·˚ ༘₊·꒰ 𝟎𝟓 ─── 𝐄nd 𝐎f 𝐁eginning
𝐈carus 𝐅alls ─── Capítulo cinco.
↳ ❝ [ Fim do
começo.] ¡! ❞
4.414. palavras ↳ vote e comente ¡! ❞
SEGUNDO YELENA, Athena precisava de um emprego se quisesse manter o gato em casa.
Então ela arranjou um trabalho, um que honestamente ela achou que ia odiar e que não conseguiria suportar por uma semana. Mas, para sua surpresa, acabou gostando muito.
Athena dava aula de balé para crianças. Ela era instrutora de três turmas, então só trabalhava por duas horas, três dias por semana. Não era o fim do mundo.
As crianças também não eram ruins. Elas eram muito mais comportadas do que Athena — como seu pessimismo crônico — havia pensado.
E no fim, balé não era difícil, não para quem praticou de maneira psicótica por toda sua vida. Mas é claro que ela tratava as crianças bem, diferente da forma que ela havia aprendido. Por mais séria que Athena fosse, aquelas pequenas meninas cor-de-rosa gostavam dela.
Quando Petrova deixou a academia de dança naquela sexta-feira, seu cabelo preso ainda estava em um coque, ela ainda usava a calça de ginástica, mas com um longo moletom por cima e um par de botas.
— Athena. — Ela ouviu o nome dela e virou para trás por instinto e viu Peter caminhando na direção dela. Ela fez a careta habitual que sempre fazia quando o via. — Quanto tempo.
— A gente se viu ontem na escola. — Ela respondeu, deixando que ele alcançasse ela e os dois começaram a andar lado a lado.
— Não sabia que você fazia balé. — Ele disse, ignorando a observação dela.
— Eu não faço. — deu ombros. — E tem muitas coisas que você não sabe sobre mim.
Parker considerou e assentiu, os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, ainda caminhando. Então ele falou novamente:
— Hoje é o baile da escola... Você vai com quem? — mordeu o lábio inferior tentando conter a curiosidade.
— Eu não vou. — Athena deu ombros.
— Sério? Mas por que não? — Peter estreitou as sobrancelhas confusos.
— Por qual motivo eu iria? — Ela olhou para ele como se o desafiasse a responder.
Peter considerou, e por mais que não gostasse de admitir, realmente ela não parecia o tipo de que ia em bailes de escola. Pelo menos não sozinha, mas ele não podia a convidar, afinal ele já tinha um par.
— Ah, que pena. Espero que se divirta em casa, com seu gato. — pigarreou. — Você ficou com o gato?
A de cabelos pretos concordou com a cabeça, ainda de cara fechada, mas Peter não se deu por vencido e tentou puxar assunto de novo, mas quando ele abriu a boca, ela falou por cima:
— Vem cá, de onde vêm toda essa determinação em falar comigo? — ela perguntou de braços cruzados, arqueando uma sobrancelha. Peter quase engasgou.
— Eu... Quer dizer, eu acho que... — Ele fez uns gestos estranhos com as mãos. — Eu só queria agradecer por ter me ajudado a chamar a Liz para o baile, e por isso... Eu pensei em ser legal com você. — deu um sorriso nervoso.
Athena apenas respirou fundo e seguiu andando.
— Me passa seu número. — as palavras saíram da boca dele antes que ele pudesse evitar. — Só por... Vai que eu precise falar com você.
— Se eu passar, você me deixa em paz?
— Sim. — ele respondeu sem hesitar, então a garota pegou o celular dele e digitou o número, sem saber ao certo o motivo de estar passando seu verdadeiro numero para ele.
— Boa sorte no baile, Parker. Tenta não pisar no pé da Liz. — ela provocou, devolvendo o celular para o bolso dele e atravessando a rua com pressa.
Então era assim que as pessoas se sentiam quando encontravam conhecidos na rua? Desconfortável.
QUANDO PETER PEDIU O NÚMERO DE ATHENA, não imaginou que a primeira mensagem que fosse enviar para ela soasse quase como um pedido de socorro.
No entanto, agora ele estava em um carro, com Liz e o pai dela, que, na verdade, era o Abutre. Ele não sabia exatamente o que ela iria fazer com essa informação, mas Peter estava tenso e com as mãos suando, e Athena esteve com ele na última vez que o vilão apareceu, então talvez ela tivesse alguma ideia genial.
Ou talvez nem lesse a mensagem quando visse o nome dele na tela.
Mas, de qualquer forma, agora ele não tinha mais o traje do Homem-Aranha e o homem estava começando a desconfiar, conforme Liz contava para o pai que Peter fazia estágio com Tony Stark.
Quando Athena leu a mensagem, ela respondeu algo do tipo "E o que você espera que eu faça?".
Mas Peter não entendeu o sarcasmo e pediu para ela ir até a escola, o que obviamente ela não fez.
No entanto, conforme os minutos foram se passando, Athena sentiu um desconforto crescer dentro dela. O gato ficava a encarando e ela ficava se perguntando se o Parker daria conta sozinho, sem o uniforme, e dessa vez, sem o Homem-de-Ferro para salvar a pele dele se as coisas saíssem do controle.
Como estava sozinha em casa, o tédio começou a pesar, ou talvez fosse a consciência. Athena bufou e andou até um computador que tinha na sala de estar, o qual nem ela e nem Yelena costumavam usar muito.
Sem fazer ideia de que Peter havia propositalmente deixado o celular dele no carro do pai de Liz, começou a rastreá-lo.
Após teclar algumas informações e invadir alguns satélites, a tela começou a carregar. Enquanto ela esperava para vez a localização em tempo real, ela se perguntou se a Belova possuía ainda alguma arma, e se sim, onde estariam escondidas.
ATHENA CHAMOU UM TÁXI, porém a corrida estava ficando cara demais e o ponto que estava ela rastreando continuava a se mover.
Então ela pediu para o motorista parar, pagou a corrida e saiu do veículo. O motorista ficou a encarando, se perguntando o que uma adolescente estava fazendo no meio do nada, sozinha, já tarde da noite.
Ela, no entanto, não se importou muito, já havia estado em lugares piores. O que a chamava atenção era que o rastreador continuava a se mover, no entanto não havia absolutamente nenhum sinal de Peter ou do Abutre.
A garota continuou andando, alheia a qualquer perigo que pudesse surgir. Ela possuía uma arma na cintura, e isso era o suficiente para ela se sentir segura.
E foi então que uma espécie de nave caiu, junto o Homem-Aranha (em um novo traja, que, na verdade era uma roupa bem improvisada) e o Abutre lutando.
— Athena! — Peter gritou, enquanto o Abutre atirava com suas armas de tecnologia alienígena. Ele estava extremamente bravo, afinal, parte da sua carga estava perdida.
As coisas que haviam caído da nave queimavam, fazendo uma grande camada de fogo e fumaça os cercarem.
Petrova não havia planejado entrar em uma luta, mas enquanto as chamas lambiam o chão em volta dela, ela percebeu que não tinha muita escolha.
Athena estava acostumada a ser uma assassina, uma espiã infiltrada, hackear sistemas e até torturar homens com o triplo da idade dela para conseguir alguma informação.
Mas desde que ela havia começado a tentar ter uma vida normal, tudo que conseguiu foi exatamente o oposto: primeiro uma barca partida ao meio e agora um homem com roupa de pássaro e armas alienígenas tentando a matar.
— Você precisa sair daqui! — Parker gritou, mas não havia chance da garota deixar ele apanhar (ainda mais) sozinho.
Em um movimento rápido, Athena tirou a arma da cintura, disparando contra o homem, que desviou com facilidade, batendo suas asas mecânicas.
O Abutre estava irritado, ele pegou impacto e, sem pousar no chão, chutou o peito do Parker com os dois pés, o lançando para longe.
Athena, por sua vez, ainda não havia desistido. Ela tossiu devido à fumaça, mas deu alguns passos para trás para poder pegar impulso e correu na direção do Abutre, agarrando em uma das asas e o puxando para baixo, com uma força que parecia impossível para sua estatura magra.
— Mas o quê? — O homem murmurou surpreso e Petrova aproveitou o momento que ele baixou a guardar para atirar.
No entanto, as balas haviam acabado, ela xingou em russo e usou a arma para bater na testa do homem, ele desequilibrou, mas logo recuperou a força e a lançou para uma pilha de destroços.
Os minutos de luta foram se desenrolando e os dois mais novos começando a ficar exaustos. Athena limpou o sangue na testa com brutalidade, do outro lado, o vilão parecia estar cada vez mais irritado.
O Abutre chutou Peter novamente, usou uma lâmina para o machucar ainda mais. Athena, teimosa, insistiu em atacá-lo novamente, por trás, mas só teve poucos minutos de vantagem.
Ela acertou uma cotovelada na testa do homem, mas ele revidou dando um chute no peito dela e a lançando para longe.
Athena foi arremessada e caiu em cima do braço, batendo a cabeça em uma pedra. Ela gemeu e cuspiu sangue, e por mais que sua visão estivesse turva, ela não se permitiu simplesmente desmaiar ali.
A garota juntou a força que restava para erguer a cabeça e olhar para o Parker, mas para a decepção dela, ele estava tão derrotado contra ela.
— Acham mesmo que podem me parar? Vocês são apenas crianças. — O vilão disse, enquanto usava um cabo para pegar uma grande carga. As asas metálicas dele bateram conforme ele levantava vôo.
No entanto, o peso da carga e o traje danificado pela própria luta começaram a prejudicá-lo: um dos propulsores falhou e ele perdeu altitude, caindo do alto em um baque surdo, em meio as chamas.
Petrova aproveitou o momento, ela reuniu forças e se levantou, ainda mancando, alcançou a arma que estava jogada no chão e colocou a munição que estava no bolso de sua calça.
A garota caminhou até onde o homem havia caído, ele estava ferido e agora debilitado. Ela ignorou a dor dos ferimentos e a fumaça que a deixava tonta e deu um sorrisinho, enquanto destravava a arma.
— Você não tem coragem. — O Abutre gemeu, mas antes que pudesse dizer outra coisa, sentiu o cano quente da arma em sua testa.
Athena colocou o dedo no gatilho, mas antes que pudesse puxar, sentiu os dois braços de Peter em sua cintura a puxando para longe.
— Athena, não! Não é assim que resolvemos as coisas. — Peter pediu e ela olhou para ele sem entender.
O Parker aproveitou o momento de hesitação dela para desarmá-la e jogar a arma longe.
Athena o encarou com raiva, os olhos faiscando.
— O que você pensa que está fazendo? Ele nos atacou! Ele ia nos matar, Parker! — ela gritou, tentando se soltar dos braços dele.
Peter a manteve firme, ofegante, enquanto olhava para os destroços ao redor. Foi então que percebeu algo. Entre os pedaços de metal quebrado e a carga espalhada, um som agudo começou a crescer, seguido por um leve brilho azulado.
Ao notar a explosão eminente, Peter largou Athena e correu na direção do Abutre. O vilão estava deitado no chão, tentando se levantar, mas claramente ferido demais para se mover rápido.
— Parker! O que você está fazendo? — Athena gritou, vendo-o passar pelo fogo e pelos destroços como se fosse suicídio.
— Salvando ele! — Peter gritou de volta, sem olhar para trás.
O brilho azulado começou a se intensificar, as faíscas voando para todos os lados. Peter chegou até o Abutre no último segundo, puxando-o pelos ombros e o carregando para longe do local. Ele se jogou atrás de uma pilha de destroços, protegendo o homem com o próprio corpo.
Uma explosão ensurdecedora sacudiu o chão, o calor se espalhou por toda a área. Chamas e detritos voaram pelo ar, enquanto uma nuvem densa de fumaça se erguia, mas Peter conseguiu salvar ele. Quando estavam em uma distancia segura, ele se lançou ao lado do Abutre que ainda o olhava confuso, deixando a exaustão tomar conta por enquanto.
O VENTO SOPRAVA FRIO, Peter e Athena estavam no topo de uma montanha-russa enferrujada. Abaixo deles, as sirenes da polícia piscavam com luzes vermelhas e azuis, iluminando os destroços e a figura do Abutre, amarrado com várias camadas de teia e com as cargas alienígenas ao seu lado.
Peter estava sentado com as pernas penduradas no vazio, o traje rasgado expondo cortes e hematomas em sua pele. Ele olhou para o céu por um momento, tentando recuperar o fôlego. Athena estava ao lado dele, ainda furiosa, os braços cruzados e o rosto marcado pela fumaça e pelo sangue seco.
— Você é um idiota, Parker. — A voz dela cortou o silêncio.
Peter soltou um suspiro pesado, esfregando o pescoço dolorido.
— Você já disse isso umas dez vezes hoje.
— E eu vou continuar dizendo até entrar na sua cabeça. — Athena virou para ele, os olhos faiscando. — Você colocou sua vida em risco para salvar aquele homem. Ele ia nos matar.
Peter a encarou, tentando manter a calma.
— E o que você queria que eu fizesse? Deixá-lo lá para morrer? Isso não é quem eu sou, Athena.
Ela bufou, desviando o olhar para as luzes da polícia lá embaixo.
— Talvez você devesse começar a pensar em quem você é, porque, honestamente, essa sua mania de herói vai acabar te matando.
— Está preocupada comigo?
O Parker ergueu uma sobrancelha esperando uma resposta que não veio, Athena só deu os ombros, tentando limpar o sangue com a manga da blusa.
— E você acha que a sua maneira é melhor? — Peter rebateu, o tom mais firme agora. — Apontar uma arma para a cabeça de alguém e puxar o gatilho? Você pareceu uma sociopata.
— Teria funcionado. — Athena respondeu, com uma frieza que fez Peter franzir a testa.
Eles ficaram em silêncio por um momento, o som distante dos policiais investigando ecoando ao longe. O vento soprava forte, balançando a estrutura da montanha-russa e trazendo consigo o cheiro de metal queimado.
— Você não entende, Parker. — Ela finalmente falou, sua voz mais baixa. — Você vive nesse mundo de fantasia onde todo mundo pode ser salvo, mas não é assim que funciona. Algumas pessoas só... não valem a pena.
Peter olhou para ela, com um olhar que misturava cansaço e determinação.
— Talvez não valham, mas eu ainda vou tentar.
— Espero que não morra tentando. — Ela virou a cabeça para olhar para ele. — Agora me coloca no chão, quero ir para casa.
A ROTINA SE ESTABILIZOU POR ALGUNS DOS PRÓXIMOS DIAS, mas embora Peter e Athena não falassem sobre isso, eles ainda se sentiam profundamente doloridos após a batalha.
Tudo estava indo bem para o Parker até que ele recebeu uma mensagem misteriosa de um número anônimo pedindo para ele ir até o banheiro. E ele foi.
Quando entrou, para a surpresa de Peter, Happy estava lá, em carne e osso depois de mêses bancando a babá eletrônica, o que significava, muito provavelmente, que Tony Stark tinha uma mensagem para o Parker.
— O chefe quer te ver. — Happy disse casualmente.
Por um minuto Peter gelou, ele apontou para as cabines do banheiro e perguntou preocupado:
— Ele está aqui?
— No banheiro? É claro que não. — Happy deu ombros andando na direção do Parker. — É claro que não, ele está no norte.
— No norte? Tipo no norte do estado?
— É. Vamos. — O mais velho assentiu, já fazendo seu caminho para fora do banheiro esperando que Peter o seguisse.
— Espera, Happy. — Peter olhou ansioso. — Eu posso levar alguém?
— Isso não é passeio da escola Peter. Quem você quer levar? Uma namorada? — Happy disse e viu Peter ficar vermelho, como se o sangue dele se houvesse se aglomerado em suas bochechas.
— Não. Claro que não. Uma amiga. Uma parceira. — se embolou um pouco nas palavras. — O senhor Stark conhece ela, ela tem me ajudado. Tem estado presente nos últimos acontecimentos. — Ele olhou para Happy fazendo olhos de cachorrinho. — Talvez não muito por opção, acho que na verdade fui eu que arrastei ela para essa bagunça... Mas também acho que ela se importa.
— Ah, tanto faz. Esteja no estacionamento em dez minutos. — Happy disse e saiu do banheiro, logo desaparecendo do campo de visão do Parker.
Peter saiu do banheiro com passos apressados, ainda meio nervoso com o encontro repentino com Happy e mais nervoso ainda com a ideia de convencer Athena a ir junto. Ele sabia que ela não era exatamente a maior fã de Tony Stark — na verdade, ela deixava isso bem claro sempre que o nome do bilionário era mencionado.
Enquanto caminhava pelos corredores movimentados da escola, Peter vasculhava mentalmente todas as desculpas possíveis que poderia usar. Ele precisava ser convincente, mesmo sabendo que suas mentiras eram tão boas quanto suas desculpas para fugir das aulas de educação física.
Finalmente, ele avistou Athena no pátio, sentada em um dos bancos com os braços cruzados e um olhar distante. Peter respirou fundo e foi até ela, tentando parecer casual.
— Athena! — Ele chamou, acenando desajeitadamente enquanto se aproximava.
— O que foi agora, Parker? — ela perguntou, sem nem levantar a cabeça, já acostumada com as abordagens dramáticas dele.
Peter coçou a nuca, tentando parecer descontraído.
— Então... tem uma coisa super importante acontecendo. Tipo, coisa de vida ou morte. E eu... meio que preciso da sua ajuda.
Ela ergueu uma sobrancelha, finalmente levantando os olhos para ele.
— Vida ou morte? Isso é o melhor que você conseguiu inventar?
— Não é mentira! — ele protestou, gesticulando exageradamente. — É sério, Athena. Eu... eu descobri uma coisa super perigosa e preciso que você venha comigo. Agora.
— Descobriu o quê? — perguntou desconfiada.
— Uh... — Peter engoliu em seco, já improvisando. — Um... tipo, um vazamento. De... radiação.
A de cabelos pretos cruzou os braços, o rosto sem expressão.
— Radiação.
— Isso! Exatamente! — Peter confirmou, balançando a cabeça com tanta convicção que quase acreditou em si mesmo. — Tipo, eu estava no laboratório e aí os sensores começaram a apitar, e é perigoso. A gente precisa ir.
Athena bufou, se levantando com uma expressão de tédio.
— Isso soa como uma desculpa horrível para alguma besteira que você vai me arrastar junto.
Peter sorriu nervoso, já puxando-a pelo braço antes que ela pudesse questioná-lo mais.
— Não é besteira! É... é ciência! E eu preciso de você. Vamos!
— Parker, se isso for outra de suas ideias idiotas...
— Não é! Eu prometo!
Ele continuou arrastando-a pelos corredores e escadas, até chegarem ao estacionamento. Quando Athena avistou Happy Hogan encostado em um carro preto, com os braços cruzados e uma expressão impaciente, ela parou abruptamente.
— Parker. — Sua voz ficou afiada. — Isso não tem nada a ver com radiação, tem?
— Não... exatamente. — Ele sorriu sem jeito, ainda segurando o braço dela. — Mas é meio que importante.
— Você me fez vir até aqui por causa desse cara? — Ela apontou para Happy, que apenas revirou os olhos ao ouvir isso.
— Sim. Mas é uma longa história. Por favor, só entra no carro, ok? — Peter pediu, quase implorando.
Petrova o olhou com desconfiança, depois para Happy, e por fim para o carro.
— Você me deve uma explicação muito boa, Parker.
— Eu sei. E eu vou dar. Só... depois.
Resmungando, Athena entrou no carro, enquanto Happy lançava um olhar para Peter.
— Eu espero que ela não seja tão teimosa quanto parece.
— Ah, ela é pior. — Peter respondeu, entrando também, já sentindo o peso do sermão que viria mais tarde.
Os minutos se passaram e quando Athena deu conta de seu destino ela fechou a cara, mas já era tarde de mais. Agora ela olhava pela janela do carro, assistindo ao imponente Complexo dos Vingadores surgir no horizonte.
Ela chegou a considerar abrir a porta e saltar para fora, mas até mesmo ela sabia que isso seria um exagero — além de não muito adequado no momento.
Quando o carro parou e Happy os guiou para dentro do complexo, Athena seguiu com passos pesados e uma aura de desdém. Peter, por outro lado, parecia dividir seu estado entre nervosismo e entusiasmo.
Tony Stark não demorou a aparecer. Ele estava de braços abertos, exibindo aquele sorriso característico que transbordava confiança e sarcasmo.
— Ah, Parker! E... — Ele olhou para Athena, inclinando ligeiramente a cabeça como se tentasse encaixar um adjetivo. — A menina exotica e francamente impossível de descrever. Que dupla dinâmica vocês formam, hein?
Petrova revirou os olhos, mas Tony ignorou completamente. Ele se virou para Peter, que parecia prestes a desmaiar de ansiedade.
— Escuta, Parker, você pisou na bola. — Tony gesticulou como se segurasse uma bola imaginária. — Furou a bola. — Ele fez o som de um pneu esvaziando. — Mas depois... emendou a bola.
Athena piscou, confusa, e arqueou uma sobrancelha em direção a Peter, que apenas encolheu os ombros.
— É uma metáfora, Athena. Vai além do seu nível de entendimento. — Tony acenou displicentemente antes de continuar. — O ponto é, garoto, você me mostrou que tem potencial. Contra todas as probabilidades, conseguiu. Por isso...
Ele estalou os dedos, e um painel na parede se abriu lentamente, revelando um manequim com um traje absolutamente incrível.
O novo uniforme do Homem-Aranha era uma fusão de alta tecnologia e design impecável, com detalhes que brilhavam em vermelho e dourado sob a luz.
Peter prendeu a respiração, maravilhado. Athena, que estava mais atrás, sem querer, deu um passo à frente, com os olhos levemente arregalados. Por mais irritada que estivesse, tinha que admitir que o traje era incrível — e no fundo, bem no fundo, ela sabia que Peter merecia.
— Parabéns, Parker. — Tony disse com um meio sorriso. — Bem-vindo ao clube.
Parker piscou, ainda processando tudo que acabara de ouvir.
— Espera... eu vou ser um Vingador?
Stark suspirou teatralmente, como se estivesse cansado de ter que repetir.
— Sim, Parker. Vou fazer uma coletiva de imprensa, anunciar o mais novo membro dos Vingadores, o público vai adorar. Depois disso, te mostro seu alojamento. Tem até vista para a cidade, cortesia do Stark Industries.
— Não. — Parker murmurou.
— Como é que é? — Tony parou e piscou algumas vezes, surpreso.
— Não. — Peter repetiu, mais firme desta vez, embora ainda parecesse nervoso. — Eu não posso aceitar isso.
— Você está me rejeitando? — O Stark disse em um tom que misturava surpresa e indignação.
Peter respirou fundo, tentando organizar seus pensamentos e então respondeu mais calmo:
— Olha, Sr. Stark, eu realmente agradeço. De verdade. Mas... eu quero manter os pés no chão. Ser um Vingador é incrível e tudo mais, mas alguém precisa cuidar do povão. As pessoas que eu vejo todo dia, na minha vizinhança. É isso que eu sou: o amigo da vizinhança.
Tony levantou uma sobrancelha, claramente impressionado, mas também frustrado.
— Vou perguntar só mais uma vez, Parker. Sim ou não?
— Não. — respondeu sem hesitar.
O silêncio que se seguiu foi quase palpável, quebrado apenas por Athena, que ergueu as mãos indignada.
— Espera aí. — Ela deu dois passos à frente, apontando para Peter. — Você fez tudo isso pra... pra nada?
— Não foi pra nada. — Peter respondeu, olhando para ela com aquele sorriso tímido que era tão característico. — Foi pra saber que eu poderia fazer mais... E escolher o que eu quero fazer.
— Escolher o quê? — Athena exclamou, jogando as mãos para o alto. — Continuar se pendurando em prédios e tomando soco de ladrão de loja de conveniência?
Tony observava a cena, agora com um sorriso divertido no rosto.
— Gosto dela. — murmurou, apontando para Athena. — As vezes.
— Não é só isso, Athena. — Peter respondeu, agora mais calmo. — É sobre ajudar as pessoas. Fazer a diferença.
Athena cruzou os braços e olhou para ele, claramente irritada, mas sem palavras para retrucar e Tony deu de ombros.
— Bem, sua decisão, Parker. Mas se mudar de ideia, sabe onde me encontrar. — Ele virou-se para Athena com um sorriso desafiador. — E você... Eu fiz minha lição de casa. Li seu histórico.
Athena ficou séria na mesma hora, sua expressão endurecendo como se um alarme interno tivesse disparado.
— Você leu o quê, exatamente? — ela perguntou, a voz tensa, os ombros enrijecidos.
Tony percebeu o desconforto e ergueu as mãos em um gesto de calma.
— O engraçado é que... não existe quase nenhuma informação sobre você. Como se alguém tivesse apagado tudo. Onde você escondia todo esse tempo, em?
Petrova ficou ainda mais séria, o que apenas fez Tony erguer uma sobrancelha intrigada. Ela com certeza não queria que o Stark soubesse detalhes do passado dela, e muito menos que trouxesse isso a tona agora, na frente de Peter.
— Mas eu notei uma coisa: você é uma hacker excelente. Tipo, nível "quero essa pessoa trabalhando pra mim antes que ela decida me ferrar".
Ela estreitou os olhos, tentando decifrar se aquilo era uma piada ou uma ameaça.
— Então aqui vai a proposta: se você estiver disposta a fazer as pazes comigo... Eu posso te dar um emprego. Porque, francamente, alguém com suas habilidades é muito melhor como aliado do que como inimigo.
O tom dele era genuíno, mas carregado daquele sarcasmo típico de Tony Stark.
A garota tentou não demonstrar o alívio que sentiu ao perceber que ele não havia descoberto tudo.
— Já tenho um emprego. — respondeu casualmente.
Tony inclinou a cabeça, genuinamente curioso.
— É mesmo? Quanto você ganha? — ele a olhou como se a desafiasse responder. Athena hesitou, mas acabou respondendo casualmente.
— Quinze dólares por hora.
O Stark fez uma careta exagerada, como se tivesse acabado de ouvir a coisa mais absurda do mundo.
— Quinze? Pago noventa dólares por hora.
Athena não pôde evitar soltar uma risada curta e irônica.
— Não sabia que você era tão generoso. — retrucou.
— Não sou. — Tony respondeu rapidamente, sorrindo. — Só sou prático. Então, o que me diz?
— Vou pensar. — murmurou, estava frustrada, mas não podia deixar de considerar que o dinheiro lhe enchia os olhos.
— Ótimo. — Tony deu um passo para trás, claramente satisfeito. — Porque eu sou paciente. — deu ombros. — Mais ou menos.
Peter, percebendo o clima que começava a se formar entre Athena e Tony, decidiu agir rápido antes que as coisas desandassem.
— Bom... — ele começou, coçando a nuca e se virando para Stark com um sorriso meio nervoso. — Obrigado, Sr. Stark. De verdade. Por tudo isso. É sério, muito obrigado mesmo! — Peter continuou, começando a recuar lentamente em direção à porta.
— Você já disse isso umas cinco vezes, Parker. — Tony disse, revirando os olhos, mas com um leve sorriso.
Antes que Peter pudesse começar outra rodada de agradecimentos, Athena o agarrou pelo braço com firmeza.
— Tá bom, chega de gratidão. Vamos embora. — ela disse, puxando-o em direção à saída sem cerimônia.
— Mas eu estava só tentando ser educado... — Peter murmurou, olhando para trás enquanto era praticamente arrastado para fora.
— Já fez isso o suficiente por uma semana inteira. — Athena retrucou, sem nem olhar para ele.
— Tchau, Sr. Stark! — Peter gritou por cima do ombro, enquanto Tony apenas acenava de longe, divertindo-se com a cena.
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