
xxii. different
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Abri os olhos devagar tentando me acostumar com a claridade. Barulhos de aparelhos cardíacos, o teto branco. Claro, eu estou na ala hospitalar.
—Lily? — ouvi a voz de Katniss. Consegui enxergar seu rosto quando meus olhos se acostumaram com a claridade.
—O que aconteceu? — digo tentando me ajeitar na cama, outra pessoa me ajuda a me ajeitar. Era Finnick. Este que agora estava com o uniforme cinza do 13. Ele recebeu alta?
—Você teve uma queda de pressão. — respondeu o loiro. — Mas fica tranquila, está tudo bem, o bebê está bem. Você só dormiu por dois dias.
—Dois dias?! — pergunto assustada, arregalando os olhos. — Foi tão forte assim?
—Aparentemente, sim. — respondeu Katniss. — Você acabou se exaltando demais lá no 8, o que ocorreu na queda de pressão. Os médicos disseram que você precisa descansar mais e não fazer muito esforço físico, e nem se exaltar ou se estressar. A não ser que queira perder o seu bebê.
—Não, isso é tudo que eu não quero. — digo negando com a cabeça. — O pontoprop pelo menos ficou bom?
—Garota, você desmaiou por dois dias e quer saber do pontoprop? — perguntou Finnick incrédulo.
—Quero saber se pelo menos isso valeu a pena.
—Já está sendo rodado em todos os Distritos. Eu vi, ficou ótimo, você foi ótima! Mas espero que não façam isso novamente.
—Eles vão fazer, Kat. — começo a dizer. — Eu sou o Tordo, com certeza vão me jogar para a guerra que vai ter e eu não vou ter escolha.
Antes deles falarem alguma coisa, duas pessoas entram dentro do quarto. Olhei na direção dos dois. Effie e Haymitch. Effie veio quase correndo até mim e me envolveu em seus braços.
—Minha querida, eu estava tão preocupada com vocês. — disse com seu tom de voz preocupado. — Esse seu posto de Tordo está ficando arriscado e pode ficar mais ainda! Isso pode colocar em risco a sua vida e a do seu filho!
—Está tudo bem, Effie. — digo quando nos separamos. — Está tudo bem, eu escolhi ser o Tordo.
—Olha passarinha, por parte isso é culpa minha. Eu que dei a ideia de colocar você lá para o pontoprop, e... — o interrompi.
—Você não sabia que isso ia acontecer, Haymitch. Eu apenas iria ver os pacientes e isso aconteceu, não é culpa sua. Está tudo bem, o bebê está bem e é isso o que importa agora. — dou um sorriso fraco.
Mais tarde o médico me fez uma visita dizendo que irei ficar na ala hospitalar por alguns dias, mesmo eu dizendo que estava melhor, mas preferiu que eu ficasse em observação. Não discuti, eles sabem o que é melhor para mim. Aos poucos o quarto foi se esvaziando e fiquei sozinha.
—É bebê, está mais complicado do que imaginei. — digo enquanto olhava para a minha barriga e acariciava o local. — Sei que tudo que eu fizer pode prejudicar você, mas saiba que só estou fazendo isso para que tudo dê certo, meu avô cair, seu pai aqui do nosso lado. Espero que tudo isso valha a pena no final.
—Conversando sozinha? — ouvi a voz de Gale e olhei em sua direção. Ele se aproximou da cama e se sentou.
—Já estava me perguntando quando que você ia vir. — digo de um jeito meio ríspido. — Já que você está bem estranho comigo desde daquele dia.
—Eu só estou ocupado, sabe, eu tenho uma posição importante agora. Não estou com tempo para ficar de bobeira.
—Bom saber que Katniss e eu somos uma bobeira para você.
—Eu não quis dizer isso...
—Mas foi o que aparentou. Se acha que somos uma bobeira, por que veio me ver?
—Porque eu me preocupo com você, Lily. — disse, aparentemente estava sendo verdadeiro.
—Desconfio. Você disse que eu poderia muito bem ir para a guerra visto que estou grávida e não doente e ainda fica falando de aborto o tempo inteiro comigo. Parece que não se importa comigo como diz que se importa.
—Eu falo isso para o seu bem, Lily! Você está indo para uma guerra, acha que não estou preocupado? O aborto vai ser a melhor solução para isso! Você não vai estar arriscando um filho bastardo!
—E quem disse que meu filho é bastardo?! — me exaltei. — Acha que só porque não foi planejado que ele vai ser bastardo para mim?! Eu amo esse bebê, Gale! Independente se fosse plenajeado ou não! É uma parte de Peeta que ainda está comigo além dos presentes que ele me deu! É a única forma de sentir ele perto de mim!
—Peeta nem sequer está aqui, Lily! — ele começou a se exaltar também. — Essa coisa só está atrapalhando a sua vida! Você pode se prejudicar por causa dessa gravidez! Pode matar a si mesma e ao seu bebê por causa disso! Por isso que eu estou dando essa sugestão, para o seu bem.
—Para o meu bem ou para a sua vontade? — digo o encarando. — É o meu corpo e é o meu bebê! Eu que decido o que vou fazer ou não!
—Tudo bem! — ele se levantou irritado. — Mas quando você chorar porque perdeu essa coisa e prejudicar a si mesma, não diga que eu não avisei! Não é só a sua vida que está em risco, Lily. A vida de todos nós está, e isso porque você está agindo como uma menina mimada que só se preocupa com o seu próprio nariz! Estou falando isso porque eu te amo, e tudo o que eu quero é o seu bem! Você só tem dezessete anos, Lily, não merece mais um peso na sua vida.
E então, com passos pesados e irritados, Gale sai do quarto. As lágrimas começaram a cair, não lágrimas de tristeza, dessa vez são lágrimas de raiva. Ele mudou tanto de uns dias para cá, não parece mais o Gale que conheci na floresta, aos poucos ele está parecendo um estranho. Me ajeitei na cama para tentar dormir, mas novamente Peeta invade meus pensamentos, dessa vez de uma forma ruim. Em meus pesadelos, ele era torturado com choques na Capital.
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Alguns dia se passaram, e agora completei treze semanas de gestação. Nesses dias eu fiquei em observação na ala hospitalar, mas ao verem que eu estava bem decidiram me dar alta há dois dias atrás. Os enjoos haviam cessado um pouco, mas não completamente, então eu conseguia comer com mais frequência, bom, depende da comida, tem algumas que eu não consigo nem sentir o cheiro que o embrulho no estômago já aparece. Minha barriga estava crescendo a cada dia que se passa, mas ainda não dava para perceber que eu estou grávida, parecia mais uma barriga estufada após um banquete. Porém, se alguém que conhece meu corpo e reparar bem, consegue saber que estou grávida.
Eu estava indo para a ala hospitalar junto com Finnick. Katniss não ia conseguir acompanhar visto que em sua programação ela teria treinamento e não consegue faltar.
—Tem alguma ideia do sexo do bebê? — perguntou Finnick enquanto andávamos.
—Eu sonhei que era menino, posso estar completamente errada. Então por causa do sonho que eu tive, acho que é menino. E você?
—Por mais que eu queira menino por causa da homenagem que você irá fazer para mim, acho que é menina, mas também posso estar completamente errado.
—Vamos descobrir daqui a pouco.
Eu estava ansiosa para descobrir. Eu não me importo se for menina ou menino, contando que venha com saúde. Mas aquele sonho me faz ter quase certeza de que é menino e que faça eu querer que seja um, ainda mais se realmente vier a cara do Peeta, como em meu sonho.
Ao chegar na ala hospitalar, a médica conversou comigo sobre a gestação e logo depois fui para a maca fazer o ultrassom. Eu segurava a mão do Finnick por causa da ansiedade. Eu olhava atentamente o monitor, ele já está começando a ficar grande. Seu coração ainda batia forte e acelerado, indicando que ele ainda está bem. Mas mais uma vez a falta de Peeta ao meu lado se fez presente, ele ficaria tão feliz de ver o nosso bebê crescendo bem e saudável, assim como eu estou feliz. Respirei fundo para não começar a chorar e apertei mais a mão de Finnick.
—Ah que ótimo, dá para ver o sexo do bebê agora. — disse a médica ao olhar para o monitor. — Gostaria de saber, Lily? — imediatamente assenti com a cabeça. E se antes meu coração batia acelerado por causa da ansiedade, agora ele estava quase saindo pela minha boca. — É uma menina forte e saudável, parabéns. — ela disse com um sorriso.
Uma menina. Completamente diferente do meu sonho onde meu bebê era um menino. Eu sorri ao lembrar de uma lembrança de quatro anos atrás, onde Jeremy e eu estávamos na floresta do 12, mais especificamente, na beira do lago, eu tocava meu violão e ele sua sanfona, cantávamos juntos como se não ouvesse amanhã, os Tordos imitavam nossa canção ao nosso redor.
—Eles gostam da sua voz. — disse o ruivo olhando para o céu, onde os Tordos voavam e nos imitavam sem parar.
—Acho que eles gostam de nós dois cantando. Somos uma dupla perfeita, não é? — rimos.
—Você tem razão. — ele sorriu. — Sabe, você seria uma ótima mãe.
—Por que esse assunto do nada? Eu só tenho treze anos, Jeremy.
—Eu vi você esses dias cantando para as crianças do 12, você lida bem com crianças, tenho certeza que no futuro você seria uma ótima mãe. Sua filha iria amar sua voz e com certeza se tornaria uma cantora que nem você.
—Filha? Por acaso você tem uma bola de cristal para saber do futuro? — pergunto arqueando a sobrancelha.
—É só um palpite. Você tem cara de ser mãe de menina. — ele deu de ombros. — A criança que vai ser seu filho no futuro vai tirar a sorte grande. — sorriu e eu sorri também. — Claro, por ter uma mãe que nem você e um tio como eu. — dei uma gargalhada.
—Você é tão exibido. Mas tem razão.
Aquele assunto se encerrou ali. Jeremy realmente devia ter uma bola de cristal, já que agora estou grávida de uma menina, exatamente como ele disse. Apesar de eu ter achado que era um menino, essa surpresa de ser uma menina me fez ficar com uma felicidade genuína. Peeta iria ficar feliz independente do que seria, e com certeza seria um ótimo pai apesar de estarmos nessas circunstâncias, ele seria do tipo que ficaria a tarde inteira conversando com a minha barriga e distribuindo beijos a ponto de fazer algumas cócegas. Jeremy iria ser o famoso tio babão que toda menina sonha em ter, ele iria a mimar mesmo com a nossa péssima condição financeira, pequenos presentes que teriam maiores significados do que presentes caros. Duas pessoas que iriam amar acompanhar a minha gestação, mas que não estão aqui para isso.
—Eu disse, Lily! É uma menina! — disse Finnick animado. Sua animação me fez rir, já que me fez me lembrar de Jeremy, que com certeza teria a mesma reação.
A médica me entregou alguns papéis para fazer alguns exames necessários, além das imagens do ultrassom e depois me liberou. O sinal do almoço havia tocado e Finnick e eu fomos direto para o refeitório. Outro trato meu com a Coin foi bem sucedido, eles me dão mais comida do que eles dão para os outros habitantes do 13, as vezes recebo olhares tortos por isso, mas o que eu posso fazer? Estou grávida, é claro que tenho que comer em maior quantidade, ainda mais agora que os enjoos deram uma diminuída. Finnick e eu procuramos por um lugar no refeitório e logo encontrei Katniss, que estava com Gale, Effie e Haymitch. Me aproximei deles com passos rápidos e me sentei ao lado de Katniss, Finnick se sentou ao meu lado.
—E então? Descobriram o sexo do bebê? — perguntou Effie, aparentemente ansiosa.
—Sim. É uma menina. — digo com um sorriso, o que fez a mais velha soltar um gritinho animado, Katniss dar um sorriso animado e Haymitch dar um sorriso fechado. Gale estava com seu foco na bandeja de comida a sua frente.
—Eu pensei que era menino por causa do seu sonho! — disse Katniss.
—Vai ser uma menina linda visto que os pais são o verdadeiro significado da beleza! — diz Effie orgulhosa. — Uma pena que você não sabia antes que estava grávida, eu já teria preparado todo o enxoval, seria a coisa mais linda desse mundo! Agora a pequena vai ter que se submeter a essa vida de uniformes!
—Isso se ela não nascer depois que essa guerra acabar. Aí você pode se preocupar com o enxoval, Effie. — disse Haymitch com um tom de deboche o que fez Effie o encarar com raiva. — Já imagino as roupas cheias de fru-frus quando o ela for fazer o enxoval. — todos na mesa, com exceção de Effie e Gale caíram na gargalhada. — Com certeza ela vai ser muito mimada ao ver como o Peeta é.
—Tá, mas ele não está aqui. — murmurou Gale, fazendo todos nós o encarar. Eu revirei os olhos no mesmo segundo.
—Você deveria ficar feliz pela sua amiga, Gale. — Katniss o repreendeu. — Estamos todos compartilhando a animação com a Lily, o que custa você tentar fazer o mesmo pela amizade de vocês?
Ele apenas bufou e olhou na minha direção, com um sorriso totalmente falso.
—Parabéns, Lily, que venha com saúde. — disse e logo voltou a sua atenção para a sua comida.
Depois eu preciso ter uma conversa bem séria com Gale em relação ao jeito que ele está me tratando. Nem parece que é meu amigo.
—Já tem ideias de nome, minha querida? — perguntou Effie mudando de assunto. Eu neguei com a cabeça.
—Só tinha ideia para menino, seria Nick. Mas para menina não faço a mínima ideia...
—Vamos te ajudar com isso. — disse Katniss me olhando. — Vamos achar um nome que seja lindo e que você goste.
Assenti com a cabeça com um sorriso. Logo comecei a comer a minha comida. Eu estava faminta, mas não comia rápido demais. Na mesa todos nós conversávamos sobre vários assuntos, apenas Gale ficou calado na dele e depois saiu da mesa com sua bandeja, mas nem mesmo Katniss se importou em segui-lo.
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—Coin deixou nós irmos caçar na floresta. — disse Gale animado entrando em nosso compartimento.
Eu vi os olhos de Katniss brilhar quando ouviu isso. Ela ama caçar, eu sei disso. E é uma ótima oportunidade para ela fazer o que ela gosta.
—Pode ir, eu fico aqui. — digo com um sorriso e ela me olhou um pouco incrédula.
—E você vai ficar aqui? Vai ser bom você sair um pouco. — ela disse. — Não precisa ir caçar e nem andar com a gente, e nem é bom, você fica em um canto apenas para espairecer um pouco.
Eu não queria sair, mas até que ela está certa. A ideia é boa, eu só fico trancada aqui faz dias, e eu só sai para fazer um pontoprop que me resultou em uma queda de pressão. Assenti com a cabeça dizendo que ia com eles. Lembrei do quanto que eu amava compor na floresta, tanto sozinha, tanto ao lado do Jeremy, tanto ao lado das meninas. Olhei para o violão um pouco pensativa, e depois de alguns segundos peguei o violão e meu caderno de música. A floresta pode me dar a inspiração para alguma música, não é?
Saímos do compartimento e caminhamos em direção a saída para a floresta. Andamos quase pelo 13 inteiro até chegar onde queríamos. Eu fiquei perto de um riacho com cachoeira enquanto eles iam para o meio da floresta. Katniss me pediu, na verdade, ordenou para eu não ir para muito longe daquele riacho e que eles me encontrariam assim que acabassem. Eu me sentei em uma pedra e fiquei olhando o lugar. Era lindo. Mas o lago do Distrito 12 ainda era meu lugar favorito de longe. Meu pensamento novamente vai para Peeta, este que é o principal motivo dos meus pesadelos, tenho medo desses meus pesadelos serem totalmente reais. Nos meus sonhos, ele é torturado pela Capital ou morto pelos rebeldes. Já fazia tempo que não havia notícias dele, a última vez que o vi foi naquela entrevista. Como será que ele está? Sendo bem tratado na Capital ou o completo oposto? Eu odeio ficar sem notícias, ainda mais dele. Minha mão foi para o meu bolso onde a pérola que ele me deu estava, peguei o objeto e comecei a olhar, junto com o medalhão e a nossa filha, a pérola também era uma forma de lembrar dele. Tenho que focar no meu plano, ser o Tordo até seu resgate, ao ver que ele está são e salvo, irei colocar meu verdadeiro plano em prática. Se eles acham que vou apoiar a revolução do jeito deles, eles estão enganados, e muito enganados.
Respirei fundo e peguei meu violão, aquela floresta me deu inspiração para algumas notas. Meus dedos começaram a tocar as cordas do violão no ritmo que eu queria. Enquanto tocava, só pensava em Peeta, em como tudo isso que está acontecendo foi por minha causa. As pílulas na arena, eu praticamente brincando com seus sentimentos, a nossa noite na Turnê que por mim foi apenas por desejo e não por ter outros sentimentos de minha parte, eu explodindo a arena, e agora ele está na Capital, e sabe lá o que estão fazendo com ele. Mas tenho quase certeza que eles estão fazendo alguma coisa de ruim, tenho esse pressentimento, e o pior de tudo, ele está recebendo consequências de meus atos. Se eu tivesse apenas morrido na arena, nada disso teria acontecido. E o fato de eu ser o Tordo só complica mais a situação. Era eu que deveria estar naquele inferno, não ele. Peeta não tem culpa de meus atos.
—It's not your fault I ruin everything... — comecei a cantar com a voz baixa, um trecho que apareceu automaticamente na minha mente e que começou a combinar. — And it's not your fault I can't be what you need... Baby, angels like you can't fly down hell with me...
Sim, anjos como ele não podem voar pelo inferno comigo. Ele foi tudo o que eu preciso, meu conforto, minha paz, tudo que eu não tive por dois anos após a morte da minha família. Mas e eu? Eu fui tudo o que ele precisa? A resposta é bem simples, não. O que eu fiz com ele? Ah claro, o machuquei, e não foi pouco. E eu me sinto mais culpada ainda por sentir sua falta, de querer ter ele ao meu lado. Por que eu me sinto culpada? Simples, porque sinto que estou usando ele para suprir uma carência que só ele pode suprir e não porque tenho outros sentimentos por ele. Uma lágrima deslizou pelo meu rosto e imediatamente a limpei ao ver que Katniss e Gale se aproximavam.
—Eles nos querem de volta. — disse Gale. — Precisamos voltar.
Assenti com a cabeça e me levantei, pegando meu violão e meu caderno. Começamos a andar de volta para o 13. Resolvi acompanhar os dois até a cozinha para entregar as caças a Greasy Sae, que estava trabalhando lá. Meu olhar foi para a televisão assim que chegamos ao refeitório. Era outra entrevista, era Peeta! Peeta está lá! Coloquei minhas coisas em cima de uma mesa e me aproximei mais da televisão para ver o melhor.
—Ela era, sem dúvida, nosso tributo favorito. — ouvi a voz de Caeser. — E acho que o que mais surpreende a todos nós é que essa garota era adorada na Capital. E para você, Peeta, deve ser particularmente doloroso. — a câmera focou nas mãos de Peeta, que segurava uma rosa branca, parecia as rosas brancas que meu avô planta em seu jardim.
—Eu queria poder te dar essa rosa, Lily. — sua voz saiu um pouco fraca, o que fez um nó surgir em minha garganta.
—Ele mudou tanto. O que estão fazendo com ela? — digo com os olhos fixos na televisão.
O Peeta Mellark saudável de alguns dias atrás está longe de parecer com esse Peeta Mellark que estou vendo. O garoto com os seus olhos cor de mel que estavam sempre alegres e gentis, agora estavam tão tristes e fundos. Seu brilho não existia mais. A maquiagem tentou cobrir o inchaço sob seus olhos mas falharam nessa missão. Ele parece estar mais magro e desenvolveu um tremor nervoso nas mãos. Imediatamente os pesadelos dele sendo torturado na Capital vieram a minha mente. Será que eles estão fazendo isso? Não faz muito tempo que ele fez a primeira entrevista e aparentemente estava bem, por que agora ele está assim? Tão destruído e maltratado.
—Um gesto amável para uma garota que inspirou tanta violência. — Caeser começou a dizer. — Deve amá-la muito para perdoá-la.
—Ele está tremendo. — falei ao perceber que não eram apenas suas mãos que tremiam.
—Eu mesmo não conseguiria perdoar. A menos, é claro, que ache que esteja sendo forçada a dizer coisas que nem ela mesmo entende. — ele olha para Caeser, e pude ver melhor ainda seus olhos, o que confirmava o fato de eles estarem mais tristes e fundos.
—Sim, é exatamente o que eu acho. — sua voz ainda estava fraca e trêmula, diferente da voz doce do Peeta, o meu Peeta, que tinha a voz que sempre ouvia antes de dormir e que era como uma melodia calma e gostosa que eu amava ouvir.
—Até a voz está diferente. — digo ainda com os olhos fixos nele.
—Devem estar a usando para motivar os rebeldes. — ele continuou falando. — Duvido que ela saiba o que está acontecendo e o que realmente está em jogo.
—Olha, Peeta, duvido que os rebeldes deixem que ela nos assista. Mas se deixassem, o que diria a ela? Para Lily Snow, a que um dia foi a adorável Lily Snow. O que diria?
—Eu diria... Eu diria para ela refletir. — Caeser confirmou. Seu olhar intercalou entre Caeser e a câmera mas logo seu olhar se fixou na câmera. — Não seja tola, Lily. Sei que você nunca quis essa rebelião. As coisas que você fez nos Jogos jamais foram com a intenção de começar tudo isso. — vi seus olhos brilharem por causa das lágrimas que formavam. — Os rebeldes transformaram você em algo que você não é. Algo que pode destruir todos nós. — senti meus olhos arderem por causa das lágrimas que se formavam, mas respirei fundo para elas não começarem a cair. — Então, se tiver algum poder e influência, no que eles fazem ou como usam você. Por favor, deve persuadi-los a parar esta guerra antes que seja tarde demais. — sua voz nessa última frase saiu embargada e mais fraca do que antes. — E pergunte a si mesma se pode confiar nas pessoas com quem trabalha. — uma lágrima caiu de seu olho e isso fez com que uma também caísse de meu olho, mesmo eu tendo feito de tudo para isso não acontecer. — Sabe o que realmente querem?
—Temos que responder. — ouvi a voz de Gale e me virei imediatamente para ele.
—Obrigado, Peeta Mellark, pelas revelações sobre o verdadeiro Tordo. — disse Caeser na televisão.
—Você viu o aspecto dele? — pergunto um pouco incrédula.
—Tudo que eu vejo é um covarde.
Senti uma raiva subir para a minha mente. Um covarde? É isso?
—Covarde? Você por acaso sabe o que ele está passando para falar aquelas coisas? Sabe o que a Capital pode estar fazendo com ele? — digo elevando o tom de voz.
—E você? Sabe o que podem estar fazendo com ele?
—Eu, mais do que ninguém, sei o que eles podem fazer com uma pessoa. Peeta pode estar sendo torturado para falar essas coisas e você o chama de covarde. E você, Gale? Aguentaria o que ele está passando?
—Claro que aguentaria! Não falaria aquelas coisas nem com uma arma na minha cabeça!
—Aí é que está, você não aguentaria. — dou um sorriso irônico. — Você quase morreu por causa das chibatadas, acha mesmo que aguentaria uma tortura da Capital? Sinceramente, o verdadeiro covarde aqui é você!
—E lembre-se de uma coisa, Gale. — Katniss interfere. — Aquele é o mesmo Peeta que te defendeu no açoitamento!
—Não, não é. Só está protegendo a si mesmo. — ele volta a olhar para mim. — Sabe o que é incrível, Lily? Como você engravidou daquele cara? Como você teve coragem de se entregar para ele? Porque sinceramente, você foi burra. — arqueei minha sobrancelha. Burra? — Acha mesmo que ele vai querer essa filha bastarda que você carrega? Ele só está pensando em si mesmo e não em você! Essa coisa só está te atrapalhando e você não percebe isso! O aborto é a melhor solução para isso mas você não me escuta e prefere acreditar que ele vai assumir essa desgraça que vocês fizeram!
Se antes eu estava com raiva, agora eu estava dominada pela ira, o que fez eu não medir minhas ações. Levantei a mão e dei um tapa forte em seu rosto a ponto do som do estalo da minha mão com sua pele ecoasse pelo refeitório. Sua mão imediatamente foi para onde lhe dei o tapa, Gale estava com uma feição surpresa no rosto assim como Katniss. Acho que eles não esperavam essa minha reação.
—Nunca, jamais chame a nossa filha de bastarda, de coisa e de desgraça. — minha voz estava completamente alterada. — A não ser que você queira morrer pelas minhas próprias mãos.
Gale ainda me olhava com um olhar surpreso. O local onde lhe dei o tapa estava com uma mancha vermelha que aparentemente iria ficar por algumas horas devido a força. Respirei fundo ao sentir que uma tontura estava chegando junto com uma dor de cabeça, o que fez eu levar minha mão para minha têmpora.
—Lily, não se altere, pode lhe dar uma queda de pressão. — disse Katniss enquanto me abraçava de lado. — Vem, vamos voltar para o compartimento, você precisa descansar.
Assenti com a cabeça, mas antes de começarmos a andar, ouvimos um barulho de toque eletrônico, que vinha do comunipulso de Gale.
—Coin marcou uma reunião. Nós temos que responder.
—Desde quando "nós" virou você e Coin? — perguntou Katniss.
—Todos nós temos escolhas. Como pode ele na Capital defender as pessoas que destruíram sua casa e mataram sua família?
Foi com essa pergunta que um pensamento surgiu em minha mente. É claro, ele não sabe. A Capital não teria coragem de mostrar a todos o que fizeram com o 12.
—Ele não sabe. — digo e eles dois olham para mim. — Como poderia? Ninguém sabe o que a Capital fez com o 12. Eu tenho que mostrar a eles.
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Gente peço perdão pela demora, fiquei meio confusa em como escrever esse capítulo e afins, mas acho que deu certo e gostei do resultado😃
Vei e eu que fui para a escola hoje e não teve uma aula (?) a tia avisou que não teria professor, eu bem que voltei para casa, eu em😻
Uma coisa que tenho para falar para vocês: a fanfic do Finnick já tem tudo MENOS capa e playlist, pretendo postar quando Falling like Snow estiver quase no seu fim.
Outra coisa, vocês leriam uma fanfic do Mike Schmidt de FNAF? Tive uma ideia muito legal, mas não sei se teria leitor, caso tiver, postarei junto com a do Finnick, não terá tantos capítulos, será uma fanfic curta e com atualizações rápidas. Assim espero.
Ia falar que como minhas aulas voltaram iria dificultar um pouco na postagem de capítulos mas eu esqueci que minha escola em TODO começo de ano tem 300 aulas vagas, então de boa.
Vamos falar do capítulo agora? Vamos!
Lily vai ter uma menina! Muitos acharam que seriam menino por causa do sonho que ela teve, mas não! Vocês vão entender logo logo o porquê de eu ter escolhido menina😃
A nossa querida Snow fez o que todo mundo queria fazer, dar um tapa na cara do Gale😻
Ver a Lily sentindo falta do Peeta corta o meu coração. Nossa pequena está sofrendo tanto😭
Uma coisa, a Lily achava que o Gale era tipo o Jeremy para ela, mas mal sabe ela que o verdadeiro Jeremy é o Finnick! Jeremy e Lily eram a definição de "almas gêmeas nem sempre são um casal" assim como ela e o Finnick! Pretendo fazer vários flashbacks deles dois juntos para vocês verem o quão lindo era eles dois😃
Ressaltando uma coisa aqui, não é um spoiler, espero eu: não pretendo seguir o enredo original dos filmes/livros até certo ponto da fanfic, então não se acostumem com o fato da Lily ser o Tordo porque não, não vai ser igual o original, bele? Bele!
Inclusive quem tiver teorias do que ela vai fazer, podem deixar nos comentários, quem acertar ganha um pix de dois reais (que é tudo o que eu tenho KAKALALAKAKAKKA)
Peço desculpas pelos erros ortográficos, tento ao máximo evitá-los mas tem vezes que passa completamente despercebido.
Vejo vocês no próximo capítulo💜✨️
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