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Bônus| Crônica da lágrimas

Acredito que quando alguém chora sem motivos é para aliviar todas as vezes que ela engoliu o choro, e colocou um sorriso falso em seu rosto.

Olá a todos! Primeiramente bem vindo a meu terceiro bônus, que eu intitulei de "crônicas" serão histórias ou fatos marcantes dos cinco com irmãos Soares! Espero que gostem; não esqueçam de votar e comentar o que acham!! Leiam as crônicas com as músicas que eu citar no momento em que citar! Enquanto a crônica não acabar ou eu não colocar outra música, deixe a primeira no repeat!!

As crônicas são em ordem de nascimento, ou seja, Dominic, Logan, Any, Connor e Bailey.

Boa leitura jogadores!🏒❤️

Me diga que ficaremos bem

Mesmo quando eu perco minha mente

Eu preciso dizer

Me diga que não é minha culpa

AFTERGLOW|TAYLOR SWIFT

SETE ANOS ATRÁS
Um mês depois da ida de Any

Encaro a moldura em cima do criado mudo ao lado da cama, depois desvio o olhar, respiro fundo e me levanto ao escutar a voz de minha mãe.

— Any! Vamos nos atrasar! — sua voz do andar de baixo sai abafada.

— Já estou indo mamãe! — grito e me sento na cama novamente.

Pego o porta retrato na cabeceira da cama, estávamos eu, Logan, Connor, Bailey e Dominic, estávamos suados depois de correr pela casa toda, sorrimos para a câmera com os olhos brilhando.

Uma semana depois meus pais se divorciaram e a alegria sumiu.

— Um dia eu voltarei. — digo baixinho ainda encarando a foto. — Eu prometo.

Coloco a mochila nas costas e os patins nos ombros e saio do quarto correndo, e desço as escadas.

Era de manhã, íamos para uma nova pista para que eu entrasse em um time, minha mãe me deixaria lá enquanto ia procurar uma nova agência.

— Vamos! — ela pega sua bolsa no sofá e caminhamos até o lado de fora em direção ao novo carro de minha mãe.

Uma picape preta, entro e minha mãe da partida no carro.

O caminho é silencioso, observo as ruas de Montreal enquanto o carro está em movimento, e então paramos.

Olho para fora tendo o deslumbre de um lugar enorme e bonito, o letreiro enorme do nome do time se destacava "Liberty", em azul e vermelho.

— O treinador está te esperando do lado de dentro, ele te apresentará para o time! Preciso correr por que estou atrasada. — minha mãe avisa me fazendo desviar o olhar da janela. — Boa sorte.

— Obrigada. — pego a mochila e os patins que deixei no chão do carro e saio de dentro do mesmo.

Saio do carro, e atravesso a rua depois de olhar para os lados, olho para trás percebendo que minha mãe já foi.

Respiro fundo e entro dentro do lugar, haviam meninos espalhados por tudo quanto é canto, seguro com mais força os patins e de repente me sinto mais insegura aqui.

Dois garotos vem em minha direção.

— Você tá procurando alguém? — um deles pergunta, levando a mão para tirar o cabelo ondulado do rosto. — A propósito sou Nicolas.

— Sou Any. — forço um sorriso. — Estou procurando pelo treinador Sanchez.

— Ele é nosso treinador, podemos te levar até a sala dele, rápido que daqui a pouco nosso treino começa. — o moreno mais alto se intromete. Olho para ele. — Sou Jacob prazer!

— Nos siga! — Nicolas chama minha atenção. — O que faz por aqui Anne?

— Any. — corrijo.

— Any? Tipo qualquer? — questiona.

— É. — digo amargamente. — Eu sou Brasileira.

— Mas como você está falando em inglês?

Reviro os olhos impaciente.

— Acha que Brasileiros são leigos a tudo? — questiono. — Nasci no Brasil mas moro em Massachusetts desde meus dois anos de idade, me mudei para Montreal tem um mês.

— Entendi. — ele sorri. — Você fala português também?

— Sim.

E então não falamos mais nada.

— Não respondeu o que faz aqui. — paramos em frente a uma porta.

— Vim treinar. — a porta então se abre e um homem sai de dentro dela com uma prancheta em mãos.

— Bom dia crianças. — ele sorri. — Você deve ser Any! — ele adivinha.

— Eu mesma. — sorri. — Muito prazer em conhecê-lo senhor Sanchez.

— Me chame de treinador! — ele bagunça o cabelo de um dos meninos.— Já que eu sou seu treinador agora não é? Vejo que já conheceu dois de meus garotos.

— Conheci... Minha mãe já deve ter conversado com o senhor...

— Sim. — ele indica para começarmos a andar. — Ela me mandou seus históricos, devo admite que fiquei impressionado, você tem.. treze anos certo? — assinto. — Já ouvi falar da academia de hóquei que você treinava em Massachusetts e é uma das melhores.. espero não decepcionar com nosso nível!

Sorrio.

— Espero que eu não decepcione!

— Com certeza não vai... Vi que já viajou para alguns campeonatos mirins, a quanto tempo joga hóquei?

— Desde os oito anos. — ele assente.

— Tudo bem. Sua mãe me pediu para te por em um time misto que começamos esse ano... Bem você é a única menina no time. — ele comenta risonho. — Ela disse que a única crítica de seu antigo treinador era que seu equilíbrio estava um pouco desleixado, então te colocamos com o time masculino para você criar mais força e potência. E equilíbrio.

Balanço a cabeça.

— Vamos, vou te apresentar ao time.

E foi aí que minha história de felicidade começou.

Os gêmeos Apolo e Hélio que conheci nesse mesmo dia se tornaram meus melhores amigos, tinham a mesma idade que eu e gostavam de Velozes e Furiosos e Harry Potter assim como eu também.

Jacob era mais um colega de time que eu conversava de vez em quando.

E Nicolas.... Bem Nicolas era um caso diferente, nos tornamos conhecidos de ringue, esbarro nele a vezes.

— Finalmente você vai jogar conosco! — Apolo comentava sorridente.

Nessas duas semanas tenho treinado apenas com o treinador Sanchez e com a treinadora Olívia, ele me ajudava a ter força e a fazer movimentos certos, por que eu jogaria com homens, e eles eram brutos, já a treinadora me ajudava no equilíbrio e nas estratégias.

E então hoje eu jogaria com o time para eles fazerem minha avaliação.

— Será que vamos ficar no mesmo time? — questiono.

— Não sei... Mas se não ficarmos, se prepare para perder! — Hélio ri e passa um dos braços pelo meu pescoço.

— Vocês que perderão se eu não estiver no time. — forço um sorrisinho e continuamos a caminhar em direção ao ringue.

— Você está convencida demais, gatinha. — Apolo ri quando dou um tapa em sua nuca.

Chegamos ao vestiário, alguns dos meninos sem camisa enquanto vestem o equipamento.

— Fizeram um vestiário para você Any; pode se trocar no banheiro também se quiser! — Luke um dos garotos do time aponta para o vestuário, ele amarrava os cadarços do patins dele.

Assinto e deixo os gêmeos para trás e caminho até me vestiário, não que fosse tão necessário, por que vestimos por cima da roupa que estamos, mas mesmo assim me senti confortável me trocando sozinha.

Coloco o equipamento com meu nome e número atrás por cima da legging e cropped pretos que eu usava.

O uniforme feminino era diferente só masculino em alguns aspectos, era um pouco mais justo para não atrapalhar nós movimentos, mas era confortável mesmo assim, pego minhas luvas, meu taco e meu capacete e coloco no banco do vestiário e me sento para calçar os patins depois de por as proteções no calcanhar.

Termino de fazer os laços e pego minhas coisas e caminho para fora do vestiário.

Continuo andando ainda sem tirar as proteções da sola do patins.

— Vamos Any! O treinador tá esperando. — Hélio me apressa, pega o capacete e enfia na minha cabeça e me puxa para as arquibancadas.

Eu ficava de seu tamanho em cima dos patins.

Ele o resto dos meninos já estavam equipados quando cheguei, me sento na arquibancada e fecho as luvas nas mãos e abotoou o capacete.

— Bom dia meninos. — ele sorri para os meninos. — Bom dia Any!

— Bom dia. — respondemos todos juntos.

— Vamos começar? — todos concordam. — Vamos lá, quero Luke e Nicolas no ataque do time azul, Any e Apolo no ataque do time vermelho.

Vejo os meninos escolhido caminhando até a entrada do ringue e tirando as proteções das solas dos patins, vou atrás e tiro as minhas também.

Deslizo pelo gelo e paro ao lado de Apolo que estende o punho para mim, bato meu punho no dele e sorrio.

Não escuto o treinador dizer o resto dos jogadores, apenas vejo eles entrando e Sanchez vindo atrás com os coletes de separação de time.

— Time vermelho. — ele diz entregando os coletes para cada um. — Time azul.

Coloco o colete por cima percebendo ser aberto atrás para mostrar os nomes nas costas de cada um.

No meu estava escrito Gabrielly como eu tinha pedido para pôr.

O treinador diz que vai contar a partir do três para a primeira partida começar e então ele vai soprar o apito para oficializar.

Três. — o treinador grita se firmando no meio de nós.

Posiciono o taco no chão e me curvo, esperando o sinal para patinar.

— Dois. — ele segura o disco na palma de uma das mãos.

Olho para frente onde Nicolas me encara e sorri. Não retribuo.

Um. — ele leva a mão vazia para o apito em seu pescoço.

Sorrio para Nicolas.

Ouço o apito e então vejo o treinador jogar o disso para cima.

Empurro Nicolas bruscamente  com o corpo e assumo a liderança atravessando o ringue com o disco sob meu poder.

E foi assim que a Princesa do ringue nasceu.

***

E essa é para os campeões

Eu ainda não perdi desde que comecei, sim

É engraçado como você disse que era o fim, sim

Então eu fui, e fiz de novo, pois é

Eu te disse há muito tempo, na estrada

Que eu tenho o que eles estão esperando

Eu não fujo de nada, cara, chame seus soldados

Diga que não vou me esconder

Você nunca torceu por mim, de qualquer forma

Quando eu voltar ao topo, quero te ouvir dizer

Ele não foge de nada, cara, chame seus soldados

Diga a eles que a pausa acabou

INDUSTRY BABY|LIL NAS X (feat. Jack Harlow)

***

SEIS ANOS ATRÁS
um ano depois da ida de Any.

Olho para a tela do celular, esperando algum de meus amigos ou colegas de time me mandarem mensagem.

Hoje é meu aniversário, e parece que os passarinhos cantam mais felizes que nunca. Isso me deixa irada.

Caminho com raiva em direção ao ringue, arrumando de dois em dois minutos os patins em meus ombros, conecto os fones sem fio no Bluetooth do celular e coloco uma música alta para passar.

Coloco os fones no bolso do moletom azul claro que uso e volto a caminhar normalizando minha respiração esbaforida.

Teríamos um campeonato hoje no ringue da Liberty e eu tinha que estar concentrada, e focada no que tinhamos treinado, então deixo de lado essa besteira de aniversário e me concentro em lembrar das estratégias quando caminho até o ringue.

Entro no lugar lotado de torcedores nossos e do time adversário, alguns com bonés e faixas de torcida com o nome dos meninos.

Vou direto para o vestiário o de tem apenas dois do meninos se vestindo lá, sigo para minha parte reservada e me troco rapidamente, desligo o celular e coloco minha mochila com minhas coisas dentro do armário, saio apenas com minha garrafa de água na mão e o capacete.

Nesse um ano que eu estava com eles, tinha desenvolvido muito fisicamente e no esporte também, eu estava mais alta, da altura da maioria dos meninos ali.

Entro para o lugar reservado dos jogadores e me sento esperando o resto do time vir.

Hélio e Apolo sorriram para mim quando entraram.

Estava concentrada demais para notar seus sorrisos e retribuir. O treinador reforçou sua confiança em nós e chamou os titulares para o ringue.

Coloco o capacete na cabeça e passo pela entrada do nosso lado atrás dos garotos. Olho minha garrafa ao lado de um dos garotos do time, me viro para frente.

Começamos o cumprimento,fazendo uma fila e a média de deslizavamos para frente batiamos sutilmente os tacos uns nos outros como um ato de respeito e então a partida começa.

— Partida amistosa jogadores. — o técnico começa colocando as mãos para trás. — Meia hora no primeiro tempo, meia hora no segundo, intervalo, e então o terceiro tempo. De acordo?

Assentimos.

— No três. — ele diz e sorri pegando o disco. — UM! — apoio o taco no chão e olho para o meu lado onde Apolo me encara. — DOIS! — volto a olhar para frente, para onde meu oponente está. — TRÊS!

Eles tinham acabado de soltar uma fera brasileira no ringue, que estava pronta para atacar.

Deslizo pelo ringue com facilidade, sentindo meu coração bater tão rápido que retumbava em meus ouvidos, abafando um pouco do som ensurdecedor da torcida.

Eu estava me sentindo feliz então.. o gelo tinha esse poder sobre mim, e me sentia importante e forte quando estava em suas extensões.

— Gabrielly! — Apolo que estava no ataque comigo me grita.

Olho para ele e para o disco então aceno com a cabeça e passo o disco para o loiro.

Continuo patinando, por cima dos batimentos desenfreados de meu coração escuto a torcida me gritar a cada vez que fazia um gol.

Eu escuto o patins esbarrar no gelo, escuto o disco passando pelo chão, escuto a torcida vibrar meu nome, vejo placas da liberty e escuto o juiz apitar anunciando fim de jogo.

Patinamos para fora do ringue, tiro a proteção de dentro da boca e tiro o capacete passando entre eles.

***

Estou uma bagunça e ainda estou quebrada

Mas estou encontrando o meu caminho de volta

E sinto como se alguém tivesse roubado

Toda a luz que eu já tive

Como se o mundo tivesse desaparecido

E estou deitada bem aqui

Enquanto o silêncio é penetrante

E dói respirar

Eu não tenho muito

Mas pelo menos eu ainda tenho a mim.

STILL HAVE ME| DEMI LOVATO

***

O fator do meu aniversário nem era tão importante, tento agora não me importar com essa data para não entrar em pânico como no ano passado.

Não falo com nenhum dos garotos eufóricos que gritam nossa vitória, entro no vestiário e me tranco na minha ala, pego minhas coisas e vou para o box do chuveiro e ligo o celular no caminho.

Você tem 7 mensagens

Abro as mensagens, sentindo meu coração se esquentar um pouquinho com elas, leio primeiro a de Dominic.

Soares Dominic 🙃❤️

Oi gatinha, feliz aniversário! Espero que seu dia seja incrível e perfeito do jeito que você merece! Lamento não estar ai hoje para comemorar com você! Mas prometo que em um futuro não tão distante, passaremos esse dia especial todos juntos, amo você ❤️❤️

Ps: Mandei algo pelo correio, não sei se chegou aí, mas espero que goste!❤️✨

Sorrio e começo a digitar.

Oiiii, obrigada obrigada obrigada; queria muito vocês aqui comigo 😭

Eu te amo ❤️

Ele visualiza rapidamente e começa a digitar, mas saio do chat para ver a mensagem de meu outro irmão mais velho. Logan.

Guitarrista preferido🎸🎧

Bom dia princesa ❤️

Feliz aniversárioooooooo 😄

Lembra de quando você era bem pequena e me perguntava todos os dias quando chegaria seu aniversário finalmente? Hoje você já não me pergunta mais isso, e eu fico apenas na lembrança de uma menininha melequenta me enchendo a paciência rsrsrs.

Bem... Essa menininha cresceu e não precisa mais que eu a proteja, sabe se virar sozinha e agora já foi mostrar para o mundo seu talento, eu tô me sentindo um velho mandando uma mensagem desse jeito, mas foda-se.

Espero que seu dia seja iluminado como você, te ligo mais tarde para te desejar um feliz aniversário digno skkskssk, mandei seu presente pelo correio melequenta. Te amo ❤️

Meus olhos marejam, pisco algumas vezes e começo a digitar.

Felicitações dignas de um idoso que você está se tornando hahahaha

Obrigada obrigada, queria estar com vocês aí..... Espero que ano que vem eu consiga passar com vocês aí! Te amo peidorreiro.❤️

Respiro fundo e pego minhas coisas e entro no box, ligo a água quente e desfaço as tranças do meu cabelo debaixo do jato de água.

Lavo o cabelo e me ensaboo inteira, mas paro o movimento para pensar.

Eu estava tão preocupada com esse maldito jogo. O maldito hóquei. Que não dei feliz aniversário para meu irmão gêmeo.

Aquele que eu dizia a todos ser minha alma gêmea, que me entendia e que eu amava mais que tudo.

Eu sou uma farsa.

Fecho os olhos voltando a fazer os movimentos com o sabonete.

Você é uma farsa.

A mente muitas vezes é nossa maior inimiga, coloca intrigas interna nos nossos pensamentos, para nos ver apodrecer dentro da própria bolha de pensamento.

Parecia a voz de Connor ali, falando que eu era um farsa.

Talvez eu fosse mesmo.

Me abaixo e se me sento no chão frio e limpinho do box, a água ainda caindo em cima de mim.

Encaro a porta do box por alguns minutos, antes de por as mãos no rosto bruscamente ao sentir o choro me atingir.

Os ombros balançando a medida que se intensifica um choro silencioso. O pior de todos.

Parecia representar todos os jovens e adolescentes que guardavam as mágoas para si e engoliam a bola de sentimentos que estava parado na garganta.

Tenho passado todo esse um ano tentando não pensar nos garotos em Massachusetts, que deixei para trás.

Tentei não me importar.

Tentei esquecer que além das fronteiras de Montreal eu tinha uma família. Funcionou durante um tempo. Agora não mais.

Talvez o fato mais trágico que já vivenciei foi ter deixado cinco homens desolados para trás.

O que não fazia o mínimo de sentido. Afinal eu era apenas uma criança, na época tinha apenas treze anos, e então estou completando quinze.

Minha mãe era o exemplo mais puro de amor que é conhecia. Até reconhecer o amor de verdade.

Até reconhecer que aqueles garotos do time que me tratavam como uma irmã mais nova - mesmo tendo a mesma idade que eles - , como uma princesinha, eles me amavam. Até reconhecer que os brutamontes que eu cresci junto, me amavam com todas as suas forças.

E até reconhecer que o irmão gêmeo que eu deixei para trás também me amava e que mesmo não sendo o maior fã de hóquei, me escutava falar sobre por horas apenas para me deixar feliz.

E o que eu fazia para retribuir? Era uma completa ingrata com todos ao meu redor, e idolatrava alguém que não perdia a oportunidade de me diminuir ou ditar algum defeito em mim.

Eu sou uma farsa.

Solto um soluço baixinho e levo as mãos para os cabelos os puxando com força, não era normal - para mim - que uma garota de apenas quinze anos e rica fosse tão quebrada como eu.. bem eu pensava isso a um tempo atrás, agora sei que não importa a idade ou o dinheiro que a pessoa tem, se ela não se sente bem consigo mesma, seu psicológico e seu coração vão se quebrando.

A cada sorriso forçado, e cada risada sem humor e as piadas sem graça, a cada mentira contada para a imprensa, dizendo me sentir realizada com o hoquéi, e estar vivendo feliz no Canadá.

Quando crianças, temos sonhos grandes, e até mesmo um pouco impossíveis, meu sonho desde os oito anos era crescer no hoquéi e ser aceita em um time grande, que não tivesse preconceito por eu ser uma garota, um time que crescesse e me fizesse ficar conhecida.. o meu eu sonhador e que esperava um dia jogar hoquéi mesmo, e ser levada a sério estaria satisfeita e orgulhosa, mas meu eu atual não.

O meu eu atual tem sonhos, como todo mundo, espero jogar no Bruins um dia, estar em capas de revista e sites de fofoca toda semana, curtir a vida e ser livre para fazer minhas próprias escolhas, mas sonha em ser feliz também, sorrir e rir espontaneamente e viver intensamente uma vida que irá se lembrar.

Termino de tomar meu banho e saio de dentro do box de toalha e vou para frente do espelho da ala, e respiro fundo chegando bem perto.

— Garotas negras sem sempre fazem a diferença. — sussurro para mim mesma. — Nem sempre são reconhecidas por algo além do corpo curvilíneo, e não está tudo bem, eu treinei e sofri para conseguir ser notada nessa merda de time. — começo a me vestir. — E a última coisa que irão notar será no meu corpo, eu vou inspirar e fazer a diferença. Honrar minhas raízes brasileiras e chegar ao topo do mundo.

Tiro a toalha do cabelo e me encaro novamente.

— Ou eu não me chamo Any Gabrielly Soares.

***

Saio da ala de vestiários carregando a mochila nas costas junto aos patins, os cabelos molhados e definidos caindo sobre o moletom preto que tinha colocado, o conjunto de moletom preto que usava era cortesia da agência que minha mãe e eu fechamos um contrato, patrocinadores e mimos eram tão abundantes, que acho que não iria precisar comprar roupas nunca mais.

Passo pela lanchonete e vou até o balcão pedindo o milk shake de chocolate para viajem, me sento em um dos bancos altos esperando a garçonete que disse não demorar, trazer meu pedido.

- Ei Any, foi um ótimo jogo! - Nicolas se senta ao meu lado. - Mas teria sido perfeito se eu fosse seu parceiro no ataque.

- Pois é, não foi dessa vez. - suspiro pegando meu celular e verificando as horas, tinha aula de teclado daqui a meia hora.

- Você está estranha, quer dizer... mais que o normal. - ele ri sozinho. - Você é boa em matemática né?

- Sou. - reviro os olhos.

- Bem, você poderia me ajudar com uma matéria? Sabe, se eu não for bem em todas as matérias meu pai me tira do hoquéi. - ele coça a nuca.

— Sabe onde é minha casa? — pergunto suspirando.

— Sei.

— Amanhã, depois do treino. — pego o milk shake que a garçonete me estendia e lhe pago. — Não faça eu me arrepender.

Me levanto e coloco os fones no ouvido saindo do lugar em seguida, passo por uma multidão de torcedores famintos e desesperados por hambúrguer, e alguns garotos do time que acenam para mim, felizes por mais uma vitória, alguns estão com os pais, irmãos, namoradas...

As vezes eu sinto raiva, por que as pessoas tem pais presentes, e irmãos que os apoiam, ás vezes penso que esse tipo de coisa acontece apenas comigo.. ter uma mãe cruel que te separa de seus irmãos e seu pai, e a proíbe de os ver, não ter amigos verdadeiros e que realmente se importam com você, e viver constantemente sob pressão de todos a sua volta.

Desço as escadas do ringue e atravesso a rua em direção ao meu motorista que segurava a porta aberta para mim, estava começando a chover fracamente, o céu parcialmente nublado, sorrio para o homem que me encara.

- Sentiu saudades Bethov? - pergunto quando o carro ja estava em movimento.

- Muita. - ele revira os olhos.

Bethov tinha dezenove anos, trabalhava como meu motorista particular desde os dezessete, e fazia a segurança também, ele era um adolescente mal humorado e se tornou um adulto ranzinza, e eu aproveitava disso para o irritar.

- Ganhamos a partida Bethozinho. - sorrio tirando os fones do ouvido.

- Parabéns senhorita Gabrielly! - ele murmura concentrado ainda na estrada. - Deve estar feliz por mais uma conquista no hoquéi.

- É... - suspiro e ele me encara pelo retrovisor franzindo a testa. 

- Aconteceu algo? 

- Hoje só é um dia estranho. - comento vagamente. - É meu anivesrsário.

- Uh... Eu pensei que fosse sábado, quando vai ser a festa. - ele encolhe os ombros. - Desculpe.

- Não tem problema. - sorrio triste. 

- Quantos presentes ganhou? - ele tenta me distrair, solto uma risada amarga.

- Não ganhei nem um feliz aniversário, quem dirá presentes.  - sorrio para discontraír mas sinto meus olhos arderem.

- Feliz aniversário. - ele murmura baixinho parando em frente a mansão.

- Obrigada Bethov. - sorrio e ele sai do carro e abre a porta para mim.

Saio de dentro do carro e pego a mochila que deixei no banco, mas meu segurança a pega de minha mão e tranca o carro estendendo  o braço para que eu caminhe até a mansão. Pego meu celular verificando as mensagens.

Você tem 4 mensagens.

Soares Dominic 🙃❤️

Um passarinho verde me contou que você não recebeu nenhum presente.

Ainda bem que o meu vale por todas as pessoas que você conhece hahahahhhaahaha.

Você tem me espionado? *chocada*

Guitarrista preferido🎸🎧

Baby, já percebeu que quanto mais a gente cresce, menos recebemos presentes???

Ainda bem que comigo não são assim que as coisas funcionam.

As vezes eu queria voltar a ser criança :(

Abro a porta de casa e entro com o segurança atrás de mim.

— Ei, vou para o meu quarto sei que está com fome, ouvi seu estômago roncar no carro. — a cara de meu segurança esquenta. — Vai lá comer idoso.

— Já estou voltando mocinha, sua mãe disse para estar sempre por perto. — ele avisa e sai andando para a cozinha.

Subo as escadas correndo e abro a porta do meu quarto de uma vez, notando meus móveis distanciados e dois enormes presentes no meio do quarto.

Franzo a testa e vou olhar os cartões, um estava com o nome de Dominic e outro com o nome de Logan.

Coloco o celular na cama e vou em direção ao primeiro presente, desfaço o laço e deixo as laterais caírem ao chão.

Abro a boca em choque ao ver meus dois irmãos ali lado a lado.

— Surpresa!! — eles gritam sorrindo e eu pulo no colo de Dominic o abraçando.

— Tá ficando pesada em gatinha. — ele ri e eu aperto ele mais.

— Meu Deus eu não acredito! — coloco as mãos no rosto de Logan que ri e pega minhas mãos as beijando em seguida.

O abraço com força, ouvindo ele rir ainda.

— Connor e Bailey também vieram? — Vou em direção a outra caixa.

— Infelizmente não, sua mãe deixou só a gente vir, depois de muuuuuita insistência. — faço uma cara triste quando Dominic responde colocando as mãos no bolso da calça jeans preta. — Esse daí tá com os nossos presentes, abre depois.

— Eu tô com fome. — Logan reclama.

— Vamos até a cozinha. — sorrio para eles e os puxo pelas mãos. — As mensagens de você foram muito fofinhas.

— Que bom que gostou princesa. — Logan ri envergonhado e a porta se abre nesse exato momento.

Meu segurança segurava uma bandeja com meu almoço e o suco, ele trava na hora que vê os dois atrás de mim.

— Senhorita Gabrielly, eles estão autorizados a entrar no seu quarto? — ele pergunta colocando a bandeja no móvel ao lado da porta do meu quarto do lado de fora.

— Estão sim Bethov! São meus irmãos. — solto as mãos deles. — Esse é o Logan e esse o Dominic. — aponto para cada um vendo que tinham cruzado os braços ao encarar o segurança.

— Temos autorização da mãe dela, não precisa ficar na cola de Gabrielly hoje, vamos sair com ela. — Dominic explica olhando para Logan de cara feia.

— Você está confortável para sair com eles, senhorita? — ele se dirige a mim.

— Ela está, cara. — Logan revira os olhos.

— Desculpe, estou direcionado a pergunta para minha superior. — ele olha para Logan brevemente e se dirige a mim novamente. — Está confortável para sair com eles?

— Estou sim Bethov, vou passar o dia com eles, pega uma folga, sua testa tá marcando de tanto franzir. — rio e ele revira os olhos. — Vou indo.

Saio do quarto e estendo meu punho para o segurança que relutante bate o dele no meu fracamente, desço as escadas com Logan e Dominic ao meu lado.

— Sério que você tem segurança?

— Tinha na nossa casa em Massachusetts. — dou de ombros. — É até melhor aqui por que só tem um.

— Vamos ao parque! — Logan sorri abrindo a porta para que eu passasse.

Entramos no carro alugado estacionado no gramado da mansão.

— Conta para a gente sobre seu time de hóquei. — Dominic diz concentrado na estrada, o gps falando algo para ele baixinho sobre por onde seguir.

— Não há nada para falar. — fecho a cara.

— O que tá rolando? Conta pra gente. — Logan insiste.

— Eu não consigo me enturmar com os garotos, fiz amizade com dois deles apenas e o resto é indiferente. — bufo.

— Quando é o próximo jogo? — Dominic pergunta.

— Daqui a algumas horas. — respondo vagamente. — Tive um mais cedo, e tenho outro mais tarde.

— Vamos pontuar aqueles idiotas, no gelo. — Logan sorri para mim.

Existem dois tipos de idiotas, aqueles que são realmente idiotas e que fazem as coisas da pior forma possível sem pensar nos atos e consequências, e tem aqueles idiotas, que apenas gostam de coisas idiotas e banais, que riem atoa e vivem felizes..

Esses são os meus irmãos.

***


Lembrando que as crônicas terão SIM continuação! Os pontos soltos dessa parte serão reparados nas crônicas futuras!!!!

Espero que tenham gostado! Não se esqueçam de dar o feedback!!

Kisses - L🍷

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