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·˚ ༘₊·꒰ 𝟎𝟏 ─── 𝐀 𝐅resh 𝐒tart 𝐈n 𝐐ueens

𝐈carus 𝐅alls ─── Capítulo um
↳ ❝ [ Um novo começo
no Queens] ¡! ❞

4.270 palavras ↳ vote e comente ¡! ❞


O CÉU TINGIDO DE CINZAS PARECIA UM EPITÁFIO SILENCIOSO PARA A SALA VERMELHA, enquanto a nave pairava sobre as ruínas de um império de controle e violência. Yelena Belova observava as Viúvas Negras que haviam escapado, cada uma perdida em pensamentos ou fragmentos de suas novas realidades. 

A loira havia acabado de se despedir de Natasha, que enfrentaria Ross ou daria um jeito de passar a perna nele novamente. Mas Yelena tinha uma sensação de dever cumprido no peito, algo que não sentia a muito tempo. Ela tinha finalmente consertado as coisas com sua família e ajudado na queda da Sala Vermelha, agora podia se permitir sentir um pouco de paz.

Yelena viu uma figura familiar quando entrou na nave com Melina e Alexei, era uma silhueta ao longe, recostada em um canto discreto, como uma sombra que resistia à luz.

Petrova, no canto da nave, tinha os braços finos estavam cruzados diante do peito, como se a garota estivesse se protegendo de um mundo que finalmente se abrira.

Athena?— Yelena chamou, sua voz soando hesitante, como se temesse que a figura fosse apenas um fantasma de sua memória.

A jovem ergueu o rosto e a semelhança com a menina que Yelena lembrava era ao mesmo tempo evidente e perturbadora. Athena havia crescido. 

— Yelena... — A voz de Athena soou doce, porém hesitante enquanto ela se aproximava da mais velha.

Belova abriu um sorriso sincero, ainda movida pela adrenalina das boas novas que haviam acontecido naquele dia. Ela rompeu o espaço entre as duas e abraçou Athena, que agiu bem hesitante a principio, mas depois relaxou e a abraçou de volta.

— Caramba, como você cresceu! — a loira disse como se fosse realmente um choque, afinal, agora Athena tinha praticamente a altura dela, fora os traços de seu rosto delicado que eram bem mais maduros agora, junto com o cabelo preto mais longo e uma franja que ela não costumava ter antes. — Parece que foi ontem que você estava choramingando porque eu roubei seu pedaço de pão numa missão em Budapeste.  E agora... Você está enorme. E olha só pra você, tão... tão...

—  Foda? — Athena completou com um ar de ironia, arqueando uma sobrancelha.

Yelena riu, um som raro e genuíno, antes de bagunçar os cabelos de Athena com uma familiaridade que arrancou uma expressão de desconforto dela. 

— Ainda cheia de sarcasmo. — Yelena balançou a cabeça, mas o brilho em seus olhos era inconfundível: orgulho.

Belova e Petrova se conheciam da Sala Vermelha, se trombaram algumas vezes durantes os anos. E mesmo com praticamente dez anos de diferença de idade, muitas vezes elas eram escaladas para fazerem missões juntas.

No início Yelena não gostou nada de terem colocado uma garota tão jovem para trabalhar com ela, mas não demorou para notar que o que diziam sobre a suposta filha de Dreykov era verdade: ela era rápida, inteligente e muito forte.

Assim que Yelena teve a agradável revelação de que não precisaria bancar a babá, as duas se tornaram uma ótima dupla, sempre se movendo em sincronia absoluta na missões em nome da Sala Vermelha. Executando todos os trabalhos sujos de forma anônima e eficaz, como se elas duas fossem uma única sombra.

No entanto o tempo passou rápido, parando para pensar agora, provavelmente já fazia dois ou três anos desde o último encontro das duas viúvas negra e isso explicava a surpresa de Yelena em ver o quanto Athena havia mudado.

Petrova, no entanto, não via muitas mudanças em Yelena, ela parecia a mesma de sempre.

As duas garotas se sentaram no chão da nave, com as pernas esticadas, descansando de forma despojada.

— E então? O que vai fazer agora? — A de cabelo preto perguntou. O mundo tinha tanto a oferecer e era estranho pensar que agora elas podiam simplesmente se dar o luxo de escolher o que fazer no dia seguinte.

— Não sei. — Yelena fez uma pausa refletindo. Ela nunca havia pensado no que ela realmente queria fazer,  e talvez fosse hora de começar a pensar nisso. — Talvez arrumar uma lugar tranquilo, adotar um cachorro? Sei lá, só não acho que vou arrumar um emprego de verdade. Eu posso, no máximo, me tornar uma agente independente ou quem saber uma guarda costas.

Petrova deu uma risadinha contida, ajustando a franja preta em sua testa.

— E você? — Yelena retrucou.

— Eu... Não tenho certeza ainda, mas acho que irei descobrir logo.

— Você deveria, sei lá, ir para escola?

— Credo, é claro que não. — Athena revirou os olhos como se a idéia fosse terrivelmente absurda.

— Você é inteligente, se daria bem. E poderia entrar na faculdade depois. Não acho que você vai ficar a vida inteira lutando ou atuando como vigilante nas sombras. — Yelena disse com sinceridade, ela também achava que a escola devia der um saco,  principalmente para as viúvas negras que haviam feito todos os tipos de aula durante toda a vida, no entanto, era uma ótima chance de Athena ter uma vida normal, visto que ela ainda era tão nova,  por mais que a Sala Vermelha tivesse tentado tirar prematuramente dela quaisquer traços de infância.

Athena fingiu considerar, mas não fez. E Yelena notou e revirou os olhos.

— Bem, quem sabe a gente se encontra por ai, não é? — Belova disse, Athena deu ombros, como se não se importasse muito.

SEIS MESES DEPOIS

YELENA BELOVA ABRIU A PORTA do pequeno apartamento em que estava morando. Ela olhou em volta e sentiu uma sensação estranha.

— Fanny? — Ela chamou, já pensando em o que poderia usar como arma caso alguém tivesse invadido sua casa.

A loira continuou andando, sem se dar o trabalho de deixar os sapatos na porta.  Ela virou para pequena sala de estar, e achou Fanny, sua cadela. Mas ela não estava sozinha.

— Surpresa. — Athena disse, sentada casualmente no sofá, enquanto a cachorra de porte médio, pelugem clara e orelhas escuras dormia tranquilamente com a cabeça em seu colo. — Viu?  Ela gostou de mim.

Petrova continuou fazendo carinho nas orelhas do animal, que balançava o rabo despreocupadamente. Yelena bufou.

— Que traidora. — Ela murmurou adentrando a sala de estar e caminhando em direção a Athena. Fanny finalmente acordou ao ouvir a voz de sua dona e começou a pular de um lado para o outro em volta de Yelena. — O que diabos você esta fazendo aqui, Petrova?

— A porta estava aberta, então eu entrei. — a mais nova disse forçando um sorriso.

— Não estava não. — Yelena respondeu a encarando.

— Ah, detalhe bobo. — ela olhou em volta. — lugar legal, a propósito. Mas o Queens, sério?  Foi isso que você quis dizer com "um lugar tranquilo?"

— Não é tão ruim quanto parece. — Yelena se sentou no sofá, enquanto Fanny se acomodava no tapete. — Além disso, é discreto! O que você esperava? Las Vegas? Miami?

— É, a Califórnia talvez. — Athena deu ombros, não era assim tão difícil imaginar Yelena em um cenário praiano, mas a ideia fazia ela querer rir.

— Agora me diz, o que está fazendo aqui, sua pirralha?

— Eu vim para ficar. — Ela deu ombros, como se fosse uma informação irrelevante. Yelena tombou a cabeça e pigarreou.

— Desculpe? — Ela olhou para Athena como se desafiasse ela a repetir. — E o que te faz pensar que te quero na minha cola?

Athena conteve uma risada e arrumou a franja, antes de suspirar e continuar:

— Você querendo ou não, eu realmente preciso de um lugar para ficar. Qual é, vai deixar uma adolescente sozinha nas ruas? — Athena disse afinando a voz. — Qual é, Yelena. No fundo você quer que eu fique, pode admitir. Além disso, eu posso cozinhar.

— Cozinhar? — Yelena arqueou uma sobrancelha. — Se eu me lembro bem, você quase incendiou um armazém em Volgogrado tentando fritar ovos.

Athena revirou os olhos dramaticamente, jogando o corpo contra o encosto do sofá e colocando a mão sob o peito como se estivesse sendo acusada de algo terrivel.

— Isso foi há anos. Eu evoluí, Belova. Eu sou praticamente uma chefe de cozinha agora. — Athena sorriu, e Yelena conteve o sorriso também, suprimindo uma pequena risada. Mas no fundo, por mais leve e a vontade que Petrova estivesse tentando lidar com aquilo, ela realmente esperava que Yelena a deixasse ficar, ela não queria ficar sozinha.

— Você é impossível.

Por um momento, as duas ficaram em silêncio, apenas o som de Fanny respirando pesadamente no tapete preenchendo o ambiente. Yelena finalmente suspirou rompendo o silêncio e se dando por vencida.

— Você tem noção de que isso não é um acampamento de verão, não tem mordomias e nem espaço para dramatizações adolescentes?

— Eu não sou mais adolescente, tecnicamente. — Athena rebateu, mas seu tom era suave, quase hesitante.

Yelena sabia que embora não admitisse ou não agisse como uma, Athena era assim uma adolescente que mal passava dos 15 anos. Aquilo desarmou a loira mais rápido do que qualquer explosão poderia.

— Está bem. — Yelena disse finalmente, levantando-se e indo até a cozinha. — Mas tenho regras.

— Qualquer coisa. — Athena respondeu, sorrindo enquanto ajustava sua postura e seguia Yelena. Ela era boa em seguir regras.

— Você lava a louça e tira o lixo. Além disso, não quero você fazendo perguntas sobre meus esquemas. Você precisa ter uma vida normal, indo para escola e tendo um emprego! —  Yelena disse, tentando soar como uma adulta responsável embora esse papel não combinasse tão bem com ela. 

Athena bufou, mentalmente achando aquela ideia absurdamente idiota.

— Escola? Emprego? Você está tentando me transformar em uma cidadã modelo? — A voz dela carregava um tom divertido, mas seus olhos revelavam algo próximo à incredulidade. — Você sabe com quem está falando, não sabe?

Yelena parou de revirar o armário e lançou um olhar sério por cima do ombro.

— Sei exatamente com quem estou falando, Petrova. — Ela disse firmemente. — Com uma garota que ainda tem tempo de fazer algo diferente.

As palavras de Yelena cortaram a leveza da conversa por um momento. Athena piscou, claramente pega de surpresa pela seriedade na voz da loira. Ela nunca tinha visto Yelena agir assim. Ela ainda tinha seu jeito irônico e passivo-agressivo, mas parecia genuinamente preocupada com o futuro de Athena, mais do que a própria Athena talvez.

— Eu... — Athena começou, mas a frase morreu em sua garganta. Ela desviou o olhar, fingindo interesse nas estantes desarrumadas da cozinha. — Tudo bem, eu posso... tentar.

Yelena pegou um copo d'água e encostou-se no balcão, avaliando a mais nova.

— "Posso tentar" não é suficiente. — Yelena rebateu, tomando um gole de água antes de apontar para Athena com o copo. — Se você vai ficar aqui, você vai seguir as minhas regras. Não tem "mas".

Athena revirou os olhos dramaticamente, mas havia algo no canto de sua boca que quase parecia um sorriso.

— Certo, chefe. — Ela respondeu, com uma dose extra de sarcasmo.

— Boa menina. — Yelena respondeu com um sorriso irônico, virando-se para colocar o copo na pia.

Athena se aproximou lentamente, recostando-se ao balcão ao lado de Yelena.

— Você não vai se arrepender, Belova. Eu sou ótima para manter por perto. Leal, engenhosa, uma cozinheira incrível...

— Ah, claro. — Yelena interrompeu, olhando para ela com fingida seriedade. — E completamente humilde.

— Eu posso trabalhar na humildade. — Athena deu uma risada curta, finalmente relaxando. Ao menos agora ela tinha um lugar para ficar, ao lado de alguém que ela confiava, e se o preço por isso fosse tentar agir como uma adolescente normal, talvez ela devesse tentar.

UMA SEMANA DEPOIS

ATHENA ODIAVA NÃO TER OPÇÕES além de fazer o que Yelena mandasse, quer dizer, ela não achava que a mais velha fosse realmente a chutar para fora de casa caso ela não seguisse as regras, mas de alguma forma, a preocupação que Belova sentiu por ela fez ela tentar obedecer e se esforçar para levar a vida de uma adolescente normal.

Acontece, que normalmente uma adolescente normal não precisaria falsificar os próprios documentos para se matricular em uma escola.

Petrova manteve o nome Russo, não queria esquecer suas origens por mais obscuras que ela fossem, mas não manteve o nome da mãe, ao invés disso, inventou nome aleatório e o no nome do pai, ela deixou como paternidade não estabelecida.

Midtown School era exatamente como Athena imaginava: repleta de adolescentes barulhentos correndo para todos os lados. Logo a princípio, não conseguiu achar seu armário, mas ignorou isso e seguiu para a sala de aula onde teria sua primeira sessão de tortura, ou melhor, experiência acadêmica. Talvez ela estivesse exagerando.

Ela havia sobrevivido na Sala Vermelha, então o ensino médio não seria tão ruim assim.

Athena se sentou no fundo da sala, que logo foi preenchida por mais adolescentes barulhentos e com cheiro de suor. Felizmente, ninguém a notou ou pediu para ela se apresentar. Logo a aula começou.

— Pessoal, como calculamos a alteração linear entre os pontos A e B? — a professora perguntou, Athena estava mais atenta observando os alunos a sua volta e suas expressões faciais, alguns com desdém ou tédios, enquanto outros se esforçavam para entender o conteúdo explicado pela professora. Um deles levantou a mão. — Flash?

— É o produto do seno do ângulo vezes a gravidade dividido pela massa. — Ele respondeu com confiança. Athena ergueu uma sobrancelha, mas logo a professora replicou rapidamente.

— Não. — a professora varreu a classe com o olhar procurando outra pessoa para direcionar a pergunta, os olhou dela pousaram em um aluno, que estava escondido atrás da tela do laptop. — Peter? Está acompanhando.

— É... Estou. — O garoto se ajeitou na cadeira e abaixou a tela do laptop olhando para lousa. — Hm... A massa é eliminada, a gravidade vezes o seno.

— Exato. Viu Flash, ser o mais rápido nem sempre é o melhor se estiver errado. — a professora disse com uma pitada de humor que fez todos rirem, exceto Athena que revirou os olhos entediada e o próprio Flash que murmurou algo olhando na direção de Peter.

Depois da aula de matemática e da de ciências, que se arrastaram por longos minutos a fio, Athena finalmente encontrou seu armário, mas sua felicidade durou pouco uma vez que ela colocou o padrão informado pelo diretor mas a porta não abriu. Estava emperrada, e por mais que ela tentasse fazer força e puxar até sua mão ficar vermelha, a porta não abria mais que alguns centímetros insuficientes para que ela pudesse guardar seus pertences.

Svyatoye der'mo. — Athena xingou baixo em russo, pondo um pouco mais de força.

— Precisa de ajuda? — ela ouviu uma voz se direcionando a ela e tombou a cabeça para o lado, vendo o menino bom de matemática de mais cedo.

— Não. — A garota respondeu simplesmente, voltando a tentar abrir a porta do armário. Peter conteve um sorriso, era engraçado, afinal a porta não podia estar tão emperrada assim.

— Qual é, deixa eu te ajudar. — O Parker insistiu e Athena bufou de raiva, dando um passo para trás e abrindo algum espaço para que ele tentasse.

Peter deu o primeiro puxão, vendo que a porta do armário estava realmente mais dura do que ele imaginava, ele colocou mais pressão, usando sua força sobre humana e finalmente a porta se moveu, mas na terceira tentativa ele colocou força de mais e a porta não só abriu, como quebrou, saindo por completo.

Athena cruzou os braços, o rosto contorcido em uma expressão de puro desagrado. A porta do armário pendia de um único suporte, completamente deslocada e praticamente inútil. Ela encarou Peter com olhos semicerrados, como se estivesse tentando decidir se deveria insultá-lo em russo ou inglês para garantir que ele entenderia o recado.

— Você está brincando comigo? — ela questionou, a voz baixa e carregada de irritação contida. Peter segurava a porta com as duas mãos, parecendo tanto culpado quanto surpreso, um sorriso amarelo surgindo no rosto.

— Eu... achei que estava ajudando. — Ele tentou se justificar, embora sua voz soasse mais como uma desculpa desesperada do que qualquer outra coisa.

Athena soltou um suspiro exasperado, passando a mão pelo rosto como se precisasse de toda a paciência do mundo para não dar uma resposta pior.

— Ajudando? — Ela repetiu, a incredulidade evidente no tom. — Que tipo de ajuda é essa que transforma um problema em um desastre?

— Bem, tecnicamente o problema está resolvido, não está? Agora você pode guardar suas coisas... sem porta. — Ele deu uma risadinha nervosa, coçando a nuca em uma tentativa de tentar a situação menos ruim. — Desculpa... sério.

A de cabelos pretos respirou fundo, ela apertou o punho ao lado do corpo, resistindo ao impulso de dizer algo ainda mais ofensivo. Cada palavra dele parecia cutucar um nervo exposto. Athena respirou fundo tentando não surtar, afinal era só um armário idiota, era só uma escola idiota e um menino idiota. Rapidamente ela recuperou sua postura controlada de sempre, mas manteve o tom de sua voz afiado e cortante:

— Apenas saia daqui garoto.

— Tem certeza, pode guardar as coisas no meu armário se quiser... Pelo menos até concertar isso... — Peter tentou. — Nunca te vi aqui, como é o seu nome?

— Não te interessa. — Athena murmurou, não tinha intenções em prolongar aquela conversa, parte dela nem sabia o motivo dela continuar ali. 

— Então vou te chamar de garota russa.

— Não sou russa. — mentiu, com naturalidade, velocidade e confiança. 

— Mas sabe falar, eu ouvi. — Ele sorriu. — Então se você precisar do meu armário é o 123, ali no final do corredor. — Peter apontou com o polegar, ainda segurando a porta quebrada como se fosse uma bandeira de derrota. Ele parecia imune ao sarcasmo cortante de Athena, ou talvez simplesmente bom demais em ignorá-lo. — Sério, pode usar.

Athena estreitou os olhos para ele, medindo suas intenções. Ele parecia genuíno, mas a ingenuidade estampada no rosto dele a irritava. Aquilo era uma oferta de ajuda ou uma tentativa desajeitada de ser simpático?

— Eu não preciso de caridade. — Ela disse, arrancando a porta de suas mãos e colocando-a de volta no lugar com um movimento brusco. Não que isso fosse resolver o problema, mas pelo menos devolvia um pouco de dignidade à situação.

Peter deu um passo para trás, levantando as mãos em rendição.

— Tudo bem, garota não-russa. Foi mal. Só estava tentando ser legal. — Ele deu de ombros, começando a se afastar, mas parou no meio do caminho e virou-se para encará-la mais uma vez. — Ah, e só pra constar sua pronúncia em russo é impecável.

Peter sorriu e continuou andando de costas ainda olhando para a aluna nova qual ele não sabia o nome, ele manteve o sorriso, se esforçando para ser simpático mesmo depois de ter causado uma péssima primeira impressão.

Ele não tinha se assustado com o humor azedo dela, na verdade pelo menos aquilo tinha o distraído um pouco, afinal seus últimos dias tinham se resumido em esperar inutilmente que Tony Stark ligasse precisando da ajuda dele.

A LUZ ALARANJADA DO POR DO SOL BANHAVA AS RUAS DO QUEENS e Athena andava tranquilamente em direção a sua casa. Ela teve alguns problemas com o diretor graças a porta do armário quebrada, mas ela conseguiu contornar a situação.

Depois disso passou boa parte da tarde pesquisando vagas de emprego no computador da biblioteca da escola, mas era difícil achar algo que se encaixasse bem ao seu perfil.

Agora ela voltava para casa, segurando um livro contra o peito e a mochila nas costas.  Petrova virou uma esquina em direção a um atalho entre dois prédios, um beco pouco iluminado e no meio do caminho, viu quatro figuras se aproximando lentamente. Eles não pareciam apenas moradores casuais. Suas posturas relaxadas e suas roupas surradas, no rosto eles tinham um olhar que denunciava que não estavam ali por acaso.

— Ei, boneca. — Um deles, alto e com um boné virado para trás, chamou, sua voz cheia de falsa cordialidade. — Perdida por aqui?

Athena suspirou, parando no meio do beco. Seu instinto dizia para continuar andando, mas ela sabia que não adiantaria; eles não a deixariam em paz.

— Não estou perdida. — respondeu ela com firmeza, sem se dar ao trabalho de olhar diretamente para ele.

Outro homem, um pouco mais baixo, com uma cicatriz que atravessava a sobrancelha, deu um passo à frente, sorrindo de maneira que pretendia ser intimidadora.

— Olha só, ela tem atitude. — Ele estalou os dedos. — Bem, atitude não paga as contas. Então, por que você não entrega o que tem aí e a gente deixa você ir embora?

Athena ergueu uma sobrancelha, finalmente encarando o grupo. Seus olhos azuis brilharam com uma frieza que parecia incongruente com sua aparência jovem.

— Vocês querem meu dinheiro? — perguntou, sua voz gotejando sarcasmo. — Que original.

O terceiro integrante da gangue, mais musculoso, rosnou.

— Só entrega logo, garota, antes que a gente faça do jeito difícil.

O rapaz avanço na direção de Athena, mas ela estava pronta. Seus punhos se cerraram automaticamente e seus olhos analisaram a situação e qual seria a forma mais rápida de resolver aquilo.

Ela já visualizava como derrubaria o maior deles primeiro usando o peso do próprio corpo contra ele, antes de passar para os outros três. 

Mas, antes que pudesse fazer o primeiro movimento, um som cortante veio de cima. Algo se chocou contra o chão com um baque leve e ágil, bem no meio da gangue.

— Bem, bem, bem, o que é que temos aqui? — A voz era leve e carregada de sarcasmo, com uma calma que beirava a provocação.

Todos, inclusive Athena, olharam para a figura que agora estava de pé no centro do beco. Um homem com um traje vermelho e azul, apertado o suficiente para fazer Athena arquear uma sobrancelha e arregalar os olhos em uma expressão de pura confusão.

Ele ainda usava uma máscara com olhos expressivos que se ajustavam, e sua postura era relaxada, como se estivesse em um parque e não no meio de uma tentativa de assalto.

O silêncio foi quebrado pela própria Athena, que olhou para o recém-chegado com total descrença e soltou:

— Que porra é essa? — a voz de Athena saiu de maneira quase engraçada, em uma mistura de choque e desdém. A descrença era evidente em sua voz enquanto olhava para o sujeito em vermelho e azul.

— Homem-Aranha, muito prazer. — respondeu ele, fazendo uma pequena reverência teatral. — E você é... a donzela em perigo?

Antes que o Homem-Aranha pudesse dizer outra palavra ou disparar mais uma de suas piadinhas, ela avançou para cima da gangue sem hesitar.

O primeiro homem não teve tempo nem de reagir; Athena deslizou para baixo do soco desajeitado dele e o derrubou com um chute preciso na lateral do joelho, seguido por um golpe forte na garganta que o fez cair gemendo.

O segundo tentou agarrá-la por trás, mas ela se virou com um movimento rápido, segurando o braço dele e torcendo-o em um ângulo que o fez gritar. Um giro para a esquerda e o homem foi jogado contra a parede com força suficiente para derrubá-lo.

— Uau, você realmente não precisa de mim. — O Homem-Aranha comentou, agachado casualmente no topo de uma lixeira, assistindo a cena como se fosse um espetáculo.

Athena ignorou, focada no terceiro homem, que hesitava com o medo estampado no rosto. Ele deu um passo para trás, mas ela foi mais rápida, aplicando um chute certeiro no estômago dele que o lançou contra a parede. 

Sem dar chance para recuperação, girou em direção ao quarto homem, que tentou sacar uma faca. Antes que ele pudesse sequer erguer a faca, ela segurou o pulso dele e, com um golpe seco, o desarmou, torcendo o braço e o jogando no chão com um baque que fez ecoar o impacto no beco.

Os quatro estavam caídos ao redor dela, gemendo e incapazes de se levantar. Athena endireitou os ombros, ajustando a mochila, quando ouviu um assobio vindo do Homem-Aranha.

— Uau! Impressionante. — Ele gesticulou para os homens no chão. — Mas me diz uma coisa: você faz isso?

Antes que ela pudesse reagir, ele disparou teias em movimentos ágeis, prendendo os quatro homens no chão com uma precisão quase artística. Eles ficaram imobilizados, presos como insetos em uma teia gigante. O Homem-Aranha pousou ao lado dela com um floreio exagerado.

— Prontinho. Agora, pode me agradecer e—

Athena avançou antes que ele terminasse a frase, o punho dela quase acertando a máscara dele.

— Ei! Calma aí! — Ele exclamou, desviando rapidamente com um salto para trás. Athena não deu trégua, atacando com uma sequência de golpes rápidos. — Ele rebateu, esquivando-se de um chute que passou a centímetros de sua cabeça.

Athena girou em um movimento que teria atingido o tórax dele, mas, antes que ela pudesse fazer contato, o Homem-Aranha disparou uma teia em direção a uma parede próxima e usou o impulso para se lançar no ar, subindo para o topo de um muro de um prédio.

Ele ergueu as mãos, gesticulando para que ela se acalmasse.

— Ei, ei! Desculpa, tá bom? Eu só queria ajudar! — ele disse, a voz carregada de um tom sincero, embora ainda meio atrapalhado.

Athena parou, os punhos ainda cerrados ao lado do corpo, o olhar frio fixo nele.

— Só fique longe. — ela respondeu, o tom cortante.

O Homem-Aranha inclinou a cabeça, visivelmente confuso. Ele colocou a mão no peito se fingindo de ofendido.

Athena bufou, balançando a cabeça e girando nos calcanhares. Sem mais uma palavra, ela começou a se afastar com os passos firmes ecoando pelo beco enquanto a escuridão da noite envolvia o cenário.

De cima do muro, ele observou a silhueta dela desaparecer, o corpo relaxando à medida que percebia que o perigo imediato havia passado.

— Cara, que menina estranha... — ele murmurou para si mesmo, com um tom meio divertido e meio intrigado, antes de lançar outra teia e desaparecer entre os prédios, deixando apenas o silêncio da noite cair sobre a garota que seguia seu caminho.

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