
Capítulo 13
𝐄𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 𝐧𝐚̃𝐨 𝐝𝐞𝐬𝐞𝐣𝐚𝐝𝐨𝐬
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𝐒𝐡𝐢𝐧𝐨𝐛𝐮:
Ainda tínhamos a aula extra de matemática. Seria mais um dia longo e estressante, mais do que já fora. À caminho da sala em que eu iria ter aula, acabei encontrando Mitsuri.
– Ah, oi Mit.
– Oie! Ei, o que acha da gente sair hoje? Tava pensando em comprar umas coisinhas depois da aula.
– Bem... pode ser. Eu não tenho nada pra fazer hoje mesmo. Só vamos.
– Beleza! Então, eu espero você sair da aula e a gente vai, ok? Vai ser tão legal!
– Tudo bem. Se prepara pra se divertir hoje, amiga! Te vejo depois então.
– Tchauzinho! Até depois.
Agora eu tinha algo para fazer depois da aula também. E isso era ótimo, eu poderia descontrair um pouco. Além do mais, fazia algum tempo desde que saíra com minha amiga pela última vez.
Ao chegar na sala, me sentei em meu lugar, esperando que a aula começasse. Algum tempo depois, Giyu estava sentado ao meu lado, por motivo nenhum. Mas que saco.
– E aí baixinha?
– E aí o caramba. Vê se não me irrita.
– Talvez.
Talvez. Mas que ódio deste talvez. Se continuasse assim, ele realmente me irritaria. Decidi que não ia ligar para o que ele dizia. Faria de tudo para que aquele dia não ficasse mais chato ainda.
A aula ia correndo super bem, o Tomioka – felizmente – não ficou falando coisas ridículas como sempre faz. Entretanto, a cada vez que eu dava uma espiadinha na lição dele para conferir minhas respostas, percebia que ele estava olhando para mim. Até aí poderia ser qualquer coisa, ele fazia isso às vezes.
Porém, aquilo continuou acontecendo. De vez em quando, dava até para sentir seu olhar concentrado em mim sem nem mesmo olhar pra ele. O que está acontecendo? Conheço Giyu Tomioka há tempo suficiente para saber que ele não encara alguém por muito tempo sem motivos. Talvez só estivesse irritado demais comigo e descontando sua raiva com os olhos. Ou não. Não fazia diferença, a questão era que ele continuava me encarando fixamente e aquilo estava começando a me incomodar.
Tentei me concentrar nos cálculos que deveria fazer, porém, minha mente sempre acabava voltando para tentar decifrar o motivo de Tomioka para estar me observando tão direta e intensamente. Apenas... por quê? Eu precisava urgentemente descobrir.
Assim que o tempo da aula acabou e todos os alunos saíram, acabei chamando Giyu de canto, apenas eu e ele estávamos na sala de aula agora. Ah, sim! Era mais uma oportunidade ótima para provocá-lo, além de matar minha curiosidade.
– Pelo menos disfarça, né.
– Espera, o quê?
– Eu sei que sou linda, mas não precisa ficar me encarando daquele jeito a aula toda.
– O-o quê? Eu, Giyu Tomioka, estar encarando alguém como você? Se enxerga, né Shinobu.
Ele desviou o olhar, perceptivelmente tentando arranjar uma desculpa. Percebi seu rosto ficar... corado? Mas que porcaria estava acontecendo? Apesar da confusão que a situação me causou, dei um sorrisinho com isso, era certamente o momento para mexer com ele.
– Ah é? Claro que você não iria querer admitir, pegaria mal.
– Tá, e se eu realmente estivesse te encarando? O que tem demais nisso?
– Talvez queira dizer alguma coisa. Tire suas próprias conclusões, Giyu, tire suas próprias conclusões...
Ok, aquilo era realmente estranho. Quem tinha que tirar conclusões não era ele, mas sim eu. Aquilo provavelmente significava alguma coisa, mas eu não sabia o que era. Não queria pensar muito naquilo, portanto, tratei de arrumar minhas coisas logo e sair da sala, rindo para disfarçar minha confusão. Não podia deixar Giyu notar que estava tão confusa quanto ele.
~
Ao chegar ao pátio, avisto Mitsuri me aguardando. Seus olhos esverdeados passeavam de um lado para o outro, provavelmente me procurando. Quando seu olhar encontra o meu, ela abre um sorriso. Ela era realmente muito fofa. Sorri de volta em resposta, me aproximando.
– Oi! E aí? Preparada pra hoje?
– Claro. Se não estivesse, nem teria vindo!
– Beleza! Mas então, o que a gente faz primeiro? Tava pensando em ir no shopping e comer e passar nas lojas e...
– Calminha aí, uma coisa de cada vez, amiga.
– Tá, me empolguei, confesso.
Nós duas rimos. Era bom estar com ela. Sempre foi assim. Desde que nos conhecemos, o tempo com ela se tornou bastante agradável. Talvez seja por sermos muito parecidas em personalidade e etc, mas eu adoro sair com Mitsuri, podemos fazer as maiores loucuras e zoar de todo mundo, ninguém vai se importar com isso. Só nós duas e mais ninguém. Se eu fosse chamar alguém para me ajudar num assassinato, ela com certeza seria essa pessoa – não que eu esteja pensando em cometer um, mas...
Mitsuri tinha um motorista particular, o que pra mim não era novidade, mas não deixava de ser impressionante. Entramos no carro e ela disse que iríamos ao shopping primeiro. Conversamos o caminho todo sobre o que deveríamos fazer quando chegássemos lá. Nosso cronograma consistia em ir às lojas mais caras apenas pra reclamar do preço e sair de lá sem nada, visitar a livraria pra conferir se algum livro inédito havia chegado e comer hambúrgueres e batata-frita até não aguentarmos mais. Seria uma tarde boa.
~
Estávamos caminhando por uma loja de roupas, julgando todas as peças que achávamos que alguém fosse capaz de usar e rindo das combinações que nós mesmas escolhíamos uma para a outra. Começamos algum outro assunto aleatório, até que Mitsuri parece se lembrar de alguma coisa.
– Ah, sim.
– O que foi?
– Sabe o Tomioka? Então, ele tava muito esquisito hoje.
– Ele sempre é esquisito, Mit.
– Não, mas dessa vez é sério. Fiquei sabendo que ele saiu perguntando pra todo mundo sobre uma pessoa que ele gostava.
– É... na verdade ele também tava estranho comigo hoje. Ele ficou me olhando a aula de matemática inteira, acredita?
Ela ri. Provavelmente pensava sobre a mesma coisa que eu. Tinha alguma chance, alguma mínima chance, de Giyu Tomioka gostar... de mim?! Espera, o que raios que eu tô pensando?!
– Amiga, isso só pode significar uma coisa! Ele gosta de ti!
– O quê?! É claro que não, ele me odeia. Isso é óbvio.
– Shinobu, posso te contar minha opinião sobre esse assunto?
– Tá, fala.
– Esse ódio todo é só muito amor acumulado. No fundo, vocês realmente se amam.
– Tá de zoeira com a minha cara?! Você sabe que a gente se odeia desde que nos conhecemos.
Ela só podia estar brincando comigo. Sério isso? Era o que parecia? Eu o odeio, odeio, odeio. Tanto que poderia matá-lo agora mesmo. Mas talvez ele não me odiasse tanto assim. Que droga, tudo está uma confusão depois daquela maldita aula de matemática. Droga!
~
Agora, estávamos indo comer, o caminho até a praça de alimentação do shopping não fora muito longo. Ao chegarmos, procuramos o fast-food que fosse mais barato e pedimos nossos lanches. Eu pedi apenas um hambúrguer e uma batata frita, já Mitsuri... o combo dela consistia em dois hambúrgueres, uma batata-frita grande, um refrigerante - que nós dividiríamos - e um milk shake de morango. Uma coisa que me intriga: Mitsuri come muito, como essa garota tem o corpo tão perfeitinho? Talvez seja o azar da minha genética, mas parece que todas as garotas do colégio são lindas, muito acima do padrão. Muito acima de mim.
Às vezes minhas inseguranças me pegam em momentos assim, quando eu menos espero, em uma situação que deveria ser comum para todos. É como um gatilho. Olho para as pessoas sob uma situação e acabo me comparando. É um problema que eu decidi ignorar, se tornou comum mesmo...
Fui tirada dos meus pensamentos por uma mão em meu ombro. Era, obviamente, Mitsuri. Mas ela estava olhando para além de mim, como se alguém estivesse vindo em nossa direção ou algo assim.
– Amiga.
Apenas isso bastou para me fazer olhar para trás e avistar ninguém mais ninguém menos do que Giyu Tomioka. Não, não, não, não, não. Aquilo não podia estar acontecendo! Como esse moleque veio parar aqui?! Ele estaria me seguindo? Talvez ele fosse um stalker disfarçado de estudante. Era improvável demais, certo? Não podia ser uma simples coincidência. Se ele me visse, tudo estaria acabado.
– Mitsuri, socorro. Me esconde, faz alguma coisa!
– Eu não! Você que se resolva com teu homem.
– Ei! Shh, não fala merda. Só me salva dessa, vai.
Eu precisava de qualquer coisa que me ajudasse a me livrar daquele maldito garoto. Será que ficar ali parada funcionaria? Ou dar voltas seria mais eficiente? No fim, nenhum dos dois métodos adiantou, já que Mitsuri saiu da minha frente e me fez encontrar o olhar de Giyu. Merda. O que eu faria? Ele já estava vindo na minha direção quando virei o rosto, tentando ignorá-lo.
– Baixinha? O que que você tá fazendo aqui?
Não o respondi e nem me virei para encará-lo, estava com raiva o suficiente pra fazer isso. Entretanto, o Tomioka puxou meu rosto com a mão, de modo a me fazer olhar para ele. Seus olhos encontraram os meus e não consegui mais parar de olhar. Era completamente condenável admitir que ele era bonito. Mas, meu Deus, ele era muito bonito. Ele era lindo. Me odiei por pensar isso, mas fora inevitável neste momento, onde eu estava tão próxima dele. Seus olhos azulados fixavam-se nos meus, indecifráveis. Por um momento pensei que havia uma chance, uma mínima – mínima – chance de o que Mitsuri disse antes ser verdade. A dúvida que me restava era: será mesmo?
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𝐂𝐨𝐧𝐭𝐢𝐧𝐮𝐚...
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