No instante em que vi sua pessoa adentrar pela porta, a certeza se fez presente em minha mente turbulenta: meu dever, mais do que nunca, era eliminar aquela desgraçada! A convicção de que ela havia machucado minha filha ecoava em meus pensamentos, especialmente em James, cujos olhos faiscando o desejo por vingança. Empurrei Faith para trás de nós, protegendo-a de qualquer tentativa de agressão.

— Filha! A falta que você me fez é indescritível. — Milena dirigiu suas palavras a mim.

— O simples som da sua voz aumenta meu desejo de arrancar suas cordas vocais. Sua presença só intensifica minha vontade de vê-la morta. — Respondi com frieza cortante.

— É assim que serei recebida? Após tudo que fiz por você? Graças a mim, você se tornou uma caçadora excepcional, inteligente, forte e habilidosa. No entanto, desde que essa pentelha chegou ao mundo, você se transformou nessa decepção ambulante. — Milena fixou seu olhar em mim. Sem hesitar, retirei minha arma da cintura e disparei um tiro rente ao rosto dela.

— Não ouse falar desse jeito da minha filha! — Ameacei com voz carregada de fúria.

Ela riu, deslizando o dedo sobre a ferida recém-aberta.

— Acredite ou não, eu nutria a esperança de que você e Amélia seriam os únicos desta família a me encherem de orgulho. Na verdade, já o fizeram no passado. — Seu semblante endureceu — Mas chega de conversa fiada! MATEM TODOS.

Ela já tinha planejado tudo. Milena jamais está despreparada. O caos se instalou enquanto começamos a atirar uns contra os outros, e a cena virou um verdadeiro frenesi. A adrenalina pulsava em minhas veias, mas o momento de clareza foi abruptamente cortado quando senti a dor aguda de um tiro no ombro. O desgraçado do James! A raiva fervia dentro de mim, e a única coisa que conseguia pensar era em como eu desejava lavar minha alma com um tiro certeiro na cabeça dele.

David correu até mim, trazendo Faith ao seu lado. Ela estava mais apavorada do que nunca, seus olhos brilhando com o medo.

— Está tudo bem! Milena sabia que iríamos vir — confessei, tentando acalmá-los, mesmo com a dor latejando.

— Você estava certa — David disse, pressionando um pano contra minha ferida, sua expressão revelando a preocupação que ele tentava esconder. — O que vamos fazer agora?

— O que fazemos? Lutar! — afirmei com determinação, embora a dor estivesse quase me derrubando. — Mas antes, preciso atrasar os passos da Milena; preciso distraí-la enquanto o bando do Scott não chega.

— Me digam que o Stiles não está vindo! — Faith implorou, sua voz trêmula denunciando seu desespero.

— Já deveria saber que seu namorado é teimoso e determinado quando se trata de proteger você. — respondi, sentindo uma pontada de preocupação por ela. Faith suspirou, claramente preocupada com o garoto. — Fique junto do David; não saia de perto dele por nada!

Por mais que eu pedisse, sabia que ela não iria ficar quieta. Faith acenou positivamente, mas eu pude ver a hesitação em seu olhar. Com um esforço imenso, levantei e segui pelo corredor escuro da mansão. Milena estava no segundo porão, e uma sensação de frio na espinha me dizia que ela estava preparando algo terrível. William provavelmente estava ciente do que estava acontecendo aqui; talvez estivesse esperando o momento certo para agir também.

Desci silenciosamente as escadas, cada passo pesando como se estivesse carregando o peso do mundo. Ao chegar ao porão, vi Milena conversando com Guto, outro assassino sem piedade. O ódio queimava dentro de mim enquanto eu levantava minha arma e disparava dois tiros certeiros na direção dele.

O sorriso no rosto de Milena era um sinal claro de orgulho.

— Essa é minha garota — ela disse com uma satisfação insuportável.

— Você já sabia! — ignorei suas palavras venenosas, determinada a enfrentar o confronto que se aproximava.

— É, admito que sim! Amélia não aguentaria muito tempo aqui. Eu sabia que ela faria qualquer coisa para entrar em contato com você. Perdi minhas únicas filhas por causa de um feto. — Ela se referia a Faith, e sua voz transbordava de dor, uma dor que não me fazia acreditar em nada das suas meras palavras.

— Você nos perdeu no momento em que descobrimos a verdade sobre essa família. Eu jamais viveria em um lugar onde vocês matam pessoas inocentes. — A firmeza nas minhas palavras ecoavam na sala.

— Está se referindo ao Alexander? — Milena engrossou o tom de voz, como se cada palavra fosse uma faca afiada — Um lobisomem que te transformou numa abominação, e mesmo assim você acha que estamos errados.

— Estou me referindo às outras vidas que foram ceifadas sem compaixão. Alexander errou, mas ao contrário de você, ele não matou ninguém inocente. — Rebati, sentindo a raiva pulsar em minhas veias.

— Eu daria um abraço e deixaria ele viver se aquela pentelha tivesse encontrado seu fim naquela floresta. Mas James estava desatento quando teve a chance de acabar com ela! Que ruivinha sortuda! — Milena falava com um desprezo que cortava como vidro, sua frieza era inquietante.

— Ela é forte, e só precisa aprender a usar essa força a seu favor! Amélia me contou sobre o que ela fez com James. — Orgulho e determinação transbordavam enquanto falava da minha menina; ela estava se tornando cada vez mais forte.

— Se James conseguir pegá-la, sua felicidade será efêmera! — Milena confirmou, seu olhar era de uma confiança cruel — Aliás, ela sabe que James é tio dela?

— Ela nunca saberá que essa aberração é seu tio. E ninguém ousará tocá-la novamente; se quiserem manter seus ouvidos intactos, é melhor não chegarem perto dela. — Avisei, meu tom era de aviso sério.

— Claro! Ela também é mensageira da morte! — A ironia nas palavras de Milena era palpável — Espero que os pressentimentos dela estejam afiados; ela vai precisar deles quando eu estiver prestes a acabar com você.

— Desta sala eu só saio quando você estiver morta! — Com um movimento decidido, jogamos nossas armas para longe e partimos para o combate.

Minutos depois que Athena se lançou em direção à Milena, um nó de preocupação se formou em meu estômago. O que estaria acontecendo lá embaixo? A vontade de ajudar minha mãe queimava dentro de mim, mas David não me deixava um passo à frente. Os tiros ecoavam pela mansão, cada disparo como um lembrete cruel da urgência da situação. Alexander não aparecia, e isso aumentava minha ansiedade; ficar parada pela primeira vez em semanas era uma tortura.

— Eu preciso ajudar minha mãe! — Exigir, levantando-me com determinação. David me puxou de volta com força, com seu olhar cheio de preocupação.

— Nem pensar! Ela disse pra você ficar aqui! — Ele gritou, voltando a atirar com precisão.

— Precisamos nos separar! — O Xerife Stilinski alertou os outros, sua voz tensa.

— Não precisa dizer duas vezes!

Gritos ecoaram ao meu redor, pedindo para que eu voltasse ao lugar seguro. Mas a desconfiança em relação à Milena me empurrava para frente. Quando finalmente cheguei perto da escada que levava ao porão, uma mão firme me puxou pela cintura e me ergueu como se eu fosse leve como uma pena.

— ME SOLTA! — Berrei, me debatendo em vão.

— Nem pensar! — Reconheci a voz de Derek, firme e autoritária.

— É A VIDA DA MINHA MÃE QUE ESTÁ EM JOGO! — Explodi, frustrada o suficiente sabendo que não vai adiantar.

— Sua falta de noção pode te levar à morte! — Ele rebateu, soltando-me no chão. Ao olhar ao redor, vi o bando do Scott lutando ferozmente contra os inimigos, cada movimento deles carregado de desespero.

— Mas…

— Sem mais, Faith. — Stiles apareceu ao meu lado com Allison, seu olhar sério e decidido.

Num impulso automático, abracei Stiles, buscando conforto. A saudade do seu carinho e da segurança que ele trazia era avassaladora.

— Olha só, eu te amo muito e deixo você até levar pra qualquer lugar do mundo, mas agora preciso que você fique aqui. — Tentei me desvencilhar novamente, mas eles formaram uma barreira intransponível ao meu redor.

— Agora eu preciso que você cale a boca e fique quieta; ajudou muito Faith. — Stiles disse com autoridade que eu não aceitava de maneira alguma.

— Stiles!

— Faith!

— Escuta amiga, não podemos deixar você ir sozinha! — Allison interveio, com seu olhar preocupado.

— Então venham comigo! — Implorei desesperadamente.

— David mata a gente se formos com você. — Stiles revelou em um sussurro tenso.

— Então vou correr o risco. — Ambos se posicionaram à minha frente como uma muralha protetora.

— Vou te atualizar da situação: Scott, Isaac, Malia e Liam estão segurando a barra por aqui evitando que o James veja você. Você realmente acha que vamos simplesmente deixar você ir pra ser morta? Sem chance! Não vou correr o risco de perder minha namorada. — A irritação de Stiles era palpável; seus olhos refletiam o medo de me perder.

— E eu não vou correr o risco de perder minha mãe por causa daquela velha sociopata! Eu vou! — Ele me segurou firmemente pelos ombros.

— Não vai.

A tensão atingiu seu ápice quando David apareceu junto com Amélia; meu coração afundou.

— Dessa vez você vai ficar aqui, e ponto final. — David declarou com firmeza inabalável.

— David...

— Nem mais uma palavra.

Isso é um absurdo! A frustração e o desespero ferviam dentro de mim enquanto a luta continuava lá fora, minha vida está dividida entre duas partes: uma por minha mãe e outra por aqueles que tentavam me proteger. Sentada no chão frio, o peso da incerteza esmagava meu peito. A qualquer momento, a notícia devastadora sobre minha mãe poderia chegar, e essa ideia está me consumindo. Olhei ao redor, irritada com a apatia dos outros que aguardavam, como se estivessem imunes ao desespero que me dominava. Cada segundo se arrastava, transformando meu medo em uma urgência insuportável.

Queiram ou não, preciso agir!

Procurei uma saída, mas tudo ao meu redor estava cercado pelos caçadores que haviam se tornado aliados da minha família e amigos. O ambiente parecia um labirinto de desespero e impotência. Com um impulso de frustração, golpeei um jarro à minha esquerda; o barulho ecoou no espaço silencioso como um grito por liberdade. Então, um som inconfundível – o clique de um cadeado se desfazendo – surgiu atrás de mim. Sem pensar duas vezes, virei-me em busca da origem do som e avistei uma maçaneta pequena e discreta.

Antes de entrar, verifiquei se havia alguém prestando atenção em mim. Todos estavam absortos no centro do conflito; era a minha chance. Com um último olhar para o caos que deixava para trás, empurrei a porta e entrei, trancando-a com cuidado. O corredor à minha frente era estreito e envolto em sombras, mas não estava completamente escuro; as paredes pareciam pulsar com a energia da luta que acontecia lá fora.

Cada passo que eu dava era uma mistura de adrenalina e medo; arriscava minha vida por um motivo maior: a minha família. Ao me aproximar do final do corredor, sons de vozes e movimentos intensos cortaram o silêncio. Meu coração acelerou ao reconhecer uma delas – era minha mãe.

— Acha mesmo que pode me vencer? — A voz de Milena ressoou, cheia de desprezo.

— Alguém tem que sair sem vida daqui. — Respondeu minha mãe, firme como sempre.

— Então será você! Adeus, querida. — Milena desafiou com um tom cruel.

O desespero tomou conta de mim enquanto a realidade do confronto se desenrolava diante dos meus olhos. Eu precisava fazer algo antes que fosse tarde demais.

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Olá pessoal!

Capítulo trinta e sete postado, espero que gostem.

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