Contando as horas
Enquanto o sol não nasce
Não se engane com meus olhos
Está tudo cinza em minha mente

Younger then,
– Jillian Lake.

O JANTAR

Chrissy andava sozinha pelo corredor cheio, distribuindo sorrisos para aqueles que a encaravam por tempo demais. Logo parou no próprio armário, abrindo ele para guardar alguns livros. Ela só não esperava encontrar um pedaço de papel dobrado em cima de seus cadernos.

Ela o pegou e abriu, olhando casualmente ao redor antes.

"Bom dia, Vossa Majestade. O roteiro do dia de hoje é o mesmo: você é um exemplo de menina e eu sou xingado a cada corredor que passo. Bons estudos!

– O esquisito. Você sabe quem."

Não precisava ser muito inteligente pra saber quem havia escrito aquilo. A garota riu, guardando o papelzinho em um dos livros. Ela também guardou os livros da mochila e voltou a seguir seu caminho. Os acontecimentos daquele dia de aula foram como Eddie havia falado.

— Jason, espero que goste da comida.

Laura disse, enquanto servia uma porção generosa de batata cozida. Sabia o quanto o "garoto" Carver gostava.

— Eu não tenho dúvidas.

O loiro sorriu gentilmente. Chrissy encarava sem muita animação seu copo de água. O vestido amarelo em tons pastel incomodava seu corpo, mas é claro que ela não disse pra ninguém.

Quando a sra. Cunningham estava ocupada demais servindo o próprio marido, Jason se inclinou na direção de Chrissy e disse, baixinho:

— Você está linda com essa roupa, meu amor.

Chrissy apenas sorriu em agradecimento e o encarou rapidamente, desviando o olhar de novo. Ela não se sentia bem naquela noite. Estava tendo dificuldade em química e tinha medo de tirar uma nota que arruinasse sua média.

— Jason, como vão seus pais?

O sr. Cunningham perguntou, encarando o genro do outro lado da mesa. A sra. Cunningham tinha acabado de sentar.

— Muito bem, obrigado. Eles mandaram lembranças pra vocês.

— Sabe, quando eu fui pra universidade com o Thomas, nunca imaginei que seria sogro do filho dele. É uma coincidência e tanto.

— Com certeza!

Os dois riram juntos, enquanto Laura sorria. Mas Chrissy apenas mexia a comida com a colher, séria. Tinha muitas preocupações e uma delas era que aquele jantar acabasse logo. Ela mal podia esperar pra enterrar a cabeça nos travesseiros.

— Tá sem fome?

Jason perguntou, casualmente. Chrissy encarou o próprio prato. Parecia intocado. Então sorriu fraco.

— Sim.

— Ah. Beleza.

— Então... – Phillip chamou a atenção de Jason. – Você viu o jogo de basquete ontem, garoto?

— Um jogador de basquete nunca perde um jogo de basquete, senhor.

O tal jogador de basquete sorriu, sendo retribuído pelo mais velho. Logo engataram em uma conversa sobre esportes e planos para o futuro. Chrissy ouvia cada palavra, mas não se pronunciava.

Como faria pra aprender química? Ela já tinha tentado de tudo.

— Amor. – Jason chamou, aproveitando a distração dos sogros. – Eu te amo.

Chrissy sorriu largamente.

— Eu também. Jay?

— Hm?

— Você vai na festa sábado?

— Eu acho que sim. Por quê?

— Estou pensando em ir.

— Beleza, então.

Ele sorriu para a namorada, e o casal voltou a prestar atenção no que os adultos falavam.

A noite correu de um todo entediante. Chrissy se sentia um pouco incomodada naquele dia e só respondia quando perguntavam algo, mas ninguém percebeu essa mudança, e se perceberam, não falaram. Ela não saberia dizer porque se sentia diferente, e as vezes desejava que alguém perguntasse o porquê ou conversasse com ela. Infelizmente não foi o que aconteceu, e no fim da noite, a loira se despedia do namorado.

— A gente se vê amanhã, meu amor.

Jason beijou a bochecha de Chrissy e entrou no próprio carro. Assim que ele sumiu de vista, a garota passou apressadamente pelos corredores, subindo a escada e indo para o banheiro. Ela se ajoelhou perto da privada, sentindo a ânsia cada vez mais forte. Odiava quando aquilo acontecia.

Quando se deitou na cama, Chrissy quis chorar. Ela não tinha nenhum motivo específico, mas se sentia tão estranha. Sentia um cansaço inexplicável, uma falta de companhia e também uma frustração que ela não fazia ideia da razão. Simplesmente não sabia dizer o que estava acontecendo.

Depois de afastar a franja dos olhos, Chrissy virou para o lado e dormiu.

— Oi. Tudo bem?

Eddie sorriu amigavelmente. Estavam no mesmo lugar de sempre. A floresta não muito longe da escola que ninguém frequentava.

— Acho que sim.

Chrissy forçou um sorriso. Ainda não estava bem desde a noite passada, e o Munson percebeu, mas não disse nada. O que ele poderia fazer, afinal?

Chrissy tirou um pequeno rolinho de papel do bolso da jaqueta, ao mesmo tempo que Eddie pegava o isqueiro da calça jeans. Quando eles se juntavam pra fumar, as coisas aconteciam daquela forma. Quase como um ritual.

Ela levou o rolinho chamuscado para os lábios, encarando um ponto fixo aleatório. Eddie queria fazer alguma coisa, entretanto, não conseguia pensar em quê. Então apenas ficou em silêncio, sem sair dali. Já estava claro pra ele que ela não gostava de ficar sozinha naquele lugar. Talvez em lugar nenhum.

Minutos mais tarde, Eddie checou o relógio e constatou que era hora de voltar. Fez um aceno com a cabeça para Chrissy e estava se retirando, quando ela disse:

— Eddie.

— Hm?

— Posso perguntar uma coisa?

— Claro.

— Nós somos amigos?

O jovem refletiu um pouco, depois sorriu e respondeu:

— Claro que sim. Sou seu amigo mais estranho.

A loira riu, vendo o roqueiro se afastar. Era bom saber que tinha um amigo, mas era ainda melhor saber que ela realmente sentia como se fossem amigos.

Enquanto o líder do Hellfire Club se afastava, a líder de torcida dos Tigers o observava com intensidade. Queria poder contar o que aconteceu no jantar, tentar conversar sobre seus sentimentos e fazer algo que a fizesse esquecer um pouco dos problemas. Queria por em prática a amizade com Eddie Munson, ter intimidade para conversar sobre os assuntos mais profundos.

Entretanto, ela ficou parada ali por vários minutos até decidir voltar para a escola.

Depois de muito tempo, atualizei a história 😅
O que acharam?