela e Hector tinham ficado sozinhos depois de um jogo. A zona discreta onde se encontraram servira de abrigo para algo que vinha a crescer há meses — olhares presos, silêncio carregado, respiração suspensa.
Nada aconteceu. Não ali. Mas tudo mudou momentos depois, quando ambos já se encontravam na casa de Luísa. Corpos colados com uma necessidade que ultrapassava qualquer limite. Como se tivessem esperado demasiado tempo. Como se fosse inevitável.
Agora, ali, rodeados de vozes e copos meio vazios, a distância entre ela e Hector parecia mínima. E ainda assim, doía. Doía mais do que devia.
Quando saíram do bar, Marc recebeu uma chamada. Tinha de ir. Problemas com a saúde da sua avó, mais uma vez. Luísa ofereceu-se para esperar com ele até o Uber chegar, mas ele recusou, dizendo-lhe para aproveitar o resto da noite com os amigos que ainda ali estavam.
Mas, após algumas horas, a noite já começara a virar madrugada, e Luísa decidiu que também iria embora.
— Eu espero contigo — disse Hector, sem lhe dar espaço para discussão.
Ficaram em silêncio durante algum tempo. O ar estava pesado, carregado de tudo o que nunca diziam. Até que a voz dele soou, baixa e rouca, quase como se odiasse cada palavra que ia dizer:
— Vais mesmo continuar com este teatro todo? A entrar e a sair da minha vida sempre que queres? Como se eu não fosse nada?
Ela mordeu o lábio inferior, a culpa a consumir-lhe o peito.
— Não sei o que fazer, Hector.
— Sabes sim. Apenas não queres magoar ninguém. Nem o Marc. Nem a ti mesma. Nem a mim.
— Hector, és o melhor amigo dele. E o meu.
— E então, Luísa? Tu és a garota por quem me apaixonei quando nem queria sentir nada por ninguém.
Ela sentiu os olhos arderem. Piscou rapidamente, tentando afastar as lágrimas.
— Eu amo o Marc.
— Mas ainda assim pensas em mim — completou ele, num sussurro que pareceu rasgar-lhe a garganta.
O Uber de Luísa finalmente chegou. Ela hesitou. Deu um passo para trás. Depois um para a frente. Como sempre fazia. A indecisão a instalar-se como uma sombra.
Hector sorriu, triste. Um sorriso amargo, de quem já não espera grande coisa.
— Vai, Luísa. Outra vez. Apenas não esperes que eu fique aqui para sempre, à espera do dia em que vais decidir entre eu e Marc.
Ela olhou para ele, a cabeça pesada, antes de finalmente entrar no carro.
E ele continuou ali.
Outra vez sendo invisível. Uma mera segunda opção à espera de virar a primeira.
FIM ♡
1. E com este último imagine volto às minhas origens com este triângulo amoroso que talvez nem todas conheçam, mas eu espero que uma grande parte conheça 🥰
2. Espero que nos encontremos todas no meu próximo livro de imagines que será lançado daqui a umas poucas horas
3. Beijoss 💋
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