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·˚ ༘₊·꒰ 𝟎𝟖 ─── 𝐍ightmares 𝐖ill 𝐀lways 𝐑eturn

𝐈carus 𝐅alls ─── Capítulo oito.
↳ ❝ [ pesadelos vão
sempre retornar.] ¡! ❞

4.703 palavras ↳ vote e comente ¡! ❞

            ATHENA GIRAVA COM GRAÇA, como sempre, seu corpo obedecia seus comandos com precisão. Um développé en avant, depois um grand jeté que parecia a suspendê-la no ar por um instante agonizante antes de aterrissar suavemente em um tendu. Seu calcanhar queimava e um nervo em sua panturrilha ameaçava a derrubar. Mas ela ignorava, e continuava dançando.

Havia pessoas assistindo, era menor do que o teatro de Bolshoi, mas eram muitos rostos ali, com os olhares fixos nos movimentos dela. Até que, uma figura em específico chamou sua atenção. 

General Dreykov. Ela engoliu seco, sem parar suas múltiplas piruetas na ponta do pé. Dreykov estava morto, então ele não deveria estar ali. Mas estava, ele estava sentado com a postura rígida como sempre, mas sua expressão facial estava relaxada, ainda assim, Petrova podia sentir o peso do julgamento vindo diretamente do olhar dele.

Sua perna se alongava, seus braços se arqueavam, mas agora o movimento parecia automático, como se um par invisível de mãos a puxasse por fios e guiasse seus movimentos. E então, em um determinado momento, quando abaixou a cabeça, Athena levou um susto que quase a fez vacilar e cair. Ela evitou o tombo com outro passo de balé e o disfarçou com mais uma pirueta.

No entanto, ela já havia notado que o chão sob seus pés já não era a madeira maciça do palco, era vidro. E o vidro era claramente frágil, ameaçando ceder sob o peso dela e começando a estalar. Mas ela via algo, que não era seu reflexo, e sim uma pilha de corpos em baixo do vidro transparente.  

Empilhados, retorcidos, os olhos abertos e vazios. Meninas vestindo os mesmos uniformes da Sala Vermelha. Algumas pessoas mais velhas que ela, com marca de tiro bem no meio de suas testas. 

Outra rodada de piruetas: a música ficava mais alta e mais rápida, porém Athena começou a ficar confusa: era O Lago dos Cisnes? Ou Don Giovanni?

Outro estalo. Uma rachadura se abriu sob seus pés. Seus braços se curvaram em uma quinta posição perfeita. Dreykov sorriu. O vidro quebrou e Athena caiu, mas o impacto nunca veio.

Ela abriu os olhos, arfando, sentindo a pele úmida de suor. O quarto escuro ao seu redor era real. O colchão sob seu corpo, real. Mas seu coração ainda pulsava no ritmo frenético do pesadelo. Era como se a música ainda tivesse tocando em algum lugar.

Petrova se levantou meio trêmula enquanto secava as lágrimas do rosto e caminhava para acender a luz.

A garota sempre teve pesadelos, às vezes eram mais frequentes, mais nítidos, normalmente quando ela estava muito cansada ou tendo uma sequência de dias ruins.

Mas os últimos dias haviam sido, na medida do possível, agradáveis. O período de provas já havia passado e Tony Stark nem estava no pé dela.

Mas era a segunda vez que Athena tinha aquele mesmo sonho naquela semana.

Ela abriu a porta do quarto dela, Yelena estava fora de novo, então mesmo que ela quisesse companhia não iria ter. Athena ligou a televisão, como elas não possuíam TV por assinatura e o sinal no local que viviam não era dos melhores, suas opções eram bem limitadas.

Antes de deitar no sofá, ela pegou Harry Styles que miou irritado após ser acordado de sua soneca na estante e o colocou em seu colo: ela não sabia se acreditava em energias, muito provavelmente não, mas já havia ouvido falar que gatos filtravam energias negativas, então ela tentou ser positiva uma vez na vida e esperar que fosse verdade.

O relógio marcava 4h32 da manhã. Era segunda-feira e logo ela teria que começar a se arrumar para começar mais um dia, então não valia a pena tentar dormir de novo. Ao invés disso, ela apenas olhou para TV sem prestar muita atenção nas imagens que estavam desenrolando ali.

                  A MANHÃ NA ESCOLA HAVIA PASSADO COMO UM BORRÃO, de novo. Outra vez ela havia ficado presa na rotina de ter um dia merda por não conseguir dormir direito de noite. Athena nem se lembrava direito do que havia feito na escola hoje.

Petrova  esfregou os olhos enquanto encarava a tela do computador à sua frente, as letras começando a se misturar. O café ao lado já estava frio, e ela sequer se lembrava de tê-lo bebido.

Stark entrou na sala, e foi como se um furacão tivesse atravessado o espaço escuro do escritório. Ele usava óculos escuros — o que não fazia sentido, já que eles estavam dentro do prédio, mas era Tony Stark, então ela nem se deu ao trabalho de questionar.

— Petrova! Preciso de você.

Ela piscou devagar, tentando afastar a névoa da exaustão.

— Agora?

— Não, semana que vem. Sim, agora! — Ele bateu as mãos na mesa dela. — Projeto pessoal. Quero a sua opinião.

Ela soltou um suspiro cansado, mas assentiu e se levantou, ignorando o tremor leve nas pernas.

— Tá bom, Stark. — Ela pegou a jaqueta e vestiu, enquanto o Stark assentiu com a cabeça e começou a guiar o caminho.

— Pegue suas coisas. — Ele disse, e apesar da irritação gerada pelo cansaço, ela obedeceu. 

Athena o seguiu pelos corredores e só percebeu para onde estavam indo quando entraram na garagem cheia de carros alinhados. Mas quando ela viu o carro do Stark, que obviamente era o maior e o mais legal, ela sorriu.

— Cadê o Happy?

— Ele está de folga. — Tony deu ombros, já era um milagre que Athena não estivesse reclamando de segui-lo. 

— Posso dirigir? — perguntou de repente, com a voz arrastada pela fadiga, mas os olhos brilhando.

Tony parou no meio do caminho e olhou para ela como se tivesse acabado de ouvir a coisa mais absurda do mundo.

— Obviamente não. Você tem quinze anos.

— Dezesseis. — ela rebateu.

— Tá, e você tem carteira de motorista? — Ele questionou se inclinando um pouco para procurar qualquer traço de hesitação que pudesse se formar no rosto dela. Mas ela não hesitou nenhum pouco, afinal, ela era uma mentirosa profissional.

— Tenho. Tá na minha bolsa.

Ele a encarou por um instante, como se tentasse decidir se acreditava ou não. No fim, deu de ombros.

— Tá bom. Mas devagar.

— Espera... sério? — Ela piscou surpresa, não esperando que ele realmente fosse ceder tão facilmente. 

— Claro, qual é o pior que pode acontecer? — Ele gesticulou com desdém. — Se bater, eu mando consertar. Se você morrer, eu provavelmente vou ter que pagar uma indenização absurda para o governo, mas nada muito fora do meu orçamento.

Teoricamente, ele não precisaria, já que ela não tinha documentos americanos. Mas obviamente ela não disse isso. Petrova quase riu, mas não perdeu tempo. Antes que ele pudesse mudar de opinião, Athena abriu a porta do carro e se acomodou no banco do motorista. Suas mãos deslizaram pelo volante de couro macio, e um sorriso se formou em seu rosto. Nunca estivera em um carro tão incrível antes. Os painéis digitais brilhavam diante dela, os acabamentos eram impecáveis, e o cheiro de couro novo misturado a tecnologia cara era quase inebriante.

— Certo, antes que você tenha um colapso por excesso de empolgação, só liga essa coisa e vai com calma.

Athena segurou o riso e ligou o motor, sentindo um arrepio de excitação subir por sua coluna ao ouvir o ronco suave e potente do carro. Ela já podia imaginar o que Yelena diria se visse isso.

A mais nova começou a dirigir dentro dos limites de velocidade, cuidadosa, mantendo as mãos firmes no volante. Tony, no banco do passageiro, deu de ombros e pegou o celular, totalmente desinteressado.

Por alguns minutos, o único som no carro era o ronronar suave do motor e o barulho dos dedos de Tony deslizando pela tela, até que ele soltou um suspiro exagerado.

— Meu Deus, você tá dirigindo como uma velha indo pra missa.

— Você disse pra ir devagar. — Ela reclamou revirando os olhos.

— Eu disse pra não bater o carro. Não pra dirigir como se tivesse pavor de pisar no acelerador.

Petrova arqueou uma sobrancelha, como se o desafiasse. Sem hesitar, afundou o pé no pedal. O carro disparou, e Tony se segurou no painel com uma risada surpresa.

— Boa. — Ele exclamou, parecendo genuinamente se divertir.

Mas então Athena decidiu não testar tanto a sorte e reduziu a velocidade, voltando a dirigir como uma pessoa normal. Tony balançou a cabeça, ainda rindo. 

                   O LABORATÓRIO DA CASA DE TONY STARK era algo digno de um filme futurista. Painéis holográficos piscavam com diagramas detalhados, peças metálicas estavam organizadas em bancadas de vidro e a inteligência artificial gerenciava o ambiente com precisão impecável. Athena tentou fingir costume, como se aquele nível de luxo e tecnologia não a impressionasse, mas era difícil.

Agora, ela estava focada enquanto  seus dedos ágeis manuseavam os pequenos circuitos, conectando fios minúsculos a microchips. Na bancada à sua frente, um novo componente para a armadura do Homem de Ferro começava a tomar forma. Era um aperfeiçoamento no sistema de resposta da armadura, com um processador otimizado para reduzir o tempo de reação em combate.

Tony observava de longe, balançando a cabeça com aprovação enquanto testava outros sensores.

— Olha só, você leva jeito. — Ele disse com um sorriso orgulhoso, Athena deu ombros,  sem tirar os olhos do trabalho, ajustando uma solda com uma pinça.

Mas então, uma dor aguda atravessou sua cabeça como se algo estivesse pressionando seu crânio por dentro. Athena franziu o cenho, tentando ignorar, mas a dor se intensificou. Sua visão ficou levemente turva, e um zumbido incômodo preencheu seus ouvidos. Tony percebeu na hora.

— Ei, Petrova, você tá bem?

Ela piscou algumas vezes, tentando dissipar a sensação, mas suas mãos já não pareciam tão firmes quanto antes.

— Só... uma dor de cabeça — murmurou, forçando-se a continuar encaixando os circuitos.

Tony cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha, claramente não comprando aquela desculpa.

— Você tá branca feito papel.

Ela tentou responder, mas a dor latejou ainda mais forte, forçando-a a fechar os olhos por um segundo. O ferro de solda escorregou um pouco dos seus dedos, e Tony estendeu a mão num reflexo rápido para pegá-lo antes que caísse.

— Tá bom, chega. Você vai se sentar. Agora.

Athena bufou, tentando recobrar o controle.

— Não fala comigo como se eu fosse um cachorro. 

— Então para de agir como um vira-lata teimoso e senta logo.

Antes que ela pudesse rebater, Tony já estava empurrando-a levemente pelo ombro até fazê-la se acomodar no sofá do laboratório. Em poucos segundos, ele pegou um medidor de pressão e envolveu-o no braço dela, sem dar espaço ou tempo para discussão.

A mais nova revirou os olhos, mas estava cansada demais para protestar. Tony analisou os resultados e franziu a testa.

— Pressão meio baixa... você tá se alimentando direito?

— Eu como quando dá tempo.

— Isso não foi um "sim", o que é exatamente o que eu esperava. — Ele largou o medidor e, sem aviso, pegou uma pequena lanceta de um dos compartimentos do laboratório. — Ok, dedinho pra cá.

— O quê?

Antes que ela pudesse reagir, Tony segurou a mão dela e fez um pequeno furo na ponta de seu dedo.

— Puta que pariu, em. — ela puxou a mão, indignada. — Você podia ter avisado.

— Se eu avisasse, você ia fazer drama.

Ele colocou uma gota do sangue dela em um pequeno scanner conectado ao seu tablet. A tela piscou por um momento enquanto os dados eram processados, exibindo gráficos e padrões que Tony analisava com um olhar atento e então, ele franziu ainda mais a testa.

— Hm. Isso é... curioso. — Stark murmurou para si próprio.

— Como assim?

Ele não respondeu de imediato, apenas ampliou a imagem molecular do sangue no visor, inclinando a cabeça para o lado.

— Bom... sua composição sanguínea tem umas coisinhas interessantes. Nada que vá te matar, eu acho. Mas não parece muito normal, talvez você devesse ver um médico.

— Defina "não normal". — Petrova perguntou sentindo sua testa enrugar em preocupação. Ela esperava que não estivesse doente.

— Os níveis de hemoglobina estão elevados, e há algumas estruturas na sua composição celular que parecem ter sido alteradas de alguma forma. 

O Stark batia o dedo no tablet enquanto sua mente tentava teorizar. Athena tentou espiar a tela, embora composição sanguínea não fosse seu ponto alto.

— Tá me dizendo que meu sangue tá estragado?

— Tecnicamente, se ele estivesse estragado, você estaria morta. — Ele bufou e bloqueou o tablet. — Não deve ser grave, agora vou pegar algo para você comer.

              ATHENA HAVIA PASSADO A NOITE NO QUARTO DE HÓSPEDES DA casa de Tony Stark. E por mais que ela tivesse que aquilo era um exagero da parte do Stark, ela precisava admitir que aquela era melhor cama que ela já havia se deitado.

Os lençóis eram finos e brancos e os edredons grandes e cheirosos. Ela realmente achou que não ia conseguir relaxar fora da casa dela, mas o cansaço falou mais alto e no fim foi mais fácil do que ela imaginou. 

Ela só não imaginou que ia levar um susto assim que abrisse os olhos e a voz robótica de Sexta Feira soasse. 

— Bom dia, senhorita Petrova. Fique à vontade. O senhor Stark não está em casa no momento, mas ele comprou roupas para você e encomendou seu café da manhã.

A garota se sentou em um pulo com o coração disparado pela surpresa.

— Pelo amor de Deus! — murmurou, passando a mão pelo rosto, tentando se situar.

— Espera, Stark comprou roupas pra mim?

— Sim, para você ir para escola. Elas estão no closet, separadas para você.

Athena se levantou da cama, ainda um pouco sonolenta, e caminhou até o closet. Ao abrir a porta, encontrou uma seleção de roupas novas, organizadas perfeitamente. Ela examinou as opções, e ao menos tudo aparentava fazer o estilo dela. Nada era muito extravagante, algumas calças jeans, camisetas, jaquetas, suéteres. 

Depois das instruções de Sexta-Feira, ela tomou um banho no banheiro enorme da suíte, aproveitando a água quente por mais tempo do que faria se estivesse em casa. Depois ela se vestiu com uma calça cargo, uma regata simples e um cardigã preto por cima.

Após olhar para o espelho, ela deu um sorrisinho aprovando sua imagem. Ela seguiu as instruções de Sexta Feira novamente, e foi para cozinha. 

Petrova andava com passos hesitantes e calculados, como se estivesse invadindo a casa e a qualquer momento um segurança fosse aparecer. Logo ela chegou na cozinha super sofisticada do Stark, cheio de móveis de madeira escura e eletrodomésticos que provavelmente ele nem tocava.

Em um canto da mesa, havia uma bandeja com uma refeição completa: panquecas, ovos mexidos, bacon crocante, um copo de suco de laranja fresco e até um café fumegante ao lado. Tudo tão impecável que parecia saído de um comercial de margarina.

Ao lado do prato, uma nota dizia: "Come tudo. Se eu descobrir que você só tomou café e fingiu que o resto não existe, eu arranjo um jeito de instalar uma babá eletrônica na sua testa. – T.S."

Athena revirou os olhos, pegando o bilhete e amassando-o antes de jogá-lo de lado. Mas, mesmo reclamando, puxou uma cadeira e se sentou, pegando o garfo e espetando um pedaço de panqueca. O primeiro bocado confirmou o que ela já suspeitava: estava deliciosa.

Apesar dos dramas do Stark, ela não se sentia tão confortável e descansada assim fazia um bom tempo. Talvez o idiota finalmente estivesse ganhando a confiança dela, embora ela não fosse admitir.

          MILAGRES ACONTECIAM E ATHENA DE BOM HUMOR ERA A PROVA DISSO. Ela estava sentada com a postura relaxada, enquanto observava atentamente a explicação da professora, sem olhares ameaçadores aos alunos a sua volta e sem cochilar. 

Peter parou na frente da mesa dela e a encarou. Athena fez uma careta confusa o encarando de volta.

— Você tá... de bom humor? — Ele franziu o cenho, fingindo examinar o rosto dela. — Nenhum olhar mortal, nenhuma resposta sarcástica de imediato... Eu deveria estar preocupado?

— Não se acostuma. — Ela respondeu revirando os olhos.

A aula transcorreu normalmente até que o professor decidiu propor uma atividade em dupla. Athena já sabia o que ia acontecer antes mesmo que ele terminasse de falar.

— Parker, Petrova, vocês juntos.

Os dois se entreolharam com uma expressão idêntica de resignação.

— Não vamos brigar hoje. — Peter avisou (ou pediu) enquanto se ajeitava na cadeira.

— Eu nunca brigo, Parker — Athena retrucou, abrindo o livro. — Só discordo veementemente de você o tempo inteiro.

O professor passou uma série de exercícios sobre biologia, abordando tópicos como sangue, genética e hereditariedade. 

— Vamos ver quem termina primeiro? — Parker disse assim que o professor acabou de escrever no quadro. Ele estava com um sorriso convencido, querendo aproveitar o bom humor da garota.

— Obviamente serei eu. — Ela disparou, sem nem olhar para ele, já começando a resolver a primeira questão. Athena era muitas coisas, e competitiva era uma delas.

Peter sorriu satisfeito com o entusiasmo dela, sentindo o coração bater  mais forte. Ele pegou um lápis e começou a responder as questões. 

A russa avançava com facilidade pelas respostas, mas, no meio do quarto ou quinto exercício, sua mente começou a vagar. Sua caneta parou sobre o papel enquanto flashes da conversa que teve com Tony na última tarde vinham em sua mente. O olhar surpreso quando ele viu os padrões no sangue dela, o jeito que ele não quis demonstrar preocupação; ela era boa em ler as pessoas, e pela reação dele, algo realmente estava errado com ela.

— Terminei. — Parker disse, trazendo a garota de volta para realidade. Ela o encarou e piscou algumas vezes. Antes que ela pudesse dizer algo, Peter sorriu como se tivesse acabado de ganhar o maior prêmio acadêmico do país. — O que você ia dizendo mesmo, Petrova?

— Cala a boca, Parker. — Athena bufou e voltou a atenção para o seu livro, respondendo o resto dos exercícios com rapidez e logo depois fechando o livro com um pouquinho de raiva.

                  O RESTO DAS AULAS FORAM TRANQUILAS DENTRO do que era possível. Quando o sino da última aula tocou, Athena ficou mais alguns minutos na mesa, ainda pensando em uma forma de descobrir mais sobre o que quer que Tony tivesse visto sobre ela. 

O Stark era previsível — ou ao menos ela já havia notado o padrão dele — Se uma possibilidade o deixasse minimante curioso ele iria investigar. Ou seja, com certeza ele iria atrás de saber o que estava acontecendo com ela. E Athena precisava garantir que quando ele ficasse sabendo, iria contar para ela.

Ela juntou suas coisas e foi até seu armário — recém concertado — para guardar algumas coisas. Os corredores já estavam silenciosos e algumas luzes apagadas, indicando que a maioria das pessoas já havia ido para casa.

Quando ela sentiu uma mão tocar em seu ombro, ela mal teve tempo de deixar seus pensamentos de lado e agiu totalmente por instinto. Em um movimento rápido, ela agarrou o pulso da pessoa e o torceu, aplicando força suficiente para machucar.

O gemido de dor de Parker a trouxe de volta para realidade e ela deu um passo para trás, enquanto soltava o braço dele e sentia o estômago despencar e a garganta apertar. Que merda, o que ela fez?

Peter recuou, segurando o próprio pulso com uma careta de dor, flexionando os dedos como se estivesse tentando avaliar o estrago.

der'mo — ela murmurou, engolindo seco e tentando disfarçar a culpa que estava a invadindo. — Parker, por que diabos você me toca assim do nada?

— Eu só ia perguntar por que você ainda estava aqui... — ele fez uma careta de dor ao tentar girar o pulso e teve que morder o próprio lábio.

— Para de ser dramático. — Sua voz saiu arrogante como sempre, mas dessa vez foi ainda mais intencional, uma tentativa de mascarar que ela não estava nada no controle da situação. Ele estava machucado por culpa dela.

— Você tá falando sério? Você quase quebrou meu pulso!

— Me deixa ver. — Ela pediu, se aproximando hesitante. Ele também hesitou, mas acabou estendendo o braço na direção dela. Athena segurou com cuidado, os dedos pressionando ao redor da articulação. Peter prendeu a respiração quando ela moveu o pulso para os lados.

— Você consegue mexer? — Petrova perguntou levantando o rosto para olhar nos olhos dele, sem soltar o pulso do rapaz.

— Tá doendo, mas nada que eu não aguente.

O alívio veio rápido, mas não foi o suficiente para fazer seu coração desacelerar. Ela o soltou, passando a mão pela nuca.

— Você precisa que eu ponha no lugar?

— Como assim, "pôr no lugar"?

— Seu pulso não quebrou, mas pode estar um pouco fora do lugar. Se quiser, eu posso ajeitar.

— E desde quando você sabe fazer isso? — Ele a olhou por um segundo, como se tentasse entender se ela realmente sabia o que estava fazendo e chegou a conclusão que muito provavelmente não.

— Desde sempre. Agora decide logo, Parker.

— Tá bom, manda ver.

Ela se aproximou e usou a mão esquerda para cobrir a boca dele. Peter murmurou algo contra a palma dela, mas sem se explicar,  ela ajeitou o pulso dele com a outra mão num movimento rápido e preciso.

Parker se encolheu, os olhos se arregalando quando a dor o atingiu de imediato. Um som abafado escapou contra a palma dela, algo entre um grunhido e um grito sufocado. Ela só o soltou quando sentiu que ele relaxou um pouco.

— Pronto. — Ela disse pegando a mochila e fechando o armário. Ele resmungou algo inaudível enquanto massageava o pulso, ainda com uma careta, mas Athena não ficou para ver se ele estava bem.

Petrova se afastou com passos rápidos e o coração acelerado. Ela estava se sentindo muito mal pelo que havia acabado de acontecer, mesmo que ela tivesse dado um jeito de concertar a situação.

Ela acelerou o passo para não perder o ônibus, e felizmente conseguiu chegar no ponto antes que fosse tarde de mais. A de cabelos pretos se afundou em um assento livre e olhou para janela.

Athena nunca gostou de machucar as pessoas. No começo, era horrível. Durante os treinamentos da Sala Vermelha, os instrutores costumavam deixar claro que era ela ou seus adversários, e muitas vezes ela tinha que lutar até a morte e sem demonstrar nenhuma hesitação ou arrependimento se não quisesse ser punida.

A primeira vez que entendeu que havia matado uma pessoa, foi quando ela tinha oito anos. Durante um treinamento Petrova segurou o pescoço de uma garota por mais tempo que deveria e a adversária dela simplesmente parou de respirar.

Na época, se sentiu a pior pessoa do mundo, mesmo quando ninguém a sua volta pareceu dar a mínima. Era como se alto extremamente rotineiro houvesse acontecido. Mas ela não conseguiu dormir por várias noites, pensando nos olhos sem vida de Angelina.

Mas, conforme foi crescendo e assumindo missões com as viúvas negras mais velhas, Athena conseguiu aprender a mascarar o desconforto.

Quando ela começou a ser chamada de prodígio da Sala Vermelha, ela já tinha o controle absoluto de suas emoções, sabia que para não se sentir mal, ela precisava não sentir nada.

Então, não. Ela não gostava de machucar as pessoas ou de infligir dor à alguém. E machucar Peter foi um lembrete cruel disso.

Athena bateu a cabeça levemente no vidro da janela do ônibus, sabendo que não deveria estar tão preocupada com aquilo, afinal, ele era o Homem-aranha, podia lidar com um pulso machucado.

Mas e se ele começasse a vê-la de uma forma diferente? E se ligasse os pontos e descobrisse sobre o passado dela e todo o sangue derramado pelas mãos dela? Ele podia ser chato, barulhento, sem noção e irritante, mas Athena não queria machucar ele. Não de verdade. E com certeza não queria que ele descobrisse a verdade sobre o monstro que ela era.

O ônibus parou em seu ponto e ela desceu. Athena fez todo o trajeto até as indústrias Stark e depois até o escritório de Tony ainda perdida em seus pensamentos.

Ela só precisava se concentrar: iria agradecer pela recepção de hoje de manhã. Tentar persuadir ele a revelar se havia feito alguma descoberta em relação as alterações no sangue dela. E por ultimo talvez, apenas talvez, contasse para ele o que havia acontecido na escola. Sem revelar detalhes, obviamente.

Antes que pudesse mudar de idéia, bateu na porta do Stark e colocou um sorriso mínimo no rosto, não grande o suficiente para parecer falsa, apenas para disfarçar a crise existencial de maneira sutil.

— Pode entrar. — A voz do Stark soou de maneira casual e despreocupada. Obviamente não eram muitas pessoas que iam até o escritório dele.

Petrova abriu a porta, o cômodo era enorme, o chão brilhante e a janela pegava parte da parede, dando uma vista ampla para cidade.

No entanto, o sorriso dela se desfez e as pernas ficaram presas no lugar quando notou que Tony estava acompanhado.

Assim que a mulher que estava sentada de frente para o Stark e de costas para porta virou para encara-la, Athena prendeu a respiração e não piscou o respirou por um segundo inteiro.

A garota imediatamente reconheceu os cabelo castanho e os olhos azuis que analisavam tudo a sua volta, a postura elegante e descontraída de quem sabia que podia controlar qualquer ambiente.

Sua consciência gritava, seu corpo inteiro enrijeceu como se estivesse de volta na Sala Vermelha, e ela quase podia sentir o cheiro metálico de sangue que sempre ficava impregnado nos corredores de lá. Ainda assim, ela não fez nenhum movimento brusco.

O rosto de Irina Ivanov se abriu em um sorriso educado. A mulher inclinou levemente a cabeça, como se estivesse curiosa ao vê-la ali, como se aquilo não fosse o ápice de um pesadelo que Athena tentou escapar a vida toda.

— Athena! — A voz de Tony soou animada, alheio ao que passava na cabeça da mais nova.— Essa é Lucy Carter. Lucy, essa é a minha brilhante assistente, Athena Petrova.

O Stark sorriu, totalmente alheio a quem realmente era a mulher com quem estava casualmente sentado em seu escritório.

O peito de Athena subiu e desceu devagar enquanto sua mente processava tudo em um segundo. Seu coração pulsava nos ouvidos. Seu corpo pedia que ela fizesse algo—qualquer coisa—mas ela só podia continuar ali e fingir.

Irina, ou melhor, Lucy Carter, estendeu a mão num gesto casual.

— É um prazer conhecê-la, Athena.

A voz dela era suave e controlada como sempre foi, e como Athena se lembrava nitidamente. Mas, Athena conhecia aquela mulher melhor do que ninguém e sabia o que estava por baixo da superfície.

Athena estendeu a mão e apertou a de Irina, o aperto firme, mas não forte demais. Como se fosse apenas mais um dia comum.

— O prazer é todo meu. — Sua voz saiu estável, quase entediada, como sua postura usual.


— E então, do que você precisa? — Tony perguntou, ainda relaxado na cadeira, como se nada estivesse fora do normal.

Petrova abriu a boca. Mas não saiu nada. Nenhuma resposta afiada, nenhuma desculpa convincente, nenhuma exigência profissional que pudesse mascarar a vontade desesperada de fugir dali imediatamente.


Pela primeira vez, sua mente estava em branco.

A mão ainda formigava do aperto de Irina, mas foi o olhar da mulher que mais a afetou. O brilho quase imperceptível de diversão, como se ela soubesse o que a mais nova estava sentindo e pensando, e estivesse saboreando o pânico invisível por trás da fachada impecável de Athena.

— Preciso ir embora mais cedo. — Ela finalmente falou, antes mesmo de poder pensar em uma desculpa melhor.

Tony ergueu as sobrancelhas, surpreso, mas não pareceu se importar muito. Ele nunca foi do tipo que cobrava horários rígidos, muito menos de Athena.

Mas o súbito pedido dela deixou ele um pouco preocupado. Principalmente após ela ter se sentido mal no dia anterior. Ele não queria que ela estivesse doente.

— Sem problemas. — respondeu, dando de ombros. — Você tá bem? Isso é alguma coisa da enxaqueca?

Antes que ele pudesse insistir na preocupação, Athena já estava saindo pela porta e desaparecendo pelos corredores.

Stark suspirou, sabia que se fosse atrás não teria respostas, então não valia a pena. O melhor que ele podia fazer no momento era torcer para que Athena não estivesse indo para casa mais cedo por motivos de saúde. Ele se ajeitou na cadeira, limpou a garganta e voltou a atenção para Lucy.


Oie amores, como estão?

Eu estou meio doida com esse Wattpad bugado, tive que editar esse capítulo mil vezes pq toda hora ele bugava, apagava os travessões e duplicava as imagens 😫 mas acho que agora deu certo.

Se por acaso notarem algum erro, me avisem. E se por acaso você entender de balé e a cena do começo não tiver feito sentido, me perdoe, eu fiz na base de pesquisas no google pq não sei nome de mais de dois passos de balé.

Ai ai, coitada da Athena não tendo um dia de paz, vey 🥺

Estou ansiosa para
que está por vir!

Espero que tenham gostado do capítulo, até o próximo ❤️

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