𝐔𝐦 𝐝𝐢𝐚 𝐚𝐠𝐫𝐚𝐝𝐚́𝐯𝐞𝐥... 𝐬𝐨́ 𝐪𝐮𝐞 𝐧𝐚̃𝐨!

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𝐒𝐡𝐢𝐧𝐨𝐛𝐮:

Antes das aulas acabarem naquela manhã, fiquei conversando com Mitsuri sobre várias coisas. Ela é a única com quem converso durante o tempo que estou no colégio e sinceramente... ela é a pessoa em quem mais confio neste mundo todo. Eu nunca fui de realmente me abrir, dizer o que sinto para os outros... até que a conheci. Posso dizer que Mitsuri é uma das amizades que eu nunca quis, e nunca vou querer perder. Mesmo que nós duas sejamos muito diferentes, ou que discutamos às vezes... mesmo assim, gosto de sua companhia. Ela começou a me falar sobre o garoto que ela está gostando: Obanai Iguro. Ele é um garoto alto, de cabelos escuros e olhos bicolores que atualmente estuda no 3A. Tenho de admitir, ele é até bonitinho. Preciso urgentemente achar uma maneira de juntar eles dois, até porquê formariam um casal extremamente fofo.

– Mas e você? Não gosta de ninguém, Shinobu?

– Não. Não gosto de absolutamente ninguém.

Não gosto muito de tocar nesse assunto. Sinto que tenho dificuldades de me relacionar com as pessoas. Essa sensação surgiu depois de encontrar alguém que se tornou importante para mim e essa pessoa... trair minha confiança, digamos assim. Nunca gostei ou fiquei com alguém, com excessão desta pessoa. Acho que é por isso que às vezes hesito em me conectar com as pessoas ao meu redor. Parece que... o que aconteceu no passado, pode acontecer de novo se eu acabar escolhendo a pessoa errada.

– Mas tipo, não acha ninguém atraente? Nenhum garoto?

– É claro que conheço alguns garotos bonitos, mas isso não quer dizer que eu goste de algum deles.

– Sabe o que eu acho? Que você e o Giyu dariam um ótimo casal.

– Como assim? Aquele moleque chato?! Nunca! Ele é um idiota.

– Olha, é como diz o ditado: quem briga, se ama. Eu estou falando, ainda vai sair alguma coisa envolvendo vocês dois!

– Veremos, então.

Aff, essa ideia é um absurdo. Eu e Giyu Tomioka? Nunca daria certo. É simplesmente impossível que isso aconteça. Mitsuri está dizendo muitas bobagens, na minha opinião.

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O dia todo fora divertido para mim. Giyu acabou ficando estressado com todas as minhas provocações e foi bem engraçado, falando a verdade. Em casa, não fiz muita coisa, embora tenha tirado um tempo para ficar com Kanao. Ela me convidou para jogar vídeogame e eu aceitei, já que não tinha muito mais o que fazer e queria aproveitar ao menos um tempinho do meu dia. Eu gosto de ficar com minhas irmãs o máximo de tempo possível. Elas são minhas melhores companhias e contamos tudo umas às outras. Bem, voltando, nós duas jogamos até Kanae chegar e depois, fomos jantar. Quando terminei, já subi para meu quarto. Embora divertido, meu dia também havia sido cansativo. Me joguei na cama, pegando meu cobertor e fechando os olhos para tentar dormir um pouco.

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Acordei com a claridade passando pela janela, me fazendo abrir os olhos com dificuldades. Era quinta-feira. Apenas mais dois dias até o fim de semana. Me levantei, ainda meio com sono, me dirigindo até o banheiro para tomar um banho antes de qualquer outra coisa. Assim que saí e desci as escadas, percebi que minhas duas irmãs já haviam acordado também. Por quê? Não faço ideia.

– Bom dia, Shinobu.

– Bom dia... o que vocês estão fazendo tão cedo?

– Olha, eu só não consegui dormir mais depois de acordar, aí, desci. – Kanao me responde.

– E eu... bem, tenho que levantar cedo de qualquer maneira. – Foi a vez de Kanae.

Fui ajudá-las com o café da manhã, e quando terminamos de prepará-lo, sentamos à mesa para comermos. Tomei apenas um pouco de chá verde junto de uma omelete. Estava muito bom. Coloquei meu prato e caneca na pia e fui pegar meu material para a aula, o deixando em cima de uma cadeira. Ainda tinha tempo de sobra antes de sair, o meu ônibus apenas chegaria às seis e meia e o relógio marcava 06:00.

– Shinobu... pode lavar a louça? Eu já estou quase atrasada. – Kanae se levanta, olhando o horário.

– Aff, posso. Tudo eu nessa casa... – Murmuro, enquanto me dirijo à mesa novamente para recolher o resto da louça.

– Quer que eu lave pra você? - Kanao se oferece. Eu não faria a coitada lavar a louça para mim.

– Não precisa. Mas valeu.

Kanae já estava de saída, por isso, dissemos tchau a ela quando saiu pela porta da frente. Enfim, começei a lavar a louça mesmo contra minha própria vontade. Em algum momento, teria de ser feito, no final das contas. Assim que terminei, me despedi rapidamente de Kanao, já que também deveria sair. Já eram seis e vinte quando abri a porta e segui meu caminho até o ponto. O dia estava nublado, o céu em tons de cinza não ajudava muito a melhorar meus ânimos. Ao menos se o clima estivesse melhor... talvez meu humor também melhorasse se o sol escolhesse dar as caras.

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Ao chegar no colégio, fui até a biblioteca novamente. Eu já estava procurando um livro há dias, mas ele não estava lá. Sabia que a variedade de livros disponíveis no colégio Kimetsu era gigantesca, por isso, o que procurava certamente estava ali. Procurei, e procurei muito, entretanto, não o encontrei, portanto, logo desisti e me direcionei à sala de aula. Ao olhar o cronograma, descobri que as duas primeiras aulas seriam de ciências. Ah, como eu amo essa matéria. É minha favorita desde sempre. Meu sonho é ingressar numa faculdade de medicina. Ajudar as pessoas da maneira como os médicos ajudam... seria incrível. Salvar vidas, tanto as de pacientes, quanto das famílias deles... esse tipo de coisa me encanta desde sempre.

Fui tirada de meus pensamentos por conta do barulho incessante que meus colegas – se era possível os chamar disso – causavam. Um pouco incomodada com o caos que se instalava na sala, me sentei na minha respectiva carteira, tentando ao máximo ignorar as palavras sendo ditas por eles. Esperei um tempo até que a aula começasse e percebi que certa pessoa não havia chego. Ah, será que ele iria faltar? Seria um sonho... um sonho que logo acabou, já que Giyu parou à porta, pedindo permissão para entrar.

– Cinco minutos atrasado, não é mesmo, senhor Tomioka?

– Ah professor, são só cinco minutinhos. Deixa essa passar, vai. Só desta vez.

– Hm... ok. Mas da próxima, já sabe, não é?

– Claro.

Ele vem e se senta em seu lugar, atrás de mim. Por que todos os professores daquele colégio gostam de Giyu?! Até o deixam chegar atrasado, sem problema algum. Isso é tão injusto! Isso já estava me deixando meio irritada, por isso, teria que descontar em alguém.

– Quase foi pra direção, hein. – Me viro para provocá-lo.

– Quem me dera se eu fosse. Pelo menos poderia passar o dia todo sem olhar na tua cara.

– Aff, cala a sua boca, eu nem sou tão chata assim.

– É sim. E você sabe bem disso.

Ouvi o professor chamar nossa atenção, por isso, virei para frente, me desculpando um pouco baixo demais. Eu descontaria toda a raiva em Giyu depois. Por ora, focaria em me concentrar ao máximo na aula.

~

Depois de passar por sete aulas chatas e entediantes, decidi dar uma volta pelo colégio antes de ir para o reforço de matemática. A escola continuava a mesma desde que entrei, quase nada havia mudado durante os dois anos que passei estudando aqui. Enfim, acabei roubando algumas bolachas de minha amiguinha Mitsuri no caminho para a sala de leitura, já que... bem, eu estava com fome. Ao chegar lá, me sentei em qualquer cadeira, esperando que a professora aparecesse logo. Estava concentrada, observando as anotações da aula anterior no meu caderno, até que sinto alguém encostar em meu ombro. Virei para trás, encontrando, obviamente, Giyu.

– E aí, baixinha.

– Aff, já começou de novo? Me deixa, vai.

– Nossa, calma... – Ele se senta ao meu lado. – Cê tá brava?

– Não, não estou. Apenas quero que você fique quieto.

Até que enfim, a professora entrou na sala e agradeci por isso ter acontecido, se não, aquele garoto continuaria me estressando. Porém, assim que ela nos disse o que iríamos fazer, quis morrer.

– Alunos, hoje as lições serão em dupla. Escolham alguém e se juntem.

Eu simplesmente odeio quando isso acontece. Lições em dupla nunca terminam bem para mim, já que ninguém nunca quer ficar comigo. Quando todas as duplas já estavam formadas, continuei sentada em meu lugar. Claro, eu podia fazer a lição sozinha, já havia feito isso muitas vezes, afinal.

– Tomioka. Me responda uma coisa.

– Sim?

– Pode fazer dupla com a senhorita Kochou?

– Claro, professora.

Ah não! Por que a professora tinha de estragar tudo?! Eu estaria bem se estivesse sozinha ou com outra pessoa, mas com o Giyu?!

– Hm... vamos logo fazer a tarefa... – Eu digo a ele, sem olhá-lo.

– Por que está assim, Shinobu? É tão ruim fazer dupla comigo?

– É, é sim. Você é insuportável. Mas ok, vamos pra primeira questão.

Pego a caneta, a movendo entre os dedos. É uma mania minha, me ajuda a pensar melhor. Li e reli a pergunta, entretanto, não consegui a responder de cara. Giyu pegou a caneta de minha mão e começou a anotar a resposta.

– Ei, me devolve!

– Eu estou sem caneta. E só vou escrever a resposta.

– Não, a caneta é minha!

– Kochou... por favor, vai. Quebra essa.

– Aff, ok! Usa essa porcaria logo, que eu vou usar ela também.

Após terminar de usá-la, Giyu deixa a caneta em cima da mesa, porém, quando fui pegá-la, Giyu me impediu, colocando a mão por cima da minha. Logo que percebe o que fez, me solta, pedindo a caneta de volta.

– Foi mal, eu me esqueci de uma coisa. Me dá ela aqui.

– Giyu! Me deixa usar a minha caneta, por favor.

– Ok... mas depois me empresta de novo.

– Tá bem... – Reviro os olhos.

E ficamos o tempo todo desta forma, usando a droga da mesma caneta. A família de Giyu não é milionária?! E ele não tem ao menos uma caneta?! Estou começando a achar que isso é mentira, até porquê eu, que não venho de família rica nem nada, tenho material escolar e ele não? Que absurdo!

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𝐂𝐨𝐧𝐭𝐢𝐧𝐮𝐚...