
Capítulo 6
𝐂𝐚𝐝𝐞̂? 𝐒𝐮𝐦𝐢𝐮?!
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𝐆𝐢𝐲𝐮:
Aquela caneta ainda iria nos causar um problema. Ela estava nas mãos de Shinobu e eu tinha de escrever a resposta da questão sete. Quase arranquei-a das mãos dela, porém, Shinobu a segurou com força, me fazendo ter de puxá-la.
– Me empresta!
– Me devolve, eu estou usando!
– Mas eu preciso escrever!
Continuamos puxando a caneta, cada um para um lado, até que em um momento, ela escapou de nossas mãos, voando sei lá para onde. Ela escapuliu de nós com tanta força que acabou passando pela janela, caindo lá embaixo, provavelmente no pátio. Ah, eu era um homem morto. Voltei a atenção para Shinobu, que me encarava, com uma raiva profunda aparente.
– Ah... foi mal. Sua caneta...
– Foi mal não, foi péssimo. E você vai buscá-la. Onde quer que ela esteja.
– Eu? Não vou buscar nada!
– Vai sim! Foi você quem ficou puxando da minha mão!
Eu teria mesmo que descer do segundo andar apenas para pegar uma caneta? Ok, estava tudo bem, não era um grande problema. Passamos o resto do tempo dividindo outra caneta, uma que havia pegado emprestado de um de meus colegas. Quando a aula acabou, quase saí correndo para tentar despistar Shinobu, contudo, ela me impediu, me segurando.
– Vai. Achar. A. Minha. Caneta.
– Ok! Calma aí!
Sim, eu realmente teria de achá-la. Decidi procurar assim que saí da sala de leitura, portanto, desci os dois lances de escada bem rapidamente, chegando ao pátio. Andava olhando para baixo, buscando incessantemente pela droga da caneta preta de Shinobu, entretanto, parecia que quanto mais procurava, mais difícil seria de a encontrar. Gastei preciosos minutos vasculhando o pátio todo, porém, não encontrei a caneta em lugar nenhum. Algum dos alunos já deveria ter pegado e a levado consigo, pois ela não estava ali, de maneira alguma. Aff, mas que droga! Fui ao encontro de Shinobu antes que ela fosse embora para lhe dar as notícias.
– E aí? Achou? – Ela se precipita.
– Bem... não. Sumiu! Eu simplesmente não encontrei!
– Giyu Tomioka. O senhor tem até amanhã pra me devolver essa caneta. Se não... já sabe, né?
– Sim, eu sei. Eu vou achar...
Droga! Todo esse drama por conta disso?! Se fosse um caderno, eu até entenderia, mas uma caneta?! Shinobu foi embora e eu, continuei procurando pelo máximo de tempo possível antes que o motorista de meus pais - no caso, o Yudi - chegasse para me buscar. No caminho até em casa, fiquei pensando em onde aquela maldita caneta estava. Como não teria mais chances de procurar, talvez eu pudesse... comprar uma nova? Acho que seria meio exagerado se eu fizesse isso. Mas... se eu não a encontrasse, Shinobu me mataria.
Bem, apenas passei em casa para deixar meus materiais escolares, pois logo saí, em busca da papelaria mais cara da região. Óbvio, eu compraria uma caneta nova para mim também, então, não gastaria em porcarias. Deixei que Yudi também me levasse para lá. Depois de poucos minutos, cheguei em meu destino, entrando na loja.
Era o paraíso dos materiais escolares, havia tudo o que um estudante poderia querer ali dentro. Procurei as canetas de melhor qualidade, já que não precisava me preocupar com o preço. Não, não comprei apenas uma, mas sim várias canetas de cores diferentes. Eu sei, é um exagero, mas... se eu realmente tenho como pagar por elas, por que não, certo?
Bem, não fiquei por ali por muito tempo, eu estava cansado, afinal. Na verdade, essa foi a compra mais rápida da minha vida. Geralmente sou extremamente seletivo com o que compro, mas hoje não estava afim de passar minutos valiosos escolhendo meras canetas. Quando saí, desta vez fui direto para casa e não pretendia sair novamente. Fora um longo dia - e coloque longo nisso. Não fiz absolutamente nada pelo resto do dia, me tranquei no quarto e fiquei lá, o tempo todo.
~
Era finalmente sexta-feira. Acordei, ainda com sono. Não queria nem um pouco sair da cama, por isso, fiquei enrolando para levantar, contudo, quando vi o horário no relógio de meu celular, levantei em disparada. Eu estava bem atrasado. Pela segunda vez. E eu tinha que fazer milhares de coisas antes de sair. Tomei banho e comi qualquer coisa que estivesse ao meu alcance na cozinha, já que não tinha muito tempo. Saí o mais rápido o possível, me apressando para chegar no horário. Mentalmente, torcia para que o portão ainda não houvesse fechado. Quando cheguei no colégio, corri - corri muito - até chegar na sala de aula, tentando disfarçar meu cansaço quando bati à porta. Assim que ela se abre, começo a me explicar.
– Posso entrar?
– Pode. Não está tão atrasado. – O professor me responde.
Dei sorte desta vez. Provavelmente meu primeiro - e último - dia de sorte do ano. Me dirigi ao meu lugar, sentindo o olhar fulminante de Shinobu para mim. Já sabia do que se tratava, por isso, já disse a ela:
– Eu sei. A sua caneta.
Entreguei a ela as 12 canetas de cores diferentes que comprei. Eu... não sabia que cor ela preferiria, então, acabei comprando todas elas.
– O... o que é isso? Pra quê isso tudo?
– Depois falamos sobre isso. Agora, deixa eu prestar atenção na aula.
Não conversamos mais sobre o assunto na sala de aula, afinal, não tivemos chance. Como os professores chegam na sala tão rápido durante a troca de aula?
~
Era a hora do intervalo, e antes que eu pudesse ou conseguisse fazer qualquer coisa, Shinobu aparece literalmente do nada. Parecia ter um ponto de interrogação desenhado em seu rosto, então, perguntei a ela:
– O que foi?
– Por que me deu aquele tanto de canetas? Eu só pedi que encontrasse a minha, não que comprasse novas. E outra coisa, para que tantas cores?
– Eu não achei a sua, aí fui lá e comprei novas. E... não sabia que cor iria querer, então, acabei comprando todas.
Sua dúvida pareceu se esclarecer, por isso, saí andando para passar o resto do intervalo em paz, entretanto, ela me seguiu, parando à minha frente, ainda insistindo em falar sobre aquele assunto.
– Sério, não acha isso um pouco exagerado?
– Eu não sei...
– Mas de boa, eu gostei. Aliás, obrigada. Não precisava.
– De... nada.
Era a primeira vez que Shinobu me agradecia por alguma coisa. Confesso que até estranhei sua atitude no início, mas percebi que isso é comum para todo mundo - pelo menos para qualquer pessoa normal. E então, ela foi embora, me deixando ali plantado no corredor. Ok, isso foi estranho. Muito estranho. Bem, eu estava ocupado demais para perder tempo pensando nisso e ainda por cima estava com fome, então, decidi descer as escadas em busca de comprar alguma coisa para comer, contudo, a fila estava gigantesca. Não, eu definitivamente não iria passar tantos minutos numa fila apenas para comprar um lanche, portanto, voltei para o segundo andar, ficando por ali mesmo. Ah, mas eu estava com tanta fome... ok, eu aguentaria... aguentaria se Shinobu não passasse por ali com seu lanche na mão. O cheiro estava tão bom... fui atrás dela, meio hesitante, mas pedi.
– Kochou.
– O que foi?
– Me dá um pouco do seu lanche?
– Não.
– Por que não?
– Porque é meu! Vai comprar o seu, você não é rico?
– Bom... a fila tá muito cheia. Vai, me dá só um pedacinho! Eu te comprei doze canetas e é assim que você me agradece?!
– Não. Você comprou porque você quis!
Parei para pensar em uma resposta a altura, já que precisava vencer aquela discussão para conseguir o lanche dela. Ou ao menos um pedaço dele.
– Então devolve as minhas canetas!
– Não! Você me deu, então agora são minhas.
Ela saiu andando para longe de mim, ignorando todas as vezes que a chamei de volta, portanto, fui atrás dela. Ah, mas eu iria conseguir aquele lanche de um jeito ou de outro. Shinobu apertou o passo mas não conseguiu ir muito longe com suas perninhas curtas, então, logo a alcancei.
– Dá para parar de me seguir? Por favor?
– Não. Vai baixinha, deixa de ser egoísta.
Shinobu tentou fugir de novo, porém, a coloquei contra a parede do corredor, não a deixando sair. Ela virou o rosto para me encarar, não parecendo nem um pouco impressionada com meu ato. Assim que percebi o que fiz, me afastei um pouco, indignado com minha própria indecência. Se meus pais soubessem sobre eu fazendo uma coisa dessas e interpretassem errado... eu iria de arrasta pra cima facilmente.
– Sai, seu moleque! Me deixa em paz. – Ela me dá um empurrão, tentando me afastar, sem muito sucesso. – Toma aqui.
Ela separa um pedaço de seu lanche e estende a mão em minha direção, porém, quando fui o pegar, ela a tirou dali.
– Com uma condição.
– E qual seria ela?
– Não pode me estressar pelo resto do dia. Não importa o que eu faça pra você.
Pensei, repensei e considerei minha situação. Eu não podia ficar sem comer nada durante o dia todo, certo? Então, decidi aceitar sua oferta, relutantemente, mas aceitei.
– Aff, ok. Eu aceito.
Tinha certeza de que depois dessa condição, Shinobu ficaria me estressando o dia todo apenas para me fazer passar raiva. Mas ao menos eu havia conseguido meu lanche. Ok, isso não daria tanto trabalho. Ignorar aquela garota chata, como faço - ou pelo menos tento fazer - todos os dias. Não deve ser tão difícil, certo?
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𝐂𝐨𝐧𝐭𝐢𝐧𝐮𝐚...
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