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𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐄𝐄𝐍

𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐇𝐈𝐓𝐄 𝐕𝐈𝐎𝐋𝐈𝐍

⛈︎彡𝐐𝐮𝐢𝐧𝐳𝐞 𝐝𝐢𝐚𝐬 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬 𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐬𝐚𝐩𝐚𝐫𝐞𝐜𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐂𝐢𝐧𝐜𝐨.

Celeste já estava há quinze dias à espera do melhor amigo. Ele prometera que voltaria, mas o pessimismo dela insistia em sussurrar que algo terrível havia acontecido.

Nunca entendera bem sobre viagens no tempo e matemática avançada, mas agora, mais do que nunca, sentia a urgência de desvendar essas áreas. Pediu a Reginald que aumentasse sua carga dessas matérias, quase implorando, determinada a entender o que poderia justificar a demora de seu amigo.

Durante semanas, Celeste estudou com afinco. Ela praticamente não descansava, e sua dedicação começou a afetar seu desempenho nos treinamentos; estava exausta, o rendimento caindo de forma drástica. Seu pai, impiedoso, reagiu cortando suas aulas e intensificando os treinamentos, tornando-os quase um suplício. Mesmo assim, Celeste não desistiu. Na primeira chance de sair às compras com os irmãos, usou todas as suas economias para comprar livros sobre viagens no tempo. Livros de romance deram lugar a tomos de física e teorias temporais, em busca de qualquer pista que pudesse explicar o desaparecimento de quem tanto amava.

Passava horas na matemática, afundada em probabilidades e cálculos. A cada falha, a cada vez que os números não lhe traziam respostas, as lágrimas brotavam de frustração. Os dias arrastavam-se, e ela se recusava a participar dos treinamentos. Sua revolta só aumentava, especialmente contra Reginald, que parecia indiferente ao desaparecimento de seu amigo.

O espelho refletia seu rosto abatido, e a dor de se ver assim era profunda. Celeste se odiava por se sentir tão fraca, e seu pai, de alguma maneira sombria, parecia ver nisso uma vantagem.

Mas a dor se tornou insuportável quando seu irmão Ben morreu. As lembranças eram confusas e fragmentadas, como se sua mente tivesse sido manipulada. Ainda assim, uma certeza cruel a assombrava: ela não teve coragem de matar o criminoso que, mais tarde, seria responsável pela morte de seu irmão.

No funeral, todos estavam no jardim ao redor do caixão, enquanto flocos de neve caíam, pintando o momento de uma tristeza quase insuportável.

— Espero que, a partir de hoje, vejam isso como consequência dos erros da Número Oito — Reginald disse, sua voz afiada como lâmina. — Podem me considerar rude, mas ela sabia dos planos do Cinco. E foi fraca. Não fez nada para impedir, e agora vejam o resultado.

— Pai, não é culpa dela! — Klaus gritou, desesperado, tentando aliviar a carga sobre a irmã.

— Calado, Número Quatro — Reginald cortou friamente. — Ela sabe do que estou falando. E quero que guarde esse sentimento. Todos vocês deveriam guardá-lo, para que não falhem novamente. — Fez uma pausa, enquanto o som dos soluços ecoava ao redor. Celeste sentia-se desmoronar. Não havia sequer lágrimas; apenas um vazio dolorido, uma certeza cruel de que ele tinha razão, confirmada pelo olhar julgador dos irmãos. — O Número Cinco sempre matou por ela. Ela nunca teve coragem de enfrentar seus próprios medos, muito menos de eliminar aqueles que representam uma ameaça. E agora, por causa dessa fraqueza, perdemos o Número Seis. Se ela fosse menos medíocre, mais corajosa e independente… se não tivesse se apegado tanto a uma única pessoa da Umbrella Academy, nada disso teria acontecido. Considere-se culpada, Número Oito. Os treinos estão suspensos hoje, em memória de seu irmão. Mas amanhã voltamos à rotina.

Reginald virou-se e saiu, deixando o peso daquelas palavras esmagando Celeste. Vanya estava emocionada, sentia vontade de ajudar a irmã, mas sabia que não era o momento certo.

Naquela noite, Celeste voltou ao quarto com passos pesados, o peso de cada palavra de seu pai retumbando em sua mente. Juntou seus pertences, pegou o pouco que restava de suas economias e partiu. Os anos seguintes foram duros. Aceitou empregos medíocres, trabalhando longas horas por uma miséria, que mal cobria suas despesas. Mas ela sobreviveu, convivendo com a culpa e os olhares de julgamento que parecia ver nos rostos de seus irmãos sempre que fechava os olhos.

Cada palavra do pai ressoava como uma ferida aberta, uma lembrança de seu fracasso. Ela tentava provar a si mesma que ele estava errado, mesmo sabendo que ele nunca veria o quanto estava determinada a cumprir seu propósito. Na sua mente, os irmãos a desprezavam e não queriam contato, embora, na verdade, todos sentissem saudades à sua própria maneira.

Celeste seguiu sozinha, afastando-se dos irmãos. Eles a procuraram por anos, mas ela não permitiu mais o reencontro.

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⛈︎彡𝐃𝐢𝐚𝐬 𝐚𝐭𝐮𝐚𝐢𝐬.

Quando Celeste e Cinco saíram da sala onde passaram alguns minutos juntos, Allison e Luther já não estavam mais por perto.

Klaus, ao vê-los, murmurou um enigmático
"eu falei demais", quando Celly perguntou onde estavam, mas a mesma mal registrou o comentário. Sua mente estava em outro lugar, revivendo o beijo repetidas vezes, perdida em seus próprios pensamentos. A cada vez que olhava para Cinco — agora, mais que apenas seu melhor amigo —, sentia um calor subir ao rosto, quase corando.

— Ah, licença... — uma mulher de aparência simpática e um tanto gordinha interrompeu, abraçando um garoto de estatura parecida com a dela. Cinco os observou de cima a baixo, avaliando a situação. — É o aniversário do meu filho, Kenny, hoje. Será que eles não preferem jogar com crianças? — perguntou a mulher, se referindo a Celeste e Cinco, achando que fossem mais jovens. — Se seus pais deixarem, né? — acrescentou ela, sorrindo cordialmente.

Celeste, surpresa, abriu a boca para responder, mas se perdeu ao sentir a mão de Cinco repousar sobre sua coxa. Sua mente esvaziou de imediato, e ela quase esqueceu o que ia dizer. Ele, no entanto, quebrou o silêncio de maneira impiedosa:

— Eu prefiro arrancar o meu pé com os dentes — respondeu Cinco, seco. Celeste arregalou os olhos e, incrédula, deu um tapa no braço dele.

— Me desculpe, senhora — pediu ela, tentando consertar a situação enquanto a mulher, chocada, encarava-os. — Estamos resolvendo alguns problemas agora. Mas… feliz aniversário para o garoto. — Celly sorriu, em uma tentativa de amenizar a grosseria de Cinco.

A mulher, ainda um pouco desapontada, se afastou, e Celeste lançou um olhar de repreensão para o amigo.

— Você tem que parar de ser tão arrogante — resmungou, ainda abismada. Cinco, por sua vez, sorriu com aquele ar presunçoso que a fazia perder a paciência. Ele adorava vê-la assumir o controle dessa forma.

— É inevitável, Sunshine. — Ele deu de ombros, arrumando uma mecha de cabelo dela atrás da orelha, enquanto o sorriso em seu rosto se tornava mais provocativo. — Por acaso queria jogar boliche com o garoto?

— Óbvio que não — retrucou ela, fazendo uma careta —, mas você podia ser mais educado. Poderia tratar as pessoas como me trata.

— A-ha. Não é muito meu estilo sair beijando todo mundo-

Ele foi interrompido. Celeste colocou a mão em sua boca rapidamente, impedindo que ele viesse a falar aquilo muito alto e os outros escutassem. Ela franziu o cenho, incrédula.

— Shh! — Ela pediu. O garoto quase gargalhou sob sua mão. Quando ela libertou ele novamente, ele empertigou-se, corrigindo sua fala anterior:

— Tudo bem… isso é complicado demais — ele suspirou, revirando os olhos e, discretamente, apertou a coxa dela, quase fazendo-a perder o fio do raciocínio. — Fingir que gosto de alguém é um tédio. Com você, é natural — acrescentou ele, segurando a mão dela e a beijando com uma delicadeza inesperada.

Celeste apoiou a cabeça no ombro de Cinco, observando o ambiente caótico à sua volta enquanto a família discutia intensamente. Ninguém sabia qual seria o próximo passo. Como eles, Celeste também não tinha ideia de como poderiam impedir Vanya. Sabia que ela tinha poder suficiente para destruir a academia inteira e estava completamente fora de si, o que já havia levado a matar Pogo e Grace.

De repente, Cinco virou a cabeça como se tivesse escutado algo. No entanto, os outros continuavam ocupados, sem notar nada. Celeste o olhou, confusa.

— Minha querida… — ele disse, chamando sua atenção. Ela olhou para ele, curiosa. Cinco estava com a testa franzida, fitando as bolas de boliche do outro lado, como se houvesse algo intrigante ali. — Eu já volto. Só... acho que chegou uma mensagem.

— Mensagem? — ela perguntou, surpresa.

— Já te explico. Um minuto — pediu ele, levantando-se com cuidado e indo até as bolas de boliche.

Assim que ele se afastou, Klaus se aproximou de Celeste com um sorriso malicioso e aquele ar travesso de sempre. Ela quase revirou os olhos para evitar cair na risada.

— O que foi, hein? — perguntou ela, fingindo impaciência, mas já imaginando o que viria a seguir.

— Você e o Cinco, hm? — insinuou Klaus, malicioso, ocupando o lugar que Cinco deixara ao seu lado. O rosto dele era puro divertimento; para Klaus, aquilo era uma vitória, visto que sempre insistira que os dois acabariam juntos.

— O quê? — Celeste respondeu, fingindo-se de desentendida, com uma expressão de falsa ingenuidade. — Do que você tá falando?

— "Ah, porque eu amo você. Blá blá blá" — Klaus provocou, imitando-a com uma voz fina e debochada.

— Eu não falo desse jeito! — ela retrucou, incrédula.

— O Ben me contou exatamente assim. — Ele deu de ombros, achando graça.

Celeste quase engasgou. Até onde aquele fofoqueiro tinha escutado a conversa que, até então, ela achava que era particular?

— Mas que droga. Ele é uma víbora — resmungou ela, emburrada, como se tivesse sido traída por quem mais confiava. Olhou para Klaus, que a observava com um sorriso vitorioso. Sem pensar duas vezes, avançou e colocou a palma da mão sobre a boca dele, impedindo-o de continuar.

— Você vai ficar quieto, entendeu?

— T-tudo bem — ele respondeu, as palavras saindo abafadas pela mão dela. Celeste tirou a mão devagar, ainda desconfiada, mas Klaus apenas sorriu, como quem admite a derrota. — Mas todos já perceberam. Vocês não são nada discretos.

Antes que ela pudesse reclamar ou mandar Klaus calar a boca, Cinco reapareceu, teleportando-se. Ele trazia um papel nas mãos e, ao ver Klaus ao lado dela, franziu o cenho, quase revirando os olhos.

— Pode me deixar a sós com a pessoa importante aqui? — Cinco pediu. Klaus resmungou algo sobre nunca ser reconhecido e foi embora, enquanto Cinco se posicionava de pé em frente a Celeste, fitando-a com seriedade. Ele quase esqueceu o que tinha vindo dizer, perdido por um segundo no olhar dela, mas então lembrou-se, parecendo um pouco desconcertado, até preocupado.

— Minha querida, você não está com nenhuma bala? Daquelas anos 50?

— Não. Por quê? — Ela perguntou, confusa.

— A Gestora colocou um rastreador nelas — ele fez uma careta, lançando um olhar rápido ao redor, como se esperasse invasores. — Vou falar com ela.

— O quê? — Celeste quase berrou, alarmada. Levantou-se num impulso, ficando frente a frente com ele, os olhos castanhos cheios de confusão. — Precisamos de todos aqui agora.

— Mas eu posso tentar convencê-la…

— Convencê-la de quê? — ironizou ela. — Que nem foi tão ruim assim você ter tentado explodir ela?

Cinco bufou, sabendo que ela estava certa, mas ainda relutante em abandonar sua esperança. Ele segurou a mão dela, com calma.

— Preciso que confie em mim.

Celeste hesitou, baixando o olhar. Respirou fundo, então ergueu os olhos para ele novamente. Suspirou, relutante, mas, talvez, ele pudesse tentar. Se desse certo, não precisariam enfrentar Vanya. Ela assentiu lentamente.

— Tudo bem.

Ele assentiu de volta, deixando um beijo em sua testa e sussurrando um "Prometo te encontrar logo" antes de desaparecer dali.

Ela soltou um suspiro pesado e se jogou de volta no banco, voltando à posição de antes. Não demorou muito até Allison e os outros chegarem, e Luther aparecer, parecendo irritado e preocupado.

— Não vamos ficar esperando ele. O concerto começa em trinta minutos — disse Luther, visivelmente impaciente.

— Tá, e qual o plano? — perguntou Diego, estreitando os olhos e cruzando os braços, como se esperasse uma resposta clara e firme.

Luther parecia refletir por uma eternidade, o olhar fixo num ponto distante enquanto tentava formular a melhor estratégia para os irmãos, até que finalmente murmurou algo.

— Bom... eu acho que vamos para o Teatro Ícaro-

— Esse é só o local — interrompeu Celeste, impaciente, revirando os olhos e se ajeitando no banco.

— É tudo o que você tem? — Diego provocou com um sorriso sarcástico, incrédulo. — Tá querendo ser o Número Um? Legal. Mas vai ter que fazer a gente trabalhar junto, porque tá uma bagunça.

— Tem razão. Precisamos de um plano — Luther admitiu, descontente.

Nesse momento, um grupo de homens armados com máscaras de gás invadiu o local, movendo-se com cuidado, como se estivessem executando um plano ensaiado.

— Abaixem! — Celeste gritou ao vê-los. No mesmo instante, uma rajada de tiros foi disparada na direção deles, causando pânico entre os clientes, que certamente não faziam ideia do que estava acontecendo.

Os invasores atiravam nos Hargreeves ou em qualquer coisa que pudesse assustá-los e forçá-los a recuar. As balas atingiam as máquinas de bolinhas, balões, e as laterais dos balcões, onde eles se escondiam.

— Quem são esses caras?! — gritou Diego, ofegante, ao lado de Celeste.

— Devem ter vindo pro aniversário do Kenny! — debochou Klaus, tapando os ouvidos para abafar o som dos tiros.

— Com certeza vieram atrás da gente! — Celeste respondeu, irritada. "Não é possível uma coisa dessas", pensou, indignada.

Celeste revirava freneticamente os bolsos do casaco rosa, tentando entender se estava enganada, até que sentiu o pacote de balas no bolso. Puxou-o, surpresa em meio ao caos, enquanto Diego lhe lançava um olhar desconfiado e perguntava, impaciente, o que ela estava fazendo. Quando finalmente segurou o pacote nas mãos, viu algo piscando. Era um rastreador.

— Que porra! — gritou, irritada, esmagando o dispositivo com os dedos antes de arremessá-lo longe.

— O que era isso? — perguntou Luther, confuso.

— Um rastreador — resmungou Celeste, frustrada.

As balas zuniam ao redor deles, estilhaçando os cantos dos balcões que usavam como proteção, e o som ensurdecedor fazia Celly cobrir os ouvidos. Diego, exausto de ficar encurralado, ergueu-se e, com precisão mortal, lançou uma faca que atingiu um dos atiradores. Em seguida, abaixou-se rapidamente, enquanto o homem caía, desorientando seus parceiros. Coincidentemente, as luzes do ambiente começaram a piscar, e uma música alegre invadiu o espaço, deixando os atiradores ainda mais confusos.

— Pelo menos o aniversário do Kenny vai servir para alguma coisa! resmungou Celeste. — Precisamos atacar agora!

A música lhes deu uma pequena vantagem, mas logo as balas voltaram a chover. Em resposta, todos improvisaram objetos para atirar nos atiradores: Diego lançava facas com maestria, Allison permanecia imóvel, sem sua voz para ajudar, Celeste e Luther jogavam bolas de boliche, e Klaus, em um momento de desespero, pegou o bolo do aniversariante.

— Bloquearam as saídas! — gritou Klaus, os olhos vasculhando desesperadamente o lugar.

— Só agora você percebeu?! — rebateu Diego, irritado.

Allison, concentrada, observava a pista de boliche como se quisesse dizer algo em silêncio. Celeste, captando a mensagem, murmurou:

— As pistas!

— Vamos! — exclamou Luther, chamando a atenção dos outros.

Aproveitaram um breve momento de pausa no tiroteio e correram em direção à pista de boliche, lançando-se para onde caíam as bolas. Celeste tropeçou, rolando pelo chão, mas Klaus rapidamente a puxou para cima.

— Vamos! Vamos! — Diego gritava, ansioso, aguardando que todos passassem pela porta.

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Finalmente, chegaram ao Teatro Ícaro após minutos de corrida desenfreada e, sem hesitar, dirigiram-se à porta de entrada. Celeste pensava em Cinco, sentindo uma inquietação crescer. Será que tudo era mais uma armadilha daquela mulher traiçoeira?

Antes de cruzarem a porta, Allison parou e, sem poder falar, fez os outros pararem também, aguardando enquanto escrevia rapidamente no bloco de notas:

"𝑷𝒓𝒆𝒄𝒊𝒔𝒐 𝒊𝒓 𝒔𝒐𝒛𝒊𝒏𝒉𝒂."

— Não posso deixar você fazer isso, tá legal? — protestou Luther, o tom inflexível. — Não tem conversa com ela!

— Não temos tempo para isso! Ela já está se apresentando! — Celeste rebateu, urgindo uma decisão.

— Vocês não estão ouvindo? A música já começou! — Diego completou, em sintonia com Celeste. Os dois se entreolharam, surpresos com a mesma reação.

— Você acha mesmo que ela vai te ouvir? — Luther perguntou, preocupado, dando um passo à frente. — Depois de tudo o que aconteceu?

Allison manteve-se firme e em silêncio, seus olhos pedindo paciência. Sabia que Vanya precisava de apoio. Era a única de todos que não tinha experiência com seus próprios poderes, abafados por tanto tempo. Allison acreditava que essa compreensão era crucial naquele momento.

Após alguns segundos, Luther finalmente cedeu.

— Tá bom — murmurou, relutante, enquanto Allison disparava para dentro do teatro. Celeste cruzou os braços, incrédula.

— Então agora ela é a isca? — Diego disse, carregando uma nota de ironia.

— É a nossa melhor chance de neutralizar a Vanya — Luther retrucou, seco.

— Você é um idiota — concluiu Celeste, sem desviar o olhar, firme. — Um grande covarde.

Luther ignorou a acusação e os quatro correram para dentro do teatro. Antes que Klaus pudesse segui-los, Luther o deteve.

— Você espera ali na frente.

— O quê!? — Klaus protestou, incrédulo.

— Isso mesmo, você é o sentinela.

— Sentinela?! — ele retrucou, irritado, mas, sem alternativas, aceitou a contragosto.

Os três avançaram pelos corredores, movendo-se com cautela. Luther sugeriu que se separassem para pegar Vanya de surpresa, e Celeste e Diego seguiram pela direita enquanto ele foi pela esquerda.

A dupla subiu pequenos degraus e se posicionou. Celeste, hesitante mas decidida, se preparava para usar seu teleporte com eletricidade, habilidade que não dominava totalmente, mas que precisava funcionar. Sabia que, se acertasse o tempo, poderia aparecer atrás de Vanya e impedir a causadora do Apocalipse.

Allison observava Vanya, cheia de orgulho, enquanto a irmã tocava como a melhor da orquestra. Era o sonho realizado de Vanya, a tão esperada primeira cadeira.

Eles aguardavam que a presença de Allison distraísse Vanya. Mas Luther, impaciente, agiu cedo demais, lançando-se em ataque. Diego, percebendo, avançou também, em uma sincronia desastrosa. Sem ter mais tempo para preparar-se, Celeste enviou um feixe de eletricidade pelo palco, sentindo o próprio corpo se transformar na energia.

Vanya, ao perceber o ataque lateral, moveu a vareta do violino, liberando uma onda de energia devastadora que lançou Diego, Luther e toda a plateia para longe. Quando Celeste se deu conta, estava bem em frente a Vanya. O teleporte a havia traído, colocando-a no pior lugar possível. Essa era a pior parte do teleporte: a eletricidade era imprevisível. Sempre.

Por um segundo eterno, os olhares das duas irmãs se cruzaram em um confronto silencioso, carregado de suspense. Em seguida, Vanya, com a força implacável de seus poderes, desferiu um chute em Celeste, que foi lançada para fora do palco com brutalidade.

O corpo de Celeste caiu de bruços sobre os dedos machucados, e ela soltou um gemido de dor ao se levantar, sentindo o corpo inteiro dolorido. Na plateia, o pânico tomou conta, e as pessoas começaram a gritar desesperadas, correndo para sair do teatro.

Os músicos que acompanhavam Vanya fizeram menção de se levantar, mas foram imediatamente subjugados pela energia poderosa que ela emanava. Quanto mais Vanya tocava, mais o medo se espalhava e mais energia ela absorvia.

Lá embaixo, Allison ajudava as pessoas a escaparem do teatro, enquanto gritos e murmúrios enchiam o ambiente. Celeste correu para o meio das cadeiras e se juntou a Allison, escondendo-se ao seu lado.

— Era para esperar eu estar pronta! — reclamou Celeste, incrédula.

— Todos sabemos que você não teria conseguido — Luther retrucou, ofegante.

— Celly teria — Diego a defendeu, lançando um olhar rápido e apreensivo para o palco. — Vanya é mais forte do que eu pensava.

Allison lançou um olhar que parecia dizer "O que diabos vocês estavam fazendo? Eu disse que era para deixar comigo!", mas Luther rebateu:

— Sim, estamos ótimos. Valeu por perguntar. Eu já te perdi uma vez, isso não vai acontecer de novo!

— Muito romântico — ironizou Celeste, fazendo uma careta.

— Elemento surpresa já era. O que temos agora?! — perguntou Diego, a voz soando pacífica, mas carregada de tensão.

Allison foi a primeira a tentar responder, gesticulando como se tocasse um violino, inclinando a cabeça e movimentando a mão.

— Nem fudendo, Allison. Fala algo que a gente não saiba.

— Ela tá falando do violino. É a vareta — explicou Celeste. Ela parou para pensar. Talvez tivessem uma chance. — Se fizermos ela parar de tocar, podemos conseguir.

Mas, nesse exato momento, os mesmos homens do boliche invadiram o Teatro Ícaro, abrindo fogo contra todos os assentos. Não havia mais tempo para planejar. Precisavam deter Vanya e, ao mesmo tempo, salvar suas próprias vidas mesmo que fossem duas tarefas opostas.

Os músicos, que tocavam sob o comando de Vanya, saíram correndo do palco aos gritos, o terror estampado em seus rostos. Eles já estavam apavorados com os eventos do concerto, e agora, com o tiroteio, estavam em pânico.

— Onde está o Klaus?! Ele era o nosso vigia! — reclamou Diego, incrédulo, enquanto o barulho dos disparos ecoava por todo o teatro.

— Ainda está surpreso?! — ironizou Luther, inclinando-se para se proteger.

De repente, uma figura apareceu ao lado de Celeste e Allison, em uma explosão de luz azul: era Cinco, materializando-se, já irritado.

— Que bagunça é essa aqui?!

— Cinco! — exclamou Celeste, repreendendo-o. Quando os tiros começaram a se concentrar nele, ela o puxou pelo blazer. — Abaixa!

Percebendo o perigo, Cinco se abaixou ao lado dela, colocando a mão nas costas de Celeste em um gesto protetor. Ela o olhou, dividida entre o alívio e a tensão.

— Como foi lá? — ela perguntou, ansiosa.

— Foi uma armadilha para me atrasar — ele resmungou, irritado. — Pode dizer "Eu avisei".

— Eu avisei — respondeu ela, satisfeita. Mesmo em meio ao caos, era bom estar certa.

— Isso não está nada bom — Cinco murmurou, erguendo a cabeça para observar Vanya, que parecia mais forte do que nunca enquanto tocava a melodia sombria.

— São seus amigos? — ironizou Diego, lançando um sorriso sarcástico.

Cinco não respondeu, apenas fez uma careta.

De repente, atiradores surgiram de todos os lados no Teatro Ícaro: estavam no mezanino, nas portas e janelas, preparados para cercá-los. Diego, rápido, lançou suas facas, derrubando três deles antes que passassem pela porta.

— Gente! — A voz de Klaus ecoou da entrada enquanto ele corria, gritando: — A Cha-Cha! A Cha-Cha está vindo!

— Puta merda! Até ela?! — Celeste esbravejou, incrédula. — Estamos mortos.

Em meio ao caos, Diego dava cobertura para que Klaus se aproximasse; Celeste protegia Allison, que continuava indefesa.

Cinco teleportou-se para as costas de um dos atiradores, que, ao ser virado, apertou o gatilho e acabou atingindo seus próprios aliados. Luther se envolveu em uma luta corpo a corpo com outro dos atiradores que havia se aproximado, enquanto Diego lançava facas nos que estavam mais distantes.

Em meio ao combate, Celeste sentia-se energizada. Lançava rajadas de eletricidade contra os atiradores que se aproximavam cada vez mais. Não havia escolha a não ser lutar. Quando ela olhou para o lado, viu Klaus se esforçando. E então, uma figura brilhante e azulada apareceu ao lado dele. Era Ben, conjurado por Klaus.

Ben vestia uma jaqueta preta e exibia o mesmo olhar rabugento de sempre, embora tivesse a habitual gentileza por trás do rosto duro. Todos ficaram comovidos ao vê-lo; parecia que o irmão morto havia envelhecido com eles.

Ben, sem hesitar, invocou seus monstros interdimensionais, que agarraram os atiradores no mezanino, jogando-os para longe e eliminando-os instantaneamente. Era como se Ben não estivesse mais sob o controle de Klaus, agindo com uma liberdade própria, mesmo como um espectro.

Celeste levou um susto quando, de repente, um homem a agarrou por trás. Ele nem teve tempo de reagir antes que uma descarga elétrica o atingisse, e ele caiu se contorcendo no chão.

Assim que Cha-Cha entrou no palco, Diego mal pensou antes de disparar em sua direção, determinado a enfrentá-la. Seus irmãos ficaram para trás enquanto ele avançava, decidido a resolver aquilo com as próprias mãos, como se fosse uma missão pessoal.

Klaus, após usar seus poderes, gritou com um sorriso carregado de ironia e ressentimento: "Quem é o sentinela agora?!" O tom de amargura era evidente; ele sabia que poderia ter sido útil se tivessem confiado nele desde o início.

Vanya, por sua vez, irradiava um poder crescente. Usava agora um paletó branco, algo que nunca havia feito antes, e a peça a fazia parecer ainda mais imponente. Celeste observava a situação, hesitante e dividida entre impedir Vanya — o que poderia machucá-la seriamente — ou arriscar o sacrifício que Cinco fizera. Ela murmurou para si mesma, ciente de que não tinha tempo a perder, já que todos os outros estavam ocupados demais para ajudá-la.

— Ah, se tudo der errado, eu peço desculpas depois. — O resmungo foi a última coisa que disse antes de se lançar contra Vanya.

Rapidamente, ela criou uma base de energia sob os pés para alcançar a altura da irmã. Vanya percebeu sua aproximação e, num movimento súbito com o arco do violino, desencadeou uma onda de energia. Celeste desviou, dissipando a eletricidade para se estabilizar e evitar a queda. Em seguida, avançou novamente, energizando um soco e atingindo Vanya no rosto com toda a sua força.

Vanya foi arremessada contra a parede, o impacto forçando-a a interromper a música por alguns segundos enquanto tentava assimilar o golpe. Celeste, ansiosa, esperou que aquilo a fizesse despertar, mas Vanya apenas cuspiu sangue antes de envolver Celeste em tentáculos de energia que a suspenderam no ar, drenando sua força aos poucos.

A situação ficou crítica; os irmãos, percebendo o perigo, espalharam-se pelo palco para socorrer Celeste. Num instante, todos foram capturados pelos tentáculos de Vanya, que agora dominava o combate.

Os segundos se arrastavam como uma eternidade para Celeste. Sentindo a própria vida se esvair, ela respirou fundo, concentrando-se. Com um esforço extremo, percebeu que podia usar a ligação direta dos tentáculos para enviar rajadas de energia, atingindo Vanya através deles.

Com uma descarga intensa, ela transferiu toda a energia possível pela conexão, atingindo Vanya onde os tentáculos se originavam. Vanya se contraiu, liberando todos os irmãos no exato momento em que Celeste canalizou uma última rajada, forçando-a a recuar, ofegante e com uma mão sobre o peito.

Vanya, sem hesitar, pegou o arco e, em vez de tocar, usou-o para cortar o ar com precisão mortal, criando uma rachadura que atravessou a parede do teatro. Celeste teve reflexos rápidos e usou sua energia para amortecer o ataque, ganhando tempo para desviar.

Caída no chão do teatro, enquanto os irmãos ainda se recuperavam, Celeste aproveitou a eletricidade ao redor — dos postes da avenida, dos carros e das casas próximas. Sentiu uma súplica escapar de seus pensamentos. "Meu Deus, por favor não me deixe virar uma pirralha agora." Com os olhos fechados, reuniu a coragem que lhe restava. Precisava dar tudo de si para que o sacrifício de Cinco não fosse em vão.

Ela correu em direção a Vanya, esfregando as mãos uma na outra para intensificar a eletricidade. Ao bater as palmas no chão, liberou uma descarga poderosa, que se espalhou e atingiu Vanya, causando uma série de explosões elétricas. A sequência de rajadas foi feroz, ferindo Vanya e preparando o terreno para um golpe final.

Elevando-se no ar, Celeste concentrou a energia em uma esfera intensa e estável — algo muito além de suas rajadas usuais. Sabia que aquele golpe faria estragos. No último segundo, desviou levemente o ataque para o lado, numa tentativa de não ferir a irmã mais do que o necessário. Era tudo rápido, instintivo. Abaixo, os irmãos, ainda se recuperando, observavam a luta sabendo que, desta vez, estavam fora dela.

No exato momento em que a esfera explodiu, girando dentro de si mesma em um ciclo de tensão insustentável, ela se chocou contra Vanya, liberando uma energia intensa que a arremessou para longe. Vanya foi jogada contra a parede, que cedeu ao impacto, mas, de alguma forma, o golpe não atingiu toda sua potência.

A explosão, porém, deixou Celeste tonta, como se algo dentro dela tivesse sido desbloqueado, uma espécie de "trava" que havia contido até então o uso completo de seus poderes. Ofegante, ela se sentia exausta, seu corpo já dando sinais de cansaço. De coração apertado, torcia para que Vanya finalmente tivesse recobrado a consciência. Não queria continuar; temia pelo que aconteceria à irmã e, além disso, sentia-se mais nova, como se o próprio corpo estivesse mudando.

— Vanya! — Ela gritou, correndo para ajudar a irmã, que parecia estar desacordada.

À medida que se aproximava, os irmãos, observando do palco, começaram a subir, achando que tudo tinha terminado. Murmúrios ecoavam pelo teatro:

"A Celeste... ela..."

"Ah, merda!"

"Muito mais nova..."

Mas, quando Celeste chegou perto, Vanya de repente agarrou seu pescoço com uma força feroz. Os dedos luminosos apertavam com intensidade comparável à de Luther — talvez até maior. Celeste tentava desesperadamente se libertar, chutando e golpeando Vanya, mas a irmã apenas a erguia mais alto, restringindo-lhe o ar. Os irmãos correram para ajudar, mas uma nova onda de energia os lançou para trás, frustrando a tentativa de resgate.

Quando o ar já faltava e o desespero a dominava, Celeste concentrou o poder em suas mãos, pressionando os dedos e explodindo a força diretamente na articulação do braço de Vanya. Com um grito de dor, Vanya finalmente soltou Celeste, que, arfando, sentiu o ar encher novamente seus pulmões.

Sem perder tempo, Vanya lançou uma nova onda de energia contra ela, que usou eletricidade para se impulsionar e flutuar no ar, desviando. Em seguida, avançou em direção à irmã, absorvendo o som ao redor para canalizar ainda mais energia. Em um movimento rápido, girou no ar, acertando Vanya nas costas e quase a jogando sobre as cadeiras do teatro.

Celeste não hesitou. De cima, empurrou Vanya com força, impulsionando-a contra o palco de madeira, que cedeu sob o impacto. Desesperada, tentava fazer com que Vanya parasse, usando toda a energia possível para drená-la e fazê-la desmaiar. Contudo, a quantidade de poder que emanava da irmã era colossal. Era como se fosse impossível contê-la.

O corpo de Celeste começou a mostrar sinais do esforço; suas roupas estavam estranhamente largas, e ela notou que algo estava mudando. Vanya, enfim, começava a perder as forças, mas, antes que Celeste pudesse se afastar, Vanya liberou uma rajada final de energia, que arremessou Celeste contra o teto. Ela colidiu com a parede e caiu quase desacordada no chão do teatro.

A última explosão de Vanya foi tão poderosa que quebrou a clarabóia acima deles, lançando uma onda de energia que, sem que ninguém percebesse, pareceu alcançar a própria lua. A força da rajada tomou Celeste por completo, sugando sua energia e deixando-a inconsciente no mesmo instante.

Os irmãos se entreolharam, apreensivos. Cinco, percebendo que Vanya poderia estar finalmente desmaiada, teleportou-se para o lado de Celeste. O coração batia acelerado; vê-la naquele estado o enchia de angústia. Ela parecia... tão nova. Um sentimento de culpa o invadiu. Com cuidado, segurou a garota nos braços, ajeitando seus cabelos ondulados enquanto murmurava desesperado:

— Fica comigo, fica comigo, Celly...

Ele queria acreditar que ela não pioraria, mas o último golpe de Vanya poderia muito bem ser definitivo.

Cinco então teleportou-se de volta ao palco com Celeste nos braços, enquanto os irmãos se aproximavam de Vanya, que estava ensanguentada e completamente desacordada, o braço que havia usado para estrangular Celeste visivelmente torto e quebrado.

Celeste, agora com aparência de apenas dez anos, parecia frágil nos braços de Cinco. Ele se culpava. "Como pude deixá-la chegar a esse ponto?", perguntava-se, sabendo que, após tudo aquilo, ela teria de enfrentar novamente as dificuldades impostas por seus próprios limites.

— Ela está viva? — perguntou Luther, que, mesmo com as desavenças, deixava transparecer sua preocupação.

— Sim, mas está mal — respondeu Cinco, com o olhar sombrio. — E a Vanya?

Allison confirmou com a cabeça, e um suspiro de alívio percorreu o grupo. Afinal, a luta entre as irmãs fora brutal — fraturas, quedas, rajadas de energia devastadoras. Mas, por ora, estavam vivos, ainda que conscientes de que a batalha havia cobrado um preço alto.

O coração de Cinco se acalmou, mesmo com a culpa e a preocupação por Celly ainda queimando em sua mente. Talvez tudo tivesse dado certo. Poderiam levar Celly e Vanya ao hospital, e no dia seguinte, ele estaria cuidando dela. Um dia depois da data que deveria ser o fim do mundo. Assim, os trinta anos de esforço não teriam sido em vão. Ele observou Celeste desacordada, parecendo dormir tranquila, embora ainda estivesse machucada e frágil por fora.

Por um instante, Cinco quase sorriu ao vê-la naquele estado. Não era o ideal; ela estava ferida, inconsciente e absurdamente mais jovem do que ele — um detalhe muito, muito incômodo para ele —, mas só de pensar na chance de terem uma vida normal juntos… isso já bastava.

— Gente? — chamou Klaus, olhando para cima com uma calma inquietante. — Vocês estão vendo aquele pedaço enorme da lua vindo na nossa direção?

O coração de Cinco quase parou. "Ouvi direito?", pensou, incrédulo.

— Droga. Isso não é bom — murmurou Diego, enquanto Luther também fitava o pedaço de lua que se aproximava da Terra, sentindo as esperanças despencarem.

— Então acabou, né? Já era essa de salvar o mundo — resmungou Klaus, sua voz carregada de frustração, finalmente sóbrio. E tudo isso... para nada?

Cinco colocou Celeste no chão com cuidado, levantando-se rapidamente. Começou a andar de um lado para o outro, tentando desesperadamente pensar em uma solução. "Não é possível", repetia em seus pensamentos, enquanto a ansiedade crescia. Tudo parecia estar indo bem por um breve momento, e agora tudo desmoronava, como sempre.

— Se pelo menos o papai pudesse ver a gente agora, a Umbrella Academy, um fracasso total.

— Pelo menos estamos juntos no final. Como uma família — disse Luther, dando de ombros.

"— Eu não te machucaria, Celly. Nunca me permitiria fazer isso — Cinco havia dito, com sinceridade. — Talvez eu me teleportasse para outra época para impedir você de causar o apocalipse. Mas nunca te faria mal." 

Cinco se lembrou dessas palavras. Era uma ideia perfeita. Ou melhor... quase perfeita.

A ideia exata não era, mas poderia funcionar. Eles poderiam viajar ao passado, viver uma vida tranquila em outra época. Com uma maleta e sem Vanya naquele estado, os irmãos teriam tempo para consertar tudo. Isso precisava dar certo. Era tudo ou nada.

— Isso não precisa ser o fim — falou Cinco. A esperança brilhou no rosto dos irmãos, embora com uma pitada de confusão. Cinco começou a andar entre eles, sugerindo algo.

— O quê?

— Acho que sei como sair dessa. Mas vão ter que confiar em mim.

Os irmãos reagiram com hesitação; alguns com sarcasmo, outros sinceramente descrentes, achando que não valia a pena. Cinco sentiu o sangue ferver de impaciência.

— Então só nos resta aceitar o destino, porque, em menos de um minuto, vamos virar pó!

— Qual a ideia então? — perguntou Diego, focado.

— Usamos minha habilidade de viajar no tempo. Dessa vez, levo vocês comigo — propôs Cinco. Um silêncio de alguns segundos tomou o grupo, enquanto os irmãos trocavam olhares confusos.

— E isso é possível? — perguntou Luther, claramente incerto.

— Eu... não sei. Nunca tentei isso antes — Cinco admitiu, com um leve dar de ombros.

— O que pode dar errado? — disse Diego, retoricamente, dando de ombros.

— Tá vendo um cara de quarenta e seis anos preso no corpo de um adolescente? Tem isso — respondeu Cinco. Os irmãos refletiram sobre a situação.

— Tá, que se dane! Eu tô dentro — disse Diego, decidido.

— É... tanto faz. Tô dentro — Klaus concordou.

— Eu também. Allison? — perguntou Luther, recebendo um aceno de confirmação da irmã.

— Certo! Ótimo! Luther, segure a Vanya. Diego, segure a Celly — instruiu Cinco, sua voz ansiosa.

Diego correu até Celly, segurando-a com cuidado. Luther hesitou por um instante antes de pegar Vanya.

— Espera, devemos levá-la? Ela é a causa do apocalipse. É como carregar uma bomba conosco.

— O apocalipse sempre vai acontecer e Vanya sempre será a causa, a menos que a levemos e a ajudemos — respondeu Cinco, firme. — Celly ia querer que Vanya estivesse segura. Não é justo deixá-la aqui.

Formaram um círculo meio desajeitado, de mãos dadas. Cinco pediu uma última confirmação e, quando todos assentiram, ele começou a canalizar seu poder. Primeiro nas mãos, depois no corpo todo, e então o transferiu para os outros.

Nunca tinha tentado algo assim; exigia uma energia muito maior do que imaginara. Sentia o corpo arder, como se estivesse sendo rasgado por dentro, enquanto tentava teletransportar todos os irmãos para uma época não tão distante. Uma luz azul surgiu, envolvendo-os. Todos mantinham-se firmes, embora sentissem seus corpos começarem a desvanecer no tempo.

— Tá funcionando! — gritou Luther, animando-o.

— Segurem-se! Isso pode não dar muito certo! — Cinco alertou.

As aparências dos irmãos se misturavam, como se cada um estivesse se perdendo em um ponto no tempo. Cinco fechou os olhos, concentrando toda sua força para manter a estabilidade. De repente, todos foram lançados ao passado. A lua colidiu com a Terra, provocando uma catástrofe que inundou o teatro e sepultou para sempre as memórias de 2019.

Mais um episódio!

Votem e comentem!💗 Logo vou soltar capítulos de Cast e Prólogo (ambos vão valer como capítulos, portanto novas atualizações de capítulos serão só semana que vem)
Tenho um monte de ideias reveladoras para season two. Espero que tenham gostado por enquanto, bjos amorecos🫣

revisão concluída ☑️ 💚