A noite ainda era longa, boa o bastante para aproveitar cada segundo, ficamos sentados em cima do jeep apreciando o local, trocamos poucas palavras e o resto do tempo ficamos em silêncio, ouvindo o barulho do vento sobre as árvores. Já estava ficando tarde, David não mandou nenhuma mensagem e nem a Naty, ela com certeza irá dormir na casa de suas amigas, mas eu tenho que ir embora apesar de que essa não é bem minha vontade.

— Eu queria poder ficar mais um tempo com você, mas preciso ir pra casa e também amanhã temos aula. — Murmurei. Estava deitada sobre o corpo do garoto com seus braços abraçados no meu corpo e seu rosto encostado na minha cabeça.

— Será que se eu te sequestrasse só por essa noite, seu tio iria notar? — Stiles perguntou com duvida, ao mesmo tempo pensativo.

— Com certeza sim, não vamos querer uma escolta da polícia atrás de mim… queremos? — Virei minha cabeça para olhar seu rosto, que fez uma careta em reprovação.

— É, não queremos! — Rimos. Ele aproximou seu rosto e deu um selinho demorado em meus lábios.

Contra nossa vontade, descemos do jeep para entrar no veículo. Ele ligou rapidamente, dando partida seguindo pelos trilhos que viemos mais cedo. No caminho fiquei olhando ele dirigir, é incrível como ele fica concentrado na estrada e só percebeu depois de alguns minutos que eu estava o admirando, ele sorriu.

•••

Ele estaciona perto da calçada da casa e descemos do veículo, indo até a porta juntos, notei que as luzes estavam acessas e me virei para se despedir do garoto.

— Não quero parecer apressado, mas…

A porta se abre, revelando David com um ponto de interrogação em sua feição séria.

— Ainda são nove da noite. — Justifiquei. Mas notei que não era comigo sua chateação, e sim com uma certa garota de cabelos loiros.

— Não quero ser grosseiro com vocês, mas, Stiles… peço desculpas desde já, e agradeço por ter vindo deixar minha sobrinha na porta de casa, mas agora você precisa ir embora. — Pediu educadamente.

O garoto arregalou os olhos.

— Claro senhor David, eu tô indo… te vejo amanhã na escola Faith! — Ele diz, afirmei com a cabeça sorrindo e logo ele vai embora.

Entrei para dentro de casa bastante receosa, caminhei até a sala e sentei no sofá, vendo David vim até o cômodo muito estressado.

— Faith, tem um assunto que preciso conversar com você. — Ele diz impaciente.

— Tio, se foi porque cheguei tarde…

— Não é sobre isso. — David me cortou antes que eu terminasse de falar.

O assunto é sério, não é sobre mim e a Naty, o que será o que está realmente acontecendo?

— O senhor está me deixando preocupada, o que tá acontecendo? — Perguntei.

— Sua mãe… — Meu corpo estremeceu de raiva só de ouvir ele pronunciar essa palavra — …ela está em Beacon Hills.

Me levantei no impulso.

— O que!? — Exclamei indignada.

— Ela me ligou e com a desculpa mais esfarrapada que eu já ouvi em toda minha vida, afirmou que precisava falar com você sobre a herança do seu pai. — Explicou, ficando mais com raiva do que já estava.

— EU QUERO QUE ELA SE EXPLODA! — Gritei sentindo a raiva me dominar.

Naty entrou juntamente com Derek, assustada para dizer o mínimo.

— O que aconteceu? Escutei seu grito lá de fora. — Naty soltou sua bolsa no sofá e veio até mim.

— TIO! — O chamei, tendo sua atenção — Não, não permita que essa mulher se aproxime de mim!

Respirei fundo contendo minha raiva para não gritar novamente, pois meu tio não merece esse nível de desrespeito da minha parte, quando me toquei que a segundo atrás eu fiz tal atitude, imediatamente caminhei até para me desculpar.

— Tio, me desculpe. — Lhe abracei, ele retribuiu no mesmo instante.

— Não se preocupe, não deixarei ela se aproximar de você, tem minha palavra. — Disse firmemente.

Posso sentir os olhares dos outros dois na sala vendo essa cena, se perguntando o que realmente aconteceu.

— Pai, Faith, algum de vocês dois pode explicar o que aconteceu? — Ela perguntou preocupada.

Me afastei do David.

Achei por um segundo que nada pudesse piorar, mas me enganei no momento que vi ela entrar… sim, a mulher que me abandonou e como lembrança deixou um bilhete em seu quarto, eu a repudiei desde o exato minuto que vi aquelas palavras que me destruíram totalmente, foi como se ela nunca houvesse existido na minha vida.

— Tia? — Naty falou, pasma ao ver ela.

David se aproximou olhando para ela, com certeza posso jurar que ele a qualquer momento pode voar no pescoço dela.

— O que você tá fazendo aqui? — Ele perguntou tentando ser calmo, o que não vai rolar.

— Vim falar com Faith. — Afirmou.

As palavras sumiram da minha mente, por segundo esqueci como eram as batidas do meu coração, que errava a cada segundo ouvindo essas palavras saindo de sua boca, como deboche. Ela estava falando sério? Como ela pode ser tão baixa? Eu não sei como agir, mas eu só queria que ela fosse embora de novo, eu sei que acabaria de novo com meu psicológico.

— Vai embora! — Murmurei, sentindo minhas lágrimas descer em meu rosto.

Ela ousou se aproximar, mas David não permitiu.

— Mas um passo e você vai pra cadeia. — Em um tom ameaçador, David falou entre dentes segurando sua raiva.

Ela riu.

— Acho que não, esse assunto é entre nós duas. — Novamente ela tenta se aproximar, mas dessa vez David segurou seu braço e Derek impediu que David fizesse uma besteira maior, ainda mais na frente da Naty.

— Faith, tira Naty daqui. — David pediu.

Não precisei me mover para fazer isso, a garota saiu do cômodo subindo as escadas até seu quarto.

— Ohhh, a menininha não pode ver o pai descontrolado que tem? — Ela Ironizou.

— Cala a boca, diferente de você eu não abandonei minha filha pra se jogar no mundo como um pássaro livre. — Afirmou irônico.

Ela pareceu não gostar do comentário.

— Vai embora! — Falei novamente.

— Não até resolver a questão da herança, que também é minha por direito. — Dirigiu seu olhar para mim.

Caminhei até eles e parei à sua frente.

— Se você acha que vai levar alguma coisa dessa herança, está enganada. — Afirmei.

Ela não sabe, mas papai antes de morrer me disse que ela não fazia parte da herança, pois quando ele se casou com ela não aceitou fazer comunhão de bens e que apenas eu tenho direito a herança, ou seja, ela vai sair de mãos abanando.

— Como assim? Seu pai se casou comigo com comunhão de bens. — Ela disse.

Ri irônica.

— Jura? Você é burra assim mesmo ou já herdou de família? — Perguntei sarcástica — Meu pai não fez comunhão de bens, ele nem chegou assinar o papel, apenas eu tenho direito a herança.

Ela ficou confusa, não acreditando que fosse verdade sobre a informação que passei.

— Isso não pode ser verdade! Eu vi ele assinando o papel. — Exclamou irritada.

No impulso segurou meus braços apertando com força, mas Derek a puxou no mesmo segundo.

— Você pode ser mãe dela, mas não tem direito de machuca-lá. — Derek falou.

Meu tio toma a frente e aponta para fora.

— Saiu de casa sem nada e vai voltar pra fora sem nada. — Diz David.

Ajeitou sua postura e saiu para fora, falando algumas palavras que mal pude entender, nem me esforcei. Apertei meus olhos sentindo as lágrimas descer em minha bochecha, sentindo aquele aperto no coração de ser deixada para trás de novo, que sensação terrível. Sinto uma mão enxugar minhas lágrimas e logo seguida me abraçou.

— Não pense que está sozinha, você tem eu e sua prima, sua nova família. — Sussurrou.

Foi uma noite alegre, mas durou pouco depois dessa mulher aparecer.

¥

Acordei sentindo uma dor de cabeça chata, afinal ainda chorei horrores no quarto depois que tudo acabou, queria acreditar que foi apenas um pesadelo, mas infelizmente está longe de ser. Levantei da indo até o banheiro lavar o rosto e também tomar banho, não quero ir para a escola com uma aparência de quem acordou de uma ressaca braba. Sair do banheiro depois de fazer toda minha higiene pessoal e caminhei até o guarda roupa escolher uma roupa mais legal.

Alguém bate na porta e digo para entrar.

— Oi! Só vim te avisar que hoje não precisa ir a escola. — Naty disse.

Suspirei pesadamente.

— Na verdade, eu preciso sim. Tenho que ir estudar com o Stiles hoje. — Olhei para ela.

— Pois é, vocês vão estudar sim. — Ela afirma.

Naty está empolgada, mais do que o normal e algo me diz que ela andou aprontando.

— O que foi? — Perguntei duvidosa.

— Pergunta pro Stiles. — Ela disse. De repente, o garoto aparece sorrindo segurando uma rosa.

Ainda vou me derreter como manteiga por esse garoto!

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Olá pessoal!

Nono capítulo postado, espero que gostem.

Deixem comentários e seus votos, será muito importante para mim.