00|The mask
Ooi gentee, esse prólogo é menor do que os capítulos normais, para desbloquear o novo capítulo no sábado, será preciso
30 votos
100 comentários.
Espero que gostem e boa leitura!⛸️🏒
Pouco você sabe
Como estou quebrando enquanto você adormece
Pouco você sabe
Eu ainda estou assombrado pelas memórias
Pouco você sabe
Estou tentando me recuperar pedaço por pedaço
little do you know|alex & sierra
Chegar ao meu limite de treinos, já é costume, não um costume que eu queria aderir a princípio, mas depois de inúmeras pressões quanto a isso acabei cedendo.
Dormir tarde e com o corpo doendo é tão comum quanto beber água.
Montreal está frio - como de costume -, trajo uma calça de couro preta juntamente com uma blusa também preta de gola alta e mangas, por cima um sobretudo creme, e nos pés botas de cano baixo com saltos.
Saio do conversível e caminho em direção a entrada da empresa, após sete anos de agenciamento e parcerias, finalmente meu contrato acabou e irei voltar para Massachusetts e rever meus irmãos, sete anos difíceis principalmente pelo tem escasso que tinha para conversar com qualquer um deles.
Treinos normais duram apenas 10 horas contanto com intervalos, os meus duravam 14 horas, mais 4 horas de estudo, eu tinha pouquíssimo tempo para descansar, as vezes utilizava essas 6 horas de descanso para conversar incansavelmente com eles.
Mas as coisas ficaram difíceis, terminei o ensino médio e entrei para a faculdade, cabulei diversos treinos não obrigatórios para dormir, por que se continuasse naquele ritmo eu ia surtar.
E então fui convidada a entrar em um time masculino - que se tornaria misto com a minha entrada -, e acabaram as faltas em treinos e exercícios, eu tinha que ganhar estabilidade e força se queria jogar com homens, minha mãe odiou o fato de eu estar abandonando o time em Montreal para voltar a Massachusetts e entrar em um novo time.
Ela disse ser besteira, mas a julgar pela minha fama no esporte, se a universidade não aceitar, será fácil encontrar um time que aceite.
Ela não irá para Massachusetts - para o meu alívio -, disse que era perda de tempo e iria me esperar voltar quando eu não conseguisse tomar as rédeas da minha carreira.
Passo pela recepção após passar o crachá pelo reconhecimento e vou em direção ao elevador. Estava sendo um alívio tão grande deixar finalmente essa agência e me cuidar por conta própria, sou grata a tudo que já fizeram por mim porém me sinto sufocada a 5 anos -, quando percebi que me usavam para a empresa ganhar visibilidade.
"Starlies tem a melhor jogadora mirim dos últimos tempos, como agenciada."
Essa foi a matéria principal de muitas revistas durante anos, e então eles mudaram, não para melhor.
" Agências disputam a carreira de Any Gabrielly a estrela do mundo gelado, a mesma continua firme em Starlies, será essa a empresa master?"
Eu sequer tinha controle de minha carreira, fazia fotos, propagandas, ia a eventos, sem nem saber meu propósito ali, apenas fazia o que era designado.
Há um ano atrás me convidaram a participar do Moon Gala, um evento onde famosos vão para ganhar mais visibilidade, minha mãe não autorizou, mesmo eu já sendo maior de idade, ela disse que se eu comparecesse ela iria acabar com tudo o que construí. E então eu não fui.
O elevador se abre e duas garotas ruivas saem de dentro, elas sorriram para mim e acenaram animadas, dei um sorrisinho contido e acenei com a cabeça entrando no elevador em seguida, aperto o botão só último andar e me viro para o espelho do elevador.
Os olhos frios de uma garota com a alma e o coração quebrados,a postura incrivelmente superior -, chego mais perto observando meu batom vermelho e tento sorrir, falho. Deixando a máscara de garota imbatível de lado apenas me observo vulnerável.
A porta do elevador se abre, arrumo a postura e coloco um leve sorriso nos lábios, a máscara de diversão fria e indiferença cruel, voltando para meu rosto.
Saio do elevador cumprimentando algumas pessoas no caminho para a sala principal, o silêncio rompido apenas pelos saltos de minhas botas no chão.
Chego na secretária de meu agente e a encaro com um sorriso, uma das poucas pessoas que no momento eu tenho empatia.
- Bom dia Clarisse! - ela sorri.
- Bom dia Senhorita Soares. - sorrio estendendo a mão na direção da sala.
- Diego está? Vim assinar o restante da documentação! Estou indo para Massachusetts daqui a duas horas. - ela pega a agenda dela e se levanta ficando ao meu lado.
- Venha, te levarei até ele.- Ela entrelaça nossos braços e faz uma expressão triste. - Ainda não acredito que irá se mudar para Massachusetts.
- Preciso ficar com meus irmãos. - Sorrio fraco.
- Ainda quero entender sua conexão com eles. - ela suspira.
Clarisse não tem mais do que 20 anos, entrou ano passado na empresa e ficarmos amigas assim que nos conhecemos.
- Eles me fazem bem. - dou de ombros. - E nos apoiamos, fiquei 7 anos fora, a saudade que estou deles é tão grande que não posso esperar para vê-los de novo.
- Você tem quantos irmãos mesmo? - pergunta curiosa quando paramos em frente a sala.
- Quatro. - sorrio. - Dominic, Logan, Connor e Bailey.
- Se eu não me engano, Connor é seu gêmeo! - ela coça a sobrancelha. - Já falou dele comigo.
- É, ele tem estado um pouco distante ultimamente, espero que fique feliz com minha volta. - suspiro desanimada.
Dois meses antes de me mudar para Montreal, minha mãe e meu pai se divorciaram, então minha mãe entrou na justiça para pegar a minha guarda, apenas. Ela fez de propósito para que eu ficasse longe de Connor e ele sofresse por escolher ficar com meu pai ao invés dela.
- Espero que você seja feliz estando perto deles. - Ela sorri e abre a porta do escritório. - Senhor Diaz, a senhorita Soares está aqui para falar com o senhor.
Ela volta a me olhar séria, observando a máscara de frieza de volta as minhas feições.
- Pode entrar senhorita. - ela estende a mão e segura a porta.
Levanto o queixo e entro a passos lentos. - Bom dia Diego. - me sento na cadeira a sua frente.
- Any Gabrielly. - ele parece estar saboreando o som de meu nome em seus lábios. - Nunca imaginei que teríamos essa conversa tão cedo. - ele reflete.
- Pois é né Diego, que tal adiantar minha vida? - digo entediada.
- A minha estrela master se recusando a continuar no estrelato, depois de sete anos pensei que continuaria até algum olheiro famoso te recrutar para um time profissional. - Ele me ignora continuando a tagarelar. - Que proposta eu poderia fazer para você mudar de ideia?
- Nenhuma. - suspiro cansada. - Eu só quero ficar perto dos meus irmãos e do meu pai, tá bom? Apenas vim verificar se estava tudo nos conformes.
- Está sim, Soares. - ele suspira aborrecido passando a ponta dos dedos na sobrancelha grossa.
- Ótimo! - me levanto e estendo a mão. - Apesar de discórdias passadas, você foi importante para mim e para minha carreira! Obrigada.
- Não tem o que agradecer Any, foi uma honra trabalhar com alguém como você! Espero que encontre a felicidade que tanto almeja, e sucesso na sua carreira. - deseja, os olhos brilhando em lágrimas.
- Não vai chorar né seu molenga? - brinco e ele aperta minha mão.
- Até mais Any!
Sorrio de lado e me viro em direção a porta, saio da sala e olho para Clarisse que sorri e acena para mim.
- Vou me despedir de você no aeroporto.- diz animada.
- Te espero lá então. - digo baixinho e sigo em direção ao elevador que se abre rapidamente.
Entrei e apertei o botão do térreo, me viro para o espelho e me encaro através do reflexo sentindo um peso sair de minhas costas ao deixar essa empresa, lágrimas brotam em meus olhos.
- Você é uma farsa. - sussurro a mim mesma ainda encarando o reflexo embaçado pelas lágrimas.
A vida é uma jornada, onde você vai se machucar e vai procurar o caminho para a cura.
Me machucaram, jogaram sal nas minhas feridas, me deixaram no escuro e sozinha, agora uso uma máscara para esconder minha dor.
- Mentirosa.- Sibilo sem som a palavra para mim mesma.
Fingir estar bem comigo mesma e com todos a minha volta é a farsa que eu mais almejo, os sorrisos forçados que ninguém percebe, as risadas que eu forço a sair, a fama me trouxe benefícios mas também me destruiu, minha mãe... Foi apenas um complemento.
Inspiro e limpo minhas lágrimas.
Quando se usa uma máscara por muito tempo, é difícil tira-la do lugar e mostrar sua verdadeira face, a face que ninguém quer ver, aquela que está destroçada pelas coisas do mundo.
A porta do elevador se abre e uma mulher alta juntamente com uma garotinha entram. Abro um sorriso radiante.
Hora de por mais uma máscara.
Espero que tenham gostado, essa história é mais complexa do que vocês pensam e os personagens são de uma intensidade muito grande, que vai se desenvolver ao longo das narrativas.
Me dêem seu feedback para que eu saiba o que estão achando!! Não se esqueçam de votar e comentar para engajar a história e chegar a mais pessoas!
Kisses - L🍷
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro