CHAPTER 05
BEATRIZ AMBRÓSIO
Vejo minhas adversárias ao meu lado dentro do túnel enquanto esperávamos a hora certa para entrarmos em campo. Algumas me olham dos pés a cabeça, outras fingem que nem existo, e outras vem falar comigo com sorrisos no rosto, mostrando respeito.
Assim que os árbitros começam a andar em direção ao campo, seguro a mão da criança ao meu lado e seguimos em fila já sentindo a vibração do estádio lotado. Vejo a torcida brasileira fazer festa enquanto nos posicionamos para o hino nacional.
Permaneço atenta, não costumo me desconcentrar enquanto estou em campo e isso só me traz bastante evolução. Vejo a menininha na minha frente se virar e sorrir pra mim, e eu sorrio de volta, bagunçando um pouco seu cabelo solto.
Assim que o hino do Brasil e da Nigéria acaba, nos despedimos das crianças e passamos em fila para cumprimentar nossas adversárias. Algumas apertam minha mão como se isso pudesse me intimidar.
Elas não sabem quem eu sou?
Eu, como sou capitã, vou até os árbitros para decidir a posição do campo ou quem começa jogando. Como ganhei no cara ou coroa, decidi a posição do campo. Volto para o meio do campo e formo uma rodinha para passar algumas instruções. Assim que todas escutam com atenção, sorrio fraco olhando pra minhas companheiras.
— Hoje e todos que vão vir por ai é o jogo da vida. Vamos jogar com raça, foco e com todo o amor por essa camisa pra sair com a vitória e nos aproximar ainda mais do ouro! Bora! — juntamos nossas mãos e jogamos no ar, como sempre fazemos.
Olho pra Marta ao meu lado e a vejo assentir com sua cabeça, me lançando um sorriso sincero.
— Vamos acabar com isso, loira.
Sorrio desafiadora e olho para as jogadoras da Nigéria, todas pareciam bem aflitas pra falar a verdade. E então, o apito soa e jogo começa.
Alguns minutos passam como se fossem câmera lenta, e neste momento eu não me sinto em um jogo de futebol, me sinto em um jogo de futebol americano do tanto que eu estou apanhando. Eu sei que a marcação em mim é rigorosa, mas que porra é essa hoje?!
Assim que recebo mais uma trombada e caio no chão, me levantando mais rápido o possível indo pra cima de Déborah Abiodun. A mesma me encara com raiva e eu não saio por baixo. Olho para a mulher com meus olhos fervendo.
— Que porra é essa?! — pronuncio em inglês e logo em seguida, a empurro.
Não demora para todos os times se juntarem ao nosso redor. Gabi me abraça, prendendo meus braços contra seu corpo.
— Você não vai dar um cartão? — exclamo para a juíza, que tenta de qualquer jeito amenizar a situação.
— Você que começou, sua louca! — Deborah responde e eu apenas respiro fundo tentando não perder mais ainda o meu controle.
— Não posso fazer nada se o quanto eu sou muito boa jogando bola, te intimida. — lanço uma piscadela pra mulher que parece soltar fumaça pelos ouvidos.
Volto para o lugar da falta e inspiro. Vejo a torcida brasileira inflamar, claramente dando todo o apoio que precisamos. Faço um sinal para as jogadoras avançarem para mais perto da área do gol. Ajeito a trança em meu cabelo e quando a juíza apita, dou um chute longo e certeiro pra Gabi Nunes que chuta diretamente pro gol.
Sorrio e olho para a torcida que está vibrando nesse momento. Em questão de segundos, sinto Gabi Nunes me abraçar assim como o restante do nosso time. Formamos uma roda e pulamos, comemorando o gol que por enquanto, está trazendo a vitória pra nós.
Voltamos para o meio do campo e a juíza reinicia o jogo novamente, mas é quando estou com a bola que sinto um pisão na minha panturrilha. Na mesma hora caio no chão, chorando de dor. Não demora para as minhas amigas começarem uma confusão pra me defender.
E pra mim, tudo fica em silêncio. Em meio as lágrimas, vejo o estádio todo em pé, tentando enxergar melhor o que tinha acontecido.
— Ei! Vai ficar tudo bem. — Gabi se sentou no chão atrás de mim e logo apoiou minhas costas contra seu peito, me abraçando apertado. — Não foi nada sério, tenho certeza. Está tudo bem.
Continuo chorando nos braços da minha melhor amiga, vejo a equipe médica chegando junto com uma maca, olho para o lado e me surpreendo com a ambulância chegando. Então é sério mesmo.
Ainda não tive coragem para olhar o machucado, mas sei que está feio. Como isso pode acontecer logo no primeiro jogo? Parece alguma coisa que fiz errado na minha vida e estou pagando por isso.
A médica toca na minha perna e gemo de dor. Sei que todas as câmeras estão em mim e por isso, tenho que ser forte. Dispenso a maca assim como a ambulância e sem pensar muito, me levanto com a ajuda de Portilho.
— Você não precisa ser forte agora. — Gabi sussurrou.
— Eu preciso sim.
Minha família está me assistindo, meus amigos, o Brasil e o mundo todo. Sou a melhor jogadora desse mundo e ganhei porque eles acreditam em mim. E se eles acreditam, quem sou eu pra não fazer o mesmo?
Me apoio em Gabi, que não me larga mesmo com os protestos do assistente médico. Aos poucos sou levada ao banco de reserva mas antes, escuto os aplausos para mim. Sorrio e aceno para os torcedores, agradecendo o carinho.
Me sento no banco e as meninas rapidamente vieram me dar todo o apoio. A enfermeira coloca um gelo sobre minha panturrilha e enfaixa, fixando o mesmo no local. Sinto a dor latejar e faço uma expressão de dor, dessa vez, permito que as lágrimas desçam.
— Vai ficar tudo bem, garota. Você é uma muralha. — disse a médica Vanessa, sorri e assenti.
O primeiro tempo continha, assim como o segundo e então, fim de jogo. Durante o intervalo, pediram pra eu ir pra enfermaria, mas não quis. Continuei em campo e junto com Arthur, passei instruções durante o todo tempo para as jogadoras. Mas por fim, ganhamos. O gol de Gabi junto com minha assistência salvou o jogo e me sinto feliz depois de passar por perrengues durante esse primeiro tempo.
Olho pra minha perna enfaixada e suspiro, torcendo pra não ser nada demais e que eu consiga continuar jogando. Até o ouro chegar.
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'. 🇧🇷 • NOTES ! .:'
oi minhas divas, tudo bem com vocês? sei que esse capítulo não apareceu nada da Gabi mas ele foi mais pra conhecermos melhor nossa queridíssima capitã de futebol, tudo bem?
favoritem e comentem bastante! espero que gostem e muito obrigada pelo 1k! estou muito feliz de estar escrevendo essa história.
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