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Seus olhos fechavam sonolentos e voltavam-se para o tempo chuvoso do outro lado da janela. Estava quase deitando na própria carteira e ainda estavam apenas no terceiro horário.
A aula de Biologia era extremamente cansativa e parecia nunca ter fim. Quando a mesma já estava prestes a cair no sono, deu um pulo ao ter a cadeira chutada.
— Beatrice? — Olhou para o professor assustada. — Tudo bem?
A garota concordou com a cabeça. Esperou que o professor voltasse a sua explicação e virou-se para trás, ao ponto de ver Tristan Dugray acompanhado de um sorriso diabólico em seu rosto.
— O que você quer? — A morena perguntou.
— Eu quero várias coisas, Mary. É uma pergunta bem ampla.
— O que você quer comigo?
O garoto soltou uma risada, apoiando seus cotovelos na mesa e se aproximando da Otinger. Dugray viu o rosto da baixinha expressar desconfiança e tombou sua cabeça para o lado.
— Você.
Tal fala fez a garota paralisar. Não era surpreendente, ou muito menos alguma novidade o loiro falar esse tipo de coisa, pois o mesmo não perdia uma oportunidade. Porém, a garota levou muitos segundos a mais para o responder.
— Seus flertes são horríveis. Eu diria para treinar em casa e melhorar para se sair bem com a próxima garota.
— Eu nunca te abandonaria, docinho. — Beatrice mordeu o interior de sua bochecha nervosamente.
— Você é impossível!
— Eu estou flertando com você há dois anos e eu sou o impossível?
Ignorou o comentário e deixou que seus olhos piscassem devagar enquanto virava-se para frente. Tristan observou a ação inteira, franzindo as sobrancelhas. Suas bochechas esquentavam extremamente rápido. Pela primeira vez os flertes idiotas de Tristan Dugray deixaram a morena envergonhada.
Levantou sua cabeça, focando seus olhos em outra pessoa. Paris Geller parecia sonolenta como ela, o que deixou a garota confusa. Tudo parecia estar de ponta cabeça desde que pareceu prestar mais atenção nos dois loiros.
Paris era a típica garota das notas perfeitas, não perdia uma aula e muito menos parecia querer dormir nelas. Sempre estava prestando atenção, mas agora parecia apenas querer sair daquela sala.
— Vai me fazer brigar com minha melhor amiga de infância para ter sua atenção? — O loiro observou a Geller junto com a morena.
— O quê?
— Agora eu tenho sua atenção. — O garoto sorriu convencido e a garota bufou. — O que aconteceu? Não conseguiu dormir?
— Não. — Respondeu fria.
Como admitiria para alguém que ficou até as três horas da manhã analisando diversos cenários que a Geller possivelmente estaria passando. Em dois anos nunca havia visto a garota desse jeito.
Tentou deixar o assunto dos loiros de lado. Levou seus olhos para o quadro tentando voltar sua atenção na matéria em que o professor explicava.
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Mais uma aula e Tristan ainda a observava da carteira ao lado da sua, afinal, tinha a maioria das aulas com ele. O sinal havia acabado de tocar quando viu Paris andar rapidamente na frente da porta. Beatrice seguiu a garota com o olhar, pronta para levantar e sair porta afora.
— Beatrice e Tristan! — O professor os chamou antes que saíssem da sala. — Preciso falar com os dois a respeito das provas.
Otinger se levantou de olhos arregalados, sem entender o porquê o homem os chamava. Tristan já a seguia, sem pronunciar uma palavra. Seu olhar demonstrava já saber o motivo pelo qual o professor havia os prendido ali. A Otinger respirou fundo, enfim tendo coragem para olhar para o professor.
— Beatrice, você como alguém que eu sempre considerei boa aluna. Por que passou as respostas da prova para Tristan Dugray? — A garota quase tropeçou ao dar um passo para trás em surpresa.
— Eu não fiz isso. — Respondeu de imediato, fazendo o homem negar com a cabeça em decepção.
— Bem, eu e o diretor notamos o quão andam próximos. — A baixinha franziu as sobrancelhas, sem acreditar nas palavras do mais velho. — Por isso, vocês dois ficarão na detenção nessa sexta-feira.
— Mas eu tenho o Clube de Xadrez...
— Deveria ter pensado melhor, porque as respostas dos dois estão iguais.
— Eu não... — Otinger cortou a própria fala.
Um suspiro foi ouvido atrás de si. O garoto colocou suas mãos no ombro da morena enquanto a mesma se encontrava desacreditada.
— A Beatrice não me passou as respostas, fui eu que colei. — O mais alto a defende.
— De qualquer forma, Tristan. Alguns professores nos falaram sobre a Srta. Otinger estar quase dormindo nas aulas, ou simplesmente não prestar atenção. Desculpa, Bea, você vai ir para a detenção.
A baixinha apenas concordou com a cabeça, segurando seus livros mais forte. A mesma saiu da sala, sendo seguida pelo garoto. Otinger ficou extremamente quieta enquanto os dois caminhavam pelos corredores do colégio. Era normal que a de cabelos pretos não conversasse muito, mas não deixava de tornar a situação desconfortável. Tristan observou a morena com uma visível preocupação no rosto.
— Primeira vez na detenção? — Perguntou encostado ao lado de seu armário.
— Sim. — Respondeu e o garoto franziu as sobrancelhas, apertando seus lábios. — Não faça essa cara de pena. Minha mãe vai ficar orgulhosa.
Um pequeno riso nasalado foi tirado de Tristan. A garota olhou para os seus olhos, que pareciam denunciar algo. Confusa, franziu as sobrancelhas, tombando sua cabeça para o lado. Logo o garoto tratou de desviar o assunto.
— Então... não dormiu direito?
— Esqueça sobre isso. — Falou em mesmo tom que sempre o respondeu. Parecia não estar abalada por parar na detenção.
— Não.
— Dugray... — Tentou o repreender.
— Eu fui o autor da sua falta de sono durante à noite? — Descontraiu vendo a baixinha bufar.
Beatrice sorriu cínica, decidindo ignorar o mesmo. Talvez estivesse sendo inocente demais ao pensar que Tristan a deixaria em paz. O rapaz pareceu pensar em algo, já que abriu um grande sorriso malicioso.
— Imagina quando o colégio descobrir que a minha garota pensa em mim até na hora de dormir. — Falou desencostando-se do armário e dando alguns passos para frente.
Foi instantâneo. Beatrice puxou a manga do loiro para perto de si novamente. Tristan se fez de desentendido, fazendo a garota bufar.
— Não pode usar sua influência contra mim! — Exclamou.
Decidiu ignorar a fala e então se abaixou na altura da morena. A garota deu um passo para trás com a proximidade.
— Vai me responder?
— Eu só estou notando o quanto Paris está distante.
— Paris? — O mais alto franziu as sobrancelhas. — Está preocupada com Paris?
— Não. — A garota desviou o olhar.
— Então é só curiosidade?
— Sim.
— Ao ponto de tirar o seu sono?
— Dugray, eu não te devo explicações.
Um suspiro foi arrancado do loiro. Mais uma vez encontrou os olhos sonolentos da baixinha. Tristan colocou uma mecha do cabelo preto para trás.
— Ela está passando por uma situação delicada, Beatrice. Não posso sair expondo tudo o que a minha melhor amiga passa. Dê um tempo à ela. — A garota assustou-se com a seriedade na voz do loiro.
— Tudo bem. — Respondeu com a voz falhada. Parecia que toda a postura em que construiu durante anos havia desabado.
— E se você acha que "não estar preocupada" convence alguém — Fez aspas com as mãos. —, esqueça.
Observou o garoto se afastar extremamente surpresa. Com certeza o mesmo estava certo sobre isso, tal pensamento a incomodava demais. Bufou ao perceber o que acabou de acontecer, afinal, levou uma lição de moral de Tristan Dugray.
"One track mind, one track heart
If I fail, I'll fall apart
Maybe it is all a test
'Cause, I feel like I'm the worst
So I always act like I'm the best"
OH NO! - MARINA
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