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𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 (𝟎𝟐𝟒)

Pequenos grupos de pessoas importantes se dirigiam para dentro da central de velório mais requisitada de Toms River. O que deveria ser uma despedida da família Matthews tornou-se um desfile de ricos envolvidos com a política, com seus carros luxuosos e roupas de grife. Natalie percebeu isso assim que sua picape vermelha atravessou os portões e estacionou entre dois SUVs. O olhar curioso de algumas senhoras a fez sentir-se deslocada, mas ela ignorou, pegando a jaqueta do time e colocando-a sobre os ombros antes de sair do carro. Precisava de alguma forma de identificação para confirmar que era conhecida de uma das vítimas; caso contrário, não conseguiria atravessar as portas e ver os três vasos dispostos em um altar com fotos.

Observou ao redor, notando que a presença de pessoas fora da alta sociedade era menor do que o esperado, e que a população do seu lado da cidade não estava ali. Isso era meio que esperado, afinal, o lado sul sempre foi negligenciado por Malcolm Matthews, e o que parecia era que as pessoas de lá estavam mais interessadas em comemorar sua partida do que lamentar sua morte. Caminhando em direção às escadarias, reparou no grupo de futebol reunido com semblantes deprimidos. Embora o número de garotas presentes fosse grande, incluindo as jogadoras do banco reserva, a ausência das três principais integrantes era notável. Olivia Jones foi a primeira a reparar na presença de Natalie, mas foi Emma Stuart, sua nova melhor amiga eleita há um dia, quem falou primeiro.

— Você chamou a Natalie? Achei que a tinha retirado dos treinos. — Disse Emma.

— Tirei dos treinos, não do time. — Respondeu Olivia. Natalie estreitou o olhar para a ruiva ao lado de Jones, Emma-alguma-coisa. Já a conhecia do banco de reservas, onde entrou para o time no final do ano passado. Por meses, viu Emma tentar se aproximar das integrantes da trindade privilegiada The Storm, mas só agora parecia ter conseguido alguma atenção. — Oi, Natalie, sinto muito por fazer comparecer a outro velório, quer dizer, faz poucos dias que estávamos no velório do seu pai. Espero que isso não seja um gatilho.

— Por incrível que pareça, não é. — Natalie observou ao redor. A central de velório era muito diferente da onde Joe fora velado. O local era maior, com arquitetura gótica semelhante a uma igreja, e tinha capacidade para o triplo de pessoas, se necessário. — Não falta mais ninguém? — Perguntou a loira.

Olivia olhou ao redor e deu de ombros.

— Não, acredito que todos estão aqui. — Olivia voltou a se concentrar no grupo, contando as garotas mentalmente.

Natalie passou a língua pelos lábios, imaginando se, em algum momento, Charlotte havia apagado as lembranças de Christine e Aurora da mente das jogadoras. Bem, isso provavelmente havia acontecido.

— Bom, meninas, após as palavras do vice-prefeito, também falaremos sobre a Charlotte. Aposto que todas têm boas lembranças ao lado da nossa camisa cinco. — As últimas palavras de Jones saíram quase entre dentes. Talvez ela ainda se sentisse um pouco envergonhada por ter passado vergonha na frente de toda a escola há alguns dias, mesmo sem se lembrar que a humilhação foi pura vingança de Charlotte. — Natalie, eu sei que você e a Lottie não tinham o melhor dos relacionamentos, então será que pode colaborar?

— Sabe, Olivia, às vezes sua falta de fé me impressiona. — Natalie cruzou os braços quando o frio entrou pela jaqueta do time. — Não se preocupe, vou dizer que minha amizade com a Lottie foi cheia de unicórnios e purpurina.

— Certo, só não exagere, ok? — Olivia quis garantir, sabendo que outra vergonha pública custaria caro à sua reputação outra vez. Natalie sorriu falsamente e acenou. A Jones então se virou para as outras garotas e subiu as escadas para dentro do prédio.

Quando uma distância segura se formou entre Natalie e o restante das Storm, ela prosseguiu na mesma direção. Antes de atravessar totalmente a entrada, deslocou-se para assinar um grande livro de presença. A ponta da caneta foi posicionada no papel, mas antes de escrever, deu uma olhada nos nomes que vinham antes do seu, procurando algum conhecido. Não encontrou ninguém familiar, apenas políticos e, talvez, alguns parentes distantes dos Matthews. Escreveu seu nome e deixou a caneta de lado, decidindo entrar no local. Assim que o fez, sentiu olhares pousarem sobre ela. Natalie sabia que não era bem-vinda ali, mas isso pouco lhe importava. Ergueu o olhar ao ouvir uma música abafada nos alto-falantes instalados nos pilares; era uma ópera que tornava o ambiente ainda mais fúnebre, apropriado para a ocasião. De onde estava, avistou o altar, reparando primeiro nas enormes coroas de flores com mensagens escritas. Sorriu de lado ao deduzir que até nisso houve uma certa competição — uma disputa sobre quem escolhera as flores e mensagens mais cafonas e superficiais.

Natalie continuou seu caminho até as urnas brancas, adornadas com arabescos dourados, sofisticadas como tudo dos Matthews. Sentiu uma pequena pontada ao se aproximar da urna que tinha uma plaquinha com o nome de Charlotte. Mas então lembrou-se de que a vampira estava bem e em sua casa, viva, acima de tudo. Seu olhar percorreu os quadros entre as coroas de flores. Nas fotografias, a família Matthews parecia perfeita e feliz, com sorrisos brancos e falsos, sempre juntos em atividades de lazer, distraídos ou envolvidos em ações comunitárias. Foi difícil para Natalie engolir aquela visão, especialmente após saber como Charlotte era realmente tratada pelos pais.

Caminhando para o lado, um sorriso escorregou pelos lábios ao se deparar com outras fotos de Lottie. Em todas, ela parecia alegre, com os olhos negros brilhando e o sorriso bem alinhado. As fotos mostravam desde quando era um bebê com meses de vida até o último momento registrado usando a camisa número cinco do time The Storm. Natalie se afastou, mas parou bruscamente quando seu corpo congelou e os pelos se eriçaram como um sinal de mal-agouro. Por alguns segundos, teve a impressão de que seu sangue havia congelado nas veias e tudo ao redor se tornara mais escuro. Parada onde estava, moveu apenas os olhos, notando uma mão masculina puxar uma das fotos e estalar a língua como se lamentasse por algo.

— É uma pena que uma garota tão linda quanto ela tenha partido tão cedo e de uma maneira tão trágica. — O forte sotaque denunciava que ele não era dos Estados Unidos, fazendo Natalie prender a respiração e engolir o nó na garganta. — Nem posso imaginar como ela fará falta. Principalmente para você, Natalie.

Amaldiçoando o universo, Natalie virou o rosto e encontrou um homem ainda jovem ao seu lado. As más línguas sempre disseram que o diabo só era capaz de tentar uma alma por ter boa aparência e uma lábia impecável; agora, ela sabia que isso era verdade. Sebastian, o demônio parado ao seu lado, possuía todos os atributos para capturar uma alma e aparentava não sujar as próprias mãos. Natalie estreitou o olhar e soltou a respiração ofegante. Sebastian sorriu de lado, olhando-a de cima com olhos azuis penetrantes. Charlotte estava errada sobre Natalie; ela não era uma garota qualquer. Não mesmo. Agora, encarando aqueles olhos esmeralda pessoalmente, Sebastian tinha certeza disso.

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Charlotte finalmente se acostumou com as roupas que vestia. Não que o cheiro de Natalie em seu corpo fosse desagradável; pelo contrário, ela adorava o perfume frutado que subia até suas narinas sempre que se movia. No entanto, precisava urgentemente de suas próprias roupas. Contudo, considerando que agora estava "morta" para a cidade de Toms River e no meio de uma guerra, um passeio pelo shopping era impensável. Ela parou em frente à casa dos Scatorccio, tentando se habituar a viver naquele lugar, pelo menos até que tudo se resolvesse.

Ao atravessar a porta da sala e seguir em direção à cozinha, Charlotte ouviu um murmúrio. Encontrou Vera sentada à mesa, concentrada na leitura de um caderno, enquanto outros papéis estavam espalhados ao seu redor. Em vez de simplesmente entrar, Charlotte decidiu tentar chamar a atenção da mulher de forma discreta. Pigarreou, mas Vera estava tão absorvida na leitura que não percebeu sua presença. Parecia estar murmurando em uma língua que Charlotte não conseguia identificar, talvez italiano ou espanhol. Sentindo-se estranha, especialmente por ser a primeira vez que se encontrava sozinha com a mãe da garota que gostava, Charlotte hesitou.

Vera levantou os olhos ao perceber uma presença e deu um leve salto na cadeira.

— Ai, meu Deus! — Vera levou uma mão ao peito e fechou os olhos por um instante. — É você.

— Desculpe. — Charlotte mordeu o lábio inferior com o desconforto evidente em seu tom. — Não era minha intenção interromper, mas ficar sob o mesmo teto que a Lily é estressante. — Fez uma pausa e deu um passo adiante. — Posso? — Apontou para uma cadeira.

Vera pensou por um momento antes de acenar com a cabeça em consentimento.

— Não precisa se desculpar. Só achei que você tivesse ido ao velório com Natalie. — Vera fechou o caderno e olhou para Charlotte. — Bem, não faria muito sentido para você ir, mas imaginei que talvez quisesse se despedir dos seus pais.

— Essa ideia passou pela minha cabeça, mas Natalie me proibiu. — Charlotte fixou o olhar nos cadernos espalhados. — Foi melhor assim. E quanto aos meus pais, eles foram tarde demais.

— Hum... — Vera pigarreou, e um silêncio constrangedor se instalou entre elas. Charlotte tamborilou os dedos na mesa, sentindo que Vera queria perguntar algo.

— Então... — Charlotte decidiu romper o silêncio.

— Você e a Natalie agora são... — Vera hesitou, buscando as palavras certas.

— Ah! — Charlotte levantou as sobrancelhas ao perceber a expressão de Vera. — Definitivamente somos algo, mas ainda não tivemos tempo para conversar sobre isso, há muita coisa acontecendo de uma vez. — Fez uma pausa, mordendo o lábio. — Isso não é um problema, é? — Perguntou com cautela.

— Por que seria um problema? — Vera relaxou as feições ao perceber a tensão de Charlotte. — Se você está disposta a amar minha filha e não a machucar, então não há problema algum. Amor é amor. — As palavras de Vera, suaves e maternais, fizeram os olhos de Charlotte arderem. A aceitação da mãe de Natalie era um contraste doloroso com a reação de seus próprios pais quando se revelou a eles. — Só quero que a Natalie seja feliz e tenha a chance de amar alguém que a ame de volta, e acima de tudo, esteja em segurança com quem ame.

— Nossa... — Charlotte sentiu algo escorrer pelo rosto e rapidamente o enxugou, especialmente quando Vera ficou assustada ao ver o sangue que escorria dos olhos dela. Vampiros choram sangue? Pensou Vera. — Quando revelei aos meus pais que era lésbica, eles me internaram. Me trataram como uma abominação, como se eu tivesse uma doença horrível. — Engolir o nó na garganta foi mais difícil dessa vez. Vera puxou o ar, levantando-se da cadeira. — Eu meio que já sabia que não me apoiariam, mas o que fizeram foi desumano. Cruel demais para pais conservadores.

— Sinto muito, Charlotte. Não consigo imaginar a dor que você deve ter sentido, sem falar do medo. — Uma voz calorosa tocou seu rosto, e o calor que irradiava de Vera preencheu o vazio em seu peito. Charlotte fechou os olhos ao ser abraçada. Foi uma sensação estranha, mas reconfortante. Abraços maternais eram novos para ela. Rendida ao calor humano, Charlotte retribuiu o abraço, sentindo-se segura pela primeira vez. Quando se afastaram, Vera voltou à sua cadeira, do outro lado da mesa.

— Acho que nunca recebi um abraço assim. — Charlotte declarou.

— Confesso que abraçava mais minhas filhas quando eram pequenas. — Revelou Vera com uma pontada de culpa, e Charlotte ergueu as sobrancelhas.

— Filhas? Natalie tem uma irmã? — Perguntou, surpresa.

— Sim. Anelise. Ela se foi há muito tempo. Natalie era apenas uma criança, assim como ela. — Vera fungou. — Foi um trauma grande para a família. Cada um de nós lidou com isso à sua maneira.

— Desculpe perguntar, mas como ela morreu? — Charlotte deslizou uma mão pela mesa até encontrar a de Vera.

— Ela morreu afogada na cachoeira da reserva. Durante uma brincadeira, escorregou, bateu a cabeça e se afogou. — Vera revelou com um tom triste. — Natalie estava lá também e quase morreu.

O ar pareceu sumir dos pulmões de Charlotte. Seus olhos arderam novamente ao pensar na irmã de Natalie, que morreu afogada em um lugar associado a diversão. Isso explicava o medo de Natalie com água, algo que Charlotte nunca tinha entendido. A culpa a atingiu com força, fazendo-a se encolher na cadeira. Se ao menos Natalie tivesse mencionado algo antes — não que tivesse obrigação de contar — talvez Charlotte nunca tivesse revisitado os piores pesadelos.

— Sinto muito. — Murmurou Charlotte. Vera acenou. A vampira então ergueu o rosto, encontrando olhos verdes tão semelhantes aos de Natalie. — Eu disse à Natalie que você deveria ir embora por um tempo. Tenho dinheiro e posso ajudar você a recomeçar a vida em um lugar seguro até tudo isso acabar.

— Não posso deixar minha filha agora que ela precisa de mim. — Vera balançou a cabeça, sua voz afinando com emoção. — Ela já precisou de mim antes e eu não estava lá. Não posso cometer o mesmo erro novamente.

— Por esse motivo está fazendo todas essas pesquisas? — Charlotte olhou para a mesa, coberta por papéis, cadernos e livros. — Natalie falou sobre o dom da sua família.

— Sim, é algo que continuo tentando entender. Quando minha mãe tentou me ensinar, eu simplesmente fugi das minhas responsabilidades. — Vera pegou os cadernos. — Esses diários são da minha mãe; espero encontrar algo que possa nos ajudar.

— Já encontrou algo? — Charlotte perguntou, observando os diários.

— Apenas algumas receitas novas para experimentar e pensamentos pessoais da minha mãe. Nada de útil até agora. — Vera suspirou, exausta.

— Vou me odiar por dizer isso, mas... — Charlotte fechou um olho, como se o que fosse falar a machucasse profundamente. — Talvez a Lily possa ajudar. Ela sabe muito sobre tudo, e talvez possamos aproveitar isso... — Charlotte hesitou ao perceber que talvez estava dizendo demais. Vera olhou para os diários, pensativa. Natalie havia mencionado o que Lilian causou e, principalmente, a desconfiança que tinha em relação a ela.

— Não acho que a Natalie vá gostar. Ela não confia na Lily. — Vera balançou a cabeça. As desconfianças começaram a surgir também nela. Lembrou-se do dia em que recebeu Lily em sua porta. Ela foi cordial, e Vera se sentiu como se a conhecesse há muito tempo. Talvez a garota tivesse respostas para o que ela procurava, mas preferia seguir a intuição da filha. — Vou encontrar o que preciso sozinha.

— Nossa, vocês são mesmo muito parecidas. A teimosia é igual. — Charlotte assobiou, um sorriso iluminando seu rosto. — Vou ajudar você, mas vai precisar me ensinar um pouco de italiano.

— Não é tão difícil quanto parece. — Vera sorriu, aliviada.

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Natalie cravou as unhas na palma da mão, mas ela mal sentia a dor. Todo o seu desconforto e raiva estavam absorvidos pela calmaria que ela forçava. Sebastian ajustou o peso sobre uma perna e observou a multidão com um olhar predatório e calculista. Sua presença era inconfundível; ele não era do tipo que passava despercebido. Seu charme sombrio se destacava em meio ao luto que o cercava. Natalie engoliu em seco, sentindo um frio incomum percorrer sua espinha e tendo certeza de que Sebastian estava ali para algo maior que apenas confirmar a morte de Charlotte.

— A gente se conhece por acaso? — Natalie tentou manter a calma, embora o medo crescesse em seu peito. Ela desviou o olhar para as fotos à sua volta, na tentativa desesperada de se distrair.

— Ah, eu adoraria acreditar nesse seu fingimento — a voz de Sebastian era fria, cortante, carregada de uma certeza impiedosa — mas está claro que você sabe muito bem quem sou... e, principalmente, consegue deduzir o que fiz com Charlotte.

Natalie sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas se forçou a manter a postura. Sabia que qualquer deslize poderia pôr tudo a perder. Seu único foco era o falso luto, a necessidade desesperada de fazer Sebastian acreditar que Charlotte estava, de fato, reduzida a cinzas. Ele não podia descobrir a verdade.

— É um prazer finalmente conhecê-la, Natalie Scatorccio.

— Infelizmente, não posso dizer o mesmo. — Natalie levantou o olhar, encarando-o com toda a firmeza que conseguiu reunir. — E é muita ousadia sua aparecer no funeral da garota que você matou.

Sebastian sorriu, um sorriso que fez o ar ao redor parecer mais pesado.

— De fato, fui eu. Mas, antes de me julgar, entenda que não faço nada sem um bom motivo. Charlotte me desafiou. Desobedeceu. Eu não sou alguém que tolera desrespeito. — Ele deu uma pausa, observando a reação de Natalie. — Mas devo admitir... arrancar o coração dela foi tão... emocionante.

O impacto das palavras a atingiu como um golpe. Natalie se segurou, forçando-se a não reagir. A dor e a raiva borbulhavam dentro dela, mas ela sabia que mostrar qualquer emoção seria exatamente o que Sebastian queria.

— E agora vai me matar? — A loira ousou perguntar, mantendo o tom desafiador, mesmo que o medo pulsasse em suas veias. Ela pensou no que teria acontecido se Charlotte estivesse ali. Um banho de sangue, provavelmente. Ou talvez, a única chance de tudo acabar de vez.

O sorriso de Sebastian se alargou, frio e predatório, fazendo um calafrio correr pela espinha de Natalie. Ela tentou correr, mas seus pés pararam no segundo passo. Paralisada. Seu coração martelava, enquanto ela percebia que o mundo ao seu redor havia parado. Pessoas próximas estavam congeladas em poses estranhas, como estátuas. Todos no funeral, imobilizados no tempo. O som suave dos sapatos de Sebastian ecoava no salão vazio, crescendo em seus ouvidos como um presságio, até que ele surgiu diante dela, sua presença dominando o espaço.

— O que você está planejando? — Natalie exigiu, a voz trêmula de raiva e medo. Seus dentes estavam cerrados, mas ela sabia que estava à mercê dele.

— Não se preocupe com os detalhes — murmurou Sebastian, a voz suave e indulgente, como se estivesse confortando uma criança. — Em breve, você estará longe daqui... longe da sua vida miserável. E então, o ritual será concluído. Finalmente, eu terei aquilo que sempre desejei.

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Vera sorriu ao ver Charlotte, sempre tão séria e letal, lutando para decifrar uma frase em italiano. Era curioso, até engraçado, vê-la se esforçar com algo tão mundano. Levantando-se da cadeira, ela caminhou até a jarra de café. Horas de leitura haviam feito seus olhos arderem e sua mente pedir uma pausa. Ao buscar uma caneca, seus dedos encontraram a preferida de Joe, ali, ao lado da sua. As lembranças vieram como uma onda. Por um instante, ela sentiu o calor familiar de Joe, a presença dele, mas afastou tudo com um leve balançar de cabeça. Havia algo mais urgente agora. Algo escuro pairava no ar, e Charlotte percebeu.

— Tudo bem? — perguntou a vampira, erguendo os olhos atentos, sua voz carregada com uma ponta de preocupação.

Vera forçou um sorriso e acenou enquanto enchia a caneca até a metade. Mas o líquido quente não conseguia aquecer a tempestade que começava a se formar em seu peito. O coração da Scatorccio disparou. Charlotte percebeu. Seus sentidos sobrenaturais captaram o aumento da frequência cardíaca, os batimentos irregulares. Ela se levantou, preocupada.

— Senhora Scatorccio...?

Antes que pudesse responder, a caneca de café escorregou das mãos de Vera. Imagens distorcidas invadiram sua mente, rápidas como um relâmpago, mas dolorosamente claras. Natalie. Sua filha. Seu pequeno milagre. Ela estava sendo arrastada por mãos pálidas, sombrias... E então, o horror. O som seco de ossos quebrando, o pescoço delicado de Natalie virando em um ângulo impossível. Vera tentou lutar contra a visão, como se quisesse apagar aquela terrível realidade que se desenrolava diante dela. Mas foi inútil. Quando os olhos de sua filha se apagaram, ela gritou. Um grito que ecoou pela cozinha, rasgando o silêncio com a força de sua dor. Sua outra filha estava indo embora diante seus olhos.

Charlotte estava ao seu lado em um segundo, mas nada podia ser dito para aliviar o terror que tomava conta de Vera. Ela sabia. Algo sombrio estava vindo. Algo havia tocado sua filha, e estava a um passo de destruí-la. Preocupada, Charlotte segurou Vera firmemente pelos ombros, tentando trazê-la de volta à realidade. A vampira podia ver o terror nos olhos da mulher, como se estivesse olhando para um abismo que ela mesma não podia compreender.

— Vera, olhe pra mim! — A voz de Charlotte era firme, mas havia uma urgência nela que Vera nunca tinha ouvido antes. — Foi uma visão, não foi? — Perguntou. Vera acenou. — O que você viu?

Vera estava trêmula, lágrimas escorriam pelo rosto, mas ela balançou a cabeça, incapaz de falar. As imagens ainda dançavam diante de seus olhos, vívidas demais para serem ignoradas.

— Natalie... — sussurrou finalmente, a voz quebrada. — Vão matá-la... eu vi... eu senti... Sebastian, o vampiro do qual vocês falam, ouvi o nome dele em meus pensamentos...

O nome do vampiro fez Charlotte cerra os dentes afiados. A essa altura, imaginou que Sebastian tivesse longe de Toms River. Mesmo achando que o conhecia bem, a captura de Natalie deixou claro que Charlotte não fazia ideia de até onde ele iria para conseguir o que queria, e agora ele estava com Natalie. E provavelmente iria usá-la em seu ritual quando a lua de sangue subisse no ponto alto do céu. Ouvir a visão da boca da mãe da garota que amava despertou uma adrenalina perigosa em seu interior, assim como a fez sentir algo que raramente permitia: medo.

— Não pode ser... ele... ele partiu... — Tudo estava uma confusão na mente de Charlotte.

Vera a encarou, os olhos ainda cheios de lágrimas, mas havia algo a mais neles agora. Raiva. Uma raiva crescente que nascia do desespero.

— Ele não vai tocá-la — Charlotte disse, sua voz baixa e ameaçadora, cheia de determinação. — Eu juro!

— Charlotte, eu preciso encontrá-la. Antes que seja tarde demais.

A vampira assentiu lentamente, seus olhos vermelhos faiscando sob a luz fraca da cozinha pequena. Já estava na hora de entregar a Lilith o que ela queria.

Hihihi coitada da Natalie e paz aqui só vai acontecer no último capítulo 🥰

CAPITULO ATUALIZADO: 07/12/2024 - NÃO REVISADO

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