·˚ ༘₊·꒰ 𝟎𝟒 ─── 𝐀ction 𝐀nd 𝐑eaction
𝐈carus 𝐅alls ─── Capítulo quatro.
↳ ❝ [ Ação e
reação.] ¡! ❞
4.061 palavras ↳ vote e comente ¡! ❞
ATHENA REALMENTE PENSAVA NAQUILO COMO UM JEITO ESTÚPIDO DE MORRER. No entanto, não demorou muito para ela ver o Homem-Aranha usando suas teias para remendar a barca, prendendo seus pontos de apoio.
Por breves segundos, todos ficaram aliviados, houve até quem aplaudiu e o agradeceu. No entanto, como Athena bem sabia, tudo que era bom durava pouco e logo, as teias começaram a romper e a barca a quebrar novamente.
Ela segurou com mais forças, vendo fumaça e fogo e pessoas se agarrando a qualquer coisa que pudessem prolongar seus minutos de vida. Peter continuou tentando grudar a embarcação com sua teia, mas já dava para ver que aquilo seria inútil.
Até que de repente tudo voltou ao normal.
— Valeu, Homem-de-Ferro. — Athena ouviu um homem dizer animadamente, nem parecia estar temendo a morte poucos segundos atrás. E então ela notou finalmente o Homem de Ferro usando vários compressores para juntar as metades da barca.
Quando a embarcação estava de volta à posição em que deveria estar, Tony Stark começou a usar lasers de sua armadura para sondar o barco, enquanto o Homem-Aranha ia atrás dele, falando algo que Athena não conseguia entender.
Peter ficou extremamente frustrado quando Tony saiu, afinal estava claro que ele tinha o decepcionado. Além disso, ele também havia perdido os vilões de vista. Ele soltou um pequeno grito frustrado, enquanto via o Homem-de-Ferro voar para longe e diversos aviões e barcos se aproximarem.
— Vou ter que te erguer de novo, tá bom? — avisou educadamente ao pular para o lado de Athena, que finalmente se levantava.
— Não precisa, eu saio daqui por conta própria e... — Antes que ela pudesse terminar a frase, Peter já tinha a segurado pela cintura e lançado uma teia em um helicóptero e depois em outro e em outro, até conseguir finalmente lançar em um prédio e em uma ponte.
Ele sabia que ela poderia ter saído de lá por conta própria, mas assim era mais fácil. Além disso, ele tinha colocado ela lá, então era justo tirar também, por mais bravo consigo mesmo que estivesse agora.
Com uma última teia, ele colocou-a no chão, estavam em cima de um prédio. Uma vez que Athena recuperou o equilíbrio, ela abriu a boca para xingá-lo de novo, mas não o fez quando o viu sentar-se frustrado na mureta e tirar a máscara, bufando de frustração.
— Então, tá bom! — ela murmurou. — O importante é que todo mundo saiu vivo! — deu ombros. — Vou indo...
Mas antes que a Petrova pudesse realmente se afastar, a armadura do Homem de Ferro se aproximou de ambos, passando por ela.
— Puta merda, que susto. — murmurou, dando um pequeno pulo. Ela normalmente se mantinha mais alerta que isso, mas eles estavam em cima de um prédio, então era comum que ela não esperasse que alguém chegasse voando por trás. Tony Stark, no entanto, ignorou.
— Anteriormente em Peter pisa na bola. — A voz de Tony soou mecânica graças à armadura. — Eu mandei você se afastar disso, mas você preferiu hackear um uniforme de muitos bilhões de dólares para poder fazer pelas minhas costas, a única coisa que eu mandei não fazer.
Athena desistiu de ir embora. Era indiscreto ficar, mas ela estava curiosa demais para sair agora. A garota cruzou os braços e assistiu ao desenrolar da cena à sua frente.
Ela nunca imaginara isso: o Homem de Ferro dando bronca no homem-aranha, caramba, onde é que ela havia se metido?
— Estão todos bem? — Peter perguntou sem olhar para Tony.
— Não graças a você. — O Stark respondeu.
— Grosso. — Athena murmurou e viu a armadura se virar na direção dela.
— Quem é você? — Tony perguntou, mas antes que a garota pudesse responder, Peter levantou, indo na direção deles.
— Não graças a mim? As armas estavam lá e eu tentei avisar a você, mas você não me escutou. Nada disso teria acontecido se tivesse me escutado. Se ligasse mesmo, você estaria aqui.
Então, a armadura se abriu e Tony saiu de dentro. Athena deu um paço para trás, caramba, realmente era Tony Stark.
Não que Athena fosse fã do Stark, na verdade, ela se encaixava mais no tipo de pessoas que definitivamente não gostavam dele.
Peter também pareceu surpreso e recuou quando o Stark andou na direção dele, com a expressão facial séria e talvez um pouco brava.
— Eu escutei, garoto, quem você acha que mandou o FBI? Você sabia que eu fui o único que acreditou em você? Os outros disseram que era uma loucura recrutar um garoto de 14 anos.
— Eu tenho 15. — Peter tentou se defender, mas o Stark não deixou, continuando a avançar na direção do mais novo, com seu tom de voz ficando cada vez mais irritado.
— Não. Agora você vai escutar! O adulto está falando. E se alguém tivesse morrido hoje, hein? Ia ser outra história, não é? Porque a culpa ia ser sua! E se você morresse? A culpa ia ser minha. — Ele fez uma pausa. — Eu não quero isso na minha consciência.
Tony se virou para Athena, que estava observando a cena quase incrédula, sem coragem para ir embora. O Stark ergueu a sobrancelha, avaliando a presença dela ali.
— E quem é você? Mulher-Aranha? Mulher-Gato? — Ele gesticulou vagamente. — Quem mandou você trazer amigos para brincar de super-herói, Parker?
Peter suspirou, visivelmente exasperado.
— Ela não é minha amiga. — Ele se defendeu.
Athena revirou os olhos, cruzando os braços. Ela não havia gostado do tom do homem.
— Não sou amiga dele, e com certeza não vim aqui para brincar. Aliás, quem é você para falar alguma coisa? A última vez que chequei, você era só um bilionário em crise de meia-idade que decidiu virar herói porque se sentiu culpado.
Tony inclinou a cabeça, surpreso com o ataque direto. Um sorriso cínico se formou no canto de sua boca, metade irritado, metade admirado.
— Uau. Gosto do entusiasmo. Mas, me diz, você ensaiou isso antes de vir aqui ou é só o que passa pela sua cabeça enquanto você tenta se convencer de que importa?
Peter olhou entre os dois, visivelmente tenso.
— Tá, calma aí, gente. Isso está indo longe demais. Athena, por favor, não começa...
Mas Athena não parou. Ela deu um passo ainda mais próximo, agora encarando Tony diretamente.
— O que importa aqui é que você não é o dono da moral. Você se esconde atrás de armaduras e tecnologia porque tem medo de lidar com as consequências das suas próprias ações.
O Stark piscou algumas vezes, tentando entender como uma completa desconhecida tinha tanta ousadia. Apesar disso, havia algo em sua atitude que o divertia, mesmo que não fosse óbvio. Ele inclinou-se levemente para frente, como quem aceita um desafio.
— Ah, ótimo. Uma crítica não solicitada de alguém que claramente estava no lugar errado e na hora errada. Deixe-me adivinhar, você também não gosta de mim? Que surpresa.
Peter olhou de um para o outro, o desconforto crescendo.
— Ok, eu meio que preferia quando vocês dois estavam brigando comigo.
— Isso foi profundo. E olha só, talvez eu até concordasse se você não fosse uma criança desconhecida que acha que tentar me dar bronca vai mudar alguma coisa. — Tony disse sério.
Peter deu um salto para frente, colocando-se entre os dois como um escudo humano.
— Ok, chega! Athena, por favor, não faz isso! Ele é... ele é o Tony Stark! Você sabe quem ele é, né?
Athena bufou, cruzando os braços de novo.
— Sim, eu sei quem ele é.
O Parker virou-se para Tony, levantando as mãos em sinal de desculpas, claramente desesperado para desfazer o estrago.
— Olha, Senhor Stark, me perdoa. Sinto muito, por isso, por ela e pelo barco... Eu... olha, me desculpa.
— Desculpa não adianta. — Tony disse firme, olhando para Peter.
— Eu só queria ser como o senhor. — Peter disse e Athena revirou os olhos.
— E eu queria que fosse melhor. — Stark suspirou frustrado. — E já que não funcionou, eu quero o uniforme de volta.
— Por quanto tempo? — Peter rebateu, soando quase como se a ideia de devolver o traje o assustasse.
— Para sempre.
— Não... Não, não, não. Por favor, senhor Stark, o senhor não entende. É tudo o que eu tenho. Eu não sou ninguém sem o uniforme.
— Dramático. — Athena sussurrou, ainda atrás de Peter.
— Se não é ninguém sem o uniforme, então não deve ficar com ele. — Tony disse e, pela primeira vez, Athena considerou que talvez fizesse sentido. Ele não estava tão errado quanto ela pensara. — Pareço até meu pai.
— Eu não estou com roupa por baixo. — Peter declarou baixinho após hesitar por um momento.
— A gente dá um jeito. — Stark respondeu.
JÁ ESTAVA QUASE DE NOITE, Peter e Athena andavam lado a lado. Parker estava extremamente frustrado, se arrastando pelas calçadas, vestindo uma camiseta que Tony havia comprado para ele de uma loja de souvenir.
Athena o deixou quieto, ela não gostava de conversar com ele e, se ele estava frustrado por levar bronca de um velho, era o único jeito dele calar a boca, então que fosse.Então, o Parker falou:
— Quer que eu te leve para casa? — A voz soou triste e baixa, mas com um pinguinho de preocupação.
Athena soltou uma risada amarga.
— É mais fácil eu te levar para casa... Você está péssimo.
Peter sentiu uma mistura de frustração e vergonha. Ele não sabia como aquela noite podia ficar pior. Tony havia acabado com ele e Athena havia visto tudo.
— Se te serve de consolo, Tony Stark é um idiota... Ele é tão... Estupido. Você não deveria ligar para o que ele fala.
— Você está brincando? Ele é... O Tony Stark e eu... decepcionei ele.
— A vida é assim, você decepciona as pessoas e elas decepcionam você. Não aja como se tivesse cinco anos de idade e tivesse recebido um não. Além disso, o que ele fez por você?
Peter parou de andar por um instante, girando o corpo para encarar Athena. Havia algo em sua expressão que misturava surpresa, indignação e um toque de desespero. Ele gesticulou com as mãos, como se tentasse encontrar as palavras certas para explicar algo óbvio demais para ele.
— O que ele fez por mim? Você está falando sério? Ele acreditou em mim quando eu nem sabia no que acreditar!
— Que lindo discurso, Parker. Mas sabe o que parece para mim? Um monte de frescura. Tony Stark não é seu pai, não é seu irmão, e com certeza não é seu amigo. — Ela engoliu seco, lembrando das diversas histórias que sabia sobre o Stark, sobre sua arrogância, suas armas, o jeito que ele criou Ultron, destruiu Sokovia, separou os Vingadores.
Athena não sabia como explicar de onde vinha aquela sensação estranha em relação ao Stark, embora nunca tivesse sido vítima direta de nenhum de seus feitos. Sua opinião era mais formada com base no que ela havia ouvido de outras pessoas e talvez isso fosse egoísta, mas, no fundo, ela sabia que ela realmente era uma pessoa egoísta. Como o próprio Tony Stark.
— Quer saber? Acho que ele está certo. Se você acha que não é ninguém sem aquela roupa, deve ficar sem ela. Quem sabe assim você aprende a ser alguma coisa, além de uma cópia barata do Tony Stark. Você não precisa da aprovação dele.
Peter bufou, se sentindo ainda mais estressado, começando a sentir uma raiva aguda de Petrova se formando dentro dele. Aquilo era muito pessoal e muito cruel da parte dela, a paciência dele estava se esgotando.
— Não estou querendo a aprovação dele.
— Sério? — A garota rebateu. — Porque para mim você parece um cachorrinho querendo atenção.
— Você está falando isso porque provavelmente nunca teve ninguém para se importar com você! — Ele rebateu firmemente, mas ela não baixou a guarda, só parou de andar e o encarou. Ele ia pedir desculpas, mas ela falou por cima.
— Talvez você esteja certo. Mas não é da sua conta. Agora, para de drama e vai fazer algo de útil, sei lá. Estudar, arrumar uma namorada, limpar a casa. — Ela disse com um pouco de raiva e voltou a andar, ficando alguns passos na frente dele.
Peter ignorou Athena, deixando-a andar na frente. Ela o deixava cada vez mais frustrado, e ele gostava cada vez menos dela.
No entanto, logo ela desapareceu de vista, deixando Peter com um gosto amargo na boca. Ele respirou fundo e continuou caminhando, tentando afastar a raiva que ainda fervia dentro dele.
A mente de Peter continuava girando entre o confronto com Tony e a discussão com Athena, até que ele a viu a alguns metros de distância, agachada ao lado de um gato de rua.
O animal estava claramente faminto, esfregando a cabeça nas pernas dela, enquanto ela o acariciava.
Ele suspirou, sentindo um misto de exasperação e impotência. O jeito como Athena tratava as coisas, as pessoas, como se nada fosse importante, e mesmo assim, ali estava ela, tentando ajudar aquele pobre gato.
Peter revirou os olhos, mas, ao mesmo tempo, sentiu algo que ele não queria admitir: uma ponta de tristeza. Não era apenas sobre o gato, nem sobre o que acontecera com Tony. Era algo mais profundo, algo que ele não entendia bem.
Mas decidiu não pensar muito mais. Já era tarde e ele precisava chegar em casa logo, pois a tia May deveria estar louca de preocupação. Ele continuou andando, deixando Athena e o gato para trás.
BELOVA LANÇOU UM OLHAR DE CONFUSÃO para a mais nova, ao vê-la entrar no apartamento compartilhado tão fora de hora e com a aparência tão bagunçada.
— O que é isso ai, em? — Yelena perguntou com os braços cruzados. Athena não esperava que a Belova estivesse em casa, afinal a mais velha andava passando muito tempo fora de casa.
— Esse... É o Harry Styles. — Ela estendeu o gato de pelugem marrom. O animal era pequeno e magro, provavelmente estava com fome, mas soltou um miado, quade como se cumprimentasse Yelena.
— O que? — a loira estreitou as sobrancelhas, claramente confusa. — Por quê?
— Você disse que eu tinha que agir como uma adolescente normal. — Ela murmurou, colocando o gato no chão, um pouco de normalidade após quase afundar uma barca e bater boca com o Homem-de-Ferro não era má idéia, na verdade. — É isso o que adolescentes fazem: adotam pets e colocam nomes de astros pop.
— Achei que eu havia dito sem animais de estimação. — Yelena bufou, mas tudo que obteve foi uma resposta sarcástica.
— Disse é? Eu não me lembro de ter ouvido. Foi mal. — Athena deu um pequeno sorriso enquanto ia para cozinha procurar algo para o Harry Styles comer.
ATHENA PETROVA NÃO ERA DO TIPO QUE SENTIA PENA DE ALGUÉM, ela pensava que ninguém era digno de pena já que tudo se tratava apenas das consequências de seus próprios atos. Ação e Reação.
Mas a cara de cachorrinho que Peter fez a semana inteira não a ajudava em nada.
Ela deveria ignorar, afinal não era culpa e nem problema dela se o Stark resolveu o deixar de castigo.
A Petrova estava sentada no canto do ginásio da escola, completamente entediada, com um rolo de fita adesiva em uma mão e um cartaz em outra. Ela se perguntava pela milésima vez como tinha se deixado convencer a ajudar com a decoração do baile. Não era nada que ela faria por vontade própria, mas uma professora praticamente a arrastou para ali depois que pegou Athena "sem fazer nada útil no intervalo".
No centro do caos estava Liz Allan, a principal organizadora do baile. Athena a observava com uma expressão neutra, mas, no fundo, havia um pouco de antipatia em relação à mais velha. Talvez fosse o jeito excessivamente condescendente que ela usava para explicar coisas óbvias.
— Athena, os cartazes. Eles precisam de mais vida. Você não acha?
Athena bufou, pegando um dos cartazes que Liz havia trazido.
— Tá ótimo assim. Mas se você quer mais "vida", pode colar glitter e escrever seu nome em letras garrafais. Parece o seu estilo.
Liz abriu a boca para responder, mas Athena a cortou antes que ela conseguisse articular qualquer coisa.
— Tá bom, já entendi. Vou ajudar de outro jeito. — Ela se levantou bruscamente, largando o cartaz e o rolo de fita adesiva no chão com um pouco mais de força do que o necessário.
Sem esperar uma resposta, Athena caminhou em direção ao garoto responsável por pendurar as faixas com a fita adesiva. Ele parecia completamente concentrado na tarefa, mas, pelo menos, tinha a decência de trabalhar de boca fechada.
— Ei, segura isso aqui. — Ela pegou uma das extremidades da faixa que ele estava tentando fixar e o ajudou a posicioná-la corretamente na parede.
O garoto olhou para ela rapidamente, surpreso, mas não disse nada. Ele simplesmente entregou um pedaço de fita a Athena e voltou ao trabalho.
— Viu? É assim que se faz. Silêncio e produtividade. — Athena comentou, mais para si mesma do que para ele.
Enquanto ajustava a faixa, ela olhou de canto de olho para Liz, que ainda estava parada no centro do ginásio. A cena arrancou um pequeno sorriso satisfeito de Athena, que continuou auxiliando o garoto com uma eficiência.
A decoração do ginásio estava finalmente terminada, e Athena estava aliviada por aquele suplício ter chegado ao fim. Ela e Liz estavam guardando algumas caixas de materiais no armário de suprimentos da escola, um espaço apertado e com cheiro de mofo, quando a porta se abriu, revelando Peter Parker.
Parker estava com as bochechas vermelhas e parecia mais desajeitado do que o normal, segurando a alça da mochila com força.
— Ah... oi, Liz. Athena. — Ele cumprimentou, os olhos evitando os de Athena e indo direto para Liz.
Petrova se recostou na parede, cruzando os braços, decidida a não se envolver. No entanto, ao ver Peter abrir e fechar a boca várias vezes sem conseguir dizer nada, ela soltou um suspiro irritado.
— Parker, só fala logo. — Ela incentivou, impaciente.
Peter olhou para ela, desesperado, e depois para Liz, que sorria educadamente, sem perceber a luta interna que acontecia na mente do garoto.
— Eu... ah... eu só queria... você sabe... — Ele começou, tropeçando nas palavras.
Athena bufou e resolveu acabar com aquela tortura.
— Ele quer te convidar para o baile. — Disse, olhando para Liz de forma direta e clara.
Os olhos de Peter se arregalaram e ele girou para encarar Athena como se ela tivesse acabado de cometer um crime.
— O quê? Não! Eu... não era isso que eu... — ele começou com um tom defensivo e ofendido na voz, mas Liz falou por cima.
— Claro, eu adoraria. — Liz respondeu, com um sorriso caloroso.
Peter ficou imóvel, processando a resposta, enquanto Athena levantava as sobrancelhas, impressionada com o quanto ele estava travado.
— De nada. — Petrova murmurou baixinho, passando por Peter e saindo do armário de suprimentos sem olhar para trás.
O Parker ficou parado em choque, esse não era o plano inicial, mas agora estava feito.
A TURMA DE ATHENA ESTACA NA AULA DE ESPANHOL, e ela tentando disfarçar a irritação enquanto olhava para o quadro, já quase no fim do dia. As palavras da professora eram uma mistura de ruídos desconexos que se infiltravam em sua mente sem muito efeito.
Então, o Homem-Aranha, como sempre, fez algo que fez o sangue de Athena ferver de vergonha.
— ¿Cuántos años tienes, Peter? — perguntou a professora, esperando uma resposta simples e direta.
O jovem parecia estar no meio de uma reflexão profunda, a testa franzida em concentração, como se a simples ideia de responder àquela pergunta fosse a mais complexa de todas. Ele respirou fundo e, com a confiança de quem estava prestes a resolver a questão brilhantemente, soltou a pérola:
— Queens.
Petrova sentiu seu estômago se revirar. Sua mão foi instintivamente para o rosto, tentando se esconder, mas era tarde demais. A professora a olhou por um segundo, claramente sem saber como reagir, enquanto os colegas começaram a rir de forma contida, mas o suficiente para fazer o clima ainda mais desconfortável.
— Não. Peter, a pergunta é cuántos años tienes, não dónde vives — explicou a professora com um suspiro exasperado, a paciência já no limite.
A russa sentiu o calor subir em seu rosto. Como ele conseguia fazer aquilo? Ela se curvou sobre a mesa, enfiando o rosto no livro, tentando ao máximo desaparecer do mundo. Se alguém a visse agora, com a testa pressionada contra as páginas, as mãos tapando o rosto, talvez imaginasse que ela estava se preparando para explodir de tanta vergonha alheia.
— Ah, entendi! Então... eu tenho dezesseis. Quer dizer, quinze. — Peter corrigiu, tentando recuperar a compostura, mas sua voz estava ligeiramente desconfortável.
Athena continuou com o rosto enfiado no livro até que a voz da professora se direcionou especificamente para ela:
— Athena, ¿puedes explicar el Tratado de Sokovia en español, por favor?
A garota levantou os olhos lentamente, seus dedos ainda marcando a página do livro que estava aberta à sua frente. Ela sabia a resposta, é claro. Sabia as nuances, as implicações, até as falhas que aquele tratado tinha, mas não podia deixar transparecer sua opinião.
— El Tratado de Sokovia fue una serie de acuerdos internacionales, firmados después de los eventos en Sokovia, para limitar las acciones de los Vengadores. Básicamente, exige que cualquier equipo o individuo que actúe en nombre de la justicia sea monitoreado por las Naciones Unidas y que todas las actividades de superhéroes sean aprobadas por un comité internacional.
Ela fez uma breve pausa, seu olhar vagando pelo ambiente como se estivesse entediada, sem querer se aprofundar nos detalhes. Ela sabia muito bem o que estava implícito naqueles "acordos internacionais" e como ele limitava as liberdades individuais em nome de um controle que ela não considerava legítimo.
— El tratado busca evitar más destrucción, como la que ocurrió en Sokovia, pero... — Ela hesitou ligeiramente, o leve toque de desdém agora visível em sua expressão. — No todo el mundo está de acuerdo con cómo se implementa. Algunos piensan que limita la libertad de acción de los héroes y podría ser más un control político que una verdadera solución.
A de cabelos pretos terminou a explicação com uma leve elevação de sobrancelhas, como se tivesse simplesmente enunciado um fato óbvio e inquestionável, e não estivesse ali para discutir as questões morais por trás do tratado.
A professora a observou, tentando decifrar a nuance no tom de Athena, mas, sem ousar fazer mais perguntas, apenas acenou com a cabeça, satisfeita com a resposta.
Athena, por sua vez, já estava de volta ao seu livro, seu rosto sem emoção, mas a mente longe dali, pensando nas razões pelas quais o Tratado de Sokovia jamais teria sido uma solução real para o caos que se seguia.
O sino tocou, cortando o resto da aula, e Athena levantou-se rapidamente, sem fazer esforço algum para disfarçar o alívio ao finalmente deixar a sala de aula. Ela nem mesmo deu um último olhar para trás, sua mochila já nas costas, os passos firmes e decididos, como se estivesse cumprindo uma missão.
Peter, como de costume, se levantou mais devagar, mas logo a viu sair apressada. Ele ficou um momento parado, sem entender muito bem o que se passava, até que, sem pensar duas vezes, seguiu-a pelos corredores.
— Ei, Athena! — Ele a chamou, apressado, já conseguindo alcançar o ritmo dela. Ele estava surpreso, sinceramente surpreso. — Uau, além de russo e inglês... você também fala espanhol? Isso é... — ele fez uma pausa, claramente impressionado — Isso é muito legal!
Petrova apenas balançou a cabeça, sem qualquer outra reação, como se a conversa já tivesse sido encerrada antes mesmo de começar.
Ele ficou um pouco desconcertado com a falta de resposta, sentindo-se ignorado, mas ainda assim não desistiu. Seguiu-a, tentando manter o ritmo. Seu tom agora era mais baixo, tentando parecer genuíno, já que sabia que Athena não gostava dele.
— Ei, eu... queria te agradecer, sabe? Pelo que fez com a Liz. Sei que eu e você não somos exatamente... amigos, e você claramente não gosta muito de mim, mas o que você fez foi legal. Eu... não sei, talvez você seja mais legal do que parece.
Athena continuou andando, sem qualquer mudança no seu semblante, mas seu passo, por um instante, diminuiu um pouco, como se tivesse pensado no que ele disse.
Peter sorriu timidamente, embora não tivesse certeza se aquilo havia sido uma vitória ou não. Mas, no fundo, ele queria acreditar que talvez, só talvez, ela fosse mais legal do que deixava transparecer.
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