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𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐍𝐈𝐍𝐄

𝐂𝐇𝐀𝐎𝐒 𝐀𝐓 𝐖𝐎𝐑𝐊

⛈︎彡𝐂𝐨𝐦𝐢𝐬𝐬𝐚̃𝐨, 1955.

Enquanto o garoto trabalhava concentrado em seu plano, Dot não parava de falar atrás dele, enchendo o ambiente com sua voz incansável. Ela não ficava quieta nem por um minuto, e ele já estava arrependido de ter seguido a ideia da melhor amiga, mesmo que, com sorte, tudo pudesse dar certo. Mas a tagarelice constante já estava lhe tirando do sério.

— Cinco? — Dot o chamou com um sorriso nos lábios.

— Eu preciso de silêncio absoluto pra terminar isso aqui — respondeu friamente, sem sequer olhar para ela, enquanto pegava um pedaço de papel e começava a enrolá-lo. Estava exausto, e sua paciência já estava no limite.

— Ah... tá legal. A gente está saindo pra almoçar e eu queria saber se você... — Dot tentou continuar, mas Cinco pigarreou, deixando claro que queria que ela se calasse. — Você está ocupado — concluiu, meio sem jeito.

Com o papel enrolado em mãos, Cinco o colocou dentro de uma cápsula, finalizando sua pesquisa. Levantou-se sem dizer nada e saiu da sala, caminhando pelos corredores com cuidado, atento a cada detalhe. Quando teve certeza de que o caminho estava livre, entrou na sala destinada ao envio de mensagens para os assassinos temporais.

Os tubos pneumáticos dominavam a parede à sua frente, enquanto luzes vermelhas e azuis piscavam, emanadas dos painéis de controle. Ele passou os olhos pelos tubos, procurando o correto para enviar sua mensagem. Abriu a tampa, pronto para depositar o objeto, mas uma voz atrás dele o interrompeu.

— Isso não faz parte do procedimento — disse a gestora, com um tom de desconfiança que o fez parar. A idosa que cuidava do local, com seus cabelos brancos e roupas elegantes, olhou curiosa.

— Cinco, conheça a Glória. Glória é talvez a engrenagem mais importante da nossa máquina. Glória, este é o Número Cinco — a gestora os apresentou, enquanto tomava os papéis das mãos de Cinco de forma casual, como se quisesse inspecionar o que ele havia descoberto, garantindo que não havia traição.

— Olha só você... uma coisinha letal — comentou Glória, surpresa, mas com um sorriso satisfeito. — Fico feliz que decidimos cancelar o contrato pela sua vida — disse, rindo levemente.

— Sua reputação o precede, Cinco, e está alcançando você — a gestora comentou, enquanto lia o que ele havia solucionado. Um leve sorriso se formou em seus lábios, um misto de alívio e aprovação. — Ah, Karl Webber.

Cinco sorriu, cansado, mas satisfeito com o reconhecimento. Resolver aquilo tinha dado trabalho, especialmente com Dot falando sem parar atrás dele.

— Agora me diz, por que o pobre do Karl?

— Karl Webber é o açougueiro na loja onde o capitão Ernest compra sua carne assada. Se Karl morrer, o açougue passa para o filho, Otto, que... bem, nunca lava as mãos, o que é, no mínimo, nojento — Cinco explicou, arrancando uma careta de nojo de Glória.

— Ah, então é ele quem fornece carne pro capitão! — completou a gestora.

— Que dá ao capitão uma bela intoxicação alimentar.

— Que o faz se atrasar para o trabalho... o que, por sua vez, atrasa a decolagem — concluiu a gestora, sorrindo com um ar de aprovação, como se já esperasse que Cinco tivesse desvendado tudo. Parecia até orgulhosa, como se o fato de ele estar ali fosse um troféu pessoal.

— E para compensar o tempo perdido, o capitão voa em direção a uma frente de ar com alta carga elétrica e umidade.

— A eletricidade estática na aeronave a transforma em um barril de pólvora. O pequeno motor solta uma faísca.

— E aí, nós temos... — Cinco fez um gesto com a mão, simulando a queda de uma aeronave — ...puf!

Glória riu, imitando o som com entusiasmo: "Puf!".

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⛈︎彡𝐔𝐦𝐛𝐫𝐞𝐥𝐥𝐚 𝐀𝐜𝐚𝐝𝐞𝐦𝐲, 𝐝𝐢𝐚𝐬 𝐚𝐭𝐮𝐚𝐢𝐬.

— Você sabia disso, Pogo? — Celly perguntou com firmeza, o olhar cravado no chimpanzé. — Por que não me contou? O que é isso? — Suas mãos tremiam enquanto segurava a foto de Hale, e as lágrimas escorriam sem controle por seu rosto. Ela se levantou do chão, encarando Pogo diretamente, a dor evidente em cada gesto.

— Seu pai tinha muitos segredos... — Pogo tentou se defender, sua voz hesitante.

— Mas você sabia! Quem é Celeste Hale? — Celly insistiu, mas Pogo permaneceu em silêncio, sem nem pigarrear. — ME RESPONDE, POGO! — ela gritou, a raiva crescendo, e faíscas de eletricidade começaram a correr por seus dedos. A idade dele já não importava, só a traição que sentia.

O olhar de Pogo transparecia medo. A luz emitida pela eletricidade de Celly iluminava a sala, criando sombras intensas nas paredes. Ele sabia que tinha sido traído pela segunda pessoa em quem mais confiava, alguém que sempre cuidou dela, que tentou impedi-la de deixar a Academia, que comprava seus diários quando eles acabavam e repassava despretensiosamente as opiniões dos filhos para Reginald, na esperança de que ele melhorasse como pai. Agora, ali estava ele, de olhos baixos, agarrado com mais força à bengala, carregando o peso da culpa.

— Era 1963 — ele começou, a voz trêmula. — Eu ainda era um filhote. Mas cresci ao lado dela... — Ele sussurrou, as lembranças da garota lhe apertando o coração. — Ela a adotou após um incidente... era a filha dele. Ele a amava muito, Celly. Mas... acho que ela não resistiu.

— Como assim, não resistiu? Do que você está falando? — Celly questionou, fria, sem qualquer compaixão. A eletricidade em seus dedos só aumentava, pronta para o confronto.

— Ele... ele quis concluir um plano. E usou ela para isso. Mas ia trazê-la de volta. Não era para matá-la. Só que... ela não voltou mais. Ela foi, e não voltou.

— E ele não a procurou? — Celly insistiu, a raiva em sua voz cortando o ar.

— Não tinha como — respondeu Pogo, com sinceridade. Sentia o peso de sua promessa a Reginald, o juramento que o prendia a tantos segredos. De todo o coração, ele nunca quis que Celly descobrisse sua origem assim.

— E o que sou eu? — A pergunta dela foi carregada de dor e incredulidade. Suas sobrancelhas franzidas, sua postura rígida, à beira do colapso emocional. Estava disposta a ir até o fim, mesmo que tivesse que acabar com Pogo.

— Você é uma cópia — Pogo admitiu, finalmente. — Ele não aguentou viver com a culpa de ter perdido tudo. Então trouxe Hale de volta. Mas é claro que ele nunca te tratou como tratava ela.

— Por quê? — Agora as lágrimas escorriam silenciosas, a eletricidade em seus dedos enfraquecendo, à medida que a verdade a dilacerava.

— Porque ele amava o poder dela... ao menos, essa é a minha opinião — Pogo respondeu, a voz embargada. — Ela era forte, Celly. E você tem muito potencial para ser tão forte quanto. Mas ainda precisa desenvolver seus poderes. — Ele explicou, suas mãos trêmulas, as pernas fraquejando sob o peso de tudo aquilo. — Eu sinto muito que seu pai tenha te tratado dessa forma...

— Ficou feliz quando eu fui embora? Sabia que era exatamente isso que ele queria, que eu me culpasse. Nem sequer fez o esforço de dizer que ele estava errado. Acha que eu era culpada?

— Não — Pogo franziu o cenho, a sinceridade em sua voz era palpável. — Jamais te culpei pela ida de Cinco, Celeste. Nunca. Confie em mim, eu... eu tentei. Mas fui fraco. Tive medo de decepcionar seu pai. — Ele confessou, com uma honestidade que não podia mais esconder.

A eletricidade nos dedos de Celly desapareceu por completo, mas a dor permaneceu, uma dor que atravessava seus sentimentos e a esmagava. Saber que talvez fosse, de alguma forma, sua culpa era insuportável. "Se eu tivesse agido certo, Cinco não teria ido embora. Minha vida seria completamente diferente".

Mas seus poderes eram mais profundos do que ela imaginava. A magia que a preenchia, a mesma que dava habilidades aos Hargreeves, era o que Reginald havia espalhado no universo para realizar seu plano. Ele amava Hale porque se enxergava nela, via nela um reflexo de seu passado, de Abigail. Ele se agarrou tanto a isso que acabou roubando tudo de Celeste. Tudo.

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⛈︎彡𝐂𝐨𝐦𝐢𝐬𝐬𝐚̃𝐨, 1955.

— Tenho certeza de que todos vocês ouviram que o senhor Cinco provou ser tão hábil com a caneta quanto é com a espada — anunciou a gestora ao entrar na sala onde Cinco ainda estava, revisando suas pesquisas. Ela deu um leve tapinha nas costas dele, que se sentou novamente, tentando esconder a irritação com tantos elogios. A princípio, gostava de ser elogiado, mas agora sua cabeça começava a latejar com o excesso. — Que os esforços dele sirvam de inspiração para todos vocês. Herb, há quanto tempo você está trabalhando na Lusitânia?

— Ah... bem, vejamos. Eu... foi...

— Como?

— Foi na... daí tinha...

— Desculpe, não estou ouvindo...

— Tinha um... — Herb tentava responder, mas foi interrompido pelo som de um sino que ecoou dentro da Comissão, deixando-o ainda mais desconcertado quando todos o ignoraram por causa do horário de descanso.

Com o toque do sino, todos os trabalhadores se levantaram e saíram para o almoço. Cinco, agora sozinho na sala, aproveitou o momento. Rapidamente, ele pegou a pesquisa de Dot e a escondeu sob as roupas, tentando agir discretamente. Andar pelos corredores com aquelas folhas enfiadas em sua roupa era desconfortável; pareciam querer escapar a qualquer momento.

Ele se dirigiu ao banheiro para ler o documento com mais privacidade. Abriu a pasta e passou os olhos pelas anotações, procurando alguma informação útil. Mas então, o inconfundível som dos saltos altos da gestora ressoou, ecoando no chão de mármore. Ele bufou, incrédulo.

— Merda — murmurou baixinho. "Essa desgraçada tá me seguindo agora?!", pensou, incrédulo.

— Como está sendo o seu primeiro dia, Cinco? — perguntou a gestora, a voz suave e delicada, sempre com aquele tom simpático que fazia Cinco revirar os olhos.

— Tá uma maravilha! — ele debochou, ainda dentro da cabine, sem que ela o visse.

— Que bom ouvir isso! — respondeu ela, enquanto começava a tirar a saia. O som constrangedor de suas necessidades foi acompanhado por uma tentativa de escarrar, o que fez Cinco fazer uma careta de puro nojo. — Queimei o céu da boca...

Na cabine ao lado, Cinco tentava com todo o cuidado guardar a pesquisa de volta, sem fazer barulho. Mas a mulher simplesmente não parava de falar. Ele se perguntava o que tinha feito para merecer aquela situação.

— ...queimadura no palato duro, aquela parte que ajuda a empurrar a comida pro esôfago. Estou numa dieta líquida há dois dias, por isso essa maratona de idas ao banheiro. Uma engrenagem defeituosa e o corpo inteiro não funciona como deveria — continuou, agora pegando papel para se limpar. — Aqui na Comissão, nós valorizamos a integridade. Acima de tudo. Confiança é essencial e é construída ao longo do tempo. Mas, em caso de violação, agimos prontamente e sem piedade. Essa eficiência, tenho certeza, é algo que você, mais do que ninguém, valoriza, Número Cinco — disse ela, dando descarga e saindo da cabine, seus saltos ecoando mais uma vez. — Estou ficando com fome... você já almoçou?

— Ainda não — respondeu Cinco, tentando esconder o desconforto.

— Ótimo! — exclamou ela, enquanto lavava as mãos. — Que tal almoçar comigo no meu escritório? Você pode comer comida sólida, e eu... — Ela se aproximou da cabine, ficando na ponta dos pés para tentar espiar Cinco. Ele sentiu o estômago revirar com a invasão de espaço. "Que tipo de intimidade é essa?!", pensou, incomodado. — …posso viver indiretamente através de você.

— Ah... ótima ideia — respondeu ele com um sorriso forçado, o máximo de falsidade possível transparecendo em sua expressão.

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— ... e foi aí que Phill determinou que o arquiduque tinha que morrer — explicou a gestora, tomando um gole de sua bebida pelo canudinho. — Quer sobremesa?

— Eu comi um bolinho estragado no apocalipse uma vez. — Cinco respondeu com amargura. — Enjoei de sobremesa.

— Por favor. Me satisfaça — pediu ela, aproximando um refratário cheio de balas de caramelo na direção de Cinco.

Ele resistiu por um momento, mas acabou pegando uma bala, enquanto a gestora acendia o charuto com seu isqueiro, tranquila. A cena parecia confortável, quase amigável, para quem visse de fora. No entanto, Cinco não podia deixar de sentir repulsa por aquele jogo que ela insistia em jogar.

— Tem gosto de quê, pra você? — ela perguntou, com um tom de malícia na voz, esperando surpreendê-lo.

— Anos 50...

— Exatamente! — Ela sorriu, animada. — Nosso departamento de metafísica conseguiu condensar perfeitamente uma década em um único doce. Esse aqui foi modelado a partir de uma bala de caramelo — explicou, sorrindo, segurando uma das balas. — A favorita da América em 55.

— Impressionante — Cinco respondeu com indiferença, mas seus olhos ficaram fixos no pacotinho vermelho em suas mãos.

— Ah, você vai gostar de saber: é o mesmo departamento que desenvolveu a tecnologia para impedir a redução de idade pelo poder. Ou seja, o dispositivo que vai ajudar a garotinha repugnante…

— Ela tem nome — Cinco interrompeu bruscamente. O ar de conforto da gestora desapareceu instantaneamente. Ela se ajeitou na cadeira, visivelmente desconcertada. — E ela está bem longe de ser repugnante.

— Oh... claro — disse ela, sorrindo de forma constrangida. Deu uma longa tragada no charuto, o silêncio pesado enquanto ela olhava pelas altas janelas ensolaradas. — Sabe, Cinco... — começou, sua voz hesitante. — São poucas as pessoas que fariam o que você faz por aquela... por Celeste — corrigiu-se com um sorriso cínico.

Cinco resmungou mentalmente. "Ela sempre acha um jeito de puxar meu saco?".

— E daí? — Ele perguntou, a voz carregada de ironia. A gestora devolveu um sorriso traiçoeiro.

— E daí que... valorizamos isso em você — disse, brincando com as balas no refratário. — Tenho uma curiosidade. Você, sendo quem é... obcecado por ela, deve saber responder.

— Isso não cabe a mim — Cinco cortou, sabendo que qualquer palavra a mais poderia colocar Celeste em perigo.

— Não, não! Acho que você entendeu errado, querido.

— Meu nome é Cinco — ele corrigiu, ríspido. A gestora suspirou.

— Cinco… precisamos estabelecer uma relação de confiança — ela afirmou, seus olhos fixos nele. — Que tal?

— Por quê?

— Porque estamos aqui, juntos novamente. Você pretende nos trair?

— Não — ele mentiu, escondendo o desprezo que sentia. "É exatamente pra isso que estou aqui, sua otária", pensou.

— Então, não precisa ter medo de se abrir com a Comissão. Você não está mais sozinho. Perdoamos a quebra de contrato, tiramos você do apocalipse…

— Eu nunca pedi pra ser tirado de lá.

— Mas aceitou quando fiz a proposta — rebateu a gestora com simplicidade, vendo-o desviar o olhar, irritado. — Quero saber... o que Celeste é para você? Por que ela é tão importante?

Cinco quase riu na cara dela. "Essa mulher é completamente maluca". Ele cruzou os braços, encarando-a com seriedade, mas por dentro, divertia-se com a curiosidade dela.

— Quer mesmo que eu responda? — Ele perguntou. Ela ficou em silêncio, esperando, enquanto tragava o charuto. — Celeste é importante porque... é o meu primeiro amor — respondeu com indiferença, dando de ombros. — É a pessoa que se culpa por eu ter ido embora. Que carrega o fardo dos outros. O tipo de pessoa que perdoa brevemente quando alguém erra com ela, mesmo que fique remoendo depois… e… e eu acho isso hilário. Quando está se esforçando, faz um coque desajeitado... e, de repente, parece que tudo começa a fazer sentido pra ela. Ela é a mulher que lê até de madrugada se necessário, quando não tem tempo. Que se doa pelos outros sem pedir nada em troca. — Seus olhos brilhavam, embora sua voz permanecesse séria. — Ela me fez gostar de mim mesmo. Me fez confiante. Fez eu me render completamente a ela sem intenção. Ela… é a mulher que eu amo. A pessoa que eu não escolhi amar, com medo de estaragar tudo, mas que… eu amo completamente.

A gestora sorriu, satisfeita, como se Cinco tivesse dito exatamente o que ela queria ouvir. Ele, por outro lado, sentiu-se um completo idiota. "Que merda eu fiz?!". Pensar que havia falado tanto sobre Celeste... agora tudo parecia perigoso. Eles podiam usar isso contra ele, talvez até irem atrás dela.

— Você é surpreendente — elogiou a gestora, girando na cadeira, imersa em seus pensamentos e charuto. — Ah! Falando nisso, tenho algo pra você! — falou, apertando o interfone. — Carla?

— Sim?

— Traga a caixa, por favor.

— Já estou levando!

Não demorou muito para uma mulher com cabelos enrolados, no estilo dos anos 60, entrar com uma grande caixa branca. Ela a colocou sobre a mesa e saiu. Cinco se levantou, curioso, enquanto a gestora abria a caixa, revelando o uniforme típico dos agentes da Comissão.

— As roupas fazem o homem, Cinco. Não vai ser ótimo usá-las em breve? Estão aperfeiçoando o dispositivo de Celeste enquanto falamos.

— Obrigado — ele respondeu, tocando o tecido macio, mas o coração acelerado. Sentia-se aflito. Havia falado demais.

Cinco não queria estar ali. Nunca quis. Tudo o que queria era voltar para Celly. Só isso. Mas, antes, precisava concluir seu plano... e rezava para que desse tempo de voltar para casa.

— Muita gentileza sua — Cinco agradeceu, mas seu tom mostrava tédio. Ele fechou a caixa enquanto a gestora se apoiava na mesa, sorrindo, satisfeita. — Aquilo é um lança-chamas chinês? — perguntou, apontando para o arsenal de armas expostas na parede. Estava desesperado por mudar de assunto.

— Que visão! — ela elogiou, mal contendo o entusiasmo.

Curioso, Cinco se aproximou das armas, realmente intrigado com a coleção.

— A guerra é um conceito fascinante — comentou a gestora, caminhando até ele. — Um alívio temporário para uma falha humana permanente. Claro, é mais fácil de admirar a nove mil quilômetros de distância — riu, como se estivesse brincando com algo trivial. — Esses são alguns itens que colecionei nas minhas viagens. Granadas M26 da guerra do Vietnã — disse, pegando uma delas. — E este, talvez o mais notável: minha pistola Walther. A mesma que Hitler usou para se suicidar — falou, largando a granada e pegando a arma com uma satisfação perturbadora. — Não podemos ficar com esse tipo de coisa, mas ele não vai usar de novo mesmo — riu, levantando a pistola como se fosse atirar. — Sinta como ela estabiliza perfeitamente — ofereceu a arma para Cinco, com um sorriso malicioso.

Cinco pegou a arma, inspecionando-a com cuidado, seus dedos deslizando sobre o metal enquanto analisava cada detalhe.

— Eu tenho umas ideias que queria discutir — comentou ele, enquanto manipulava a pistola. — Sugestões pra melhorar o protocolo da Comissão.

— Hm... já querendo promover mudanças. Eu admiro isso — disse ela, tocando levemente o rosto dele, forçando-o a desviar o olhar para evitar o contato. — Conte tudo! — Ela se afastou, dando-lhe espaço.

— Glória. A operadora do tubo — começou ele, largando a arma e seguindo a gestora. — Não seria melhor se o próprio agente de caso enviasse sua mensagem?

— Eu aprecio a ideia, mas todos amam a Glória. Se eu a tirasse, eles ficariam no meu ouvido para sempre — respondeu, fingindo um leve drama enquanto se sentava em sua poltrona. — Ela faz parte da família da Comissão há anos, e falta isso aqui — fez um gesto minúsculo com os dedos — ...para ela se aposentar.

Antes que Cinco pudesse argumentar, batidas na porta interromperam a conversa. Alguém precisava falar com a gestora.

— Desculpe interromper, Senhora. Tem um minutinho? — Dot entrou na sala, deixando Cinco levemente tenso, já que ele havia mexido em suas pesquisas anteriormente.

— Claro! — respondeu a gestora, levantando-se com um sorriso educado. — O dever nos chama. Continuamos nossa conversa depois, Cinco.

— Claro. Posso? — perguntou, indicando as balas de caramelo.

— Fique à vontade.

Sem hesitar, Cinco encheu a mão com os doces e os enfiou no bolso, já pensando em levá-los para Celly. Ele saiu pela porta, e, momentos depois, Dot ficou a sós com a gestora para resolver o que quer que fosse seu problema.

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O almoço interrompido deixou Cinco mais irritado do que o normal, ainda mais porque suas tentativas de influenciar a gestora para se livrar de Glória haviam fracassado. Ele sentia as opções se esgotando, e isso o consumia.

Escorado em uma das paredes, ele observava a movimentação ao redor. Ninguém parecia reconhecê-lo. A maioria ali só o conhecia com a aparência envelhecida, e, para ser honesto, ele nunca se esforçara para criar laços naquele ambiente perturbador.

Quando Dot entrou apressada na sala da gestora durante o almoço, Cinco teve certeza de que seu desempenho não estava sendo bom o suficiente. Aquela sensação de fracasso pesava em sua mente.

Mais tarde, viu Dot entrar na sala dos tubos pneumáticos, onde Glória já a esperava na porta, claramente preparada para a conversa. Cinco não hesitou: teleportou-se imediatamente para o lado de fora, ficando escondido, atento para ouvir o que diziam.

— Glória, a gestora sabe que o Cinco está tramando alguma coisa. Envie isso para Hazel e Cha-Cha, agora! — a voz de Dot soou firme. Cinco não podia ver nada, mas o pânico começou a subir por dentro dele. Estava ferrado.

— Ah, tá bem.

Ele percebeu que estavam na sala de envios. Aquilo era a confirmação de que a informação dentro do tubo poderia ser crucial. Quando Dot saiu, Cinco nem esperou. Sabia que, se ela passasse pela porta, o veria ali, como um espião escorado na parede. Ele se teleportou para dentro no exato momento em que Dot saiu.

Glória, alheia à presença dele, foi surpreendida por um golpe nas costas que a fez desabar no chão gélido da sala. Cinco franziu a testa, desconfortável.

— Ai, que droga — resmungou, sem gostar da ideia de bater em uma mulher idosa.

Com Glória inconsciente e o tubo rolando pelo chão, ele agarrou a oportunidade sem hesitar. Abriu o tubo rapidamente, seus olhos escaneando a mensagem.

"𝙿𝚛𝚘𝚝𝚎𝚐𝚎𝚛 𝙷𝚊𝚛𝚘𝚕𝚍 𝙹𝚎𝚗𝚔𝚒𝚗𝚜."

— Tem que ser esse babaca — murmurou, um sorriso vitorioso brotando em seus lábios. Sabia que agentes de campo só recebiam ordens cruciais. Estava claro que Harold Jenkins seria o causador do apocalipse.

Teleportou-se até a mesa de Glória e, com agilidade, começou a digitar em sua máquina impressora. Um plano se formava rapidamente em sua mente: faria Hazel e Cha-Cha se matarem.

"𝙼𝚊𝚝𝚊𝚛 𝙲𝚑𝚊-𝙲𝚑𝚊 𝚒𝚖𝚎𝚍𝚒𝚊𝚝𝚊𝚖𝚎𝚗𝚝𝚎" a primeira mensagem que ele enviou a Hazel, e em seguida, "𝙼𝚊𝚝𝚊𝚛 𝙷𝚊𝚣𝚎𝚕 𝚒𝚖𝚍𝚎𝚍𝚒𝚊𝚝𝚊𝚖𝚎𝚗𝚝𝚎" foi enviada a Cha-Cha. Isso evitaria que qualquer missão deles desencadeasse o apocalipse. A Comissão teria um belo atraso em enviar outros agentes, e tudo iria para o brejo.

Com as mensagens enviadas, Cinco sentiu o alívio se aproximar. Agora, só faltava sair dali. Só queria voltar para Celly.

— Você sabe que não é assim que funciona por aqui — a voz grave da gestora quebrou o silêncio, carregada de desapontamento. Ela se escorava no batente da porta, observando-o com um olhar quase maternal, como uma mãe que repreende um filho rebelde. — Cadê a Glória?

Mas bastou ele terminar de falar para Glória gemer, recobrando os sentidos sob a mesa. Cinco recuou lentamente do tubo pneumático, enquanto a gestora avançava em direção à idosa, seu semblante mostrando clara decepção.

— Você é uma grande decepção para mim — falou ela, relaxando os braços. — Você não pode mudar o que está por vir, Cinco! Acho curioso que você ainda acredite nessa fantasia. Você é pragmático demais para isso. Seu lugar é aqui, conosco!

— Meu lugar é ao lado da Celly! — rosnou ele, cuspindo as palavras com ódio. — Vocês me transformaram em um assassino!

— Você sempre foi um assassino — ela respondeu friamente, tirando uma arma escondida sob o elegante traje. — Nós só te demos direção — disse, apontando a arma para ele.

A tensão explodiu no ar. Cinco sabia que tinha que sair dali, e rápido.

Antes que ela pudesse disparar, ele se teleportou, sumindo no ar enquanto o barulho dos tiros ecoava pelo ambiente. O caos se instalou de imediato: trabalhadores gritando, a sirene de alerta soando ao fundo, a gestora e o famoso Número Cinco envolvidos em um confronto. Glória gemia, enquanto Cinco tentava fugir.

Ele empurrou um carrinho de documentos na direção da gestora, mas ela foi rápida, identificando sua posição e atirando. Por sorte, ele já não estava mais ali.

— Pra que tanta pressa, Cinco? — provocou a gestora, um sorriso cínico surgindo em seu rosto. — Estamos só começando. É isso que você quer que conste na última linha do seu relatório?

Cinco apareceu de repente, ofegante, bem diante dela. Ele deu de ombros, tentando recuperar o fôlego enquanto ela mantinha a arma apontada para ele.

— Eu preferia que constasse que eu detonei você e não deixei minha futura esposa esperando.

— Não vai conseguir, Cinco — retrucou ela, os olhos queimando de raiva. — Nós dois sabemos que até mesmo você tem um limite. Eu salvei você de uma vida de solidão! Você me deve isso! — A voz dela carregava ódio, cada palavra impregnada de ressentimento.

Ela apertou o gatilho, mas o som seco da arma descarregada ecoou pela sala. A surpresa tomou conta de seu rosto, enquanto Cinco sorria, triunfante. Ela sabia que tinha perdido naquele momento.

— É, eu devo sim — ele disse, com um tom desdenhoso, dando de ombros. Ele se teleportou para trás dela, mantendo uma distância segura. Foi então que ela notou a granada em sua mão, a mesma que costumava ficar em exposição em sua sala. — Mas não a você. À Celly — completou, seus olhos brilhando com determinação.

Cinco acionou o projétil e o lançou em direção à gestora, com um sorriso vitorioso nos lábios. Tudo aconteceu em um piscar de olhos: antes que a explosão o alcançasse, ele se teleportou para fora da sala. O barulho ensurdecedor da explosão ecoou, as chamas contidas pelas paredes indestrutíveis da Comissão.

Sem perder tempo, Cinco se teleportou diretamente para a sala das maletas, pegando uma às pressas. O homem que cuidava do local gritou para que ele parasse, sem entender o que estava acontecendo. Cinco ignorou, configurando a maleta para viajar algumas horas no futuro, sua mente totalmente focada em fugir dali.

— Vai, vai, vai! — murmurou para si mesmo, acelerando seus movimentos.

Ele pegou outra granada e a jogou nas prateleiras, sem hesitar. Com a maleta firmemente em mãos, saiu correndo, deixando para trás o caos que ele mesmo havia criado.

— Ei! O que você está fazendo? — o agente gritou, o desespero transparecendo em sua voz. Cinco engoliu em seco, sem se dar o trabalho de olhar para trás.

A explosão consumiu a sala, destruindo grande parte daquele setor.

Cinco mal teve tempo de respirar antes de ser teletransportado para o momento crucial: a reunião familiar, pouco antes de cada um seguir seu próprio caminho.

Com isso, tudo o que aconteceu foi revertido. Nem mesmo a descoberta sobre o passado de Celly permaneceu. Todos os que presenciaram os acontecimentos foram privados da lembrança, sem a menor ideia do que se tratava. A linha do tempo havia sido alterada, e agora, nada mais seria igual. Nada se repete duas vezes da mesma forma.

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⛈︎彡𝐔𝐦𝐛𝐫𝐞𝐥𝐥𝐚 𝐀𝐜𝐚𝐝𝐞𝐦𝐲, 8:15𝐡... 𝐝𝐞 𝐧𝐨𝐯𝐨. 

— Ei! Espera aí! Nós todos morremos lutando contra essa coisa da primeira vez, tá lembrado? — Klaus perguntou, sua voz carregada de dúvida. — Pra que tentar de novo?

— Surpreendentemente, ele tem razão — Diego rebateu, sarcástico. — Que vantagem nós temos agora?

Antes que Luther pudesse responder e Celeste mergulhasse em seus pensamentos, um vórtex abriu-se rapidamente no centro da sala, logo acima da mesa de centro. Celeste, que estava na bancada de bebidas, quase soltou um gritinho de susto. Uma luz azul inundou o ambiente, e de repente, Cinco surgiu no meio da sala, resmungando, segurando firmemente uma maleta preta.

— Mas que…!? — Celeste murmurou, levando a mão ao coração. Mal havia começado o dia e já estava tudo de cabeça para baixo.

— Meu Deus! — murmurou Allison, surpresa.

Sem pensar duas vezes, Celeste correu até Cinco para ajudá-lo. Ele estava coberto de fuligem, suado, ofegante, e com a aparência de quem acabara de sair de uma batalha.

— Cinco! — Ela sorriu, aliviada. Finalmente se sentiu pronta para qualquer coisa, ainda mais vestindo o uniforme da Umbrella, já prevendo que ele voltaria em breve. Segurou o braço dele firmemente, sentindo os músculos tensos sob o tecido. Quase perdeu a concentração, mas logo o ajudou a se levantar. — Como foi lá?

— Eu ainda tô chapado ou vocês também estão vendo ele? — Klaus questionou, com seu tom habitual de incredulidade. Todos ainda estavam perplexos com a aparição repentina.

— Foi ótimo, Sunshine — Cinco respondeu, ainda meio confuso com a mudança repentina de tempo e espaço. — Deu tudo certo — completou, embora sua expressão dissesse o contrário. Em seguida, de maneira quase cômica, encheu a mão de Celeste com balas dos anos 50. Ela franziu o cenho e, sem entender muito bem, agradeceu confusa antes de guardá-las no bolso.

— Tá tudo bem? — Allison perguntou, olhando para o estado deplorável de Cinco.

— Quem fez isso com você? — Luther questionou, preocupado.

— Irrelevante — Cinco resmungou, dando dois passos cansados e mancando. Sem cerimônia, roubou o café das mãos de Allison, que nem teve tempo de protestar.

Ele foi até o centro da sala, bebendo o café rapidamente, enquanto Celeste observava com preocupação. Ele estava claramente exausto e coberto de sujeira. Ela mal conseguia esconder sua apreensão.

Curiosa, Celeste abriu uma das balas que ele lhe dera e ficou surpresa com o sabor intenso de uma outra época. "Que loucura", ela murmurou, ainda perplexa.

— Então, o apocalipse é em três dias — Cinco anunciou, esperando que todos reagissem com espanto, perguntas e dúvidas. Mas ninguém disse nada. Ele olhou para Celeste, buscando alguma reação, mas ela apenas deu de ombros, como se dissesse silenciosamente: "Luther já contou". — A única chance de salvar o planeta somos nós.

— A Umbrella Academy... — Luther murmurou, perdido em pensamentos.

— Sim, mas comigo, é claro — Cinco disse, com seu característico tom sarcástico. — Se vocês não deixarem suas picuinhas de lado e caírem na real, estamos ferrados! — O tom de sua voz era duro, deixando todos, exceto Celeste, visivelmente desconcertados pelo sermão repentino. — E daí que o papai nos enlouqueceu? Vamos deixar isso definir quem somos? Não. Para termos uma chance de ver a próxima semana, eu voltei com uma pista — disse, erguendo um papel dobrado, o que arrancou um sorriso de Celeste. — Eu sei quem é o responsável pelo apocalipse.

— Porra, Cinco! Você é demais! — Celeste sorriu, genuinamente feliz. Ela pulou para o lado dele, roubando o papel de suas mãos com uma animação contagiante, enquanto ele sorria, orgulhoso.

— Nós temos que deter esse cara — Cinco continuou, enquanto os irmãos se reuniam ao redor do papel, curiosos para ver o nome. Celeste franziu o cenho ao ler o nome estranho, enquanto os irmãos espiavam por cima de seu ombro.

— Harold Jenkins?! — Allison perguntou, claramente confusa.

— É, quem é o idiota? — Celeste perguntou, igualmente perplexa. Nunca tinha ouvido falar desse nome. Nenhuma reportagem, nenhum caso no trabalho... nada.

Cinco terminou de beber o café e jogou o copo plástico longe, visivelmente frustrado.

— Eu não sei — ele suspirou profundamente. — Ainda. Mas sei que ele é o responsável pelo apocalipse. Precisamos encontrá-lo, e tem que ser agora.

— Mas o que ele tem a ver com o que vai acontecer? — Allison insistiu.

— Eu não sei.

— Espera. Então você só sabe o nome dele? — Diego perguntou com um tom irônico, claramente incrédulo. — Só isso?

— É o suficiente. — Cinco deu de ombros.

— Tá, mas deve haver um monte de "Harold Jenkins" na cidade — Luther ponderou.

— Então vamos à busca, né? — Celeste retrucou, indiferente às dúvidas que surgiam.

— Espera aí! Será que só eu não acredito nessa história?! — Allison exclamou, sua voz à beira do desespero. Ela estava claramente incomodada com a falta de informações concretas. — Como é que você sabe tudo isso sobre... como é mesmo o nome dele?

— Harold Jenkins — Cinco respondeu, impaciente. — Lembra daqueles delinquentes mascarados que invadiram a casa?

— Ah, sim... acho que me lembro desses caras — zombou Klaus, ainda ressentido de ter sido torturado por eles. Celeste fez uma careta, apoiando a mão no ombro de Klaus.

— Aqueles que atacaram a gente enquanto os adultos disfarçados de adolescentes enchiam a cara — Diego ironizou nas entrelinhas, dirigindo um olhar afiado para Celeste.

— Aí! — Celeste chamou a atenção, num tom de provocação. — Se for falar, fala na cara.

Diego soltou um riso irônico, os dois presos em uma eterna provocação.

— É, esses mesmos — Cinco confirmou, retomando o foco. — Eles foram enviados pela Comissão para impedir que eu voltasse e evitasse o fim do mundo.

— O quê?! — Todos exclamaram ao mesmo tempo, surpresos.

— Meus antigos empregadores. Eles monitoram o tempo e o espaço para garantir que o que tiver que acontecer, aconteça. Acreditam que o apocalipse vai chegar em três dias — explicou Cinco, deixando todos pensativos. — Então, a Celly sugeriu que eu fosse até a Comissão e, lá, interceptei uma mensagem enviada para aqueles delinquentes. "Proteger Harold Jenkins".

Os irmãos — com exceção de Celeste — ainda tentavam absorver toda a situação, lutando para entender rapidamente o que estava acontecendo. Para que o plano funcionasse, precisavam ao menos captar o básico.

De repente, todos começaram a disparar perguntas ao mesmo tempo, tornando impossível compreender qualquer coisa no meio da confusão de vozes.

— Você tem noção de que esse papo não faz o menor sentido?! — Allison perguntou, tentando se fazer ouvir enquanto os irmãos ainda murmuravam entre si.

— Sabe o que mais não faz sentido?! — Cinco respondeu, seu rosto visivelmente alterado pela frustração. Celeste, só pela expressão dele, já sabia que estava à beira de um colapso. — Eu e a Celeste termos a aparência de dezesseis anos! O Klaus falar com os mortos! O Luther achar que tá enganando todo mundo com esse sobretudo! Nada faz sentido na nossa vida. Nunca fez!

— Ele tem razão — Klaus comentou ao mesmo tempo em que Celeste soltou um seco "ótimo argumento".

— A gente não escolheu essa vida. A gente só tá vivendo... pelo menos por mais três dias — Cinco continuou, a tensão na sua voz crescendo.

— Da última vez que tentamos impedir, todos nós morremos. Por que agora vai ser diferente? — Allison rebateu, ainda incrédula. — Por que eu não deveria voltar pra minha filha?!

— Porque agora eu estou aqui. A Celeste também voltou. E temos o nome do homem que é responsável. Vocês têm a chance de salvar milhões de pessoas! — Cinco argumentou, fazendo o silêncio pesar no ar. — Incluindo a Claire — ele completou, mencionando o nome da sobrinha, o que abalou Allison.

— Você... sabe o nome dela? — Allison perguntou, surpresa e comovida, uma ponta de emoção em sua voz.

— Sei, e adoraria viver tempo suficiente para conhecê-la.

O impacto das palavras de Cinco ecoou na sala, mergulhando todos em um breve silêncio até que Allison, relutante, cedeu.

— Tá bom! Vamos pegar esse imbecil.

— Me convenceu no tal de Jerold Jenkins — Diego se pronunciou, levantando-se.

— É Harold — corrigiu Celeste, arqueando uma sobrancelha.

— Tanto faz. Já perdemos duas pessoas. Não vou perder mais ninguém — Diego respondeu com firmeza, enquanto saía da sala. Ainda assim, Luther parecia perdido em seus próprios pensamentos, imóvel.

— Luther? — Cinco o chamou, esperando que ele se juntasse ao grupo.

— Vão vocês. Eu vou ficar e dar uma olhada nos arquivos do papai. Eu ainda acho que isso tem a ver com ele ter me mandado pra lua — Luther disse, fazendo Celeste revirar os olhos, prestes a soltar um comentário mordaz. Mas, antes que ela pudesse, Cinco segurou sua mão, atraindo sua atenção para seus olhos azuis como o mar, e por um momento ela esqueceu da resposta afiada que ia dar.

— Sério? Agora você quer transformar o fim do mundo numa questão entre você e o papai? — Diego zombou, descrente.

— Não é isso. Ele me disse "atenção às ameaças", você acha que isso é coincidência? Tudo deve estar conectado de alguma forma — Luther respondeu, convicto.

— Temos que ficar juntos — Allison pediu, tentando unir o grupo.

— Podemos deixar o Luther fora disso? — Celeste sussurrou para Cinco, que fez uma careta, mas acabou cedendo.

— Vamos logo. Deixem o Luther fazer o que quiser — Cinco disse, impaciente.

— Tá bom, vamos. Eu sei como podemos achar esse imbecil — Diego afirmou. — Klaus, vem comigo.

— Ah... olha, é melhor não. Acho que vou passar dessa vez — Klaus respondeu, se levantando lentamente do sofá, pondo a mão na barriga e gemendo. — Eu não tô me sentindo muito bem...

Celeste nem tentou insistir para que ele fosse. Allison, Diego, Cinco e ela pegaram o carro e partiram em busca da próxima pista, enquanto Luther mergulhava nos arquivos sobre a lua e Klaus tentava se manter sóbrio, preparado para reencontrar Dave.

Esse capítulo ficou meio "nhe" pq eu quis muito colocar a visão do Cinco na comissão.
Ele não mostrou tanto sobre a vivência da Celly mas os próximos continuarão sendo ela a protagonista da narração.
Bjos leitores! até a próxima postagem!💗

Votem e comentem!🔅

revisão concluída ☑️ 💚

⚠️REESCREVI A INTERAÇÃO DE CELLY QUANDO ELA DESCOBRE A VERDADE⚠️