chapter one
[Capítulo um, eu sou Nikki.]
Nikitta Sokolovski
Mais uma semana em Hawkins e eu ainda não consegui um emprego. Fui ao novo shopping que, segundo meu melhor amigo e sua meia-irmã, abriu agora, mas não haviam mais vagas disponíveis. Então eu resolvi parar na locadora da cidade e perguntar se estavam contratando. Para a minha felicidade, o garoto responsável pelo lugar aceitou me colocar como ajudante. Agora, estou no período de experiência.
Andrey aparentemente está se adaptando muito rápido desta vez. Outro dia me contou que fez amigos e também uma nova colega. Todos eram do grupo de amigos da Max, ela está o introduzindo nas atividades do grupo aos pouquinhos. Tia Anastasya conseguiu um emprego como enfermeira no hospital da cidade e está indo muito bem. Ela também voltou a conversar com Suzan Hargrove.
Meu irmão ficou de passar na loja para pegar a chave de casa depois do almoço, e aparentemente trouxe a tropa de amigos inteira para o meu trabalho. Ele toca o sino no balcão, me esperando. Arregalo os olhos ao ver a quantidade de crianças com ele. Max estava ao seu lado, junto a uma garota morena, sendo seguidos por mais três garotos.
— olá, crianças, o que vão querer hoje? – Keith questiona ao chegar na minha frente.
— nada hoje, Keith. Viemos apenas acompanhar um amigo. – o de cachinhos pretos respondeu. — mas se puder prolongar o aluguel do último filme, eu agradeceria muito.
— dois dólares. – ele responde em um tom monótono, como se fosse rotina o garoto pedir aquilo a ele. — e então, o que vão querer?
Alcanço meu irmão, tirando o molho de chaves do bolso e entregando em suas mãos.
— esteja lá quando eu ou tia Anastasya chegar, ok? Te quero em casa antes do anoitecer.
— Nikki, o Lucas chamou a gente 'pra ir ao cinema hoje a noite. – Max se pronunciou ao se aproximar do balcão, apoiando seus braços na madeira, ganhando minha atenção. — o Billy vai buscar eu e a Sam, seria legal se você deixasse o Andrey ir com a gente.
Desvio o olhar da garota ruiva, analisando os outros ali presentes. Encarei o garoto negro, que sorriu sem jeito, e também o moreno de cachos. A garota de cabelo liso me encara de volta, parecendo simpática.
— por favor, Nikitta, é o lançamento do de volta para o futuro. – ele se aproxima ainda mais, na intenção de sussurrar em meu ouvido. — preciso disso para me enturmar melhor com o pessoal.
Na verdade, eu nunca negaria um pedido de saidera do meu irmão. Esse garoto sempre foi tão antissocial que chega a ser preocupante. Se ir ao cinema irá ajudá-lo a ganhar pontos com os novos amigos e se aproximarem melhor, por mim tudo bem.
Finjo analisar a situação, suspirando ao fim. Lhe entrego dez dólares por cima do balcão, empurrando até chegar até ele.
— esteja em casa antes das vinte e três. Perguntarei ao Billy pela manhã se ele realmente foi buscá-los.
Muito empolgado, meu irmão deixou a loja para trás. O resto do meu dia se resumiu a organizar filmes, registrar aluguéis e limpar o chão. Essa maldita lojinha desgraçada só se fecha as dez da noite e eu fui escalada para fechá-la pela segunda vez esta semana.
[....]
Era uma noite escura, uma rua escura. O sopro frio do vento noturno batia conta meu corpo, me fazendo apressar os passos. Foi há duas esquinas de casa que percebi os dois homens na minha cola. Franzo o olhar, virando em uma rua aleatória, tendo a dupla ao meu encalço. Ótimo. Não passamos nem três semanas neste inferno e já há caçadores em nossa cola. Que inferno.
Viro outra rua, tendo certeza de que estava sendo seguida. Suspiro, parando meus passos lentamente enquanto alcanço algo na bolsa, deixando que a dupla me alcance. Sinto o ar pesando, aspirando a maldade em suas ações. Ouço o riso malicioso do mais magro, e sinto quando um deles ousou encostar a mão em meu ombro, me puxando para trás em um único movimento.
O acerto um soco no rosto, me dando a chance de correr enquanto o outro grita por mim. Eu deveria saber que o gordo me alcançaria. O homem mais forte me empurra, fazendo com que eu caia de cara no chão. Por um momento eu ouço meus ouvidos zumbir, a cabeça girar e o nariz doer para um caralho. Levo a mão acima da boca, sentindo o líquido ali. Sinto as mãos do homem em meu calcanhar, logo sou arrastada pela calçada.
Uma fúria inevitável consome meu ser. Finco o olhar no maldito que me arrasta, levantando a mão em sua direção no mesmo instante, o arremessando na parede do prédio ao lado em um grito alto. Pude ver o horror nos olhos daquele que nocauteei no início. Sorri para ele da maneira mais perversa que já sorri para alguém, me mantendo de pé.
— sua vez, docinho.
O homem correu em minha direção com ira transbordando em seu rosto, mas não chegou tão longe. Seu destino não foi diferente de seu amigo caçador. Movo a mão, o empurrando com telecinesia para o outro lado da calçada. Seu corpo bate no tronco da árvore, pude ouvir ossos quebrarem. O som da sirene policial invade a rua, estacionando bem em minha frente.
Passo a mão no nariz, limpando boa parte do sangue que acomulava ali. Mas não adiantou de muito, eu ainda sangrava. Um homem de traje policial desce da viatura, olhando em volta.
— hey, garota. – ele chamou, a voz firme. Ergueu as mãos, como se falasse com um bichinho arisco. — está tudo bem, não vou machucá-la. Eu sou o delegado Hopper, Jim Hopper. Você pode me contar o que aconteceu e eu te ajudo com o nariz quebrado.
— eu não sou um cachorrinho assustado, delegado Hopper, você pode abaixar suas mãos. – o respondo, a mão pressionando o nariz lesionado. Doia, doia muito. Quebrar o nariz é bem mais legal quando o nariz em questão não é o meu.
Ele deu outra olhada nos homens, que permanenciam em seus lugares.
— eles atacaram você? – afirmo em um aceno tímido. Seu olhar voltou para mim. Os olhos foram direto para meu pulso. Sei bem o que está procurando. Parece ficar confuso ao notar que não há nenhuma tatuagem numérica em lugar algum. — e você os arremessou, usando uma mão posicionada?
Essa é a vantagem de ter percorrido o país em busca de segurança. Você conhece muita gente, em todos os cantos do continente. E eu conheci uma garota em algum lugar dos Estados Unidos. Uma gangster que me ajudou com caçadores e também olhou meus pulsos quando notou meus poderes bruxos.
— eles se bateram sozinhos, eu só dei um empurrãozinho.
O homem suspirou, voltando alguns passos até a viatura. Ainda com os olhos em mim, ele ligou o rádio, passando nossa localização para os parceiros. Ele não pareceu incomodado com a ideia de estar certo em suas suposições. Estava tranquilo, como se fosse algo normal. Largou o rádio, indo em direção ao homem na árvore, o algemando ali mesmo enquanto voltava para algemar o outro.
Ele abre a porta do motorista, buscando por algo, que eu chuto ser a maleta de primeiros-socorros.
— venha aqui, garota. Me deixe dar uma olhada nisso. – chamou, o algodão entre os dedos. Hesito, me mantendo no mesmo lugar. — qual é, menina, eu sou o delegado.
— isso não me convence.
Ele suspira. Devolve o algodão para a maleta, a jogando sobre o capô da viatura. Deu passos para trás, deixando que eu me sinta segura ali.
— tudo bem.....
— Nikitta. – o respondi, notando que ele esperava por uma apresentação formal. — Nikitta Sokolovski.
— Nikitta, você pode confiar em mim, ok? Não precisa ter medo, esses caras não são do governo, muito menos capangas do doutor Brenner. São apenas civis idiotas que, infelizmente, aterrorizam garotas da sua idade sempre que são soltos.
Eu não faço a menor ideia do por quê capangas deste tal Brenner ou agentes do governo estariam atrás de mim. Mas percebo a bondade em seus olhos, a vejo refletir em sua íris escura.
— tudo bem, eu sinto que você sabe de algo, mas que esse algo não condiz comigo ou com o que eu sou. Então, seja lá o que você conheça, eu não sou assim. Eu sou Nikki, uma garota cujo o irmãozinho está esperando voltar para casa neste momento.
— desculpe, Nikki, mas não posso te liberar agora. Vou precisar do seu depoimento.
— eu não fiz nenhuma denúncia.
— não precisou, eu os peguei em flagrante. Só preciso da sua versão da história, e então poderá voltar para o seu irmão.
Não importa o que eu diga a este homem, ele não me deixaria em paz até saber o que aconteceu aqui. E, de alguma forma, ele sabe quem eu sou - ou o quê eu sou.
O delegado Hopper era bonito. A barba extremamente rala e o chapéu de xerife dava a ele um ar de bom homem. Consigo sentir que não há maldade nele, pelo ou menos não comigo. Dou um passo para frente, deixando que ele se aproxime de mim e da maleta.
Já quebrei o nariz outras vezes, a maioria em brigas de escola ou ao cair de cara após um feitiço que deu errado. Mas, eu nunca tinha o quebrado lutando contra seja lá o que estes homem fossem. Senti sua mão áspera tocar a minha pele com delicadeza, passando o algodão pelo sangue que escorria.
— boas notícias, Nikki. – ele diz, ainda limpando meu ferimento. — o seu nariz não quebrou. Mas, acho que isso vai inchar um pouquinho. Te dou uma bolsa de gelo quando chegarmos na delegacia, assim podemos evitar que o inchaço ocorra.
— não posso ir para a delegacia com você. – olho em volta, certificando de que os homens algemados não me ouçam. — eu não sei se minha tia chegou do trabalho, e se ela não chegou, Andrey estará sozinho.
Era mentira. Andrey não tem autorização de ficar sozinho em casa e sabe disso, então mesmo que tia Anastasya não estivesse em casa – e ela está, o meu irmão estaria na casa de Suzan. Prezamos pela segurança do nosso garoto, e também gostamos da nossa nova casa. Andrey queimaria aquele lugar nos primeiro cinco minutos sozinho.
Hopper suspira, olhando em volta, para os homens. Ele parece entender meus falsos motivos, e pela maneira que me olhava, arrisco dizer que entende bem demais. Como se passasse pelo mesmo. Como se um bruxinho travesso também o esperasse em casa.
— se não estiver na minha sala amanhã pela manhã, eu vou até a sua casa e sua tia te deserda. – ele diz, apontando o dedo. Sorrio vitoriosa. Eu nunca perco.
— muito obrigada, senhor Hopper. – minha voz animada o respondeu, dando pulinhos alegres. Ele me encara, reprimindo o sorriso. — eu prometo a você, estarei lá.
— mora longe daqui? Não quer uma carona até em casa? Eu poderia pedir para um dos meus agentes te acompanhar.
Sinto como seu oferecimento soa preocupado. Hopper queria que eu chegasse bem em casa, sem mais lutas corporais ou sobrenaturais. Sem arranhões.
— estou bem, senhor Hopper. Não moro tão longe, consigo dar conta se mais alguém aparecer. O que, com toda a certeza, não irá acontecer. – digo, sorrindo pequeno. Dou dois tapinhas em seu ombro, como despedida. — obrigada por tudo, e tenha uma boa noite.
Não dei oportunidades para que o delegado me respondesse, só continuei andando. Não é a primeira vez que sou atacada na volta para casa, mas foi a primeira vez que pessoas normais acharam que poderiam algo contra mim. Também foi a primeira vez que um policial me ajudou.
O caminho percorrido até em casa foi silencioso e calmo, como deveria ter sido desde o início. Ainda no portão, percebo que a única luz que ainda se mantia acesa era a do corredor de cima. Ou seja, todos já estão dormindo. O que é bom, já que eu não pretendo contar para minha tia o que aconteceu hoje. Ela surtaria e nos mudaríamos amanhã mesmo. E, sinceramente, eu não quero ter de me mudar outra vez. Não quando acabo de reencontrar meu melhor amigo.
Ao entrar, tranco a porta da frente e verifico se todas as janelas também estão trancadas. Subo em silêncio, com os mais leves passos que consigo dar. Adentro meu quarto em alta velocidade, passando a chave na porta e ne escorando nela, respirando em paz. Mas, para a minha total e absoluta surpresa, eu não estava sozinha.
Andrey se senta na cama ao ascender o abajur, seu rosto amassado denunciando que pegou no sono enquanto me esperava. Seus olhos semiabertos me encaram com confusão.
— o que aconteceu com o seu nariz? – indaga com a voz sonolenta, passando a mão pelo rosto. — ele está vermeho demais.
Suspiro pesadamente. Ótimo. Tiro os sapatos, os jogando no canto da porta enquanto minha bolsa cai ao lado do casaco que usava a agora pouco.
— estou bem, pode voltar a dormir.
Mas ele não voltou. Andrey se levanta e vem em minha direção ao notar que evitava o contato visual.
— ele está sangrando, e você parece assustada. Me conte, ou eu irei acordar a tia Anna.
Ele não esperou eu o responder, saiu em direção ao banheiro. Pensei que fosse fazer xixi, ou algo assim, mas voltou com o pacote de lenço banhado à álcool que usamos para limpar ferimentos.
— uns caras estranhos, que não eram caçadores, me atacaram na rua enquanto eu voltava. Mas está tudo bem, você deveria ver o outro cara.
— senta, titia não pode ver isso de jeito nenhum.
Era como se ele fosse o mais velho aqui. Franzo as sobrancelhas, mss faço o que ele me pede. Ao me sentar na ponta da cama, meu irmão puxa o lenço umedecido, passando primeiro ao redor do nariz, eliminando qualquer bactéria que se aproximasse.
Não consegui dizer nada nos dez minutos que ele passou limpando com o maior cuidado do mundo o meu nariz quase quebrado. Senti meu coração apertar, porquê o fato dele não questionar mais nada com a minha explicação significa que já é acostumado a isso. E não, eu não quero que o meu irmãozinho levante no meio da madrugada e ajude com meus machucados. Sou eu quem devo fazer isso, eu sou a mais velha aqui. Andrey não deveria.
— seus pensamentos estão tão altos que eu sou capaz de ouví-los. – ele murmura, sorrindo ao finalizar o curativo. Passou uma pomada, molhou uma gaze em água morna e o colocou ao redor do meu nariz em processo de inchaço. — deve estar melhor pela manhã, e então conseguiremos dar um jeitinho com um feitiço bonzinho.
— por quê estava no meu quarto?
— fala sério, acabo de fazer o meu maior ato de amor por você e é isso que tem a dizer? Ingratidão gera ingratidão, deve tomar cuidado.
Seu tom me causou um riso anasalado. Foi realmente engraçado. O ajudo a guardar tudo o que foi ultilizado enquanto ainda conversamos.
— teve pesadelos, não foi?
— pois é, eu tive sim. – ele revela, me causando mais risos. — não deve rir tanto, seu nariz pode piorar e duplicar de tamanho.
— aposto que gostaria disso, não é? Que eu ficasse com uma maçã no meio da cara. – ele sorri. — ah, você adoraria mesmo.
— pelo ou menos os caras na escola parariam de me pedir para arrumar um encontro com você. É um saco.
Pego carona com Billy todas as manhãs, e as vezes o obrigo a levar as crianças na escola. Ou seja, eu já fiz algumas aparições no colégio Hawkins.
— ah, me conta. Como foi no cinema com os garotos?
Ele sorriu abertamente, seus olhos brilharam. Significa que não foi nada ruim e tudo muito legal. Apago a luz do quarto, deixando apenas o abajur iluminar o ambiente. Meu irmão se acomoda ao lado esquerdo, o lado da parede. Andrey é a única pessoa que deixo tomar o meu lugar favorito. Enquanto eu me deito na ponta da cama.
— foi bem legal. Tivemos que esperar o Mike por uns quarenta minutos porque ele tava na casa da namorada, mas depois a gente se divertiu bastante. Você precisa ir até a sorveteria daquele Shopping, o sorvete lá é delicioso.
Quando ele diz delicioso, quer dizer barato. Andrey tem sérios problemas em gastar dinheiro com besteiras, ele nunca gasta se não for valer a pena. E quando encontra algo abaixo do preço devido, aquele lugar torna seu favorito e ele sempre irá comprar ali. Puxou para o papai.
— tudo bem, então a gente vai lá no fim de semana.
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001: oi lindinhos, primeiro capítulo quentinho saindo.... gostaria de compartilhar que eu me apaixonei pelo Andrey e pelo amor que ele tem pela irmã, fala sério!😭
002: o capítulo não foi revisado, portanto, releve qualquer erro de escrita. Estarei corrigindo assim que possível.
Beijinhos da Maluzinha!!💋
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