
Capítulo 7
𝐂𝐥𝐢𝐜𝐡𝐞̂ 𝐝𝐞 𝐅𝐢𝐥𝐦𝐞
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𝐒𝐡𝐢𝐧𝐨𝐛𝐮:
O meu pequeno acordo com Giyu poderia me render diversas oportunidades. Talvez pudesse ser o dia mais engraçado da minha vida, eu o irritando e ele não podendo revidar. Ok, isso será extremamente divertido. Precisaria de alguns... planos, por assim dizer, então, terminei meu intervalo mais cedo, já pensando na ideia perfeita para atormentar meu querido colega de classe, afinal, não perderia nenhuma chance de fazer isso. Quando parei à porta da sala de aula, vi que alguém já estava ali, provavelmente há um tempo, cheguei mais perto e percebi que era meu colega de classe, Kyojuro Rengoku. Ele é uma das únicas pessoas legais daquele colégio e ainda por cima é um grande amigo de Mitsuri, o que consequentemente, acaba nos fazendo encontrar algumas vezes. Ao pedir ajuda a ele, a ideia da qual estava pensando anteriormente poderia ser realizada. Claro, eu precisava fazer isso.
– Ei. Oi Kyojuro.
– Opa. Tudo bom?
– Tudo ótimo. Ficaria melhor se você me ajudasse em uma coisinha.
– Ah, lá vem. Vai aprontar com as coisas do Giyu de novo?
– É... digamos que sim. Mas vai ser diferente desta vez.
Sim, desta vez. Eu já havia pedido sua ajuda em algumas ocasiões, digamos assim. Das outras vezes, eu apenas "peguei emprestado" algumas coisas caras de Giyu, já hoje, estava determinada a fazer isso, em maiores proporções.
– Me ajuda a esconder o estojo do Giyu?
Ele ri, mas se levanta de seu lugar, concordando com a minha leve travessura. Vamos até a carteira de Giyu, procurando seu estojo, que na verdade estava guardado em sua mochila.
– Onde nós vamos esconder esse treco?
Olhamos em volta, procurando um lugar no qual ninguém nunca pensaria em procurar. Já escondemos suas coisas atrás da lata de lixo, embaixo da mesa dos professores, dentro da mochila de outras pessoas... esses locais já se tornaram óbvios demais, então, precisaríamos de um novo. Olhei em volta, a procura do esconderijo perfeito, e quando estava prestes a desistir de encontrá-lo, a ideia brilhante vem de Kyojuro.
– Que tal ali?
Olhei na direção em que ele estava apontando, e percebi que era realmente um bom esconderijo. Dentro do armário, o lugar mais improvável o possível. Ninguém pensaria em procurar ali, certo? Então, resolvi esconder aquele estojo ali mesmo, dentro da sala de aula. Passei na mesa de Giyu para pegá-lo, deixando-o no armário em seguida e trancando suas duas portas, para que ninguém descobrisse. Voltei para minha carteira, fingindo que nada aconteceu. Kyojuro fez o mesmo e nos entreolhamos, com um sorriso divertido no rosto. Agora, éramos cúmplices de mais um "crime". Quando o sinal do intervalo bateu e todos voltaram para a sala para a próxima aula, fiquei observando Giyu se sentar em seu lugar e ficar confuso com o desaparecimento de seu material.
– Procurando algo?
– Meu estojo. Estava bem aqui... sabe onde ele está, por acaso, Kochou?
– Eu? – Me fiz de lerda, mas estava rindo por dentro. – Eu sei lá. Você deve ter perdido, do jeito que é.
Ele procurou por mais alguns momentos antes que o professor chegasse, aparentemente sem sucesso, já que voltou a se sentar logo em seguida. Isso! O plano havia dado perfeitamente certo.
– Tem certeza de que não viu meu estojo? – Ele pergunta me encarando, a raiva aparente.
– Certeza absoluta. Não faço ideia de onde esteja.
O professor pediu que todos ficassem em silêncio para que ele explicasse informações chatas sobre algum livro nacional antigo. Provavelmente teríamos de produzir alguma redação ou dissertação baseada nele para a nota do trabalho bimestral, mas não me importava muito com isso. Teria tempo de sobra para pesquisar sobre ele em casa, afinal. Fiquei olhando pelas grandes janelas da sala de aula em busca de algum entretenimento, contudo, a única coisa que consegui encontrar foram alunos correndo na aula de educação física ou fazendo alguma travessura pelo colégio. Era um saco ter que ficar ali, sem fazer nada por longos e exaustivos quarenta e cinco minutos naquela maldita aula de literatura. Ah, como eu odeio literatura. Parece que as aulas de literatura duram uma eternidade, mesmo que elas tenham o mesmo tempo das outras. Talvez seja porque eu não goste da matéria... ou pode ser que esse professor faça alguma feitiçaria para que sua aula dure mais.
– Alguém poderia responder a essa pergunta? Senhorita Kochou?
Ah, merda. Eu estava ferrada. Estava prestes a pedir que o professor repetisse a pergunta que havia feito, já que não havia a escutado, porém, alguém foi mais rápido que eu e respondeu antes que eu dissesse uma palavra sequer:
– Esse livro foi escrito no início do século onze. Mais especificamente em 1008.
– Muito bem, senhor Tomioka. Ponto extra pela resposta.
Droga. Eu já disse que odeio esse moleque? Pois bem, eu o odeio muito. Ele literalmente acabara de roubar meu ponto extra, que raiva! Se bem que eu também não me importava tanto com isso, era só recuperá-lo produzindo um ótimo trabalho, o que é minha especialidade, eu diria. Quase sempre, minhas provas e meus trabalhos têm as maiores notas da sala, assim como os de... Giyu. Ele é o único a competir comigo nesse quesito, o que apenas faz com que eu o odeie ainda mais do que já o odeio naturalmente. Falando nessa praga, ouço sua voz me chamando e me viro para ver o que ele precisava desta vez.
– O que foi?
– Já que meu estojo sumiu... me empresta uma caneta?
– Não. Você não usou a palavrinha mágica.
Ele suspira, revirando os olhos diante da minha implicância consigo. Era tão engraçado...
– Me empresta uma caneta, por favor.
– Tá ok. Pega.
Passo uma das canetas que Giyu me dera mais cedo para que usasse. Desde que ele me devolvesse, estava tudo certo para mim. O professor começou a encher a lousa com os tópicos a serem tratados naquele maldito trabalho. Ouvi alguém perguntar se era para anotar, óbvio, a resposta foi sim. Droga. Odeio a aula de literatura.
~
Ele passou o resto do dia usando a minha caneta, mas não me importei, afinal, ainda tinha mais onze opções para escolher. Estava agradecendo ao Tomioka por isso, por mais estranho que parecesse. Enfim, era finalmente a hora da saída e consequentemente o momento certo para devolver o estojo de Giyu. O chamei depois que todos já tinham saído da sala, rindo um pouco de sua cara, já que parecia mais estressado do que o normal.
– Giyu! Tenho uma coisa para te contar.
– O que foi, baixinha?
– Vem aqui, vou te mostrar um negócio.
Fui até o armário, destrancando as duas portas e as abrindo, revelando o tão procurado material. Foi uma cena sinceramente engraçada vê-lo tão bravo, sem poder fazer nada a respeito. Ele deu alguns passos para frente, me deixando entre ele e o armário. Ah, droga...
– Idiota. Você ainda vai me pagar por isso.
Ele pega seu estojo atrás de mim e se afasta em seguida, me deixando plantada ali, depois do que acabara de fazer. Fora um pouco embaraçoso, admito. Entretanto, não tinha tempo para me preocupar com isso, então, saí da sala. Eu queria ir para casa logo, afinal. Estava contente com meu dia, não fora estressante e muito menos tedioso. Divertido, para dizer o mínimo. Nada poderia estragá-lo.
Era o que eu pensava.
Quando cheguei ao pátio, descobri que estava errada. Estava chovendo. As gotas d'água batiam no chão com força, provocando aquele som que chegava a me dar um pouco de raiva. Coloquei minha mochila para frente, em busca de meu guarda-chuva. Ele não estava ali. Só podia ser brincadeira. O ponto de ônibus ficava a duas quadras dali e eu realmente teria que ir caminhando até lá sem nada para me proteger da chuva?! Droga. Dei dois passos em direção ao portão, entretanto, não tive coragem de passar da parte coberta. Fiquei apenas observando enquanto as pessoas saiam do colégio com seus guarda-chuvas... se eu ao menos tivesse algo para me proteger... foi nesse momento em que ouvi a voz de alguém me chamando atrás de mim e me virei para ver quem era.
– Kochou?
– Aff, você de novo? O que foi agora?
– O que está esperando pra ir embora?
– Está chovendo.
– E daí?
– E daí?! E daí que eu esqueci a merda do guarda-chuva. E o ponto fica a duas quadras daqui.
– Se ferrou. – Ele ri. – Bem, então tchau.
Ele estava prestes a sair dali sem mais nem menos, porém, parece que se impediu no ato, dando alguns passos para trás.
– O que foi? Você não ia embora?
– Estou sendo ignorante demais. Já passei por isso. Pega.
Ele oferece seu guarda-chuva. Ah não, só podia ser mentira. Giyu Tomioka sendo gentil? Isso apenas aconteceria em um sonho. Era impossível. Ou será que ele teve o mínimo de compaixão com uma pobre garota que esqueceu o guarda-chuva em casa? Fosse o que fosse, era estranho da mesma maneira.
– Não precisa. Eu consigo ir sozinha.
– Só aceita. Eu vou de carro, meu motorista já está aqui. Pega essa droga logo.
Aceitei, mas apenas porque não tinha muito mais o que fazer. Maldito cavalheirismo. Peguei o guarda-chuva de suas mãos e usei-o para sair da parte coberta do pátio, quase indo embora direto, entretanto, me virei para agradecer a ele pela ajuda.
– Obrigada, Giyu. Até mais.
– Até... baixinha.
E então, saí. Fora definitivamente um dia longo. E estranho. Bem estranho.
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𝐂𝐨𝐧𝐭𝐢𝐧𝐮𝐚...
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