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𓄹 𓈒 cap. 011







Pegamos o corpo do Jang-do e levamos ele em uma cadeira de rodas até o carro. Estou ofegante e meus peitos estão doendo muito, principalmente após ele ter me empurrado.

━━ Ei, você tá bem? ━━ Yang-jung pergunta. ━━ Eu disse que você não...

━━ Relaxa. Eu tô bem. Aquele idiota me empurrou, por isso tá doendo.

Yang-jung arranca o carro e nós nos dirigimos ao escritório do Doo-young. No caminho, Geon-Woo começa a falar comigo:

━━ Toma. ━━ ele me oferece um ibupofreno. ━━ Ele age como anti-inflamatório, vai te ajudar com a dor.

━━ Obrigada, Doutor.

Ele cora e abre um riso sem mostrar os dentes. Woo-Jin está bem ao lado dele, soltando um riso maroto ao ver a reação do amigo.

Não demora muito e chegamos ao escritório do Doo-young. Ele já está lá com a Hyeon-Ju.

━━ Cadê ele? ━━ pergunta Doo-young, referindo-se a Jang-do.

━━ Tá no porta malas. Meninos, levem ele para dentro, depois, peguem um balde d'água. Hye-jin, suba e pegue sal.

Já sei o que eles estão pensando em fazer. Tortura com salmoura. Subo no escritório e dou de cara com a Hyeon-Ju, ela está sentada na mesa bebendo chá.

━━ Oi! ━━ ela diz e nós nos abraçamos. ━━ Como você tá? Se machucou?

━━ Eu tô bem. E você? E o Jung-min?

━━ Esfaqueei a garganta dele. ━━ eu abro um riso pois ele realmente mereceu. ━━ O que veio fazer aqui?

━━ Vim pegar sal. Você vai ficar?

━━ Desco daqui a pouco.

Assinto e volto lá pra baixo. Jang-do está sentado em uma cadeira, com os pés e as mãos presos na cadeira e os olhos e a boca tapados com fita.

O Jang-do foi outra figura que acabou me marcando muito, mas de forma, por incrível que pareça, um pouco positiva. Toda vez que eu terminava os serviços para o Mieong-Gil, era ele quem fazia o pagamento, e sempre me dizia que era para eu largar essa vida; eu nunca entendia o real motivo dele me falar aquilo e por isso desconfiava que poderia ser alguma armadilha ou coisa assim.

Mas essa foi apenas uma das coisas. Ele também me levava comida a noite, ou cobertores, pois o quartinho em que eu dormia não era forrado e havia nele uma janela quebrada por onde entrava todo o vento frio; as vezes até algumas peças de roupa. Todas as vezes eu duvidava sobre suas intenções, mas ele nunca tinha tentado nada contra mim, até o dia em que o Mieong-Gil mandou ele dar um fim no meu corpo. Jang-do me jogou em uma vala e a cobriu com terra misturada com cimento.

E eu tenho absoluta certeza de que foi Deus quem me salvou aquele dia e me deu forças pra sair dali.

Woo-Jin, Geon-Woo e Hyeon-Ju já estão aqui embaixo. Yang-jung disse que era para todos nós ficarmos.

━━ Hye-jin, o sal.

Ele me sinaliza e eu o levo. Eu tinha acertado, eles realmente iriam apelar para a tortura com a salmoura. Yang-jung senta e Doo-young segura uma lixadeira redonda.

━━ O Sr. Choi mandou todos vocês ficarem. Logo logo ele estará chegando. ━━ sinaliza Doo-young, falando por cima do ombro.

━━ Se quiser abrir o jogo, balance a cabeça. Vamos lá.

━━ Espera! ━━ todos se viram para mim. ━━ D...deixa eu fazer. Isso é importante para mim, o Mieong-Gil me machucou de todas as formas possíveis. Ele... ele acabou com o pouco de adolescência que ainda me restava.

Doo-young olha para Yang-jung e Yang-jung se levanta, dando espaço para que eu me sentasse. Dou um passo a frente e sinto as mãos de Geon-Woo sobre meu pulso.

━━ Hye...

━━ Eu preciso fazer isso.

Solto sua mão e me sento em frente a Jang-do. Pego uma luva e Doo-young pergunta se é realmente isso que eu quero fazer. Assinto e ele olha para o parceiro que também assente.

Começamos com a lixadeira redonda. Ele a coloca sobre a coxa de Jang-do, que solta berros abafados por conta da fita que tapa sua boca. Após uma parte de sua coxa estar em carne viva, eu pego um punhado de sal com a mão e coloco sobre o ferimento, ouvindo novamente mais berros abafados.

Fazemos isso umas duas vezes até eu ver a Hyeon-Ju sair correndo e o Woo-Jin ir atrás dela. Geon-Woo cerra o punho e olha para mim. Desvio minha atenção, pois sei que posso chorar se eu ficar olhando para ele.

Mais uma vez o mesmo processo se repete. Jang-do já está com uma das coxas totalmente ferida e a outra parcialmente. Eu pego um punhado de sal e coloco sobre o novo machucado. O sr. Choi chega e passa a andar de muletas, uma cadeira é posta na frente do Jang-do e por fim, perguntas começam a ser feitas a ele:

━━ Há quanto tempo trabalha para o Mieong-Gil?

━━ Há cinco anos.

━━ E qual é a sua função?

━━ Eu me certifico que as transações ilegais do Mieong-Gil fiquem longe do radar da polícia, eu evito as possíveis investigações que venham a fazer.

━━ E pessoalmente?

━━ O In-Beom e eu cuidamos de casos pequenos, mas na maioria das vezes nós usamos serviços da empresa.

━━ Casos pequenos...

━━ Como... ━━ ele geme de dor. ━━ fazer vídeos de evidências pra chantagem.

━━ Você ameaçou a Lil Group. ━━ Jang-do suspira. ━━ Como foi?

━━ Eu só fiz o que o Mieong-Gil...

━━ Ele perguntou o que você fez, e não quem mandou. ━━ Yang-jung se mete.

━━ Eu fiz um vídeo do herdeiro da Lil Group.

━━ Como? ━━ pergunta Choi.

━━ A gente filmou ele... sem roupa nenhuma.

━━ Por quê? ━━ Yang-jung pergunta.

━━ Me explica isso direito.

━━ Tinha um hotel de 40 andares que tava em construção na cidade, mas a construtora faliu por conta da pandemia... o Mieong-Gil soube que o herdeiro da Lil Group tava planejando comprar o hotel, mas que faltava dinheiro.

━━ Comprar de quem?

━━ A construção virou um incômodo, então a prefeitura resolveu intervir. Estavam procurando alguém com dinheiro, e um deputado que sempre jogava golfe com o Mieong-Gil o indicou ao prefeito... o Mieong-Gil sonha em construir um cassino no hotel. A prefeitura garantiu uma licença pra um cassino internacional e aí o Mieong-Gil se empolgou mas o herdeiro da Lil Group recuou e o Mieong-Gil me pediu que desse um jeito.

━━ Quantas pessoas já filmou assim?

━━ Cinquenta.

━━ E o Mieong-Gil tem esses vídeos?

━━ Tem. Ele vê a fraqueza alheia como uma fonte de renda, ele.. nunca divide nada que vale alguma coisa.

━━ Cadê essas filmagens?

━━ O Mieong-Gil tem um HD dentro de um cofre que fica no quarto, mas é um cofre inteligente alemão, só abre com as veias do braço direito dele, e se algum problema existir ele pode incinerar todo o conteúdo, remotamente, pelo celular. O cofre tem um combustível que causa uma explosão se pressionar um botão, pelo o que fiquei sabendo.

━━ Ele sabe que o HD é uma faca de dois gumes.

━━ É uma arma nas mãos dele, mas pra polícia se torna uma evidência.

━━ E por acaso, essa empresa dele é uma gangue?

━━ Sim. ━━ digo, não aguentando mais aquele clima. ━━ Ele a trupe dele se reúnem em uma sala, escritório, sei lá, e armam os próximos passos. Bebem, embriagam-se e fazem acordos. ━━ Jang-do me olha e assente, concordando com o que eu falo.

━━ Lembra de mais algo, Hye-jin? Talvez possa ajudar. ━━ Doo-young pergunta e eu nego.

━━ E quantos homens? ━━ Yang-jung volta a dirigir as perguntas a Jang-do.

━━ Eu acho que por volta de uns trinta de homens, além dos de fora.

━━ Quem é o mandante?

━━ Tem o Sr. Chun. Ele é o açougueiro do Mieong-Gil. Ele era um lutador de M.M.A. mas parece que foi banido por bater em um oponente até a morte. Então ele foi recrutado.

━━ E como se livram dos cadáveres? ━━ indaga Doo-young.

━━ É o Sr. Jung que cuida dos corpos.

━━ Me fala o que sabe. ━━ diz Choi.

━━ Há uns três anos atrás, o Mieong-Gil perdeu o controle enquanto bebia e espancou um homem até a morte, eu tava por perto naquela época, então cuidei de tudo até o Sr. Chun aparecer. Ele chamou um caminhão de três toneladas com um aquário dentro e levou o corpo. Pelo jeito que ele falou com o motorista parece ser uma coisa que acontece com frequência.

━━ Nomes.

━━ Eu não consigo lembrar mais nada.

Respiro fundo e não consigo conter a raiva, rasgo um soco em seu rosto, de forma que o sangue se espalhe por todo canto, e puxo a gola de sua camisa, deixando-o próximo ao meu rosto.

━━ Vem aqui, seu babaca, sabe o quanto a gente tá falando sério, né? Tem certeza que não lembra de mais nada?

Sinto mãos em meus ombros. É Geon-Woo. Volto meu olhar novamente a Jang-do e ele continua negando. Aproveitando que a salmoura está próxima a mim, pego um punhado de sal e enfio em sua boca. Ele grita, pois essa região também havia sido ferida.

━━ Hye-jin, chega. ━━ Doo-young diz. Eu o olho e demoro alguns segundos para soltar.

Assim que o faço, ando com passos rápidos para a parte de fora. Vejo alguns barris de alumínio de os chuto para longe, só de raiva. Grito e ponho a mão no rosto, frustrada.

━━ Hye-jin...

━━ O quê? O que tem eu, hein?

━━ Eu... eu só...

━━ Só queria ajudar? Como sempre. ━━ murmuro.

━━ Olha, pensa pelo lado positivo. Temos mais informações sobre o Mieong-Gil agora.

Ele tem razão.

━━ Sabe, eu entendo a sua frustração e agonia em tentar pegar ele logo, mas a gente não pode fazer uma coisa em cima da outra e muito menos sem um mísero plano, Hye-jin...

━━ Ótimo. Então o chefe Geon-Woo vai organizar tudinho com essa cara de coitadinho que você sempre faz.

Puta merda! Hye-jin, por que... por que você fez isso com ele? Não! Com o Geon-Woo, não!

━━ Geon-Woo, desculpa. Eu falei besteira. Não. Não era pra isso acontecer... desculpa, por...

━━ Olha, só pensa nisso que eu te disse, por favor. E sim, eu tô querendo te ajudar, sabe por quê? Porque eu gosto de você, eu nunca iria querer seu mal, de jeito nenhum. Agora vou te deixar sozinha, para esfriar a cabeça. E... cuidado com o que fala, isso pode machucar.

Ele sai e acaba me deixando sozinha. Respiro o ar puro que Seul tem a noite e começo a racionar o quão grossa fui com um cara que estava apenas tentando me ajudar.

Meu pai, como você consegue ser tão ignorante e burra, Hye-jin?! Burra!

Eu me agacho e fico nessa posição por um tempo até o pessoal começar a sair do galpão. Eles chamaram uma ambulância para o Jang-do e todos se preparam para irmos logo embora.

Eu vou no carro com Doo-young, Yang-jung, Woo-Jin e Geon-Woo enquanto o Sr. Choi vai com a Hyeon-Ju em outro veículo. No caminho, Doo-young e Yang-jung conversam sobre os métodos utilizados por Mieong-Gil para se eliminar uma pessoa, mas acabo não dando muita atenção. Estou sonolenta, então apoio minha cabeça no apoio do banco e fecho os olhos.

━━ Hye-jin, cunhada, você tá legal?

Ele é cuidadoso com as palavras, sei que ele não quer falar besteira.

━━ Vou ficar.

━━ O Sr. Choi chamou a gente para beber na casa dele. Vocês bebem, né, garotos? ━━ pergunta Doo-young. Woo-Jin e eu assentimos mas Geon-Woo, não. ━━ E você sabe beber, garoto?

━━ Sim, senhor!

━━ Olha, eu não bebo, senhor, mas posso servir e ficar com vocês. Seria um prazer.

Eu dou uma risinho. Amo o jeito dele.

Assim que chegamos, logo descemos para o porão. Geon-Woo me olha e eu retribuo o olhar. Eu não deveria ter falado daquela maneira com ele.

━━ Vamos nos preparar para os próximos passos. ━━ diz Yang-jung.

━━ Olha, a gente tá muito mais a frente que eles, por incrível que pareça. ━━ Hyeon-Ju responde. ━━ Conseguimos várias informações com o Jang-do, isso é um bom sinal.

Todos na sala assentimos.

Geon-Woo e Woo-Jin se cutucam. Woo-Jin se levanta e nos propõe um brinde e a partir daí todo começamos a beber, tirando Geon-Woo. Eu bebo um, dois, três... dez copos. Sinto-me tonta, mas continuo.

Troco as bebidas com a Hyeon-Ju; brinco com o Woo-Jin; como algumas frutas e observo Geon-Woo. Sempre tão educado, lindo, fofo... não merecia o que eu fiz. Tomo mais uns copos e resolvo subir.

    |● Divaas, demorei mas trouxe um capítulo novo. Espero que gostem!!!

    |● Pls, não ataquem a Hye-jin. Todos somos humanos e muitas vezes agimos por impulso em determinadas situações.

    |● Não esqueçam de interagir. Com grande carinho, Wendy.

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