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𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 (𝟎𝟐𝟓)

O silêncio no carro era sufocante, quebrado apenas pelo som suave dos pneus contra o asfalto molhado. Natalie estava no banco de trás, os olhos fixos na escuridão além da janela, enquanto Sebastian dirigia, imperturbável, como se não houvesse sequestrado uma vida naquele dia. Seu corpo ainda estava petrificado, a impossibilitando de erguer as mãos para a maçaneta e se atirar no meio da estrada. Maldita hora que decidiu ir a um velório falso para manter as aparências. Cada segundo parecia esticar-se eternamente, e a sensação de perigo chegava a ser insuportável. Natalie não sabia para onde estava sendo levada, mas podia sentir a energia sombria do lugar se aproximando. O ar ao redor parecia mais pesado, carregado de uma sensação de morte e desespero. Quando o carro finalmente parou em frente a um casarão abandonado em outra cidade longe de Toms River, ela soube que estava entrando no covil de algo muito pior.

Sebastian saiu do carro com a calma de quem controlava o tempo. Seu olhar era de quem sabia que o destino estava do seu lado, mesmo com o grande momento se aproximando. O som de seus sapatos ecoou pelo chão de pedras enquanto ele caminhava até o lado de Natalie, abrindo a porta com um sorriso frio e cínico. Sem cerimônia, ele a puxou colocando-a em seus ombros e a conduziu para dentro de uma casa de aparência antiga e desgastada.

— Bem-vinda ao seu novo lar — disse ele, a voz carregada de sarcasmo, enquanto a colocava no chão com um gesto despreocupado. — Ah! Perdão, esqueci que você não pode se mover. — O sorriso dele se alargou, claramente divertido, mas Natalie não conseguia sequer fingir. A situação era uma piada perversa, e ela estava no centro do palco.

— Vai pro inferno — murmurou Natalie entre dentes, a única resistência que podia oferecer enquanto seus músculos ainda estavam presos pela força invisível do vampiro.

Sebastian riu suavemente, um som que soou como veneno nos ouvidos de Natalie.

— Acredite, o inferno parece bem interessante. Mas, infelizmente para você, não estou disposto a ir tão cedo. — Ele estalou os dedos, e Natalie sentiu uma onda de formigamento percorrer seu corpo. Lentamente, o controle dos membros retornou, começando pelos dedos dos pés.

Ela cambaleou levemente, movendo-se de forma hesitante enquanto seus músculos voltavam a responder. Seus olhos percorreram o ambiente ao redor, uma sala fria com móveis rústicos e paredes cobertas de um papel de parede muito velho de flores. Cada detalhe gritava decadência e abandono. Um lugar digno para um ritual macabro, ela pensou. Sebastian a observava com um olhar predatório, cada movimento dela sendo medido e analisado.

— Fique à vontade. E não vai adiantar procurar por saídas. — Sua voz ecoou na sala, enquanto ele cruzava os braços, como se estivesse apreciando a luta interna de Natalie em busca da sobrevivência.

Ela engoliu seco, tentando ignorar o peso do olhar dele em suas costas. Estudou rapidamente a sala, procurando por qualquer rota de fuga. Contudo, cada rota que sua mente considerava parecia levar a um beco sem saída. Então, seus olhos pousaram em um corredor que terminava com uma porta de madeira dupla que levava a outro cômodo. Não estou sozinha aqui. Deduziu isso facilmente, já que Sebastian estava com suas colegas de time, e quem sabe, até mais garotas. Olhou por cima do ombro, sendo encorajada pelo vampiro a continuar a inspeção no local como se estivesse numa espécie de tour sombrio. Seus pés se moveram, e ela andou até a porta. Algo em seu interior vibrou. O cheiro de sangue e morte invadiu suas narinas, mesmo não vendo nada a olho nu. Vozes e ecos distantes a envolveu. O caminho a levou a um quarto grande, com uma decoração ainda mais antiga. A mobília parecia saída de um filme de época, carregada de história. No centro do quarto, duas figuras conhecidas se destacaram, fazendo o coração de Natalie acelerar.

— Vocês... — murmurou Natalie com a respiração presa no peito. Rory e Christine.

As duas vampiras levantaram os olhos em direção a ela. Christine, possuía feições atordoadas, claramente surpresa ao ver sua colega de time ali. Rory, por outro lado, sorrio de lado de uma forma que não prometia nada de bom.

— Natalie? — Christine se levantou lentamente, ainda processando a presença inesperada da amiga. Natalie hesitou. Antes que pudesse falar, Rory se levantou da cama, o sorriso agora mais evidente em seus lábios.

— Finalmente algo interessante por aqui. Quem diria que teríamos a Natalie como convidada? — Sua voz carregava uma leve ironia, mas o olhar de predadora estava ali, claro. — Seu sangue tem cheiro bom, Nat. Me lembrou que estou com fome.

— Cuidado com o que diz, Rory — interrompeu Sebastian, entrando no quarto. — Natalie é nossa convidada de honra. Tratem-na como uma de vocês. — O sorriso dele, carregado de malícia, fez Natalie engolir em seco, lutando contra o gosto amargo da bile que subia em sua garganta.

— Ela é humana — observou Rory, sem esconder o desprezo.

— Por enquanto. — A resposta de Sebastian foi um sussurro cortante, que fez os pelos na nuca de Natalie se arrepiarem. O olhar cruel que ele lançou a Rory era um aviso silencioso.

— A Natalie não deveria está aqui, ela não faz parte disso. — Christine deu um passo até a amiga do time. O vampiro revirou os olhos.

— Não deveria, e não pretendo ficar. — Natalie respondeu, tentando manter a compostura, enquanto sua mente continuava a procurar uma saída. Sebastian deu um passo à frente, seus olhos cravados em Natalie.

— Não adianta tentar escapar, minha querida. E espero que colabore comigo, caso contrário, não terei outra opção, senão matá-la.

Natalie estava internamente desesperada para manter sua mente focada, mas continuou a analisar o ambiente. Cada canto, cada fresta. Preciso sair daqui. Mas com cada segundo que passava, a esperança parecia se dissipar. Quando Sebastian saiu, as paredes do cativeiro pareceram se fechar ao redor dela, e o peso da situação finalmente a atingiu por completo. Ela estava presa. E o que quer que Sebastian estivesse planejando, seria terrível, algo pior que a morte.

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TOMS RIVER — HORAS MAIS CEDO

Uma gota de esperança pairava pelos corações aflitos, e foi assim que Vera e Charlotte chegaram no local onde o velório da família Matthews acontecia, após a vampira roubar um carro de um dos vizinhos dos Scatorccio. A caminho do local, a visão de Vera ainda ecoava em sua mente, e sua garganta se fechava sempre que via as imagens de Natalie sendo arrancada de sua vida com brutalidade. Ela não sabia o que esperava encontrar ali, mas cada fibra de seu corpo dizia que precisava ver com seus próprios olhos. Precisava ter certeza de que a filha estava segura — ou descobrir o que realmente acontecera. Charlotte, ao seu lado, respirou fundo ao abrir caminho pelas pessoas ali presentes, felizmente, sem ser notada graças ao seu disfarce não muito elaborado, mas o suficiente para se esconder de olhares curiosos. Por fora, a vampira parecia impassível, mas por dentro, uma batalha furiosa se desenrolava. Deixar Natalie sozinha, desprotegida, era um erro que agora cobrava um preço alto. E Charlotte sentia esse peso como uma lâmina cravada em seu peito.

O ambiente que estavam era carregado pelo luto de conhecidos e outras pessoas estranhas. Uma parte de Charlotte ficou tranquila ao ver que sua morte era lamentada mesmo que por poucas pessoas. O salão tocava uma música abafada que se misturava com os sussurros abafados dos presentes. Vera olhou ao redor, o coração acelerado, e de repente, a inquietação tomou conta dela. Natalie realmente não estava onde deveria estar. Charlotte, compartilhou da mesma perturbação, exceto pelo coração acelerado, já que ela não possuía mais um. Seus sentidos vampíricos captavam cada movimento, escaneou todo o local, cada cheiro, mas não havia sinal de Natalie. Nenhum traço de sua presença. 

— Ela... ela não está aqui — sussurrou Vera quando voltou para perto de Charlotte, os olhos verdes estavam arregalados, enquanto ainda procurava desesperadamente a filha entre as pessoas. — Eu estava certa.

— Alguém tem que ter a visto. — Charlotte murmurou, a voz fria, mas com um traço de tensão.

Vera começou a caminhar entre os presentes. Perguntou a várias pessoas, sem respostas claras. Ninguém havia notado a ausência de Natalie, nem mesmo as garotas que estudavam com ela. O pânico começou a se espalhar em seu peito. Charlotte se aproximou, os olhos brilhando com a constatação. Ele realmente a levou. A certeza estava gravada no olhar sombrio da vampira. Sebastian havia agido sem que ninguém notasse. Ele sempre fora cuidadoso, metódico. Mas o que mais enfurecia Charlotte era que ela não havia feito nada para impedir.

— Sebastian a levou enquanto todos estavam distraídos ou usou algum truque de vampiro para sumir com a Natalie. — Charlotte concluiu duramente. O desespero tomou conta de Vera, mas Charlotte a segurou pelos ombros, olhando diretamente em seus olhos. — Nós vamos encontrá-la — prometeu, com a voz mais firme do que sentia por dentro. — Mas precisamos sair daqui. Agora!

Sem hesitar, elas deixaram o velório. Charlotte caminhou de volta para o carro roubado, enquanto Vera assumia a direção da picape abandonada por Natalie — felizmente a chave extra sempre se encontrava abaixo do tapete. Cada uma seguiu em seu próprio terror silencioso pesando no ar. A sensação de fracasso pressionava Charlotte, e Vera, ainda abalada, sabia que não havia tempo a perder.

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A casa de Lily era envolta em uma escuridão inquietante. Cada canto parecia carregar a presença silenciosa de uma história trágica, como se os fantasmas do passado ainda rondassem o lugar. Vera sentiu essa energia imediatamente ao cruzar a porta. Era impossível não notar — o ambiente parecia pesado, sufocante, cheio de mágoa e morte. Mas ela estava ali por um único motivo, encontrar a filha, mesmo que preferisse fazer tudo em sua própria casa. Do seu lado, Charlotte sentiu o peso da culpa esmagando seus ombros, enquanto os pensamentos se afogavam em remorso. Ela prometera a si que protegeria Natalie, que nunca permitiria que algo lhe acontecesse. E agora, a garota estava nas mãos de Sebastian. Como pude deixar isso acontecer? A pergunta ecoava em sua mente, como uma tortura. Charlotte sempre se orgulhara de ser forte, mas diante do que realmente importava, ela havia falhado. 

— Como assim a Natalie foi sequestrada? — Greg rugiu, sua voz reverberando pelas paredes da casa de Lily. A noite havia caído rapidamente, facilitando a chegada do jovem vampiro ao grupo, mesmo que isso não fizesse diferença a ele, mas ainda precisava manter as aparências. Suas mãos formigavam, uma sensação nova e desconcertante, fruto da raiva que fervia dentro dele. Lilith estava certa, afinal. Ela o havia alertado no inferno de que Natalie precisaria dele, e agora essa profecia cruelmente se cumpria. — Como você deixou isso acontecer, Charlotte?

A vampira suspirou com exasperação, cruzando os braços e cerrando os olhos por um breve momento, como se a culpa que já pesava sobre seus ombros tivesse acabado de se intensificar.

— Desde o começo, achei uma péssima ideia deixá-la ir a esse velório — comentou Lily com seu habitual tom venenoso, jogando as pernas sobre a mesinha de centro. O gesto provocou um olhar de reprovação de Vera, cujo rosto envelhecido pelo tempo mostrava nada além de desprezo.

— Não importa mais o que achamos. A Natalie foi levada pelo Sebastian, e o dia do ritual está chegando. — A voz de Charlotte estava tensa, suas palavras apressadas enquanto ela andava pela sala, os pensamentos fervilhando em busca de uma solução. De repente, uma ideia a iluminou. Havia uma chance de rastrear a garota que amava. — Eu posso rastrear a Natalie.

— Como? — Vera deu um passo à frente, os olhos ansiosos buscando qualquer esperança.

— Ela tem meu sangue no organismo. Não é muito, mas talvez seja o suficiente. Posso tentar encontrá-la assim, já fiz isso uma vez. — Charlotte explicou, mantendo-se evasiva, evitando os detalhes do porquê e como aquilo havia acontecido.

— Por que ela tem o seu sangue, hein? — Lily perguntou com um sorriso afiado, os olhos brilhando de malícia enquanto ela olhava para Charlotte, claramente aproveitando a oportunidade de cutucar o desconforto alheio.

— Não faz diferença agora, Lilian. — Vera cortou, a voz trêmula, mas firme em sua urgência. — Charlotte, por favor, ache minha filha.

Charlotte assentiu, determinada. 

— Certo. Preciso de concentração e silêncio. — Ela olhou ao redor, seus olhos buscando o lugar certo para se isolar, enquanto a tensão no ambiente se espessava ainda mais.

Sentado-se no centro da sala, Charlotte se manteve imóvel e com os olhos fechados tentando canalizar suas habilidades. Ela se concentrou intensamente no fio tênue que a conectava a Natalie — o sangue que ainda compartilhavam, um elo que deveria ser forte o suficiente para guiá-la. No entanto, assim que começou a seguir essa trilha invisível, um bloqueio a atingiu como uma barreira impenetrável. Visões começaram a surgir em sua mente, mas estavam distorcidas, como uma pintura borrada. Fragmentos de imagens flutuavam à sua volta: o rosto de Natalie aparecia em um instante, mas os contornos eram vagos, dissolvendo-se no escuro antes que ela pudesse fixá-los. Vozes surgiam do vazio, distorcidas, ecoando como sussurros confusos, algo que ela não conseguia compreender.

Charlotte pressionou os olhos, tentando manter o foco, mas cada tentativa parecia um esforço inútil. Rostos familiares surgiam e desapareciam antes que ela pudesse identificá-los. Eram conhecidos, e ainda assim impossíveis de ver claramente. O ar ao seu redor se fechou, e ela conseguiu vislumbrar alguns lugares — uma esquina escura, um corredor mal iluminado — mas nenhum deles fazia sentido. Eram visões rápidas, fragmentadas, lugares pelos quais Natalie havia passado, mas que se misturavam em um turbilhão de caos. O bloqueio não era apenas externo. Algo dentro dela estava falhando. A última vez que havia se alimentado foi de Natalie, e isso deixara seu corpo fraco, vulnerável, já que não foi tão bem alimentada assim. Charlotte sabia que precisava se alimentar, mas recusava-se a admitir que isso estava a debilitando tanto.

Ela respirou fundo, buscando forças para manter a conexão. Porém, mais uma vez, a escuridão retornou com força, puxando-a para longe de qualquer vestígio claro de Natalie. Seu dom falhava, deixando-a enfraquecida e furiosa. Quando Charlotte abriu os olhos novamente, seus punhos estavam cerrados, e a frustração borbulhava em suas veias. A sensação de impotência a consumia.

— Eu... eu não consigo — admitiu, as palavras saindo amargas. — Estou fraca. E tudo o que vejo... é um borrão.

Vera encarou Charlotte, os olhos carregados de preocupação e angústia. Ela sabia que a vampira estava se esforçando, mas o desespero de não saber onde sua filha estava só aumentava. Lily estava encostada na parede perto de uma velha estante, observando tudo. Ela sabia que havia muito mais em jogo do que Charlotte e Vera podiam imaginar, mas mantinha o silêncio. Assim como seu mal-estar repentino era difícil de ignorar, e só piorava as coisas. Ainda assim, ela tinha um papel a cumprir nessa busca.

— Talvez ela esteja em um lugar protegido por alguma magia demoniaca — sugeriu Lily, sem desviar o olhar.

— Acho que não, eu sou o problema. — Charlotte respondeu de imediato, sua voz carregada de raiva reprimida. — Não tenho me alimentado direito, se eu tivesse, deveria ser capaz de sentir ao menos uma fração do sangue dela... e não estou sentindo nada.

— Você está com fome — Greg afirmou, com um tom direto. — Precisa sair e comer algo.

O silêncio na sala tornou-se ainda mais denso. Charlotte estava frustrada pela incapacidade de rastrear Natalie, e sentia a raiva crescendo dentro de si, alimentada pela fome. Ela lançou um olhar breve e amargo para Lily, lembrando-se de tudo o que havia acontecido naquele lugar, mas desviou rapidamente, preferindo não reacender os antigos conflitos.

— Enquanto você não se alimentar direito, precisamos de outro plano — Greg continuou, pegando o notebook de dentro de uma mochila. — Você não está conseguindo rastreá-la com o seu dom. Talvez devêssemos tentar outra abordagem.

— A menos que você seja um hacker milagroso que consiga acessar câmeras de segurança em todos os cantos da cidade, não temos muitas opções. — Charlotte respondeu, com sarcasmo, enquanto Greg lançava um olhar desgostoso a ela.

Vera decidiu quebrar o próprio silêncio, e ergueu a cabeça lentamente. Sendo portadora de um dom, ela sabia que tinha algo a oferecer. Não que pudesse rastrear diretamente, mas talvez pudesse sentir as energias de Natalie, qualquer vestígio de sua presença. Qualquer sinal que a levasse até a filha ou o mais próximo dela.

— Charlotte — Vera chamou, com uma calma inquietante. — Talvez eu possa tentar algo... diferente. 

— Como você faria isso exatamente? — A vampira quis saber.

— Sou mãe da Natalie, temos o mesmo sangue. O mesmo dom. — Ela virou-se lentamente para Lily, cujos olhos brilharam com uma mistura de surpresa e desconforto. — A Charlotte falou que você sabe de muita coisa... E quanto sabe sobre dons... mediúnicos? 

— Vocês acham que sou uma enciclopedia sobrenatural ambulante?  — Lily retrucou.

— Não, eu acho que você é uma pessoa cheia de segredos, mas que não importa agora — Vera se aproximou da garota. — Eu não sei quem você é de verdade, mas sinto algo vindo de você, e acredito que pode me ajudar no que preciso. 

Lily suspirou, claramente relutante, mas ciente de que encontrar Sebastian seria útil para seus próprios objetivos. O que não era do seu agrado, era desperdiçar o pouco de energia que ainda lhe restava, a mesma que estava mantendo-a de pé e a que Vera podia ver mesmo que com dificuldade. No entanto, sabendo que essa era a única chance de alcançar uma pista, cedeu.

— Certo, há uma chance disso funcionar — disse Lily, já impaciente. — Posso tentar ajudar você a achar a Natalie...

— E o que exatamente você vai fazer? — Greg interrompeu com o sarcasmo claro na voz. — Falar com fantasmas? Invocar alguma coisa? Falar algum feitiço em latim e esperar que as luzes pisquem? — Greg fechou o notebook nas mãos, zombando.

— Não seja idiota, garoto! — Charlotte rebateu, visivelmente irritada.

— Não sou bruxa, e definitivamente não gosto de desperdiçar o que ainda me resta — Lily murmurou, mais para si mesma do que para os outros, mas Vera percebeu o cansaço em sua voz. — Vera pode tentar usar minha energia, ela é uma esponja, suga qualquer energia ao redor, por isso ela se abala facilmente. Isso pode nos leva a Natalie, e consequentemente a Sebastian, então valerá a pena. Só precisamos ser rápidas.

Vera olhou para Lily com um misto de curiosidade e apreensão. Não sabia o que a garota estava escondendo exatamente, mas sentia que havia algo de errado com ela, como se estivesse à beira de desmoronar, até a cor da pele antes tão dourada, estava mais apagada e descascando. Mesmo assim, Vera sabia que precisava confiar nessa aliança, pelo menos por enquanto.

— Eu não tenho experiência com essas coisas — disse Vera, hesitante, mas determinada. Lily deu de ombros, como se já soubesse.

— Tecnicamente, eu também não. — Lily pegou a mão de Vera com uma força que a surpreendeu, como se estivesse canalizando tudo o que tinha. — Certo, preciso que feche os olhos e se concentre. Pense em Natalie, imagine sua presença. — Lily respirou fundo, olhando de relance para Greg e Charlotte.

Greg lançou um olhar desconfiado para as duas humanas, ainda achando tudo aquilo uma perda de tempo, mas Charlotte o silenciou com um olhar severo. Ele sabia que a vampira estava desesperada para encontrar Natalie, mas a situação ficava cada vez mais surreal.

— Greg, Charlotte, vocês precisam sair — Lily disse, sem rodeios. — Não quero que nada nos desconcentrem.

— Como se eu fosse deixar você sozinha com a Vera. Nem fodendo, querida. Da última vez você esfaqueou o Greg — Charlotte rosnou, dando um passo ameaçador na direção de Lily.

— Charlotte, precisamos tentar de tudo. E você precisa se alimentar — Vera interveio, segurando o braço de Charlotte com um olhar firme. — Não que eu confie totalmente nela, mas estamos procurando algo incomum juntos, então isso é a garantia de que ela não vai me machucar.

Charlotte hesitou por um momento, o olhar duro, mas sabia que Vera estava certa. Mesmo contra seus instintos, ela precisava confiar naquele plano. 

— Acho que a última coisa que precisamos agora é brigas — Greg se aproximou, tentando acalmar Charlotte. — Eu quero encontrar Natalie tanto quanto você, Lottie. Mas você precisa se alimentar, para ficar mais forte e encontrá-la mais rápido. Não vamos muito longe... só o suficiente para você comer. Se algo der errado, voltamos e acabamos com tudo.

— Se eu quisesse fugir, já teria feito isso há horas. Continuo aqui, não é? — Lily retrucou, levantando uma sobrancelha com provocação. Charlotte passou a mão pelos cabelos, sentindo o peso da decisão. — Estou aqui pelo mesmo motivo que vocês: encontrar Sebastian...

— E a Natalie! — Vera acrescentou.

— Sim, claro, e a Natalie. — Lily revirou os olhos.

Charlotte passou a mão pelos cabelos, claramente relutante, mas sem outras opções.

— Não vamos demorar — Charlotte disse com um tom sombrio, dando alguns passos para trás sem tirar os olhos de Lily. Seu olhar permanecia fixo em um duelo silencioso até ela e Greg desaparecerem pela porta, entrando na escuridão da noite.

Agora, só restavam Vera e Lily no ambiente, e a tensão parecia crescer conforme se preparavam para iniciar o que poderia ser a última esperança de encontrar Natalie.

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Natalie subiu a escada de madeira rangente, cada passo fazia eco no vazio do casarão. O lugar onde estava parecia ter sido construído há séculos, e o pó grosso que cobria tudo indicava que ninguém subia ali há muito tempo. Quando ela chegou ao topo, deparou-se com uma porta estreita e mal ajustada. Forçou-a com um pouco de esforço, e ela cedeu com um rangido agudo. O cômodo que encontrou parecia um sótão abandonado. As paredes eram de madeira envelhecida, cobertas por teias de aranha espessas, e o teto era inclinado, dando ao lugar uma sensação claustrofóbica. Pequenas janelas sujas deixavam entrar apenas fragmentos de luz da lua, que iluminavam o espaço empoeirado, revelando móveis antigos cobertos por lençóis rasgados. O ar era pesado, denso, e cheirava a mofo e decadência.

Natalie respirou fundo e sentiu o peso de tudo o que estava acontecendo esmagando seus ombros. Ela estava presa no covil de Sebastian, sem saber o que ele planejava fazer exatamente com ela. Um calafrio percorreu sua espinha ao lembrar do ritual para Lilith. O pensamento de ser usada em algo tão maligno a enchia de medo e confusão. A morte chegando tão depressa a ela outra vez. Sentando-se no chão de madeira, puxou os joelhos para junto do corpo e fechou os olhos, tentando acalmar a mente. Seu coração batia rápido, mas precisava se concentrar. Charlotte... pensou, tentando se conectar de alguma forma com a vampira. Por favor, Charlotte, me ouça. Estou aqui. Estou com medo. Preciso de você.

Natalie se esforçou, tentando sentir o vínculo que tinham, aquela conexão através do sangue que ambas tinham. Mas havia apenas silêncio em sua mente, um vazio profundo que a fazia sentir-se mais isolada ainda. Não importava o quanto tentasse, não conseguia alcançar Charlotte. Não havia nada. Frustrada, ela abriu os olhos, sentindo as lágrimas ameaçando cair. Seus pensamentos a levaram ao futuro incerto que se estendia diante dela. Ser transformada em vampira... A ideia lhe dava arrepios. Viver eternamente, nunca envelhecer, parecia tentador, mas a que custo? Assistir todos ao seu redor morrer enquanto ela continuava viva? Era uma perspectiva horrível. Perder quem ela amava... sua mãe, a única que restara. Ela sabia que se algo assim acontecesse, essa eternidade seria uma prisão, não um presente. Mas, ao mesmo tempo, o medo da morte, do desconhecido, a deixava sem rumo.

Antes que pudesse mergulhar ainda mais nesses pensamentos, ouviu passos leves atrás de si. Virou-se e viu Christine, parada na entrada do sótão, os olhos brilhando na escuridão. Ela parecia hesitante, como se não soubesse se devia se aproximar.

— Nat? — Christine sussurrou, quase como se estivesse com medo de falar.

— Chris... — Natalie murmurou de volta, surpresa com a presença da amiga ali. Elas não tinham tido tempo de conversar desde que Natalie chegou aquele local. — Se veio ver se estou tentando fugir, não estou, apenas quero... me isolar.

Christine entrou no cômodo com passos lentos, quase cautelosos. Sentou-se ao lado de Natalie, encostando-se na parede de madeira empoeirada.

— Eu também preciso me isolar. De um tempo longe de tudo isso... longe do Sebastian — Christine respondeu, a voz carregada de um cansaço profundo. — Odeio o que ele quer fazer com você, com todas nós, ou melhor, não saber o que ele exatamente quer fazer.

Natalie a observou por um momento, notando a tensão em seus ombros, o olhar distante.

— E por que está aqui, então? — Natalie perguntou, sua voz suave, mas repleta de dúvidas. — Você poderia ter ido embora.

— Eu tentei. — Christine abaixou a cabeça, uma tristeza profunda em suas palavras. — Falei com a Charlotte, antes de tudo desmoronar, e ela disse para eu não fazer isso...

— Você sabe que ele a matou, não sabe? — Natalie engoliu a saliva acumulada na boca. Christine acenou, deixando os olhos brilharem com um líquido vermelho.

— Ainda lembro quando ela disse que podaríamos fugir e viver nossas vidas como vampiras do outro lado do mundo. Mas ela disse que era perigoso demais. E pensando bem, ela estava certa. Uma vez que estamos no radar de vampiros como Sebastian, não há escapatória. Somos presas fáceis para eles. Olha só o que aconteceu a ela.

O silêncio entre elas foi preenchido apenas pelo som do vento batendo nas janelas sujas e as tábuas rangendo. Natalie absorveu as palavras de Christine e sentiu o peso daquelas verdades. A sensação de estar encurralada, de não haver saída, era opressora.

— Eu nunca quis ser vampira — Christine confessou de repente, sua voz quebrando. — Nunca quis isso para minha vida. Agora estou aqui, presa nessa maldição, e tudo o que vejo é morte e caos. Sinto que perdi quem eu era. Quero ir embora, Natalie... — Ela olhou para a amiga com o sangue escorrendo dos olhos. — Eu queria ser livre de tudo isso.

Natalie sentiu um aperto no coração. Elas haviam sido amigas no time da escola, compartilhavam momentos e risadas. E agora, estavam ali, em um sótão decadente, à mercê de um monstro que as manipulava como peças de um jogo.

— Chris... eu... — Natalie hesitou, não sabia o que dizer para confortar a amiga, porque ela mesma estava tão perdida quanto.

— Sabe o que é pior? — Christine perguntou, sua voz baixa e angustiada. — Eu odeio o que me tornei, mas, ao mesmo tempo, tenho medo de deixar de existir. Sinto uma confusão tão grande. Eu sei que se continuar assim, vou perder quem sou de vez, mas a ideia de morrer... — Sua voz se quebrou. — Me aterroriza.

Natalie olhou para Christine, sentindo um eco daquele medo reverberar em si mesma. Era exatamente o que ela estava sentindo. A possibilidade de se tornar vampira trazia a promessa de uma eternidade cheia de incertezas. Será que ela seria capaz de sobreviver a isso? Viver para sempre, mas perder quem era no processo? Antes que Natalie pudesse responder, um grito feminino ecoou pelas paredes do casarão, vindo do andar de baixo. As duas amigas se entreolharam, os olhos arregalados de surpresa e medo. O som era claro — uma nova garota havia sido trazida para o covil. Christine se levantou, pálida, seus olhos fixos na porta.

— Ele trouxe mais alguém... — sussurrou a vampira. O coração de Natalie bateu mais forte no peito. Ela sabia que o tempo estava se esgotando.

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TOMS RIVER

A floresta estava silenciosa, exceto pelo farfalhar suave das folhas ao vento e o distante canto dos animais noturnos. Charlotte e Greg caminhavam lado a lado, movendo-se com uma graça predatória entre as árvores. As sombras da noite envolviam seus corpos, tornando-os invisíveis para qualquer ser humano comum. O chão úmido e os galhos quebrados sob seus pés não faziam som algum. Eles eram caçadores, frios, e sem piedade com suas presas. Humanos seriam o banquete da noite — o sangue que realmente saciava um vampiro.

— Engraçado... — Charlotte comentou com a voz carregada de sarcasmo. — Se alguém me dissesse no colégio que eu estaria caçando ao seu lado, eu teria rido na cara dela.

— E eu provavelmente teria rido junto — Greg respondeu, o tom igualmente ácido. Ele manteve os olhos à frente, mas havia um brilho de diversão em seus olhos. — Eu era o excluido da turma. O saco de pancadas do time masculino de futebol e alvo de piadas de todo resto — Falou. Charlotte o encarou, franzendo o cenho. — Difícil perceber, já que você e suas amigas sequer notavam minha existência. Garotas ricas e perfeitas, com seus carros de luxo e festas. Nunca imaginei que fosse acabar assim.

— Bom, o mundo dá voltas — Charlotte sorriu de canto. — Agora aqui estamos nós. Você, o nerd transformado em vampiro, e eu, a rainha do colégio. Caçando juntos como dois monstros.

Greg soltou uma risada baixa.

— Meio difícil de acreditar nisso, não é? Mas você... sempre teve essa veia cruel, Lottie. Talvez fosse o destino você acabar assim. — Ele a encarou como se pudesse ver dentro dela.

Charlotte ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços enquanto caminhavam entre as árvores, seu olhar atento, mas curiosamente distante.

— É curioso, Greg. — Ela o observou de lado. — Desde que você voltou... eu noto algo diferente. E não estou falando só do fato de ter se tornado vampiro. — Ela fungou discretamente o ar ao redor dele. — Há um cheiro... como se você tivesse cruzando o inferno mais vezes que o comum. — Ela parou, olhando diretamente para ele. — O que aconteceu quando você foi transformado? Você fede a enxofre o tempo todo.

Greg manteve a expressão neutra, mas por dentro sentiu o desconforto. Ele sabia que Charlotte estava farejando algo perigoso demais para ser revelado. Lilith. O nome dela ressoava em sua mente. O pacto, o encontro, o caso deles. Mas não podia deixá-la saber disso. Ainda não.

— Ah, você sabe como é... — Greg deu de ombros, desviando o olhar. — Quando você é esfaqueado por uma maluca, quase morre e depois é arrastado de volta à vida, algumas coisas mudam. O inferno... Bem... isso apenas foi apenas parte do processo. Nada de mais. Uma pequena viagem ao lado sombrio, por assim dizer.

Charlotte o observou, como se tentasse decifrar o que ele não estava dizendo. Mas Greg, o garoto que antes ela desprezara a existência, agora era como uma fortaleza de segredos. E estava diferente. Havia algo nele que ela não podia tocar ou desvendar, e isso a deixava inquieta.

— Claro, nada de mais... — Charlotte murmurou, cética. Mas sabia que ele estava escondendo alguma coisa. Algo que ela faria questão de descobrir mais cedo ou mais tarde. Antes que ela pudesse pressioná-lo mais, um grito feminino ecoou pela floresta. Os dois vampiros pararam instantaneamente, os sentidos aguçados.

Socorro! Alguém me ajude! — O grito veio de mais adiante, e ambos trocaram olhares. Sabiam que aquilo seria o que procuravam: uma chance de caçar.

— Parece que a diversão começou — Greg sorriu, seus caninos reluzindo à luz da lua.

Com um movimento rápido e silencioso, ambos se moveram na direção do som. Quando chegaram à origem do grito, viram uma cena de brutalidade. Um casal, uma jovem mulher e um homem, estava cercado por cinco homens armados com facas e correntes. Eles riam, prontos para atacar, olhos brilhando de malícia. O homem estava em pânico, e a mulher, aterrorizada, gritava por socorro.

— Caramba, eu pedi um lanche e ganhei uma ceia completa — Charlotte comentou com um sorriso cruel.

— Quer se divertir um pouco? — Greg sugeriu, os olhos brilhando com antecipação.

Charlotte não respondeu, apenas lançou-se para a frente com uma velocidade sobrenatural. Antes que os homens pudessem reagir, ela estava entre eles. Com um ataque rapido, a vampira agarrou o mais próximo pela garganta, inclinando a cabeça como quem avalia um objeto de arte. Então, com um sorriso cruel, apertou sua jugular. Sua unha perfurou a pele dele e o sangue escorreu pelo seu braço. Charlotte o puxou na sua direção, arracando um pedaço de carne generoso. Ela bebeu seu sangue e mastigou o que pode, e quando o corpo secou em seus lábios ela o jogou contra o chão como um brinquedo quebrado. Greg apareceu ao lado dela, sem pressa, como quem aprecia um espetáculo. Com um movimento casual, arrancou o braço de um dos homens, o sangue jorrando em arcos pelo chão. Uma gota atingiu a blusa de Charlotte. Ela parou, os olhos se estreitando de indignação.

— Você só pode estar brincando — reclamou, olhando para a mancha escarlate no tecido. — Se estraga essa blusa, você vai me comprar outra.

— Essa blusa não é da Natalie? — Greg perguntou, com um tom despreocupado, enquanto mordia o pescoço do homem sem braço, suas presas perfurando a carne com facilidade.

Charlotte bufou, irritada, mas logo cravou os olhos no próximo alvo. O terror estava estampado nos rostos dos três homens restantes, que agora recuavam, mas a visão só tornava tudo mais divertido. Ela avançou, agarrando um deles pela camisa e lançando-o com tanta força contra a arvore que ele caiu como uma boneca de pano. O som dos ossos quebrando a fez gargalhar.

— Greg, você está sendo tão entediante. Faça algo criativo, pelo amor de Deus.

— Como quiser, princesa — ele murmurou, seus olhos brilhando com uma selvageria perigosa. Ele puxou um dos homens para perto e, com um movimento quase gentil, arrancou o coração dele, deixando o corpo cair pesadamente ao chão. — Suficientemente criativo? — Perguntou ele, antes de dar uma mordida generosa no órgão.

Charlotte revirou os olhos, mas não pôde esconder o sorriso. Ela se inclinou sobre outro homem que estava paralisado de medo, o som dos batimentos cardíacos acelerados enchendo seus ouvidos. Com um movimento lento e quase sensual, ela afundou as presas no pescoço dele, o gosto do sangue quente a envolvendo. Houve um pequeno colapso na mente dos dois vampiros, quando cada um teve que ver dolorosamente a vida de suas vítimas uma última vez — uma pequena provação por se alimentar de humanos. Quando se recuperaram, perceberam que dois corpos restavam agora, ainda vivos. O casal, agarrado um ao outro, tremia como folhas ao vento. Charlotte se aproximou, lambendo os lábios enquanto o sangue manchava seu queixo.

— Oh, que gracinha — ela provocou, inclinando a cabeça para os lados, como uma criança que examina um inseto. — O que vamos fazer com vocês dois?

Greg riu baixinho, lambendo o sangue dos lábios.

— Deixem eles viver, Lottie. 

Chalotte suspirou, e quando o casal se deu conta, a vampira estava diante deles. Os olhos escuros pareceram brilhar, atraindo a atenção do homem e da mulher. Um comando saiu dos seus lábios, e imediatamente, a consciência deles foi esmagada pelo poder hipnótico dela. Seus corpos ficaram imóveis, e a cena brutal que haviam acabado de presenciar desapareceu de suas mentes como um sonho ruim. E o rosto dos vampiros não passava de só um borrão em suas lembranças.

— Um pequeno presente para vocês — murmurou ela, antes de se afastar, seu tom carregado de desdém. — Agora, vamos embora antes que o cheiro de suor e desespero estrague meu humor.

Os dois humanos obedeceram imediatamente, ainda atordoados, começaram a caminhar para longe com os olhos vazios e o único comando de voltar para casa. Quando tudo ficou em silêncio novamente, Charlotte sorriu para Greg, satisfeita.

— Isso sim foi divertido — ela comentou, os olhos brilhando de excitação.

— Concordo — Greg respondeu, o rosto igualmente manchado de sangue. — E então, se sente capaz de rastrear a Natalie?

— Não só rastrear, mas ir atrás do Sebastian até no inferno se for necessário.

— Vamos voltar, não quero deixar a senhora Scatorccio com aquela garota. Aliás, quando vamos poder mata-lá?

Antes que Charlotte pudesse responder, um uivo profundo e ameaçador cortou o silêncio da floresta. Ambos pararam instantaneamente, os sentidos em alerta. Seus olhos se encontraram em um instante carregado de tensão.

— Isso foi... — Charlotte franziu o cenho, seus olhos atentos vasculhando a escuridão entre as árvores.

— Um lobo. — Greg completou, mas havia uma hesitação em sua voz.

Charlotte inclinou a cabeça, ouvindo atentamente.

— Não me pareceu um lobo comum.

Greg riu baixinho, um som nervoso e abafado.

— Não pode ser... — Ele balançou a cabeça, tentando afastar a ideia. — Como se já não tivéssemos problemas suficientes com o Sebastian e a Lily, agora você quer me dizer que...

— Lobisomens? — Charlotte murmurou. Os olhos dela se estreitaram enquanto ela absorvia a nova realidade.

— Ah, ótimo. Porque claro, não poderia ser uma noite tranquila onde caçamos alguns humanos e voltamos para casa felizes e saltitantes. Parece que a festa só está começando a ficar interessante. — Greg soltou um suspiro exagerado, seu tom carregado de sarcasmo.

Charlotte deu um passo à frente, seus sentidos em alerta total, o cheiro de algo diferente no ar.

— Impressão minha ou isso está se aproximando? — murmurou a vampira, enquanto o som distante de galhos quebrando sob patas pesadas se aproximava. O perigo estava mais perto do que eles imaginavam.

O uivo ecoou novamente, desta vez mais próximo, reverberando pela floresta como uma ameaça clara. Charlotte e Greg se entreolharam rapidamente, o olhar de ambos refletindo a urgência da situação.

— Acho que é hora de sair daqui. — Greg sugeriu, sua voz contendo uma mistura de humor nervoso e seriedade.

— Você acha? — Charlotte respondeu, já se movendo, os pés quase flutuando sobre o solo coberto de folhas.

— Olha, só para constar, em muitos filmes e lendas, lobisomens são inimigos declarados dos vampiros. Eles têm força suficiente para rasgar nossos corpos ao meio. Não que eu ache que precise de um lembrete, mas é sempre bom se preparar mentalmente para esse tipo de coisa. — Greg acrescentou enquanto os dois disparavam pela floresta, suas passadas tão rápidas que eram praticamente invisíveis.

Charlotte revirou os olhos, claramente irritada.

— Ah, claro. O nerd que virou vampiro agora vai me dar uma aula sobre mitologia de lobisomens. Muito útil, Greg. Um momento super apropriado.

— Ei, não estou tentando ser o sabe-tudo, só quero que a gente sobreviva. — Greg rebateu, enquanto seu olhar se fixava brevemente no horizonte. O som de galhos sendo quebrados pesadamente estava mais perto. — Esses caras não são brincadeira, Charlotte. Um só deles pode esmagar o crânio de um vampiro como se fosse uma fruta podre. Então, acredite, saber o que estamos enfrentando é importante.

— Ótimo, ótimo. Só que, no momento, o que eu realmente quero é sair daqui e saber se deu certo o plano da Vera com a Lily. Isso sim me preocupa. — Charlotte bufou, acelerando o ritmo.

Greg riu baixinho, mesmo que a tensão estivesse clara no ar. O som de patas pesadas ficou ainda mais perto, e os dois podiam sentir a presença sombria da criatura se aproximando.

— Acelera, Greg! — Charlotte rosnou, puxando-o pelo braço. Ambos eram rápidos, mas o lobisomem parecia estar ganhando terreno. O vento ao redor deles ficava mais denso, carregado de eletricidade e perigo.

— Estou indo o mais rápido que posso! — Greg respondeu, ofegante, sua voz carregada de sarcasmo misturado com uma ponta de medo.

Ao cruzarem os últimos metros da floresta, o som ameaçador do lobisomem ficou mais distante. Eles haviam conseguido ganhar vantagem. Mesmo assim, Charlotte não diminuiu o ritmo até chegarem à borda da cidade. Finalmente parando, os dois se encostaram em uma árvore, respirando fundo. O silêncio que caiu entre eles foi quebrado por Charlotte, ainda irritada.

— Nerd ou não, se você falar mais uma palavra sobre lobisomens, eu mesma quebro seu crânio.

— Só estou tentando ajudar. — Greg sorriu, levantando as mãos em rendição.

— Vamos voltar logo. Se algo der errado com a Vera, eu não vou precisar de um lobisomem para acabar com certo alguém. — Charlotte disse friamente.

Os dois desapareceram rapidamente na escuridão da noite, voltando para a casa de Lily, sabendo que a verdadeira batalha ainda estava por vir.

Só eita atrás de vish ♥

CAPITULO ATUALIZADO: 14/12/2024 - NÃO REVISADO

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