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Estava sentada atrás do assento do garoto enquanto o carro balançava. Summer estava do seu no banco traseiro, assim como Beatrice, já que negou imediatamente quando o garoto lhe ofereceu o banco do passageiro. O caminho estava sendo silencioso, deixando a carona ainda mais desconfortável e Bea ainda mais arrependida de aceitar entrar naquele carro pela segunda vez.
Summer foi a primeira a ser deixada em casa. A garota se despediu de Paris e Bea com um simples "Tchau." e em seguida olhou para Tristan e falou "Tchau, Tris.", o que rendeu boas risadas à Geller, que o provocou no segundo que Summer deixou o carro. O Dugray soltou alguns sorrisos, isso fez a morena revirar os olhos.
— Mas eu achei ela meio chatinha. — Paris comentou. — Né, Bea?
— Não sei, Paris. Às vezes ela só é meio introvertida. — Beatrice defendeu. Não queria ser acusada de ciumenta.
— Mas nos dar um "tchau" com aquela cara fechada. Eu acho que ela deixou bem claro que não nos queria por perto.
— Acho que você está exagerando. Tipo, a gente mal conhece a garota.
— Ela falou mal de você o baile inteiro. — Tristan entrou na conversa.
Pelo retrovisor, podia ver o olhar do garoto na estrada. Talvez Summer não gostasse da Otinger porque a mesma gritou com os dois quando estavam na frente do seu armário. Mas tudo bem, não é como se Beatrice esperasse que a garota a amasse. Bem, depois daquele primeiro olhar que a garota a dirigiu, jamais esperaria uma coisa dessas.
— Ela tem inveja da Bea. Porque a Bea é bonita, é inteligente e tem você rastejando aos pés dela.
— Quê? Eu não tenho o Dugray rastejando aos meus pés. — Se intrometeu.
— Ah claro! — Concordou sarcasticamente. — Imagina se você tivesse.
— Paris, chegamos. — O garoto apontou para a casa da loira, cortando a conversa.
— Não, a Paris tem que buscar as coisas dela na minha casa. — Afirmou enquanto ficava nervosa de estar sozinha com o garoto. Paris olhou de Tristan para Beatrice sorrindo.
— Não se preocupe, eu busco outro dia.
A garota nem deu tempo de Beatrice a responder, apenas saiu do carro e deu as costas aos dois. Fechou os olhos com força, respirando fundo, tentando se acalmar. Quando os abriu, Tristan a olhava, mas já não sorria mais.
— Não vai passar para frente, baixinha?
A garota concordou com a cabeça, saindo do carro e passando para o banco do passageiro. Cinto foi a primeira coisa que colocou, não deixando Tristan Dugray fazer nenhuma das suas gracinhas. Cruzou os braços enquanto encostava as costas no assento e olhava para a rua.
— Minha casa estava mais perto do que a de Paris.
— Eu sei...
A garota olhou para Tristan, os olhos frios que há algum tempo o loiro não via. O maxilar do loiro travou na hora. Quase esqueceu-se que foi nessa versão de Beatrice que a conheceu. Havia se apegado demais a garota tímida que ao menos se lembrava do quanto a morena conseguia ser assustadora.
— Me desculpa, está bem? — A olhou suspirando.
— O garoto nem fez nada para você ficar daquele jeito.
— Ah, eu só fiquei meio... Eu fiquei com ciúmes. — Suspirou, vendo a garota arregalar os olhos. — Ele veio, interrompeu nossa conversa e depois que eu descobri que aquele era o Dean, eu me perguntei o porquê vocês pediram carona para ele e não para mim.
— Não passou pela sua cabeça que ele era o par de Rory? — A garota olhou para frente, o carro ainda estacionado. Estava retomando sua expressão firme.
— Eu não sabia que Rory tinha dormido na sua casa também.
Beatrice fungou e descruzou os braços, afinal, sua postura já havia caído e soube disso na hora que sentiu suas bochechas esquentarem. Tristan quase sorriu ao ver seu rosto sem a frieza recente. Estava aliviado demais, mas ainda sentia medo da garota desconfiar que o mesmo não havia aprendido sua lição. O mais alto segurou suas mãos, fazendo a morena o olhar nos olhos.
— Me desculpa, de verdade. — A baixinha pareceu pensar por um tempo, mas logo cedeu e soltou um suspiro.
— Tudo bem, Tristan — E o garoto quase soltou fogos de artifício quando a mesma voltou a o chamar pelo primeiro nome. —, mas da próxima vez não julgue sem saber.
Desta vez o loiro não conseguiu conter o sorriso. A puxou pelo rosto e beijou três vezes as bochechas coradas, que ficaram mais vermelhas ainda. Quando a soltou, Beatrice continuava sem reação. Não havia o impedido... Não quis o impedir. Tristan ligou o carro novamente, voltando a dirigir.
— Então... Próxima vez, hein?
— Idiota. — Beatrice virou para a janela para esconder o pequeno sorriso.
— Não quer colocar música? Vai ser um longo caminho até voltarmos para sua casa.
— Culpa sua. — Disse, abrindo o porta-luvas.
— Foi tudo planejado. — O Dugray falou.
Mal conseguia distinguir os CDs enquanto tentava os escolher. Abriu e colocou qualquer um deles, ouvindo as frases no começo de Civil War do Guns n' Roses. Não tinha nada a ver com o momento, mas sorriu mesmo assim. Era sua música favorita da banda.
O carro ficou em silêncio por alguns minutos. Tristan tinha um pequeno sorriso no rosto e Beatrice olhava para a estrada enquanto escutava as músicas. A garota olhou para o mesmo sob as luzes fracas das ruas. O loiro tinha olhos brilhantes e um perfil perfeito. Deve ter tirado o dia para admirar, pois não parava de elogiar os dois loiros que costumava temer. Claro que não falaria em voz alta, mas era óbvio para os dois que a garota o achava bonito.
A baixinha não soube por quanto tempo o olhou, mas foi o suficiente para o carro estacionar e o mais alto a encarar. Tristan a tirou de seu transe, estalando os dedos na frente do seu rosto.
— Chegamos.
— Ah, obrigada. — A baixinha o agradeceu.
— Mereço um beijinho, né? — O Dugray voltou com as gracinhas.
Bea revirou os olhos quando o loiro inclinou a bochecha para a garota a beijar. Tristan fechou os olhos, como se fosse um sonho jamais alcançado. A morena ficou envergonhada, mas levou seu corpo para perto do loiro. Porém, quando a garota tentou beijar sua bochecha, o loiro voltou para o lugar, como se tivesse certeza que Beatrice nunca faria aquilo. Pela falta de tamanho, a baixinha acabou beijando seu pescoço sem querer e voltou para o assento do passageiro quase que instantaneamente.
— Bem, então tchau. — Falou apressada, sem ao menos dar tempo de ficar constrangida.
Não sabia como reagir. Não sabia nem como estava se sentindo ao se encontrar sentada no carro do garoto que jurava todo o seu ódio eterno, ainda mais quando havia beijado seu pescoço acidentalmente. Tristan suspirou quando viu a mão de Beatrice se direcionar à maçaneta do carro e, nem se tocou quando avançou e segurou a mão da garota.
— Tristan? — Perguntou. — O que foi?
A confusão acompanhava os dois. Dugray nunca escondeu como se sentia sobre a baixinha, mas era diferente. Sempre se aproximou e provocou, porém, agora Beatrice agia diferente, como se finalmente estivesse realizando que Tristan Dugray não estava apenas brincando. E agora, cara a cara com a garota, sentiu como se uma onda de coragem o atingisse.
— Eu quero ficar sozinho, sozinho com você, isso faz sentido? — A de cabelos pretos sentiu seu rosto esquentar, principalmente quando o loiro estava tão perto de si. — Eu quero roubar a sua alma... e te esconder no meu baú de tesouros. Eu não sei o que fazer... — Tristan respirou fundo. — fazer com o seu beijo no meu pescoço. Eu não sei o que é de verdade... mas isso parece certo, então fique um segundo.
Beatrice sentiu-se afundar no banco do carro, extremamente tímida. Colocou suas mãos nos ombros do loiro, que a olhava tão intensamente. Mesmo nesse momento, Tristan Dugray não deixava de ser ele mesmo, abrindo um sorriso ao ver o nervosismo da Otinger.
— Sim, você parece certa, então fique um segundo.
Ainda que muito nervosa, a baixinha não deixou de se sentir confusa com a confissão repentina. Seus dedos agarraram seus ombros, sentindo suas mãos tremerem.
— Você está bêbado? — Perguntou, tentando parecer calma.
Beatrice analisou o rosto do mais alto, reparando em cada detalhe. Os olhos do loiro brilharam em divertimento, soltando uma risada fraca, antes de responder:
— Eu sou um poeta.
Quando a baixinha franziu as sobrancelhas, parecendo brava, foi a vez de Tristan ficar confuso. Suas mãos seguraram o colarinho da camisa social do Dugray, que ficaria espantado, mas estava entretido demais para isso.
— Pare de brincar comigo!
O garoto a olhou preocupado, segurando o seu rosto entre as mãos. Um pequeno carinho foi deixado em sua bochecha, e o sorriso deixou de ser divertido, mas sim, carinhoso.
— Eu não estava brincando quando disse tudo aquilo.
Beatrice respirou fundo, tirando as mãos do seu rosto e saindo do carro. Antes que chegasse à porta de sua casa, ouviu a porta do carro. Tristan ainda tinha um olhar intenso e andou em sua direção em passos rápidos.
A baixinha nem teve tempo de reagir, sendo puxada pela cintura. Beatrice até tentaria perguntar o que o mesmo estava fazendo, porém, no momento seguinte os seus lábios já estavam colados ao do loiro.
Tristan era, de fato, um bobo apaixonado. Quando percebeu que a Otinger estava nervosa com tudo aquilo, subiu devagar seus dedos para a sua nuca, a beijando com carinho. Por um momento, Beatrice esqueceu tudo, colocando as mãos nos ombros do garoto e retribuindo o beijo. As bochechas coradas, os olhos fechados e a mão em sua nuca eram o combo perfeito para desestabilizar a garota. Mas era diferente... a morena se sentia livre.
Por um momento, o garoto desejou que aquele momento durasse mais tempo, pois quando se separaram, o loiro amaldiçoou diversas vezes a falta de ar. Porém, quando seus olhos encontraram os da baixinha, se perdeu completamente. Mil pensamentos corriam pela sua mente, ficando, pela primeira vez, nervoso na frente de Beatrice.
— Obrigada. — Tristan agradeceu, ainda parecendo perdido.
Finalmente havia beijado a garota que tanto queria por perto. Era real. Ela continuava ali, um degrau mais alta. Do seu tamanho. Frente a frente para que pudesse a beijar novamente.
Tristan só acordou de seu transe quando Beatrice tentou se afastar. Porém, foi mais rápido em abraçar a cintura da baixinha. O loiro deitou a cabeça em seu ombro, de forma que a garota conseguia sentir a respiração do mais alto contra o seu pescoço.
— Não fuja de mim, Beatrice. — O garoto sussurrou.
Estava perdida, nervosa, arrepiada. Mesmo assim, resolveu passar os dedos pela nuca de Dugray, acariciando de leve os fios dourados e como resposta, o loiro a apertou contra si. Se sentia envergonhada, mas ainda deixou que um pequeno sorriso tomasse conta de seus lábios.
— Tudo bem.
"I don't know what feels true
But this feels right so stay a sec
Yeah, you feel right so stay a sec"
HOSTAGE - BILLIE EILISH
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