Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⩩⦙ 𝐢𝐢.


❛ Bom, você fala demais
Meu falcãozinho, por que você chora?
Me conte, o que você aprendeu com o incêndio de Tillamook?
Ou com o Quatro de Julho?
Todos nós vamos morrer ❜

𝐅𝐨𝐮𝐫𝐭𝐡 𝐎𝐟 𝐉𝐮𝐥𝐲
Sufjan Stevens

AS PESSOAS COSTUMAM DIZER QUE quando alguém morre ou sofre uma perda catastrófica, é comum que os cinco estágios do luto aconteçam. Primeiro vem a negação, rapidamente acompanhada da raiva, depois vem a barganha sendo seguida pela depressão, a qual costuma ser o estágio mais demorado para passar, por último vem a aceitação. Durante os sete meses que ocorreram após sua morte, Evita passou por todos esses estágios.

Quando deu-se por vencida, aceitando definitivamente que estava morta e fadada a permanecer na Terra por não existir luz no fim do túnel ou criatura sombrias para pegá-la, as coisas começaram a fluir. Infelizmente continuava sem as recordações de sua vida pessoal ou do momento de sua morte. O que a fez criar duas teorias malucas. A primeira era que poderia estar recebendo uma segunda chance, lembrava de algo relacionado com falta de memória nas reencarnações, que a partir dessa sua segunda chance como fantasma, as forças sobrenaturais do "Bem" e do "Mal" estariam a observando e discutindo para onde seria enviada depois da fase teste. Já sua segunda teoria, a qual achava mais cabível, era que poderia ter sido ateia e por não acreditar em nada ficou presa na Terra. Independente do motivo, não havia nada a ser feito para mudar, tendo que aprender a viver como fantasma pelo resto da eternidade.

No fundo ser uma entidade sobrenatural não era de todo ruim. Tirando o fato de ser ignorada por todas as pessoas e assustar noventa e nove por cento dos animais que cruzavam seu caminho, ela ainda possuía certos privilégios e conseguia fazer alguns truques. Teria sido mais fácil descobrir os pequenos prazeres de estar morta se tivesse recebido um manual para o recém-falecido como ocorre no filme Beetlejuice, mas se nem Patrick Swayze estava certo em relação a todos os fatos, quem dirá Tim Burton em suas fantasias malucas. Por ter todo o tempo do mundo ao seu favor e nunca ficar cansada, deixou o conforto do restaurante para explorar a cidade.

O primeiro local que escolheu para explorar longe do restaurante foi aquele que poderia lhe despertar memórias por soar familiar, o cinema. Pois se tinha algo que ela sabia que fora em sua vida terrena, essa coisa era nerd. Poderia não se lembrar do seu sobrenome, da sua idade ou da sua cor favorita, mas tinha o conhecimento de todas as referências cinematográficas, musicais e todo o resto da cultura POP em geral. Portas e paredes não eram horríveis para atravessar, não gastava dinheiro com a pipoca ou com o ingresso e sempre conseguia ótimos lugares. Quando não estava se divertindo nas salas de cinema, estava futricando a vida das pessoas, entrando e saindo das casas, apartamentos e quartos de hotéis quando lhe convinha. Chegou a visitar algumas casas esotéricas numa tentativa de ter sua própria Oda Mae, mas nenhuma delas era capaz de vê-la ou sentir sua presença, o que causava um grande desgosto. Com o tempo aprendeu a pegar os transportes públicos, chegando a cogitar uma viagem de avião para fora do país quando descobrisse todos os pontos turísticos possíveis e impossíveis que existiam na região. Afinal, tinha toda a eternidade para realizar sonhos e não estragaria no seu primeiro ano como morta. Outro lugar que visitava com frequência era as baladas, mesmo que não pudesse ficar com as pessoas ou deliciar-se com drinks, arrasava na pista dançando sem medo de passar vergonha, pois ninguém era capaz de vê-la.

Foi em meio aos seus passeios pela cidade que acabou descobrindo a existência de outra pessoas como ela, de fantasmas que continuavam presos na Terra e estavam marcados com as feridas do que haviam lhe causado a morte, essas marcas foram as responsáveis por Evita jamais olhar seu abdômen, acreditando que estaria com um buraco gigantesco da adaga. Entretanto até mesmo os fantasmas estavam a ignorando, os humanos ela compreendia o descaso, pois eles não a enxergavam. Mas os fantasmas não tinha outra explicação além de ser proposital, o que a deixava levemente chateada. A única fantasma que não chegou a ignorar Evita foi o de uma senhora que morava na rua, o que a fez ter esperança de uma amizade verdadeira e trouxe a sensação de normalidade, chegaram a fazer planos de como aproveitariam a eternidade enquanto caminhavam juntas. Mas não demorou para que a fantasma desaparecesse no momento que Evita virou as costas, voltando a deixá-la frustrada com a solidão.

Uma solidão que durou até o dia quatro de julho.

A ruiva percorreu a maior parte da cidade a pé, os ônibus não soavam mais interessantes como antes, tinha a sensação de ser uma depravada sexual quando as pessoas desavisadas de sua presença sentavam em seu colo. As ruas estavam lotadas de pessoas naquele dia, todas aguardando ansiosas pela parada que aconteceria para comemorar o dia da independência dos Estados Unidos. Que, por um acaso, ela conseguia lembrar junto com todas as outras datas comemorativas do calendário, menos o seu próprio aniversário. Outra coisa que vinha lhe irritando com os dias era o fato de ser constantemente atravessada, sabia que as pessoas não tinham culpa por ela ser um fantasma e não a enxergarem, mas começou achar uma falta de respeito, pois ela mesma estava parando de atravessar as pessoas quando lhe era conveniente.

Cansada de ter que ficar desviando das pessoas, tendo que muitas vezes atravessar todo tipo de carrinho de lanche estacionados nas calçadas. Ela resolveu voltar com o velho hábito do seu começo de assombração, a invasão de domicílio. Ingressou no primeiro prédio que surgiu em seu caminho, subindo pela escada interior até onde seu coração mandava e ingressando no terceiro apartamento do corredor, o qual era o mais afastado e, aparentemente, vazio.

— Meu Deus, que nojeira — Falou Evita avaliando a casa que havia acabado de ingressar. Como a maioria dos apartamentos que eram comuns de encontrar na cidade, esse era pequeno, contendo no máximo três cômodos. Por todo lugar que andava conseguia encontrar resquícios de garrafa de bebida alcoólica e drogas. — Típico de viciados.

Ela sentou no sofá preguiçosamente, colocando ambos os pés sobre a mesa e encarando o teto. Permaneceria naquela casa até que fosse seguro sair para a rua sem que as pessoas atravessassem seu corpo. Da onde estava sentada era capaz de ouvir, não apenas o som da rua, mas também o chuveiro no banheiro. O que significava que não estava sozinha na casa, mas com o dono ou dona da pocilga, algo que não seria problema, pois os vivos nunca a enxergam.

— Klaus, você chamou um prostituta? — Perguntou um rapaz de traços asiáticos que havia acabado de ingressar na sala. Ele encarava Evita absorta em seus pensamentos enquanto olhava para o teto, ela apenas o ignorava achando que não estavam falando sobre ela. — Ela é bem bonita.

— Eu não chamei uma prostituta -—Gritou Klaus do banheiro. — Será que não é a nova traficante do Ottis?

— Não sei — O rapaz aproximou ainda mais de Evita, quase encostando o nariz em sua fase.

— Sai de perto de mim, seu pervertido — Gritou Evita saltando do sofá quando uma sensação estranha na bochecha, lembrando um pequeno choque. — AH! — Gritaram os dois em uníssono com o susto, o menino acariciava o nariz e olhava assustado para a ruiva, a qual estava tão surpresa quanto ele. — Você está me vendo?

— Você está me vendo? — O rapaz fez a pergunta no mesmo instante que ela, estando tão surpreso quanto Evita por ser visto.

— Isso é fantástico! — Comemorou Evita batendo palma empolgada com o que estava acontecendo. Ela correu na direção do rapaz asiático e começou a cutucá-lo — Você sente isto? E isto?

— Pare! Pare com isso, agora! — Ordenou o jovem segurando os pulsos de Evita, a qual alargou o sorriso com o gesto e soltou um gritinho estridente cheio de empolgação. Finalmente não estava mais sozinha naquele mundo.

— Você está morto! — Ela comemorou como quem estivesse comemorando o nascimento de um novo ser humano e pulou no pescoço do rapaz, o abraçando com força — Santo Saiyajin! Finalmente alguém que pode explicar que porra está acontecendo.

— Quem deveria dar uma explicação é você — Segurando o pulso de Evita novamente, ele a afastou enquanto a encarava horrorizado. — Quem é você e o que faz aqui?

— Então, né! Longa história, meio engraçada aliás.

Quando Evita estava prestes a começar a narrar todos os eventos que haviam a guiado até ali, desde o momento que acordou morta no beco até a falta da famosa luz no fim do túnel. Klaus, o dono do apartamento, ingressou na sala com uma toalha amarrada na cintura e outras nos cabelos.

— Essa é a prostituta? — Perguntou Klaus avaliando Evita dos pés a cabeça — Ela é realmente bonita.

— Espera! — Evita cruzou os braços sobre o peito e fechou as expressões — Você estava achando que eu era prostituta? Eu tenho cara de puta por acaso? — Klaus começou a abrir a boca para responder, dando início com um "É" meio desajeitado, mas ela o interrompeu — Não perguntei para você.

— Você consegue ver o Ben? —  O dono do apartamento levou ambas as mãos até a boca aberta, em seguida comemorou olhando para o asiático — Você tem uma namorada!

— Não! — Gritaram Evita e Ben fazendo caretas desgostosas com a suposição.

— Que lindo, almas gêmeas — Sorrindo, Klaus bateu algumas palmas.

— Cala a boca! — Ordenaram os dois em uníssono.

— Como vocês estão me vendo? — Perguntou Evita apontando para o próprio corpo.

— Com os olhos — Respondeu Klaus sentando no sofá que Evita estava anteriormente.

— Estou falando sério — Reclamou a garota curvando o lábio, em seguida virou-se para Ben — Você que me chamou de puta, mestre Miyagi — A referência fez Klaus rir, porém o outro fechou ainda mais as expressões — Como me vê?

— Como alguém que não deveria estar aqui — Respondeu o rapaz cruzando os braços na frente do corpo — E meu nome é Ben.

— O meu é Evita — Disse a ruiva colocando as mãos na cintura.

— O seu nome é Evita? Como a Madonna? -—Perguntou Klaus.

— Pois é! Não chore por mim, Argentina — Ela riu baixo e balançou a cabeça negativamente com o comentário. Algo dentro de seu peito dizia que aquela não era a primeira que faziam aquela comparação, mas, infelizmente, poderia ser a última. — Mas isso não vem ao caso agora, como vocês me enxergam FISICAMENTE? Desse lado não tem espelho, devem saber, estão mortos.

— Correção, ele está morto — Klaus apontou para Ben segurando um bong em uma das mãos.

— E você logo vai estar se continuar assim — Disse Ben revirando os olhos ao notar que o irmão estava prestes a ingerir drogas.

— Espero que isso não seja maconha, pois se for vou te dar uma porrada por não usar a seda — A ruiva sentou na mesinha de centro — A água do Bong faz com que o barato demore para acontecer e você ingere o dobro do açafrão que causa dano pulmonar. Por que eu sei essa merda?

— Talvez você seja uma traficante que morreu em confronto — Disse Klaus após dar uma baforada no bong — Explicaria o buraco de bala.

— Buraco de bala? — Com um sobressalto ela levantou e olhou para o abdômen onde o ferimento de sua morte permanecia. — Isso é um buraco de bala? Não é de uma adaga?

— É um buraco de bala — Ben aproximou de Evita e andou ao seu redor — E não tem sinal de saída.

As novas informações adquiridas serviram para entupir o coração de Evita com esperanças, abrindo um mundo novo de possibilidades a serem exploradas. Diferente do relatório dado pela polícia ao dono do restaurante que encontrou o seu corpo jogado no beco, ela não foi vítima de um suicídio, mas de um assassinato.

— EU SABIA QUE EU NÃO ERA SUICIDA — Comemorou Evita pulando na mesa como uma criança empolgada que acabou de ganhar o melhor presente de aniversário. — EU SABIA! EU SABIA! Sabem o que isso significa?

— Que não é problema meu — Respondeu Klaus soltando a fumaça para cima e encostando no sofá.

— Que eu fui assassinada -—Ela saltou da mesa de centro, caindo sobre Ben. — Ah, Gasparzinho! — Disse o agarrando em um abraço apertado e o beijando estralado na bochecha — É o destino que me trouxe até aqui.

— Você não tem uma luz para ir? — Perguntou Klaus começando a se irritar com a presença da ruiva.

— Ai que está, Raul Seixas... — Ela se jogou no lugar vago ao lado do Klaus no sofá — Não tenho luz, não tenho nada. E não foi por falta de procurar, fiquei quatro dias na UTI do primeiro hospital que encontrei no caminho, mas nada. Vi pessoas morrem, mas fui constantemente ignorada.

— Não fico admirado com isso — Klaus deu com os ombros e levantou do sofá — Agora, se me dão licença, farei o que faço de melhor.

— Ajudar as pessoas a encontrarem paz de espírito? — Perguntou Evita animada, mas a esperança de uma resposta positiva foi para o ralo quando Ben soltou uma risada fraca debochada.

— Ignorar vocês — Klaus ingressou no quarto e fechou a porta atrás de si, deixando os dois fantasmas sozinhos na sala de estar.

— Ele sabe que podemos atravessar a porta, não sabe? — Perguntou Evita olhando para Ben.

— O que ele quis dizer é que vai se drogar — Ben sentou no sofá e estendeu os pés sobre a mesinha de centro — Olhe, não quero ser chato, mas deveria ir embora.

— Não vou a lugar nenhum — Evita jogou os cabelos para trás — Não enquanto eu descobrir o que houve comigo.

— Acha que foi a primeira que veio até ele? Ele não vai te ajudar — Disse Ben olhando levemente irritado para Evita, a presença dela só faria com que Klaus afundasse ainda mais nas drogas. - Ele nunca ajuda.

— Querido, eu não tô nem aí — Ela gesticulou batendo nas costas das mãos — Se você pode ficar aqui com ele, eu também posso. Vai dividir a Oda Mae querendo ou não querendo.

— O nome dele é Klaus e é meu irmão. Você é sempre desagradável?

— Provavelmente, já que ninguém me procurou depois que morri — Ela deu com os ombros — Sabe fazer truques de fantasmas? Você tem cara de que está a mais tempo do que eu por aqui.

— Está dizendo atravessar portas e ser ignorado? — Ben arqueou uma das sobrancelhas.

— Nah! Que sem graça isso — Evita fez caretas, não era o tipo de resposta que esperava ouvir. — Esses descobri na primeira semana. Gosta de filmes?

— CALE A BOCA! — Ordenou Klaus aos berros do quarto — Está cortando o meu barato, Evita.

— Foda-se! É melhor você se acostumar comigo, porque eu não vou a lugar nenhum — Gritou Evita em resposta.

— Klaus, você é um otário! — Gritou Ben, porém o irmão não respondeu. — Klaus! Está me ouvindo?

Não houve respostas para a pergunta de Ben, apenas o silêncio. Com expressões confusas estampadas na face, o rapaz levantou do sofá e atravessou a porta de madeira que dava para o quarto. Durante alguns minutos ele permaneceu no local, deixando Evita solitária na sala de estar.

— Aposto como teve uma overdose — Disse Evita da sala de estar. Estava em pé na mesinha e com os braços esticados para cima, tocando na lâmpada do teto fazendo-a piscar. — Aprendi um truque novo.

— Você não foi embora? — Gritou Klaus do quarto após soltar um gemido de frustração.

— Eu já avisei o seu irmão que não vou a lugar nenhum. — Evita deu com os ombros, continuando a provocar pequenas falhas de energia. — Não sem a minha verdade.

— Como você faz isso? — Perguntou Ben regressando para a sala e olhando admirado para Evita.

— Só estou encostando na lâmpada, quer tentar? — Ela desceu da mesinha, dando espaço para que o novo companheiro fantasmagórico também conseguisse aprender o novo truque que descobriu.

— Não estou falando disso — Ben fez caretas e balançou a cabeça negativamente — Estou falando disso — Ele apontou para o quarto onde Klaus estava — Ele está chapado e ainda sim sendo capaz de te ouvir.

— Sei lá — Evita deu com os ombros e abriu um sorriso de escárnio — Mas obrigada por me informar...

— O que pensa em fazer? — Perguntou Ben lançando um olhar desconfiado para a ruiva.

— Conseguir o que quero — Ela mordeu o canto dos lábios e ingressou no quarto.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro