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𝐌𝐘 𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐂𝐄𝐋𝐋𝐘

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𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐒𝐈𝐗

𝐌𝐘 𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐂𝐄𝐋𝐋𝐘...

⛈︎彡𝐀𝐩𝐨𝐜𝐚𝐥𝐢𝐩𝐬𝐞.

"MINHA QUERIDA CELLY, sinto muito por não poder voltar para o passado e ter uma vida com você. Sei que você não sabe onde estou, e provavelmente está confusa, já que não entende muito sobre viagens no tempo. Sinceramente, nem eu mesmo entendo.

Eu deveria ter ouvido o papai e acho que nem foi esse erro que mais me machucou. Não ligo que eu esteja passando um pouco de fome e nem que seja difícil encontrar água aqui. A única coisa que sinto falta, é da sua cabeça escorada em meu ombro enquanto o sol da manhã aquece sua pele, ou então das suas mãos macias, segurando a bainha do meu uniforme quando se sente com medo. Como se eu pudesse te salvar.

E adivinha? Não posso. Sou tão imbecil que te deixei sozinha na sua linha do tempo. Abandonei todas as promessas que havia feito a ti e todos os sonhos que eu construí sozinho.

Não sei como você está seguindo sem mim, mas se algo ruim acontecer com você, eu vou me culpar pelo resto da vida.
Não poderia viver em um mundo em que acordaria sem ver o brilho dos seus olhos, ou então que dormiria sem um selar dos seus lábios no meu rosto.

Toda essa carta pode parecer extremamente imbecil e vulnerável. Mas a verdade é que você me deixa assim e eu não ligo. Gosto da forma que sou com você. Você deixa meu dia mais alegre, e me dá um novo motivo de continuar somente ao olhar para o seu sorriso. Já faz dois anos que eu não te vejo. Dois anos aqui no apocalipse, e estou encontrando uma forma de continuar, mesmo que seja impossível. Se isso demorar mais um pouquinho, não sei se vou aguentar. Estou fazendo isso por você, e apesar de não querer confessar, também estou fazendo por nossos irmãos. Espero que eles tenham te acolhido após minha ida. Vou voltar e cumprir minha promessa. Eu te amo Celly, e me desculpe se eu estraguei tudo."

Com amor, seu Cinco.

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⛈︎彡𝐃𝐢𝐚𝐬 𝐚𝐭𝐮𝐚𝐢𝐬.

Cinco e Celeste não perderam tempo diante do prédio, deixando para trás qualquer esperança de investigar a prótese ocular. As sirenes das viaturas da polícia, bombeiros e equipes de resgate ecoavam pela avenida, todas em direção ao desastre. Não fazia sentido retornar à van que haviam usado antes; agora, sequer tinham um rumo definido. Tudo que planejaram girava em torno do olho postiço, mas com isso fora de alcance, o que restava para fazer?

Cinco estava estranhamente silencioso, com o olhar perdido, como se tentasse encontrar uma forma de consertar o que havia saído dos trilhos. Caminhavam lado a lado pela avenida, ainda cobertos de fuligem da explosão, com os narizes ardendo por causa da fumaça.

Celly tentava, em vão, afastar o desespero que rondava seus pensamentos. A responsabilidade também pesava sobre seus ombros. "Se Cinco estiver certo, a vida de todo o mundo está nas minhas mãos", refletiu, sentindo um nó no estômago.

De certa forma, isso a fazia lembrar dos tempos na academia. A rotina de salvar o mundo... reviver aquilo ao lado de Cinco não parecia tão ruim. Desde que ele partira, a Umbrella Academy só piorou. Agora, com o retorno de seu melhor amigo, talvez ela pudesse reencontrar suas raízes.

— A gente podia aliviar essa tensão, não acha? Beber um pouco ajudaria a esquecer essa tentativa inútil de ter ameaçado Lance — disse Celly, enquanto ainda caminhava, tentando aliviar a tensão crescente. Desde que Cinco voltara, estavam envolvidos em uma luta constante para salvar o mundo, mas ainda não tinham tido um momento para simplesmente conversar.

Como um sinal dos céus, uma loja de bebidas e conveniência surgiu do outro lado da rua.

— Não vai ajudar tanto assim. — Cinco negou, parando de andar para encará-la.

— Me ajuda a pensar melhor. — Ela deu de ombros, despretensiosa.

— Bebendo? Você continua tão rebelde quanto eu me lembrava — Ele sorriu, e Celly soube exatamente a que memória ele se referia. Afinal, as lembranças com seu melhor amigo muitas vezes invadiam seus sonhos, uma saudade que sua mente não conseguia ignorar.

— Se você negar, vou estar certa. Não vamos inverter os papéis, lembra? A sobremesa de quarta vai ser minha — provocou ela com um sorriso malicioso. Cinco, com seu orgulho característico, cruzou os braços, os olhos brilhando com aquele toque de travessura que ela tão bem conhecia.

— Eu já volto, me espera um pouquinho. — Ele pediu, e antes que ela pudesse responder, desapareceu no ar.

Alguns segundos depois, ele reapareceu com duas garrafas de bebidas alcoólicas nas mãos. Celeste sorriu, vitoriosa, satisfeita por ainda conseguir influenciar suas escolhas. Sem se preocupar com o rótulo, abriu a garrafa e deu um gole. A bebida desceu rasgando sua garganta. Quando finalmente olhou o rótulo, percebeu que seria mais prudente beber com mais cautela.

Enquanto bebia, Celly tentava clarear os pensamentos, mas também queria relaxar. O peso da responsabilidade estava esmagador. A cada gole, perguntas ecoavam em sua mente: "E se não conseguirmos?", "E se eu falhar e não aproveitar o fato de que ele está de volta?", "O que realmente somos um para o outro?".

Eles seguiram pela avenida em direção à livraria pública, mas quase foram barrados na entrada por estarem carregando bebida alcoólica, apesar de suas aparências jovens.

A constante confusão sobre a idade deles era um incômodo, mas fingir ser mais novos já havia rendido algumas vantagens em outras situações.

A falsa aparência de juventude que ambos transmitiam os irritava. Mas, às vezes, fingir ser mais jovem trazia vantagens inesperadas. Cinco estava começando a perceber que usar sua aparência para conseguir o que queria poderia ser uma estratégia inteligente em certas situações. Diferente dele, Celeste já estava completamente habituada a isso.

Num piscar de olhos, Cinco os teleportou para um dos andares superiores da biblioteca. Logo se sentaram no chão, encostando as costas na parede. O garoto inclinou a cabeça para trás, abrindo sua garrafa de bebida com um suspiro frustrado.

— Sabe o que é que eu vou fazer?! — perguntou, depois de tomar um longo gole.

— Hm? — Celly o encarou, seus olhos brilhando com esperança, como se ela depositasse toda a confiança nele. O silêncio que se seguiu foi denso, e ela esperou pacientemente por uma resposta.

— Eu não sei, na verdade. — Ele resmungou, fazendo uma careta. — Mas, por incrível que pareça, estou disposto a receber ideias.

— Teríamos que tentar descobrir o causador — ela sugeriu, refletindo. — Mas pode ser até um efeito borboleta. Talvez nem seja uma pessoa. Talvez nem more aqui. Pode estar do outro lado do mundo... ou aqui mesmo, na biblioteca. É impossível saber. — A voz de Celeste diminuiu, derrotada, enquanto ela abraçava as pernas e colocava a garrafa ao lado.

— Você tem razão. Mas... e se calcularmos a probabilidade de pessoas específicas?

— No caso, se você calcular. — Ela corrigiu rapidamente, com um leve sorriso. Matemática nunca foi seu forte. Sabia o básico, claro. Operações simples, geometria. Mas as aulas avançadas que Reginald dava na Academia? Essas nunca entraram na sua cabeça. Simplesmente não conseguia.

— Foi o que eu disse. — Ele murmurou, claramente indisposto. — O primeiro passo é descobrir quem são essas pessoas. Argh, essa não vai ser fácil.

— Bom, as paredes são todas suas. Fique à vontade para salvar nossas vidas. — Celly sorriu, tentando suavizar o fardo que ambos carregavam.

— Engraçadinha. Já volto.

Com isso, Cinco desapareceu, deixando-a sozinha por um breve instante até retornar com uma caneta em mãos. Não demorou, ele havia se teleportado para um escritório próximo, deixando a secretária aos gritos de susto.

— Onde conseguiu isso?

— No escritório. É permanente, mas acho que a biblioteca não vai se importar, dadas as circunstâncias — ele riu, tomando mais um gole antes de começar a calcular.

O tempo parecia se arrastar enquanto Cinco se afundava nos cálculos, cada vez mais absorto e menos inclinado a conversar. Celly, sempre atenta, percebeu como o hálito dele ficava mais ácido a cada gole, e que sua personalidade começava a se soltar aos poucos. Ele parecia mais leve, menos controlado.

Decidiu pegar um livro aleatório para passar o tempo, bebendo e respondendo às perguntas ocasionais de Cinco. Contudo, os cálculos começaram a se embaralhar, confusos. A bebida já tomava conta de sua mente, e Celly, percebendo que nada de útil viria disso, parou de responder às perguntas sobre o reino quântico.

Quando as garrafas finalmente esvaziaram, Cinco esfregou os olhos, tentando, em vão, esconder o cansaço e o desconforto causado pelo calor da bebida.

Celly encostou a cabeça na parede e acabou adormecendo, a garrafa quase vazia ao seu lado. As pessoas ao redor observavam a dupla com espanto, tentando entender o que havia levado dois adolescentes a se encontrarem em tal estado deplorável.

Cada tentativa de ajuda foi rechaçada pelos xingamentos de Cinco, irritado e hostil com quem se aproximasse. Em um dado momento, ele notou que Celly dormia e, com um suspiro, decidiu se juntar a ela. Encostou a cabeça no ombro dela, os dedos deslizando gentilmente pelos cabelos sedosos enquanto se acomodava, buscando um raro momento de paz.

Diego e Luther, que já estavam à procura deles havia horas, finalmente os encontraram. O constrangimento ao ter que pedir desculpas pelo vandalismo com a caneta permanente nas paredes da biblioteca foi inevitável. Luther, mais forte, pegou Cinco, que pesava mais que Celly, enquanto Diego carregou a garota. Ambos dormiam profundamente, como anjos, e foi apenas no caminho que Cinco despertou. Ainda bêbado, com a mente enevoada, ele mal conseguia raciocinar, mas não pôde deixar de apreciar a visão tranquila de Celeste dormindo ao seu lado.

「· · • • • ⛈︎ • • • · ·」

Celeste despertou sob a luz amarelada da casa de Diego, e foi naquele momento que se deu conta de onde suas escolhas a haviam levado. Sua mente estava nublada, e a única lembrança clara era o fracasso com a prótese ocular. Tudo o mais parecia um borrão.

Sentada no sofá onde havia adormecido, seus olhos percorreram o ambiente até encontrar Cinco, que conversava com Luther. O cabelo dele, normalmente impecável, estava bagunçado, um sinal claro de que ele também havia bebido. Cinco raramente se permitia esse tipo de descuido.

As dores pelo corpo, a iluminação fraca que parecia intensa demais para seus olhos sensíveis, a dor latejante de cabeça e o som abafado da conversa entre os dois faziam seu cérebro protestar. Celeste se arrependeu amargamente de ter bebido."Onde diabos eu estava com a cabeça?", pensou, irritada consigo mesma.

— Estão falando sobre o quê? — perguntou, quebrando o silêncio. Nenhum dos dois havia notado que ela estava acordada. Cinco, com reflexos rápidos, arrastou-se para o lado, abrindo espaço no sofá para que ela se sentasse ao seu lado.

— Sobre tudo — Cinco respondeu, carregando um peso nas entrelinhas. Ela sabia exatamente sobre o que ele falava: o apocalipse. O rosto de Luther demonstrava uma profunda reflexão, claramente impactado pelas revelações.

— Quando vai acontecer o apocalipse? — Luther finalmente perguntou, a preocupação evidente na voz.

— Não posso te dar a hora exata. Mas, pelas minhas contas, temos mais quatro dias. — Cinco respondeu, cada palavra pesada como uma sentença. Celeste percebeu o tom definitivo. Se ele estava contando para os outros agora, era porque a situação era desesperadora.

— Por que não disse isso antes? — Luther perguntou, claramente frustrado.

— Pra quê? — Celly interveio com sarcasmo, um sorriso ácido se formando em seu rosto. Ela odiava a insistência de Luther em querer sempre estar certo. — Pra você dizer que estávamos malucos?

— Poderíamos ter nos juntado e ajudado a impedir-

— Pra constar, vocês já tentaram. — Cinco interrompeu, sem paciência para ver os dois começarem a discutir, como faziam com frequência. O ambiente na casa de Diego já estava suficientemente carregado.

— Como assim? — Luther franziu o cenho, a confusão estampada no rosto. Para Celeste, era óbvio. Se Cinco tinha vivido sozinho em um apocalipse, significava que sua família já havia tentado e falhado miseravelmente. Ela permaneceu em silêncio, esperando que Cinco explicasse do seu jeito.

— Eu achei todos vocês. Seus corpos... — Cinco falou com uma calma sombria, como se estivesse segurando as lágrimas. Ele parecia cuidadosamente escolher as palavras. O peso do que ele dizia caiu sobre ambos.

— Morremos? — Luther mal conseguiu acreditar.

— Terrivelmente. — Cinco respondeu sem hesitação. — Vocês estavam juntos, tentando deter quem quer que tenha causado o fim do mundo. Não adianta contar os detalhes. Isso não muda o futuro iminente.

O silêncio que se seguiu foi opressivo. O ar ficou mais pesado, carregado com a tristeza e o medo. Celeste sentia que o fim estava mais próximo do que gostaria de admitir. Desde a morte de seu pai e o retorno de Cinco, sua vida parecia ter ganhado um novo sentido. Desistir não era uma opção.

Para Luther, a revelação do apocalipse iminente foi como um golpe. Ele tentou esconder seus sentimentos, tentando ser o líder que sempre acreditou que deveria ser para os irmãos, mas o desespero estava claro em seu rosto.

— Espera, como sabe disso? — Luther perguntou, tentando processar a informação.

— Está com o olho, querida? — Cinco olhou para Celeste, que havia se perdido em seus pensamentos corrosivos. Com um sobressalto, ela tirou a prótese ocular do bolso e a entregou rapidamente. — Você estava segurando isso quando eu te achei. Deve ter arrancado da cabeça dele pouco antes de morrer.

— Da cabeça de quem? — Luther perguntou, ainda buscando respostas.

— Como eu disse, não sei.

— Tem um número de série atrás... Talvez dê para rastrear-

— Não, isso não dá em nada. — Cinco cortou, a frustração evidente.

— É só mais um pedaço de vidro — Celeste deu de ombros, amargurada. — Algo inútil que só fez a gente perder tempo-

— SEUS DESGRAÇADOS! — Diego entrou abruptamente, batendo a porta atrás de si. Ele marchou em direção a Cinco e Celeste com fúria nos olhos. A tensão no ar explodiu naquele momento. — VOCÊS TÊM IDEIA DO QUE ACABARAM DE FAZER?!

Antes que Diego pudesse avançar sobre eles, Luther o segurou firme, bloqueando seus movimentos. Diego se debatia, tomado por uma raiva feroz, os olhos brilhando de frustração e lágrimas. Ele estava além da irritação, sua ira era a resposta a um desespero profundo.

— ME SOLTA! TIRA SUAS MÃOS DE MACACO DE CIMA DE MIM! — Diego gritou, se debatendo contra o aperto firme de Luther, que o mantinha contido com calma.

— Posso te segurar o tempo que for até você se acalmar.

Resistente, Diego respirou fundo, tentando controlar o ímpeto, embora seus olhos ainda estivessem nublados de tristeza e sua respiração descompassada de raiva. Luther o soltou lentamente, e Diego, ainda tremendo de indignação, lançou um olhar intenso a Cinco, claramente querendo mais explicações.

— Agora... quer contar o que aconteceu? — Luther perguntou, esperando que, por alguma sorte, não fosse algo tão grave. Nos últimos dias, parecia que o mundo estava contra toda a família.

— Nossos irmãos têm andado bem ocupados desde que voltaram — Diego começou a falar com raiva, ainda que tentando manter a calma. — Estavam naquele tiroteio no Griddy's, depois na loja de departamentos onde a van sumiu, e então, os caras de máscara atacaram a academia, procurando por ele! — A voz dele foi ficando mais alta a cada frase, a frustração transbordando.

— E nada disso é problema seu — Cinco retrucou, impassível, ainda sentado no sofá, a calma exasperante enquanto olhava para Diego.

— Agora é. — Diego respondeu com uma amargura sufocante. — Eles mataram a minha amiga.

A atmosfera no cômodo pareceu desabar, dando lugar a um silêncio pesado de derrota. Celeste sabia que Hazel e Cha-Cha eram perigosos. Cinco havia alertado. Mas matar a amiga de Diego? Ela não conseguia imaginar o quão insanos eram, e a dor de Diego a atingiu com força. Sua boca se abriu em um gesto de surpresa, enquanto Diego olhava para Cinco com fúria, a sede de vingança queimando em seus olhos.

— Droga... — ela murmurou, levantando-se rapidamente. — Sinto muito-

— Não sente. — A resposta de Diego foi fria. Embora soubesse que Celeste não tivesse nada a ver com aquilo, ele estava consumido pela raiva. A rejeição foi imediata, deixando Celeste desconfortável. Ela se sentou de novo, respeitando o luto de Diego.

— Quem são eles, Cinco? — Luther perguntou, tentando entender a gravidade da situação.

— Eles trabalham para minha antiga empregadora. Uma mulher chamada "A Gestora". Ela os mandou para me deter. A amiga do Diego só estava no lugar errado, na hora errada. Foi presa fácil — Cinco explicou, sem esconder o peso das palavras, ainda que tentasse manter a compostura.

— E agora eles são minhas presas! Eu vou fazer eles pagarem! – Diego rugiu, deixando o cômodo em passos furiosos.

— Isso seria um erro, Diego! Eles já mataram gente muito mais perigosa que você! — Cinco gritou, tentando detê-lo com a voz enquanto ele saía. — E só para constar, a Celeste não tem culpa nisso! Ela poderia ter sido tão vítima quanto sua amiga! — Cinco continuou mais calmo, tentando alcançar Diego com a lógica. Ele parou na porta, como se estivesse processando as palavras.

— Se isso for mentira... — Diego começou, a voz fria e cortante —, quero que Celeste saiba que eu preferia que ela nunca tivesse voltado.

As palavras atingiram Celeste como um golpe. Ela ficou imóvel enquanto Diego batia a porta com força ao sair. Sentiu-se uma idiota. Será que mais uma morte seria sua culpa?

— Não ligue para o que ele disse — Luther tentou confortá-la. — Ele está com raiva. Vai se desculpar depois.

— Ele não vai — ela respondeu, amarga. Cinco, numa tentativa de acalmá-la, pousou a mão sobre a dela, desenhando círculos com o dedo. O silêncio parecia eterno, até que Luther quebrou novamente:

— Antiga empregadora, Cinco? Me explica isso, e não venha com essa de que não é problema meu, tá legal?! — Luther exigiu, sem disfarçar a frustração.

— Ah, é uma longa história — Cinco começou, lançando um olhar para Celeste. — Eles me transformaram num instrumento perfeito para a reabilitação do contínuo temporal. Ou correções, como eles chamavam. Eu não era o único. Tem outros como eu. Seres fora do tempo, fragmentados, extraídos das vidas que já tiveram. Nenhum deles era tão bom quanto eu, e eles nem perceberam que eu estava usando meu tempo para descobrir a equação certa para voltar. Se eu conseguisse voltar, sabia que poderia impedir o apocalipse e salvar o mundo. Aí eu quebrei meu contrato. Voltei para vocês — Cinco olhou para ela. Cada palavra mais densa que a anterior.

— Então você era um assassino? — Celeste perguntou, a voz quase um sussurro, carregada de um misto de tristeza e entendimento. Ambos haviam sido corrompidos de formas diferentes. Nenhum deles saiu ileso.

— Era — Cinco respondeu, desviando o olhar, a vergonha o sufocando. Ele parecia carregar um arrependimento profundo, um medo de que Celeste não o aceitasse mais.

Ela percebeu seu medo de ser julgado, mas também sabia, no fundo, que o compreendia perfeitamente. Nenhum dos dois tinha orgulho do que havia feito, e ela tinha certeza de que Cinco também não gostava do que havia se tornado.

— Mas você tinha códigos, certo? Não matava qualquer um — Luther insistiu, ainda buscando alguma redenção para o irmão.

— Não havia códigos. Eliminávamos qualquer um que alterasse a linha do tempo — Cinco respondeu, firme.

— E as pessoas inocentes? — Luther rebateu, incrédulo, focando nos piores aspectos da situação. Celeste sentiu a raiva subir.

— Era o jeito que eu tinha para voltar.

— Mas é crime!

— Caramba, Luther, vê se cresce! — Celeste explodiu. — Como você não consegue perceber que a forma que o papai nos criou também é crime? Todos temos traumas da nossa infância até hoje. Ele prendeu o Klaus em um cemitério, abusou do psicológico dele. Com Vanya? Vivia dizendo que ela não era nada. E eles não eram os únicos. Todos nós sofremos de alguma forma. Você só consegue reparar nos erros dos outros pois não foi você que passou por eles-

— Ele nem era tão ruim com você. Só falava sem pensar — Luther respondeu, a voz ficando áspera, irritado com as defesas de Celeste.

— Falava sem pensar? — ela repetiu com desprezo. — Sério, Luther, você se diz o Número Um, o líder. Então, faça o trabalho direito. — A voz dela aumentou, mesmo que estivesse se esforçando para não gritar. — Eu era uma de vocês. Vivi minha vida inteira tentando ser digna de algum orgulho daquele velho idiota. Fiz coisas que não queria, só para ganhar um "estou orgulhoso" dele. Ele não falava sem pensar. Ele tinha consciência disso. Não era uma criança. Era um velho inteligente, que sabia o que falava. Que fez eu acreditar em cada atrocidade que me contou. Ele sabia exatamente o que estava fazendo. Não era inocente. Ele manipulava todos nós.

Cinco, tentando acalmá-la, colocou a mão nas costas dela. O silêncio tomou conta do ambiente enquanto ela recuperava o fôlego.

— Me diz, Luther, se o papai te mandasse de novo para a lua, você iria? — Celeste perguntou, desafiando-o.

Luther hesitou por um instante, mas respondeu com firmeza:

— Eu faria o que fosse necessário. Sou fiel a ele.

— Parabéns. Fiel a um cara que proporcionou ótimos traumas aos seus irmãos. Fiel a um cara que me manipulou para que eu fosse algo que nunca desejei ser. Nunca tive orgulho ou prazer no que eu fazia. Então, por favor, não fique agindo como se eu tivesse feito novamente. As pessoas crescem, só isso. Eu não o chamo de forma carinhosa pois ele nunca me chamou também. Não nos dava nomes. Nos dava números. Nos tratava como nada. Então, o mínimo que posso fazer é tratá-lo da mesma forma. Não espere carinho vindo de mim. — A dor nas palavras de Celeste era palpável, e mesmo Luther, com toda sua teimosia, parecia começar a entender.

— Nós não somos mais crianças, Luther. Não existe mais essa coisa de mocinhos e vilões. São só pessoas tentando sobreviver. Mas quando o mundo acabar, todos vão morrer. Incluindo a nossa família. O tempo muda tudo — Cinco concluiu, com um peso silencioso em suas palavras.

「· · • • • ⛈︎ • • • · ·」

Após a conversa com Luther, os três irmãos decidiram ir à academia para comer algo. Luther até cogitou pegar algumas coisas da geladeira de Diego, mas, lembrando da frustração anterior do irmão, resolveram evitar complicações. Quando passaram pelas enormes portas de entrada, Celly sentiu um desconforto. Olhou ao redor, notando a ausência de Grace. Estava prestes a ir para a cozinha, mas algo a fez subir alguns andares. Ela já sabia do ataque à Academia através de Luther, que mencionou após Diego descarregar sua raiva.

Parada na escada, Cinco a chamou:

— Celly?

Ela o olhou, esperando que ele continuasse.

— Quer que eu prepare algo para você?

— Só um café, por favor — respondeu, com um sorriso fechado de agradecimento. No mesmo instante, o garoto se afastou, indo em direção à cozinha.

Celly continuou subindo os degraus. Cada irmão seguiu para um canto da casa: Cinco na cozinha, Luther na sala, e ela, vagando sem rumo. A casa estava estranhamente suja e empoeirada, o que a fez estranhar, já que Grace costumava limpá-la constantemente, mesmo sem que pedissem.

O ambiente estava envolto em um silêncio inquietante. Havia uma tensão no ar que ela não conseguia nomear. Estava tão distraída que só percebeu que pisava em algo pegajoso quando seus sapatos começaram a grudar no chão. Sangue.

— Mas que... — murmurou, franzindo o cenho. Observou as marcas de sangue que se estendiam pelo corredor, levando até o banheiro. Caminhou com cautela, espiando dentro da porta, mas o local estava vazio. — Alguém? — chamou, esperando uma resposta, mas foi recebida pelo silêncio. Uma sensação crescente de preocupação tomou conta dela.

Ela atravessou o corredor, sujando ainda mais o piso com os sapatos manchados, e chegou aos dormitórios. O som de resmungos a fez soltar um suspiro de alívio. Finalmente, não estava sozinha.

Klaus estava lá, com uma expressão exausta. Tinha acabado de sair do banho, o cabelo ainda molhado entregava. Seu corpo estava coberto de arranhões, e suas olheiras eram profundas, muito mais do que o habitual. Enquanto colocava a camiseta de forma desleixada, suas tatuagens chamavam atenção. Algo nele parecia diferente, sombrio. Ela se aproximou lentamente, preocupada com todo o sangue que ele havia deixado pelo caminho.

— Ei, você tá bem? — perguntou, parando na porta e observando-o alongar os braços.

— Ah... oi. — Klaus respondeu, sem sorrisos, sem emoção. Sua indiferença só aumentou a preocupação de Celly. — Tô sim.

— Não parece — retrucou. Ele soltou um suspiro pesado, como se até falar fosse um esforço. — Onde você se machucou? Tem sangue por todo o corredor do banheiro.

— Não importa... — Ele rebateu, a voz carregada de desdém. — Só tive uma noite longa.

Cinco apareceu de repente, assustando-a ao puxá-la pela cintura, colocando-se ao lado dela na porta. Ele estendeu uma xícara de café.

— Sem açúcar, do jeito que você gosta. Eu cuidei para não fazer muito quente. Acho que está bom, pode tomar sem se queimar — avisou. Ela agradeceu em silêncio, surpresa e feliz pelo cuidado com os detalhes. Enquanto saboreava o café, Cinco logo entrou na conversa.

— Parece que não foi só uma noite longa. — Ele comentou, o olhar astuto. — Nem lembrava da chapa de identificação.

Celly, que normalmente era atenta, não tinha notado o detalhe. Franziu o cenho ao ver a chapa prateada e brilhante sob a regata de Klaus. Ele tinha estado no exército? Como...?

— Eram de um amigo meu — Klaus deu de ombros.

— E essa tatuagem nova? — Cinco perguntou, curioso.

— Sabe, nem me lembro direito quando fiz — respondeu Klaus, forçando um sorriso, tentando disfarçar. — Como eu disse, foi uma noite longa...

— Você tá mentindo. — Celeste afirmou, o tom direto. Klaus suspirou, derrotado. — Você é péssimo nisso.

— Fez aquilo, não fez? — Cinco perguntou, um sorriso nos lábios, como se estivesse animado por compartilhar algo em comum.

— Do que tá falando?

— Eu reconheço os sintomas, Klaus — Cinco retrucou, com um ar de quem sabia mais do que queria admitir, enquanto andava pelo quarto de forma quase predatória.

— Sintomas de quê?

— Atordoamento, coceira pelo corpo... dor de cabeça, como se alguém tivesse enfiado uma bola de algodão no seu nariz, atravessando seu cérebro — descreveu. Celly percebeu que Klaus sabia exatamente do que ele estava falando, mas parecia relutante em conectar os pontos. — Vai me contar como foi?

— Seus amigos invadiram a Academia e não encontraram você nem a Celeste — explicou Klaus, com a voz pesada de frustração. — Me levaram como refém no lugar.

— E em troca você roubou a maleta deles... — Cinco concluiu, um sorriso de incredulidade surgindo em seu rosto.

Quando Celly finalmente compreendeu a gravidade da situação, sua mente foi direto aos assassinos Hazel e Cha-Cha, que Cinco mencionara, e à invasão que Luther havia citado.

— Maleta? Que amigos, Cinco? Hazel e Cha-Cha?

— É, eles mesmos. Me surpreende ele ainda estar vivo — Cinco respondeu, o sorriso desaparecendo de seu rosto. As palavras dele mexeram profundamente com Celly. Ela não podia imaginar perder Cinco. — A maleta pode te fazer viajar no tempo — concluiu o garoto, direto.

— Que merda...

— Eu achei que tinha dinheiro lá dentro ou algo que desse para penhorar, sabe? Enfim, eu abri — Klaus explicou, com uma calma desconcertante.

— E quando você percebeu... estava em que época? — Celly perguntou, saindo do batente da porta e deixando a xícara vazia sobre a escrivaninha.

A essa altura, Cinco andava de um lado para o outro, o corpo inquieto, como se a ansiedade estivesse prestes a explodir. Ele precisava de respostas, e rápido. Se conseguissem a maleta, poderia haver uma chance de barganhar. Seu cérebro já estava formulando um plano, maquinando a todo vapor.

— Que diferença faz? — Klaus perguntou, sem se importar.

— Que dif... — Cinco respirou fundo, controlando a irritação que começava a fervilhar, e reformulou. — Quanto tempo você ficou lá?

— Quase um ano.

Celly arregalou os olhos, o choque estampado em seu rosto. "Puta merda. Klaus é mais velho que eu agora", pensou, tentando processar a informação.

— Um ano?! — ela repetiu, incrédula.

— Isso aí.

— Sabe o que isso significa, idiota?! — Cinco perguntou, a frustração crescendo visivelmente.

— Sim! Tô dez meses mais velho — Klaus sorriu, como se a resposta fosse óbvia. Mas claramente não era isso o que Cinco esperava.

— Não, isso não é uma piada, Klaus — Cinco interferiu, a tensão na voz palpável. Celly se endireitou, envergonhada por ter pensado o mesmo que Klaus. — Hazel e Cha-Cha vão fazer de tudo para pegar a maleta de volta. Onde ela está agora? — Cinco perguntou, a preocupação transformando-se em urgência.

— Já era! Eu destruí — Klaus deu de ombros, com um sorriso indiferente. — Puf!

— Onde é que você tava com a cabeça?! — Cinco explodiu, sua voz crescendo de volume. Celly sentiu o pânico crescer, sabendo que Klaus era sensível a confrontos.

— Por que se importa?! — Klaus rebateu, irritado.

— Por que me importo?! Eu precisava dela, imbecil! — Cinco gritou, a frustração transbordando.

— Já chega, Cinco — Celly interveio, se aproximando rapidamente e puxando o braço de Cinco. Ele hesitou, mas acabou a acompanhando. — Vem. Deixa ele em paz.

— Isso. Obrigado — Klaus disse, aliviado. — Acabou o interrogatório.

Celly puxou Cinco para fora do quarto, enquanto ele ainda resmungava sobre o quão incompetente a família podia ser. Assim que saíram e estavam um pouco mais distantes, eles pararam de andar.

— … porque ele não pensa antes de fazer as coisas e acaba-

— Tudo bem! — ela interrompeu, impaciente. — Você reclamando tanto dos nossos irmãos tá me dando dor de cabeça.

— Isso é culpa da bebida que você me influenciou a tomar — ele retrucou, irritado, já que tinha muitos motivos para isso. Ela se divertiu com a irritação dele. Um sorriso se formou em seus lábios enquanto cruzava os braços, encarando-o.

— Ah, agora a culpa é minha? Pelo que eu saiba, você é mais velho que eu. A responsabilidade deveria ser sua.

Ele soltou um suspiro exagerado, cruzando os braços e desviando o olhar, claramente frustrado.

— É, quando tô perto de você, faço coisas impulsivas. Não consigo me controlar... só faço coisas por você que… não faria por mais ninguém.

— Eu tenho esse poder — ela respondeu convencida, com um dar de ombros. — E já que estamos nesse assunto, gostaria que parasse de reclamar do Klaus. Cale a boca.

Cinco olhou para ela, surpreso e incrédulo. Por um momento, Celly achou que ele tivesse se magoado, até ver o famoso sorriso sarcástico surgir em seus lábios.

— Ah é? E se eu não calar?

— Posso calar você — ela sugeriu, com um sorriso malicioso. Já sabia que ele encontraria uma forma de retrucar.

— Vai me dar um soco ou um beijo?

— Depende se você for um bom garoto — ela provocou. Ele umedeceu os lábios, ajeitando a postura. Sua respiração acelerou levemente com a provocação dela.

— Tudo bem. O que eu faço pra ganhar a segunda opção? — Cinco perguntou, invertendo as respostas maliciosas. "Opa, o jogo virou de repente, e a provocadora acabou sendo provocada", pensou. Celly sentiu suas bochechas queimarem, e sua postura desmoronou.

— A-ah... — ela gaguejou, tentando se recompor. — Pode salvar o mundo.

Ele estreitou os olhos, como se de repente algo dentro dele tivesse sido renovado. Toda a falta de esperança que antes o consumia parecia dar lugar a uma energia nova.

— Feito — Cinco disse, confiante. — Tenho uma ideia para impedir o apocalipse.

— Já? — Celly perguntou, surpresa com a determinação repentina. Ela começou a repensar a própria provocação. "Por que estou sendo tão impulsiva?", pensou, lembrando da promessa de não se envolver.

— Sim, e agora é diferente. Klaus pode ter mudado a linha do tempo, mesmo sem querer. Ele pode ter nos ajudado a encontrar alvos?

— Alvos?

— Pessoas que podem impedir o apocalipse.

— Você vai... matar essas pessoas?

— Se eu reduzir esse número a pelo menos cinco... sim.

Celly suspirou profundamente, concordando com um aceno. Era um plano brutal, mas se desse certo, talvez finalmente pudessem descansar.

「· · • • • ⛈︎ • • • · ·」

Enquanto Cinco fazia cálculos freneticamente nas paredes de seu quarto, Celeste decidiu que precisava de um banho. Ainda carregava os resquícios da explosão do dia anterior, e a sensação de sujeira começava a incomodá-la. Desceu as escadas em direção aos banheiros inferiores, mas ao chegar na sala, parou subitamente.

A cena à sua frente a atingiu como um soco: Pogo estava cuidadosamente remendando o braço de Grace, que estava completamente desligada. Seus olhos, geralmente vibrantes e acolhedores, estavam apagados, sem vida. Grace nunca fora realmente humana, mas vê-la assim, inerte, trouxe a Celly uma sensação de terror profundo, como se algo essencial estivesse faltando.

— Pogo? O que aconteceu com a mamãe? — Celly perguntou, sua voz mal saindo. Desceu o último degrau devagar, ainda processando o que via.

Pogo olhou para ela, um misto de tristeza e preocupação em seus olhos.

— Não te contaram, senhorita Celly? — ele perguntou suavemente. Ao vê-la balançar a cabeça, ainda encarando Grace com uma expressão de descrença, ele suspirou pesadamente e largou as ferramentas. Sua frustração era palpável. — Na noite em que invadiram a academia, Grace foi desligada. Eu já recuperei seus cabos, mas... não sei se a energia voltará a fluir — explicou, a voz carregada de uma tristeza que ele não conseguia esconder.

Celly mal conseguiu absorver as palavras. Seu peito apertou de forma quase insuportável. A mãe que sempre a cuidara, que sempre fora uma presença constante de carinho, estava ali, desligada, e ninguém havia dito nada.

— Não... não me contaram... — ela murmurou, a voz falhando enquanto lutava contra as lágrimas. Tentava manter a compostura, mas a tristeza a envolvia como uma onda.

Pogo a observou em silêncio, compreendendo a dor que ela sentia. Ele sabia o quanto Grace significava para ela. Enquanto Reginald Hargreeves a criticava impiedosamente, Grace era quem a incentivava, sempre dizendo que ela só precisava tentar mais um pouco. A diferença entre os dois era imensa, e a perda de Grace a atingia de uma forma que a morte de Reginald nunca conseguiu.

— Eu sinto muito — Pogo disse, sua voz baixa e gentil. — Mas ela ficará bem — tentou sorrir, com seus dentes amarelados, em um esforço para confortá-la. — Seu pai não me ensinou muito sobre robótica, mas acho que consigo lidar com isso.

— Posso... posso te ajudar, se precisar — Celly se ofereceu prontamente. Não entendia muito de consertos, mas seu poder envolvia eletricidade. Talvez pudesse ser útil de alguma forma.

— Não será necessário — Pogo a tranquilizou. Ele voltou a pegar suas ferramentas, com um toque cuidadoso, quase reverente, no braço de Grace. — Estou progredindo. Tenho fé de que Grace estará de pé novamente ainda hoje.

Celly suspirou, tentando acreditar nas palavras dele. Seus olhos ainda estavam marejados, mas havia uma pequena faísca de esperança. Ver Grace assim era doloroso, mas Pogo parecia confiante, determinado a trazê-la de volta.

— Muito obrigada, Pogo — murmurou com gratidão. Seu coração se apertava, mas ela sentia que podia confiar no chimpanzé. Ele sempre fora a voz de razão naquela casa.

Descendo o restante das escadas, ela se afastou, confiando que Pogo cumpriria sua promessa. O peso da situação ainda pairava sobre ela, mas a fé que ele transmitira a ajudava a manter-se firme.

Ninguém soube ao certo o que aconteceu depois, mas quando Pogo finalmente conseguiu restaurar Grace, algo nela havia mudado. Ela lembrava claramente da noite em que Reginald Hargreeves foi assassinado. Pogo a aconselhou a guardar esse segredo, e agora, com suas funções restauradas, ela se tornava uma peça crucial no enigmático jogo que o velho havia deixado para trás. A morte de Reginald era mais que um mistério; era um quebra-cabeça que uniria todos novamente, conforme ele havia planejado.

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revisão concluída ☑️ 💚

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