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001: Jantar, cigarros e primeiros encontros

౨ৎ

       "É UM BOM DIA PARA REFLETIR sobre a sua filosofia de vida e suas crenças. Procure se abrir para trocas e colaborações. Tente perceber o que pode estar trazendo de padrões antigos. Alinhe-se à sua própria essência, independentemente do que carrega como bagagem da infância e da família". É isto que leio no meu horóscopo de hoje.

Balela.

Não sou uma pessoa supersticiosa, não acredito em astrologia. Ainda assim, leio regularmente o que diz o horóscopo. Passo a acreditar se o que ele disser me agradar. É a minha filosofia.

É mais um dia comum. Não quero refletir sobre as minhas escolhas de vida, não quero mudar a minha rotina. Acordei às cinco da manhã, comi as mesmas torradas com geleia caseira de frutas vermelhas, até o uber que eu pego carona é o mesmo de todos os dias. Não quero sair da minha zona de conforto, porque está bom assim, estou me saindo bem. Planejo os meus dias, me organizo para que tudo saia como o planejado. Nada precisa ser mudado.

— Sejin-ah... — escuto o som perfeitamente familiar de rodinhas de cadeira de escritório ecoando pela sala, então no segundo seguinte já vejo Park Jihyo do meu lado. — Amiga... — seu tom de voz é tedioso. — O que você está fazendo?

— Lendo as notícias — respondo, fechando a aba do navegador em que está as previsões do dia para o meu signo.

— Você não está achando as coisas meio... paradas hoje? — ela questiona, informalmente. Park é a mais experiente no nosso time, é claro que logo após o senhor Yoon, nosso líder de equipe. Porém, nos tratamos sem formalidade quando estamos falando sozinhas, porque além de amigas, temos a mesma idade.

— Está tudo normal — respondo. — Mas é melhor nem falar, vai que atrai alguma coisa.

Bem, talvez um pouquinho supersticiosa.

— Eu não sei, é só que, faz tanto tempo desde que alguma coisa nova aconteceu aqui. A última grande notícia que tivemos foi quando a Senhora Choi se aposentou — relembra.

A mulher de quem Jihyo se refere foi a nossa última líder de equipe, que acabou se aposentando quando teve uma filha. Com tanta coisa para dar conta, ela optou por se aposentar do trabalho e ficar em casa, cuidando dos filhos.

— Esta é uma empresa de jogos, deveria ser um pouco mais divertida — ela pontua.

— E para você, o que seria "diversão"?

— Não sei... talvez... — ela me olha com empolgação — sair para beber com a minha melhor amiga! — faz o convite. Porém, eu imediatamente nego com a cabeça. Não dá. — Sejinnie, faz tanto tempo que a gente não sai juntas. Eu preciso tomar um ar, conversar com você.

— Nós já estamos conversando agora.

— Até o Senhor Yoon aparecer por aquela porta — ela aponta a porta de vidro que tranca a "Sala de Desenvolvimento I". — Eu preciso da minha amiga — ela pede, fazendo uma carinha de bebê que não combina nem um pouco com a idade dela. — Você não faz ideia de como anda a minha vida amorosa. Preciso desabafar.

       É verdade que faz um tempo desde que Jihyo e eu saímos juntas, o que é bem diferente de quando éramos jovens. Talvez seja um pouco exagero dizer "quando éramos jovens", quero dizer, temos apenas 25 anos. O que acontece é que parece que Park continua com toda a sua jovialidade, enquanto eu me sinto cada vez mais velha.

— Você sabe que eu não tenho como ir... — recordo, com um simples olhar na sua direção, mas que por conhecer cada detalhe da minha vida, ela sabe exatamente o que significa. — Eu preciso ficar em casa e cuidar das minhas plantas — uso a desculpa de sempre e isso é o suficiente para encerrar o assunto. Ela sabe exatamente que isso não tem relação nenhuma com plantas.

Jihyo e eu crescemos juntas. Fomos vizinhas na infância, brincávamos pelo bairro com as outras garotas, mas a nossa maior diversão era vencer o irmão mais velho dela e os amigos dele no fliperama do bairro. Park e eu sempre fomos uma excelente dupla, acho que ela é o motivo para eu estar aqui hoje, trabalhando na DGK Studios, uma das maiores produtoras de jogos do país.

       Foi quando vencemos nosso primeiro campeonato de Fortinite, em 2018, que eu descobri o que queria fazer da vida. Criar jogos que fizessem outras pessoas se sentirem tão felizes o quanto eu fiquei naquele dia, com amigos que fazem tudo ser ainda mais especial.

Nós nunca nos abandonamos, ela nunca me abandonou, nem no momento mais difícil da minha vida. Eu devo muito a ela, às vezes eu não sei se faço por merecer toda a sua amizade. Nunca conheci alguém que me entendesse e fosse tão paciente e compreensiva quanto ela. Jihyo é uma das poucas pessoas que conhecem o segredo da minha vida.

Eu tenho uma filha.

Não quero ser mal interpretada, eu amo a minha filha. Lim Yesol é a melhor coisa de toda a minha vida, é quem me faz acordar todos os dias. Tenho muito orgulho dela, de como ela se tornou uma criança corajosa, alegre e que faz todo mundo cair de amores com aquelas bochechinhas redondas e rosadas. Eu a amo com toda a minha existência. O único motivo que me faz escondê-la é que o mundo já é muito difícil para mulheres, pior ainda é para uma mãe solteira.

Talvez seja alguma coisa cultural, ou é simplesmente como o mundo funciona. Mães são boas, mas elas só são aceitáveis se existir um pai na equação.

Tento ser otimista, tento pensar que não receberia olhares tortos, achar que não haveria falatório se os outros soubessem. Mas eu estaria sendo ingênua, porque os primeiros a me darem as costas foram os meus pais, quando me expulsaram de casa aos dezenove anos, enquanto eu ainda estava no início da faculdade.

— Muito bem. Atenção! — a voz reconhecível à quilômetros do Senhor Yoon se faz presente na sala.

Tudo para, porque o líder está a falar. É assim que funciona: Se o chefe diz, você escuta; se ele manda, você obedece. É uma questão de hierarquia, mas principalmente de respeito.

— Quero que vocês deem as boas-vindas aos nossos novos estagiários — o homem mais velho diz, causando um certo espanto nos outros três de nós. — Como eu disse a vocês na semana passada... — ele não disse nada, mas é claro que ninguém seria louco ao ponto de dizer alguma coisa. — Os novatos vão passar por um período de experiência de 30 dias e, se eles se provarem úteis, aí sim poderão ser efetivados.

Às vezes me pergunto por que Yoon Sungbin é nosso líder. Ele não é bom em ouvir os seus subordinados. Na verdade, não existe comunicação nenhuma conosco, porque nem um anuncio importante como este ele nos deixou cientes antes. Talvez sejam os anos de experiência, pois dificilmente seria por ele mostrar ter algumas soft skils. Tenho pena dos novos estagiários, não fazem ideia de onde estão se metendo.

São três deles, dois homens e uma mulher. Eles se apresentam brevemente: Seo Changbin, o de ombros largos. Ele chama atenção, não é o tipo de pessoa que vem à mente quando se pensa em programador de jogos. Talvez seja apenas um estereótipo. Seol Yoona é a garota, ela parece ser a mais nova dentre os três, além de parecer com uma princesa. Yoon Keeho é o último, o Canadense que veio morar na Coreia aos treze anos, ele diz.

— Park Jihyo-ssi. — Yoon chama por ela.

— Sim, senhor?

— Você é a mais experiente aqui, então fique encarregada de situar os nossos novatos — ele dá uma tarefa para ela. Ji apenas concorda, não teria como fazer diferente. — Os outros de vocês, voltem ao trabalho — ele manda. — Ah, eu já ia me esquecendo. Jihyo-ssi... — chama a atenção da morena novamente. — Vamos ter um jantar de boas-vindas hoje após o expediente, por conta da empresa. Marque isso. Presença obrigatória — são suas últimas palavras.

Ótimo. Era tudo o que eu queria.

E agora?

Me desespero internamente, ao exterior tento não deixar transparecer. Seguro o pingente do colar em que guardo a foto da minha princesa, pertinho do coração. O que vou fazer? Daqui a algumas horas ela vai sair da escola. Haewon vai buscá-la, mas será que pode ficar com Sol até mais tarde? Ela vai sair para o trabalho à noite. É melhor eu mandar mensagem.

Faço isso, porém, como o esperado, a resposta é insatisfatória. Haewon só pode ficar em casa até às seis e meia, quando eu geralmente retorno do trabalho e ela vai para o dela.

É nessas horas que a realidade nos atinge e vemos como é difícil conciliar carreira e vida profissional. O pior de tudo é que essas reuniões fora de expediente nem mesmo fazem parte das minhas obrigações, mas se não fazemos como o chefe quer, ele fica bravo e não passa grandes trabalhos para nós. Ele faz o que quer, pois tem poder para isso.

— O que aconteceu? — Jihyo pergunta, depois de passar algumas tarefas básicas para os "calouros".

— Haewon vai sair para trabalhar, eu precisava estar em casa às seis e meia.

— Você não poderia pedir à sua vizinha para regar as suas plantas? — ela questiona, se referindo a cuidarem de Yesol. — Não dá. Da última vez que eu pedi, ela levou o filho dela e ele puxou as folhas da minha samambaia — isso quer dizer que ele puxou o cabelo da minha filha. — Eu prefiro não expor ela a isso.

— Tem razão.

— O que você acha que eu devo fazer? — peço por ajuda. Se não com uma ação, pelo menos com um conselho.

— A sua irmã não pode ficar com ela? Quero dizer, ela sabe cuidar de plantas e sempre ajuda quando você pede.

Apesar de Nayeon ser a única pessoa daquela família com quem eu posso contar, não tenho como pedir isso para ela. Já deixei a minha irmã em uma situação difícil da última vez que Yesol teve catapora e ela ficou cuidando da minha pequena enquanto eu trabalhava e Haewon estudava. Não quero deixar as coisas piores, porque a relação com os nossos pais é uma coisa importante para a minha irmã mais velha.

— Não posso pedir isso, é complicado.

— Então você vai faltar? — ela me questiona. — Você sabe como ele fica uma fera quando alguém não comparece nessas coisas. Ele... — ela chega mais perto e sussurra esta próxima parte: — Ele é um idiota — eu concordo. — Mas a gente tem que fazer o que ele manda.

— Eu tenho que faltar. Estou sem desculpas para usar desta vez. Da última eu disse que meu cachorro tinha comido chocolate. Eu nem tenho cachorro.

— Não, espera um pouco — ela pede.

Observo a minha amiga de infância, ela digita alguma coisa no celular. Não consigo ver o que é, sua película é de privacidade, fica tudo escuro.

Ela digita, digita mais um pouco e então...

— Pronto, resolvido! — ela diz. Eu quase salto da cadeira. Como!? — Chaeryeong cuida delas para você — como sempre, Park me salva. Jihyo sempre parece saber como resolver qualquer problema que eu tenha. — Minha prima não é a melhor pessoa do mundo com plantas, mas elas não vão morrer por conta de uma noite.

— Obrigada, obrigada, obrigada! — eu agradeço, mas acho que nunca seria o suficiente por tudo o que ela faz por mim. Eu a amo. — Eu não sei o que faria sem você.

— E nunca vai precisar descobrir!

Ela está certa. Jihyo é a única pessoa que eu sei que sempre terei por perto, pelo resto da minha vida. Foi a morena quem me pediu para ser a melhor amiga dela quando éramos crianças, me ajudou com o primeiro garoto que gostei, ela foi a primeira pessoa a saber que eu estava namorando o genitor de Yesol, foi ela quem comprou o teste de gravidez para mim, quem segurou a minha mão enquanto eu esperava o resultado, foi Jihyo quem me acalmou quando eu me desesperei com o positivo.

Park foi na minha primeira ultrassom, ela ficou do meu lado todos os dias antes e depois que eu falei para o meu ex-namorado da gravidez e ele me abandonou, isso tudo sem precisar mencionar quando ela me deixou ficar no apartamento dela quando eu fui expulsa de casa. Ela e a família dela fizeram muito por mim. Sua mãe quem cuidou da minha pequena quando eu voltei a estudar.

Jihyo é mais do que uma amiga para mim, é uma relação que eu não consigo nem explicar, eu só sei que faria qualquer coisa por ela.

Voltamos ao trabalho. Eu fico um pouco mais tranquila por saber que Chaeryeong vai cuidar dela. Chaery é uma boa pessoa, conhece Yesol e as duas se dão bem. A conheci no colégio. Ela, Jihyo, Ryujin e eu fomos da mesma sala por três anos. Nos distanciamos um pouco das outras duas quando entramos na faculdade, mas quando ficaram sabendo que eu tinha trancado o curso porque estava grávida e que a minha filha nasceu, elas foram até o apartamento de Jihyo me visitar, foram as duas que compraram os primeiros lacinhos de cabelo de Yesol, quando ela mal tinha sobrancelhas.

Eu sou sortuda por encontrar nos meus amigos uma família que faria de tudo por mim.

O tempo vai passando. Não tenho muito o que fazer hoje, ainda estou esperando a resposta do departamento de design sobre as imagens refeitas do novo jogo de aventura que estamos trabalhando. Yoonjoo deve me dar a resposta até amanhã à noite. Hoje trabalhei apenas na correção de bugs de um aplicativo em fase de testes.

Quando a noite caiu, Lee Chaeryeong me mandou uma mensagem avisando que já estava na minha casa, junto de uma foto com a minha princesa.

Algum tempo depois já estávamos no restaurante que Jihyo reservou uma mesa. É o mesmo em que fomos quando Mingi e eu fomos efetivados. O que me lembra que provavelmente vamos ser obrigados a ir em outro jantar desses quando rolar a efetivação. O lugar não é chique, é um restaurante comum do bairro, mas espaçoso o suficiente para não nos sentirmos enlatados.

O Senhor Yoon parece ser o mais animado em estar aqui, acho que ele só queria uma desculpa para poder beber com o cartão da empresa. Seja como for, estamos aqui.

Yoona é um pouco tímida, talvez seja porque nós mal nos conhecemos. Fico com um pouco de pena dela, o nosso chefe fica empurrando bebida na mais nova, mas está óbvio que ela não quer mais. Keeho já bebeu o suficiente para se soltar, ele não perde a oportunidade de fazer graça. Ele é sensacional, tão engraçado que a minha barriga chega a doer. Changbin é o único que eu não tive interações o suficiente para saber de alguma coisa, ele saiu do restaurante cinco minutos atrás para atender uma ligação.

— Aqui! — o Senhor Yoon pega uma garrafa de soju. — Tragam os copos.

No mesmo instante, os copos vão até o centro da mesa. Ele está servindo pessoalmente, é falta de educação negar. Nunca, em hipótese alguma alguém pode recusar. Mas dá para ver pelo rosto da mais nova que ela não quer mais.

— Seol Yoona-ssi — eu chamo a sua atenção. — Você pode vir comigo no banheiro por um momento?

— Eu? — ela pergunta, eu confirmo. — Claro.

Yoona se levanta da cadeira e me acompanha, mas nós não vamos até o banheiro. A convido para ir até o lado de fora, mas antes passo no balcão e compro uma garrafa de água.

O ar fresco nos atinge quando chegamos na saída, arrepiando os pelos dos meus braços. É uma noite fria.

— Vamos sentar — eu indico, apontando o banco ao lado da porta do estabelecimento. Yoona senta-se primeiro, eu me sento ao seu lado logo depois.

— A Senhorita precisa de alguma coisa, Lim Sejin-ssi? — ela questiona, ouso a dizer que até um pouco preocupada.

— Não, não é nada. Não se preocupe — tento a tranquilizar. Entendo a preocupação. — Aqui, tome um pouco de água — ofereço um pouco. Ela precisa se hidratar. — Eu percebi que não estava se sentindo muito bem lá dentro — a entrego a garrafa, que ela pega, após pensar um pouco mais. — Eu sei como é ser a novata, é meio chato.

— Não. Só de estar com vocês, trabalhando na DGK Studios... vale a pena. — ela diz.

— Você me faz lembrar de mim mesma quando entrei na empresa — eu sorrio, é como olhar no espelho. Falando assim parece até que faz muito tempo. — Faz um pouco mais de um ano. Você vai gostar, mas tem seu lado negativo também. Você não costuma beber muito, não é?

— Na verdade eu bebia bastante na faculdade, mas não terminava bem, então eu parei.

— Você não precisa beber se não quiser. Eu ia te dizer para você falar para eles que é religiosa, mas essa desculpa não colaria mais depois que você já bebeu. Então você pode usar o meu segundo truque. — aponto a garrafa de água quase vazia. — Quando ele estiver distraído, você derrama a bebida na garrafa. Infelizmente não funciona para cerveja, mas ajuda com o soju.

— Obrigada pela dica.

— A gente se ajuda por aqui — eu digo. Podemos não ter a melhor relação com o nosso chefe, mas sempre ajudamos um ao outro na nossa equipe. — Você é parte da equipe.

— Na verdade, ainda não.

— Não se preocupe com os trinta dias. Relaxe um pouco. Os novatos acham que precisam mostrar o melhor desempenho no primeiro mês e acabam exagerando, então no final são mandados embora alguns meses depois, quando o desempenho cai. É por isso que temos equipes pequenas e infelizmente uma alta rotatividade — eu explico para ela como funciona. — Você só precisa fazer um bom trabalho, mas sem exagerar. Entendeu?

— Entendi. Obrigada pela ajuda.

— Não precisa agradecer, fico feliz em ajudar.

— Você é como uma verdadeira irmã mais velha.

— Isso é engraçado, porquê eu sou a irmã mais nova — mas acho que a maternidade fez isso em mim, acabo não conseguindo disfarçar esses trejeitos maternos. — Yoona-yah, se quiser ir pra casa eu te dou cobertura. Falo que você se sentiu mal, ou que precisou buscar alguém no hospital.

— Não, não precisa. Eu quero ficar mais um pouco. — ela diz, alegando que ainda está bem. — E a Senhorita pode me chamar apenas de Sullyoon, eu prefiro assim. É como os meus amigos me chamam.

— Tudo bem, Sullyoon. Também não precisa ser tão formal comigo, não quando não estivemos na frente dos outros.

— Tudo bem — ela concorda. — Podemos entrar agora? — ela pergunta.

— Vai na frente, por favor — eu peço. — Vou logo depois, preciso fazer uma ligação antes.

Sullyoon concorda e vai na frente, levando a garrafa de água consigo. Eu fico onde estou, pego o celular do bolso e ligo para Lee Chaeryeong. São três toques até a chamada ser atendida. Sem gritos, sem sinal de desespero, apenas a voz calma da ruiva e o volume da televisão baixinho. Pelo som, devem estar assistindo Scooby-doo.

Oi, Chaery. Está tudo bem por aí? — questiono, ouvindo a voz angelical da pequena perguntando "É a mamãe?" do outro lado da linha.

Está sim — ela responde. — Sol-ah quer falar com você, vou passar para ela.

Eu espero por um momento.

Mamãe! — a voz que eu mais amo no mundo inteirinho diz, fazendo meu coração transbordar de alegria. Toda vez que a escuto me chamando assim, tenho vontade de chorar, porque só eu sei de tudo o que passei para poder conseguir ouvi-la me chamar de mamãe.

Oi, meu amor — só de falar com ela eu já fico sorridente. — Você já comeu?

Sim! — ela responde, do seu jeitinho característico, alegre e animada. Consigo imaginar as suas covinhas perfeitamente. — A tia Chaelyong me deu banho, ela deixou eu escolhê a roupa e comprou pitissa.

A tia Chaeryeong comprou pizza, é? — eu pergunto e posso jurar ouvir a Lee dizendo um "Você disse que não ia contar, Sol" ao fundo da chamada. — Tudo bem, só uma vez na semana não tem problema.

Mamãe, você já está vindo?

Oh, meu amor... — eu começo a me explicar, mas paro quando vejo a porta do restaurante aberta. Por sorte, era apenas um casal desconhecido indo embora. Percebo então que este não é o melhor lugar para conversar com a minha filha, então vou me afastando. — Eu não vou demorar muito, prometo.

Continuo caminhando, até chegar próximo de um beco. Não entro, fico na calçada, encosto as costas na parede.

Eu quero que a senhora me conte uma história antes de dormir. — ela pede.

Claro que sim, meu amor! — concordo. Tudo que eu quero é chegar em casa, ouvir ela me dizer como foi o seu dia, contar uma história para ela dormir e... — Cof, cof... — eu me engasgo com a fumaça. Ela vem do beco.

Péssima ideia.

Sabe quando estamos assistindo um filme de terror? Se tem um barulho vindo do porão, então não vá ao porão, abandone a casa. Se o telefone toca tarde da noite, não atenda. Não siga o barulho. São coisas básicas. Porém, quando acontece com você... parece que a mente se torna um completo branco.

Bem, isso acontece agora.

Sigo a fumaça, vou até o beco e encontro Seo Changbin lá, o novato do time de desenvolvimento de jogos I, fumando cigarros.

O choque que a cena causa é tão grande que eu poderia derrubar o celular. Ele parece se assustar também, joga o cigarro no chão e apaga a bituca com a sola do sapato. Eu observo a cena, um pouco perdida, então a voz da minha filha surge novamente me chamando, mas só eu consigo ouvir dessa distância.

Eu preciso desligar, te vejo em casa. — respondo da forma mais neutra possível e desligo logo em seguida. Sem um "Eu te amo" desta vez.

— Senhorita Lim, me perdoe. — ele pede desculpas pela fumaça. Parece um pouco assustado e nervoso. — Eu não sabia que era a senhorita quem estava ali.

Então tudo bem se fosse outra pessoa?

Ele pede desculpas, mas tudo o que eu consigo pensar é no que tanto ele ouviu da chamada. Começo a rebobinar mentalmente tudo o que conversei com a minha pequena. Não a chamei de filha em nenhum momento, mas ainda assim pareceu uma conversa íntima.

— Por favor, não fume mais. Meu avô faleceu de câncer na boca, porque ele fumava muito. — ainda assim, a minha primeira reação verbal é preocupação. Céus.

Changbin fica sem reação.

Como não ficaria? Que tipo de pessoa diz isso em uma primeira conversa? A primeira vez que interagimos diretamente um com o outro e eu já falo do meu falecido avô. Mandou bem, Sejin!

Ele sorri.

— Me desculpe por te assustar. — ele pede novamente.

— Tudo bem, não assustou. Mas sobre o cigarro, você deveria mesmo parar. — eu insisto. — Desculpa, eu não quero parecer sua mãe... — às vezes não consigo evitar agir como uma. — É só que... faz mal e me trazem lembranças ruins.

— Entendo. — ele diz, então pega uma balinha do seu bolso, provavelmente para disfarçar o cheiro. — Obrigada por se preocupar, mas não precisa. — ele diz. — Na verdade eu estou parando. É que tem sido difícil.

— Imagino que sim — eu suspiro, deve ser difícil parar um vício assim. — Enfim, não precisa se preocupar, eu não vou contar para ninguém. Você já deve saber que pode não pegar bem para os outros saberem que você fuma, ainda tem o fato de que você está em processo de seleção... mas eu não vou dizer nada, vou guardar o segredo.

— E quanto isso vai custar? — ele questiona.

Honestamente, chega a me ofender ele pensar que eu queira algo em troca. Mas não me surpreende, parece que no mundo em que vivemos as pessoas sempre tem segundas intenções.

— Nada. Considere como um incentivo — sugiro. — Eu nem imagino como deve ser difícil para você parar, então pense que faço como sinal de apoio.

Novamente, ele não diz nada. Queria saber o que ele pensa.

— Obrigado, Senhorita Sejin. — ele agradece, respeitando as formalidades. Somos estranhos, não devemos fingir que temos intimidade. — É uma mulher bondosa e gentil, seu esposo é um homem de sorte.

— Eu não sou casada, Changbin-ssi — respondo, mas, a fim de evitar mais perguntas, adiciono: — Eu não estou em um relacionamento.

— Desculpe-me. É que pela ligação, pareceu. — ele confessa que ouviu. Pelo menos uma parte dela. — Eu não estava bisbilhotando, é que você estava logo ali. — ele aponta para onde eu estava antes, realmente é bem perto.

— Estava falando com a minha mãe — eu minto. — Somos uma família afetuosa — mais uma mentira. Dói ainda mais saber como é a realidade da nossa família.

— Entendi — ele diz. — Que bom, então! — acrescenta.

— Como?

— Quis dizer, que bom que tem uma boa relação com a família — ele corrige. Mas toda a situação é um pouco esquisita. — Obrigada por não contar para ninguém — ele agradece, mesmo sem precisar. — Vou entrar. Me acompanha?

— Não vai jogar isso no lixo? — questiono, apontando a bituca apagada. Ele ri, pegando o lixo do chão, para jogar corretamente na lixeira.

E assim é, em seguida eu acompanho Changbin até a porta. Onde, ainda do lado de fora, vejo ele pegar um vidrinho do bolso do casaco e borrifar em si mesmo. É perfume, para disfarçar o cheiro da fumaça.

— Espera um pouco — peço, antes que ele entre no restaurante. Então abro a minha bolsa, retiro o hidratante de mãos com fragrância de frutas vermelhas que tanto gosto e coloco um pouco sobre a palma de sua mão direita. — O cheiro também fixa nas mãos.

Guardo a miniatura e espero ele espalhar por seus dedos. Ele faz isso, sorrindo.

Changbin tem um sorriso bonito, mas não deixa ninguém ver direito. Sempre que sorri, ele abaixa a cabeça e tenta controlar os músculos faciais, evitando o sorriso. Ele quase me faz querer sorrir junto.

— Por que está sorrindo?

— Eu não sei — ele responde, mas não consegue parar.

— Talvez você esteja bêbado — digo, analisando melhor o seu rosto. Me atrevo a tocar no seu cabelo, para afastar do rosto e me deixar ver se não está vermelho. — Você quer um pouco de água?

— Eu não estou bêbado — ele garante, segurando minha mão e retirando do seu rosto. Peço desculpas. — Vamos entrar. Está frio e você está sem casaco.

Eu concordo, entrando à sua frente. Ele me segue, indo para o seu lugar e eu para o meu. Quando voltamos, Keeho já está com o rosto deitado na mesa, aparentemente dormindo. Mingi come algumas batatas fritas enquanto tira uma selfie com o celular do novato, com ele dormindo de cenário. Song também já não está completamente bem. Sullyoon parece bem, ela sorri quando me vê, mostrando a garrafa agora acima da metade.

Olho o horário no celular, já era para Yesol estar na cama faz tempo. Conhecendo a minha pequena como eu conheço, ela deve estar acordada me esperando. Preciso ir embora. Acho que a minha noite acabou. Me despeço dos meus colegas e do chefe, finjo que estou com dor de estômago. Jihyo segue a minha deixa, ela diz que já está tarde e, após relutar um pouco, o Senhor Yoon concorda que é melhor irmos, pois amanhã temos que estar na empresa logo cedo.

Nos despedimos na porta de entrada. Alguns de nós pedem uber, outros solicitam um motorista para dirigirem seus carros, o Senhor Yoon ainda tenta insistir para uma segunda rodada. Eu ignoro e entro no carro que solicitei por aplicativo, tudo o que eu quero é chegar em casa e colocar a minha princesa para dormir.


౨ৎ: notas

Oi, gente! Finalmente veio aí, depois de um longo tempo de espera. Eu confesso que estou ansiosa.

Eu ia soltar dois capítulos, mas vou deixar o próximo pra postar antes do fim de ano!!

Para quem me acompanha de outras histórias, em especial "After Like", deve ter reparado que eu mencionei o nome "Yoonjoo". Sim, é a Yoonjoo de After Like! Porque, adivinha...

As duas histórias estão conectadas!!

Eu sempre quis criar esse meu universo onde as histórias se conectam, mas acabei não fazendo no início. Tomei essa decisão depois de finalizar toda a programação de After Like. Aqui a história vai se passar alguns anos depois do fim dela.

Atenção: você não precisa ler a outra primeiro para entender esta, porque a história do Changbin nunca teve muito foco por lá, mas eu posso acabar mencionando algumas coisas e me faria muito feliz se vocês lessem ela também!

Dito isso, espero que vocês aproveitem a leitura, que seja divertido e possamos criar um ambiente legal aqui, como nas outras também.

Atenção aqui mais uma vez! Eu criei um canal no WhatsApp para compartilhar algumas atualizações, spoilers, bastidores e fofocas com vocês!! Escolhi um canal porque ele não compartilha números e informações pessoais, a única coisa chata é que não conseguimos trocar mensagens diretas, mas ainda é possível fazer isso pelo meu mural daqui. Quem quiser entrar, vou deixar o link aqui:

https://whatsapp.com/channel/0029VaycQcGHVvTiskbebW3s

bjss.

:)

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