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001 ┋ ❝ presságio velado


             ✧.* A sala de jantar na Mansão Black resplandecia sob a luz das velas flutuantes, que dançavam suavemente no ar e projetavam sombras delicadas sobre a mesa repleta de iguarias. Havia travessas transbordando de carnes suculentas, legumes temperados com perfeição e frutas raras, compondo um banquete digno das mais tradicionais famílias bruxas. Mas o silêncio pairava pesado, contrastando com a opulência do ambiente.

Regulus estava sentado próximo aos pais, mas sua atenção estava voltada para Stella, ao seu lado. Seus cabelos loiros desciam como um véu ao redor do rosto pálido, ocultando parcialmente o brilho apagado em seus olhos.

Ela parecia alheia ao momento, tocando a comida com descaso, sem realmente se importar com o sabor. Havia uma fragilidade nela que o inquietava profundamente.

— A carne está excelente, como sempre, mãe. — disse Regulus, tentando aliviar o peso daquele silêncio incômodo, uma tentativa de chamar Stella de volta para o momento.

— Obrigada, querido. — respondeu Walburga, com o olhar satisfeito. Seus olhos percorreram a mesa e pousaram brevemente em Sirius, que estava absorto e quieto, a cabeça baixa enquanto empurrava a comida no prato.

Stella levou um pequeno pedaço de carne aos lábios, mas havia algo forçado no gesto, um movimento mecânico e sem ânimo. Regulus se inclinou levemente na direção dela, baixando a voz para que suas palavras fossem apenas para ela.

— Está tudo bem? — A preocupação transbordava em sua voz, como se cada palavra fosse um cuidado velado.

Ela ergueu os olhos para encontrá-lo e o vazio em seu olhar cortou-o mais profundamente do que ele poderia explicar.

— Apenas um dia longo. — murmurou Stella, como se suas palavras quisessem apagar a inquietude que ele sentia.

Sem hesitar, Regulus estendeu a mão sob a mesa, buscando a dela, apertando-a com uma leveza terna. Era um toque silencioso, um consolo sem palavras, um lembrete de que ele estava ali, sempre ao lado dela.

A voz de Walburga ecoou pelo cômodo elegante, quebrando o silêncio quase reverente que preenchia a sala de jantar. Seu tom era polido, mas com uma frieza subjacente.

— Amanhã é primeiro de setembro. — ela começou, pousando o olhar nos filhos. — Espero que vocês estejam prontos para o novo ano em Hogwarts. Regulus, seu quinto ano é crucial. Os N.O.M.s não são uma prova qualquer.

— Eu sei, mãe. — respondeu Regulus, assentindo com a cabeça. Ele se manteve calmo, com a postura rígida que ela esperava, mas seus olhos se desviaram rapidamente para Stella, que o observava com uma expressão serena e distante.

Stella, ainda com os dedos entrelaçados aos de Regulus sob a mesa, deu um leve sorriso. Ela sentia que os comentários de Walburga tinham sempre um peso a mais, como se as palavras fossem envolvidas em expectativas veladas.

Seu olhar, então, pousou em Sirius, que permanecia em um silêncio desconfortável, o rosto ligeiramente tenso.

— E Sirius. — Walburga continuou, a voz carregada de uma pontada amarga. — Seu último ano. Espero que ao menos isso signifique que você levará seus estudos mais a sério.

Ele mal levantou o olhar do prato e Stella percebeu o aperto sutil de sua mandíbula. Havia algo quase desafiador em sua postura quieta, como se ele se recusasse a entrar em qualquer discussão que envolvesse Hogwarts.

Stella sabia bem por que ele evitava falar do castelo. Desde o dia em que o Chapéu Seletor havia gritado "Grifinória", Sirius acreditava que se tornara uma espécie de vergonha para a família.

O irmão Black mais velho, acreditava que Walburga e Orion nunca o perdoaram, como se a escolha de uma casa tivesse selado algum tipo de traição irreparável.

Mas, para a Scarpim, essa decisão parecia ser exatamente o que Sirius, seu cunhado, precisava. Grifinória lhe dava a liberdade que ele tanto desejava, um lugar para desafiar as normas que tanto o sufocavam.

Regulus e Stella se entreolharam, ambos cientes de que o silêncio de Sirius naquela noite tinha um motivo específico.

Sirius estava saindo com uma garota que seus pais jamais aceitariam, uma meio-sangue. As cartas trocadas em segredo, os encontros furtivos era uma história que Regulus acompanhava com uma mistura de preocupação e solidariedade, enquanto Stella admirava a coragem do cunhado em seguir o próprio coração, mesmo sabendo que isso o afastava ainda mais da família.

— Alguma novidade em Hogwarts? — insistiu Walburga, tentando arrancar uma resposta de Sirius.

— Nenhuma. — ele respondeu secamente, empurrando o prato para o lado, como se quisesse pôr um fim à conversa.

Regulus apertou mais forte a mão de Stella e ela soube que ele estava tentando afastar o incômodo daquela conversa.

Regulus e Stella nunca enfrentaram essa barreira. Para os Black, a linhagem dos Scarpim era nada menos que impecável: sangue puro e uma tradição de gerações na Sonserina.

A própria Stella parecia ter sido moldada para o papel que lhe era reservado; elegante e discreta, com uma aura quase intocável. Ela era tudo o que os pais de Regulus poderiam desejar em uma futura esposa para o filho caçula e desde cedo, os sorrisos trocados e os olhares cúmplices não deixavam dúvidas de que um dia seriam mais do que namorados.

Os pais de Regulus amavam Stella como se já fosse parte da família. Walburga, que raramente mostrava afeto verdadeiro, tinha uma afeição particular pela garota, como se finalmente pudesse se orgulhar de algo em meio a tantas decepções. Orion, por sua vez, via no relacionamento dos dois uma promessa de continuidade, uma união que manteria o nome dos Black associado ao que há de mais puro e tradicional no mundo bruxo.

Enquanto a conversa ao redor da mesa seguia seu curso, era impossível não perceber os sorrisos discretos trocados entre Walburga e Orion, como se já estivessem planejando o futuro dos dois. O casamento parecia inevitável, um destino traçado desde o primeiro encontro.

Para Regulus e Stella, embora não gostassem das pessoas tomando decisões por eles, isso não era um fardo, mas uma promessa silenciosa de que, independentemente do que acontecesse fora dali, eles sempre teriam um ao outro.

Naqueles momentos, mesmo quando as palavras eram poucas e os olhares diziam tudo, eles sabiam que já eram um pouco mais do que um simples casal. Eram cúmplices, destinados a compartilhar não apenas o sobrenome, mas os sonhos e as incertezas que se avizinhavam.

A mansão Black poderia estar carregada de pressões e expectativas, mas ali, naquela mesa, com as mãos entrelaçadas debaixo da toalha, eles eram apenas Regulus e Stella, sempre juntos.

Sirius foi o primeiro a se erguer quando o jantar chegou ao fim, deixando a mesa em silêncio assim que os elfos retiraram os pratos. Não demorou para que Regulus e Stella seguissem o exemplo, escapando para a varanda que se abria para o vasto e sombrio jardim da mansão Black.

O ar ali era fresco, trazendo consigo o aroma das flores noturnas que desabrochavam sob a luz da lua.

Regulus se encostou ao muro de pedra, o toque frio do granito contrastando com o calor que emanava da garota diante dele.

Puxou-a suavemente para perto, enlaçando a cintura dela com um gesto que era ao mesmo tempo possessivo e protetor, os dedos deslizando com ternura por sobre o tecido fino do vestido. Seus olhos percorreram cada traço delicado do rosto de Stella, observando os contornos suaves de sua expressão silenciosa e a sombra de algo que a perturbava, um incômodo discreto que Regulus não conseguia decifrar.

O Black sabia que ela era mais comunicativa e doce do que qualquer outra pessoa que conhecia. A Stella dele era um raio de sol que aquecia mesmo o lugar mais sombrio, alguém que cativava facilmente com sorrisos sinceros e uma doçura que não exigia palavras grandiosas. Ela era boa em se dar bem com todos, mas não era do tipo que iniciava conversas com estranhos; suas palavras, assim como ela, eram reservadas para aqueles que realmente importavam.

Com o olhar cravado nos olhos dela, ele perguntou-se o que poderia estar sufocando aquele brilho natural que Stella sempre carregava. Havia uma quietude nova ali, uma opacidade que ele nunca havia visto antes.

— O que está te afligindo, minha estrela? — sussurrou ele com a voz baixa e suave, como se fosse possível persuadi-la a dividir suas inquietações apenas com a doçura do tom.

Stella permaneceu em silêncio por um momento, inclinando-se levemente para ele, como se precisasse daquele contato, daquela proximidade, para encontrar a coragem de responder.

— Não é nada, Regulus. — disse ela, desviando o olhar. — Talvez um resfriado.

Ele não acreditou. A mão dele se ergueu com suavidade, os dedos frios tocando a pele dela, tão delicada e pálida sob a luz prateada que banhava a noite. Segurou o rosto de Stella entre as mãos, erguendo-o para que os olhos dela se encontrassem com os dele.

Aqueles olhos que ele conhecia tão bem, que já havia observado em todas as variações de cor e brilho, em todas as nuances de dor e alegria, agora pareciam um pouco mais opacos, como se a luz que emanava deles estivesse velada por algo que ele não conseguia tocar.

Ele inclinou a cabeça, examinando-a com a mesma precisão meticulosa de um estudioso que tenta desvendar um mistério antigo. Regulus sabia como os olhos de Stella se comportavam quando ela estava doente: o leve brilho febril que acendia no fundo das íris, a opalescência que se intensificava a cada piscada.  

Mas, desta vez, não havia essa clareza. Em vez disso, encontrou uma névoa de incerteza, um traço de escuridão que se insinuava nas profundezas do olhar dela, um segredo que parecia se esconder nas sombras do azul.

— Não me convenceu. — murmurou ele, os dedos deslizando do rosto dela para repousar na curva de seu pescoço, sentindo o pulsar fraco e constante sob a pele. — Não é só um resfriado, não com você. Não com esse olhar.

A voz dele carregava uma intensidade que parecia impregnar o ar ao redor, transformando o silêncio da noite em algo mais denso, mais íntimo. A resposta dela se perdeu nos lábios entreabertos, sem força para emergir, enquanto o vento noturno sussurrava entre as folhas lá fora, como se ecoasse a inquietação que vibrava entre os dois.

— Você sabe que parece um stalker quando faz isso, não é? — ela provocou, um sorriso suave tocando os lábios.

Regulus soltou uma risadinha baixa, um som que ressoou no ar noturno, quebrando o silêncio com uma leveza incomum. Sem responder de imediato, ele inclinou-se e deixou os lábios roçarem o pescoço dela, plantando um beijo delicado que se prolongou como o rastro de um sussurro. O calor de sua pele parecia envolver os sentidos dele, a fragrância sutil de Stella misturando-se com o cheiro fresco da noite.

Antes que ela pudesse reagir, ele a ergueu do chão em um movimento fluido, os braços firmes segurando sua cintura enquanto a girava no ar, como se ela fosse um fragmento de uma memória antiga ou um sonho prestes a se desfazer. O riso dela, meio surpreso e meio nervoso, encheu o espaço entre eles, ecoando pelas paredes de pedra que cercavam a varanda. Quando a colocou de volta no chão, o mundo pareceu parar por um instante, deixando apenas o som de suas respirações misturadas.

Regulus tocou a testa dela com a palma da mão, como que tentando medir a temperatura com seus próprios sentidos. Havia um leve calor que se espalhava pela pele dela, um calor sutil que indicava uma febre nascente, ou talvez fosse apenas a impressão dele, uma sensação que se confundia com a própria preocupação que o consumia.

— Talvez você esteja mesmo febril — ele murmurou, os olhos escuros ainda fixos nos dela, como se tentasse desvendar um segredo que escapava de seus dedos. — Ou talvez eu só esteja inventando desculpas para te manter por perto.

Ela revirou os olhos, uma expressão que misturava exasperação e afeto. 

— Vou dormir, e estarei melhor pela manhã. Não se preocupe tanto.  — disse com um suspiro suave. O Black fez uma careta, mas um sorriso involuntário surgiu em seus lábios. 

— É bom que você esteja — respondeu, sua voz um sussurro enquanto a lua iluminava seus rostos. — Afinal, amanhã é dia de ir para Hogwarts.

Com um último olhar cauteloso, ele decidiu acompanhá-la até o quarto. A mansão Black, com seus corredores sinuosos e sombras que dançavam ao sabor da luz das velas, parecia carregar um peso de segredos antigos, e a atmosfera densa envolvia os dois como um manto invisível. Stella tinha um quarto ali, um espaço que sempre era um pouco mais acolhedor por sua presença, mesmo que ela não dormisse ali com frequência. 

A decoração era um reflexo de sua essência: algumas prateleiras repletas de livros, um ou outro quadro adornando as paredes, e a leve fragrância de flores frescas que parecia se recusar a murchar.

Porém, para o desgosto de Regulus, havia sempre aquela restrição imposta por seus pais, uma regra teimosa que proibia que os dois passassem a noite no mesmo quarto. O pensamento disso o deixava inquieto, como se a presença de Stella em sua vida estivesse presa em uma teia de normas que não fazia sentido para eles. Ele desejava que pudessem desafiar essas convenções, que o mundo os deixasse em paz para se perderem um no outro sem restrições.

— Prometa que me acordará se sentir que está mal — disse ele, a voz tingida de preocupação.

— Eu prometo — ela respondeu, um brilho de tranquilidade em seu olhar, mesmo que a sombra de sua fragilidade ainda dançasse entre eles. O calor da conexão momentânea entre os dois era palpável, e antes que se separassem, os lábios se encontraram em um beijo suave, um selinho que parecia encerrar a conversa.

Stella, então, se voltou para o quarto, onde a luz suave da lua filtrava-se pelas cortinas, projetando sombras delicadas nas paredes. Um sorriso brotou em seu rosto ao avistar sua coruja branca, que dormia serenamente ao lado da cama. "Princesa" era o nome que a menina escolhera, e Regulus não pôde deixar de pensar que era um tanto quanto brega, mas seu coração se aquecia ao ver como ela cuidava daquela criatura com tanto amor.

Ela entrou no quarto, e ele deu meia-volta, indo em direção ao seu próprio espaço, ainda não convencido de que Stella estava apenas resfriada. 

O Black a conhecia melhor do que isso; sabia que havia mais sob a superfície delicada de sua aparência e que o brilho em seus olhos escondia tempestades silenciosas. 

A sensação de inquietude crescia em seu interior, como se sombras o seguissem pelos corredores da mansão, e ele se perguntava se, de alguma forma, seria capaz de desvelar os mistérios que a envolviam antes que as primeiras luzes do dia revelassem o novo começo que ambos aguardavam.

A manhã seguinte surgiu envolta em um véu de névoa suave, enquanto Regulus e Sirius se encontravam na plataforma 9¾, aguardando o Expresso de Hogwarts. O aroma do carvão queimado e do ar fresco da estação se misturavam, formando um perfume nostálgico que ressoava em seus corações, trazendo à tona memórias de um passado em que o mundo parecia mais simples. 

O trem, como um colosso de metal, aguardava com sua fumaça dançante, enquanto os alunos, ansiosos, começavam a se agrupar em torno dele, um mosaico de emoções e esperanças.

Os pais de Regulus se aproximaram, sorrisos largos adornando seus rostos, e as palavras flutuaram entre eles como uma melodia familiar. Sua mãe, com um olhar atencioso, questionou:

— Regulus, meu querido, você se lembrou de trazer tudo o que precisa para o ano letivo?

Ele assentiu absorto, seu olhar perdido em meio à multidão, enquanto sua mente se aninhava nas preocupações que o assaltavam. A presença de Stella, à sua direita, era um alicerce, mas ela estava distante, a expressão no rosto dela parecendo uma tela pintada em tons de melancolia. 

A saia preta de seu uniforme, combinando com as meias até o joelho e o suéter de lã da Sonserina, moldava sua figura delicada, mas não conseguia ocultar a inquietude em seus olhos. Regulus notou o modo como ela evitava o contato visual, como se estivesse imersa em um mundo que não era o deles.

Ao seu lado, Sirius, sempre o palhaço da família, tentava trazer de volta o brilho nos olhos de Stella, fazendo piadas idiotas que ecoavam em meio à agitação.

— Se você não se animar logo, eu vou me oferecer para ser o modelo de um quadro, assim você terá algo bonito para olhar — ele proclamou com um sorriso maroto, fazendo uma pose exagerada e levantando um braço como se fosse um artista do renascimento.

Stella lançou a ele um sorriso pequeno, quase involuntário, mas não havia luz nos seus olhos, apenas a sombra de um pensamento inquieto. Regulus se preocupava. Ele a conhecia bem demais. 

Era como se ela estivesse lutando contra uma tempestade interna, e o seu coração desejava proteger aquele ímpeto delicado que pulsava em sua essência.

Os adultos continuavam conversando, mas a voz de Regulus se elevou, uma melodia suave contra o pano de fundo.

— Está tudo bem, Stella? — ele perguntou, a voz um sussurro entre a neblina.

Ela olhou para ele, a resposta se formando em seus lábios, mas o silêncio tomou conta do ar entre eles. Regulus desejava desvelar os mistérios que a cercavam, a fragilidade que se aninhava em seu coração, mas não sabia como. O trem apitou ao longe, e as almas impacientes começavam a se mover em direção à entrada do vagão, a euforia do retorno à Hogwarts pulsando ao redor.

— Vamos, um ano novo nos espera. — Sirius exclamou, arrancando Regulus do labirinto de pensamentos.

Os pais dos Black, com expressões misturadas de orgulho e ansiedade, se aglomeravam ao redor dos filhos e de Stella, a jovem que já era considerada parte da família. Abraços apertados e palavras encorajadoras flutuavam pelo ar, como folhas de outono caindo suavemente. A mãe de Regulus, com a voz trêmula, acariciou seu rosto e disse:

— Lembre-se, meu querido, mantenha-se focado nos estudos.

Finalmente, a hora da despedida chegou, e eles se viraram para o trem, que agora parecia um gigante metálico, vibrando de entusiasmo e promessas. Regulus sentia um misto de emoções; a expectativa do novo ano pairava no ar, mas a preocupação com Stella ainda o envolvia como uma sombra.

Assim que entraram no vagão, Sirius não perdeu tempo e logo convocou os dois com um gesto animado.

— Venham, vamos para o vagão do Potter! — ele disse, com um brilho travesso nos olhos, já imaginando as travessuras e risadas que poderiam surgir da companhia barulhenta dos amigos.

Regulus, porém, balançou a cabeça de forma negativa.

— Não, eles são muito barulhentos — respondeu ele, um toque de divertimento nas palavras, mas a sinceridade ressoando em sua voz. — Eu quero ler e Stella provavelmente quer dormir.

Stella apenas assentiu com a cabeça, um leve sorriso se formando em seus lábios, confirmando a ideia de Regulus.

— Depois falamos com a galera — ela acrescentou, sua voz suave como um sussurro de brisa, enquanto seus olhos se desviavam para o interior do vagão, já sonhando com a paz de um livro ou com o aconchego de um descanso.

Regulus e Stella escolheram um compartimento mais tranquilo, onde a luz suave filtrava-se pelas janelas, permitindo que as sombras dançassem ao seu redor. A calmaria do espaço ressoava em harmonia com a inquietude do trem que os levava para Hogwarts. Ali, longe da agitação da Grifinória, encontravam consolo em sua própria bolha de tranquilidade.

Embora nutrissem um carinho especial pelos amigos de Sirius: James, Lily, Remus e Peter, sua conexão com aqueles alunos mais velhos sempre parecia um pouco distante. Os quatro eram como estrelas brilhantes em um céu vasto, repletos de vivacidade e bravura, enquanto Regulus e Stella preferiam o doce sussurro das conversas íntimas e que habitavam seu mundo particular.

Regulus fechou a porta da cabine, o clique ecoando como um segredo guardado. Ele armazenou as malas de ambos em um canto, um ato cuidadoso que parecia simbolizar o desejo de preservar aquele momento. Em seguida, tomou um livro encadernado em couro, com páginas amareladas que exalavam o aroma do saber. Ele se acomodou próximo a Stella, puxando suavemente sua cabeça para deitar em seu ombro, como se ela fosse um delicado artefato que ele desejava proteger.

O trem continuava sua jornada, e as paisagens externas eram apenas borrões de cor. Regulus começou a ler, suas palavras dançando em sua mente enquanto o ritmo suave do vagão os envolvia em uma espécie de transe. Stella fechou os olhos, entregando-se à quietude que os cercava, ouvindo o som reconfortante da voz dele.

Naquele espaço, imune aos olhares do mundo exterior, a conexão entre eles se tornava mais forte, quase palpável, como um fio invisível tecendo seus destinos entrelaçados em uma tapeçaria de sonhos e segredos.

Regulus virou outra página, mas notou que as respirações de Stella haviam se tornado mais profundas e regulares. Ela havia adormecido. 

Com uma ternura quase involuntária, ele inclinou-se e depositou um beijo suave em seu cabelo, permitindo que o aroma familiar e delicado dela o envolvesse. Apoiado com cuidado, ele deixou o queixo repousar no topo da cabeça dela, e seus pensamentos vagaram para a inquietação que emanava dela, como uma sombra sutil, sempre presente mas nunca nomeada.

Nunca antes Stella escondia algo dele; eram cúmplices desde muito novos, e ele conhecia cada expressão, cada nuance de seu humor. Perguntava-se, por um momento, se essa inquietação vinha da guerra que sussurrava pelas bordas do mundo bruxo, como uma tempestade à espreita. Mas não parecia provável. 

Eles eram sangue puro, filhos de uma linhagem inquestionável. Stella nunca falava sobre o que acontecia lá fora, como se fosse uma ameaça distante, que nunca atravessaria as barreiras seguras de suas famílias.

Respirando profundamente, ele fechou os olhos, entregando-se à segurança do momento. O trem os embalava com uma constância quase hipnótica, como uma melodia suave, e, sem perceber, Regulus também foi levado ao sono. A tensão de antes dissolveu-se no embalo suave do vagão.

Horas depois, os dois despertaram ao mesmo tempo, puxados de volta à realidade ao ouvirem os sons da chegada. Hogwarts, envolta em sombras e neblina , despontava majestosa do lado de fora da janela, suas torres emolduradas pelo céu acinzentado.

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