Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

𝐒𝗈𝖻 𝗈 𝗈𝗅𝗁𝖺𝗋 𝖽𝗈𝗌 𝖺𝗇𝗃𝗈𝗌

BLAIR ELIZABETH SINGER

Blair estava imersa em um turbilhão de emoções, tentando assimilar o peso de sua herança demoníaca. A verdade de sua origem a atormentava, e ela se sentia perdida, assustada com a possibilidade de perder a si mesma, de deixar de ser quem sempre foi. Mesmo sem ter escolhido, agora era parte do apocalipse, e essa realidade parecia maior do que poderia suportar.

Sentia-se também profundamente magoada com seu pai. Não que o culpasse, mas a mágoa a consumia em silêncio, alimentada pelas revelações e pelo ressentimento de segredos que, para ela, mudavam tudo. Somando-se a isso, havia uma dor latente por Sam, um sofrimento que ela carregava quieta, mesmo que ele nem desconfiasse. A junção de tudo deixava suas emoções à flor da pele, e cada pensamento parecia mais pesado e difícil de suportar.

Ela precisava de um tempo longe de Sam e Dean, um momento para se recompor e esclarecer as próprias questões. Foi para casa, onde esperava encontrar alguma paz e descansar um pouco. Talvez depois se juntasse aos irmãos em outro caso, mas, por enquanto, queria estar com o pai.

No quarto, Blair estava sentada na cama, com Lorde deitado ao seu lado e a cabeça dele descansando sobre sua coxa. Ela afagava o pelo do animal, um leve sorriso escapando enquanto se lembrava do dia em que o ganhou de Castiel. De repente, Matthew entrou sem bater, e ela ergueu o olhar na direção dele, sério, quase repreensivo.

— Você não sabe bater, não?

— Foi mal aí — ele respondeu com um encolher de ombros. — Só vim avisar que o pai chegou, como você pediu. Falei que você quer conversar com ele.

Bobby se aproximou da porta, segurando um molho de chaves. Matthew ergueu as mãos em um gesto de rendição e deixou o quarto, dando espaço para que o Singer entrasse. O ambiente estava razoavelmente arrumado, já que Blair também não estava ali há muito tempo. Bobby caminhou até a cama com passos lentos e se sentou ao lado dela.

— Não esperava ver você em casa tão cedo. Então, o que quer conversar comigo? Seu irmão mencionou alguma coisa. — Ele lançou um olhar curioso para ela e fez uma careta. — Ah, Blair, tira esse pulguento da cama.

— Ele não tem pulgas! — ela respondeu, continuando a acariciar o pelo de Lorde com carinho. — Eu já sei de tudo.

Bobby franziu o cenho, claramente confuso. — Do que você está falando?

— Eu sei quem é minha mãe, Castiel e Lanael mandaram Dean e eu de volta no tempo. Nós vimos vocês… jovens. Você, Mary e John.

Ele engoliu seco, levando a mão à cabeça e coçando-a por cima do boné, como fazia sempre que se sentia desconcertado.

— E o que exatamente vocês viram lá?

— Dean achou que pudesse mudar o que aconteceu com Mary, mas os anjos nos disseram que bagunçaríamos o futuro. — Blair fez uma pausa, respirando profundamente, tentando organizar as palavras. — Eles também disseram que devíamos impedir algo... Eu não entendia o porquê de eu estar lá. Afinal, era o lance do Dean, não o meu. Mas aí, percebi que precisava descobrir alguma coisa. E eu descobri.

Bobby suspirou, apoiando as mãos sobre os joelhos. Ele parecia perdido, como se procurasse por palavras que nunca foram fáceis de dizer. Nunca teve coragem de contar tudo a Blair e, agora, vendo que ela sabia, imaginava que sua filha estava magoada.

— Mas como exatamente você descobriu? — ele perguntou, olhando-a com preocupação.

— Porque Azazel disse! — afirmou, sentindo o peso daquelas palavras.

— Azazel? — Bobby repetiu, claramente confuso.

— Sim. Ele estava lá, fazendo pactos com as pessoas para ir até os bebês delas no futuro. Como ele fez com Sam... — Blair suspirou, revivendo a lembrança amarga. — Azazel disse que podia sentir o meu cheiro, que eu era especial... o primeiro selo. Ele sabia quem eu era, sabia que eu era filha dela, da Lillith. Eu nem tinha nascido ainda, mas tudo estava predestinado. Por isso ele sabia.

Bobby franziu o cenho, tentando absorver tudo.

— Primeiro selo do apocalipse?

Ela assentiu, levantando os olhos para encarar o pai. Seus olhos estavam marejados, e sua expressão se fechava aos poucos, revelando a dor e frustração que ela tentava esconder.

— Eu só descobri que Elizabeth estava possuída depois que você nasceu, foi um choque. Mary me ajudou a lidar com tudo.

Blair olhou para ele com uma mistura de tristeza e gratidão.

— E mesmo assim, você quis ficar comigo e me criar? Por quê?

Bobby a encarou com um olhar firme e sincero.

— Você era só um bebê, Blair. Não tinha culpa de nada, nunca teve. O que eu poderia fazer, senão cuidar da minha própria filha?

— Bom, poderia ter contado, para início de conversa.

— E como eu poderia dizer isso? Eu tentei, Blair, juro que tentei. Mas eu não sabia como, e tinha medo da maneira que pudesse reagir.

— Medo do que exatamente? — Ela se afastou, o olhar carregado de ressentimento. — De que eu saísse por aí causando o fim do mundo? Medo de que eu cumprisse o que nasci pra fazer, não é?

— É claro que não, Blair! — Bobby exclamou, incrédulo, os olhos fixos nela. — Eu conheço você, sei do seu coração e jamais teria medo da minha própria filha, nem pensaria que você poderia ser um monstro.

Blair ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços firmemente. — Será que conhece mesmo, pai?

— Sim, eu conheço! — ele afirmou, a voz firme. — Conheço o suficiente para saber que você não machucaria uma mosca, mesmo que fosse você ou ela. Conheço o suficiente pra saber que, mesmo depois de descobrir tudo isso, você não vai mudar.

— Mais alguém sabe disso?

— O seu irmão sabe!

— Então quer dizer que você conta ao Matthew, mas esconde de mim por anos? Aquele pirralho sabe mais de mim do que eu mesma.

— Eu errei, eu sei disso! Não deveria ter escondido  por tanto tempo, mas não pense que foi porque eu tinha medo de você. Nunca tive e nunca terei. — Ele suspirou, fixando o olhar nos olhos dela, carregado de arrependimento. — Me arrependo de ter escondido isso, mas jamais de ter te criado.

Blair o encarou, e o que antes eram apenas olhos marejados logo se transformou em lágrimas que escorriam livremente. Sem conseguir conter mais o que sentia, ela se aproximou do pai e o envolveu em um abraço apertado, repousando a cabeça sobre o ombro direito do mais velho. Bobby, sentindo o peso daquela emoção, a apertou contra si, afagando-lhe as costas enquanto ela chorava sem parar. Ele poderia ficar ali por horas, se fosse necessário; nada para ele era mais importante do que estar ao lado dos seus filhos quando precisavam.

Blair afastou-se um pouco, apenas o suficiente para encarar o rosto do pai novamente. Sua expressão estava marcada pelo choro, o rosto vermelho e encharcado pelas lágrimas.

— E se eu mudar? Se eu machucar você e as pessoas que amo? E se eu não puder evitar que esse mal tome conta de mim? — Sua voz saiu entrecortada pelos soluços enquanto tentava controlar a respiração.

Bobby levou o polegar até o rosto dela, enxugando as poucas lágrimas que ainda escorriam. — Eu sei que isso não vai acontecer, filha. — Sua voz era firme, mas cheia de carinho. — Tenho certeza de que você usará isso para fazer o bem, talvez até para impedir o apocalipse.

Blair deu de ombros, tentando manter a compostura.

— Se é que é possível. Talvez o apocalipse tenha que acontecer. — comentou, pensativa. — Castiel me disse que outros anjos viriam atrás de mim, mas ele quer me proteger.

— Aquele anjo de sobretudo quer te proteger? Por quê?

— Acho que nem ele sabe responder. Mas parece que ele quer sempre estar por perto.

Bobby bufou, revirando os olhos. — Não acredito! Esse anjo está com segundas intenções pra cima de você!

— Que isso, pai? Castiel parece um bebê! Ele não entende muito sobre os humanos, muito menos sobre coisas carnais. — Blair riu, rebatendo.

— Você acredita mesmo nisso? Esse anjo é um safado.

— Você não o conhece. Ele é realmente certinho e inocente.

— De boas intenções o inferno está cheio, minha filha. — retrucou Bobby, dando uma risada seca. — Mas e o Sam?

— O que é que tem ele?

— Depois daquele dia, vocês continuaram... bom, você sabe.

Blair soltou uma risada, cruzando os braços.

— Isso não é da sua conta, Singer! — brincou. — Acho que ele deve estar saindo com alguém, sei lá. — Fez uma pausa, suspirando. — Ele mudou depois do que aconteceu com Dean. Tá sempre escondendo algo. Mas, enfim, deixa pra lá.

— E o anjo? — Bobby a observou, perspicaz.

— O que é que tem ele? — Ela arqueou a sobrancelha.

— Já pensou que talvez ele tenha se apaixonado por você?

Blair piscou, surpresa. — E anjos podem se apaixonar?

— Não faço a menor ideia, mas se ele é como um bebê, então pode aprender, não?

— Que papo mais torto, senhor Singer! — Ela balançou a cabeça.

— E se ele quisesse ficar com você?

— Castiel tem um charme... não vou negar. — Blair deu uma risada, relaxada.

— Eca! — Bobby fez uma careta.

— Ué, o senhor perguntou e eu respondi!

Ele balançou a cabeça, rindo consigo mesmo. — O senhor está no céu!

Blair soltou uma risada nasalada e se levantou, caminhando até a estante de livros. Enquanto organizava alguns exemplares, parou por um momento, virando-se de frente para o pai e se escorando contra o móvel.

— Tem uma coisa que eu nunca contei também. — disse, o olhar fixo em Bobby, mas com uma ponta de hesitação.

Ele a observou atentamente, levantando uma sobrancelha.

— O quê? — indagou, curioso e cauteloso ao mesmo tempo, já esperando algo inesperado vindo dela.

Blair respirou fundo, como se ponderasse as palavras.

— Eu sempre senti que tinha algo mais em mim. Algo que não fazia sentido, uma escuridão que eu tentava ignorar. — Ela abaixou o olhar brevemente, antes de encará-lo novamente. — Mas só agora tudo isso está se encaixando.

— O que você quer dizer com isso? — indagou Bobby, com um tom de ansiedade crescente.

— Eu achei que era coisa da minha cabeça. Ou talvez resultado de algumas vezes que... exagerei um pouco na bebida, pra variar.

— Aonde quer chegar com isso? — Ele se levantou, o rosto tomado pela preocupação.

— Pai, o que exatamente seres como eu podem fazer?

Bobby balançou a cabeça devagar, um misto de desconfiança e compreensão no olhar.

— Você está querendo dizer que...

— Não! — ela o cortou rapidamente. — Eu não matei ninguém, se é isso que tá pensando!

— Não era bem isso que eu ia dizer...

— Então o que era? — Ela o encarou com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Sei lá... que talvez você tenha começado a mover coisas? Sem nem encostar nelas?

— Como eu disse, achei que era coisa da minha cabeça. Além disso, eu também pensava que era só por causa do que a gente vê no dia a dia. — Blair lançou um olhar para a cruz pendurada na parede, que, sem ela precisar tocá-la, lentamente a virou de ponta-cabeça. — Coisas assim... — disse ela, apontando para o objeto. — E, aliás, fui eu que quebrei sua janela.

Bobby a encarou, incrédulo. — Como você fez isso?

— Então... — ela hesitou, balançando levemente de um lado para o outro. — É até engraçado.

— Fala logo, Blair!

— Quando essas coisas começaram, eu precisava ter certeza de que não era coisa da minha cabeça. Então, eu olhei para a janela e pensei: "será que consigo quebrar?" E aconteceu.

— E aí você deixou todo mundo achando que foi seu irmão? — ele perguntou, olhos semicerrados.

— Não, não! Eu disse que provavelmente tinha sido ele, o que é diferente.

— Certo... mas você só mentalizou e aconteceu?

— Basicamente.

— E você achou que isso era normal?

Ela deu de ombros, com uma leve careta. — Vai que era só coincidência, né? Mas você, mais do que ninguém, devia imaginar que mais cedo ou mais tarde isso ia acontecer.

Bobby soltou um suspiro pesado. — Talvez... mas achei que, quando acontecesse, você ia vir até mim assustada.

— Eu deveria ter feito isso, ao invés de achar que poderia lidar com tudo sozinha. — Blair suspirou. — Me desculpe, pai, eu devia ter te procurado...

— Você pode contar comigo para qualquer coisa, filha.

— Até mesmo se eu disser que você vai ser avô? — Ela brincou, soltando uma risadinha.

Bobby parou por um momento, fechando a expressão e cruzando os braços com rapidez.

— Eu tô velho, mas nem tanto assim, tá? — Ele riu, balançando a cabeça.

— Vovô Bobby! Soa bem, né? — Ela continuou a provocá-lo, sorrindo de canto.

— Okay, talvez eu tenha gostado! — Ele cedeu, com um sorriso brincalhão.

Blair seguiu rindo, observando o pai se dirigir até a porta.

— Pai... — Ela o chamou.

— Diga! — Ele se virou rapidamente, olhando para ela.

— Você acha que tudo isso poderia ter sido resolvido há muito tempo, se eu tivesse te procurado antes?

— Teria sido o momento certo para eu te contar tudo, mas o importante é que não é mais segredo, e as coisas não vão mudar.

Blair balançou a cabeça, compreendendo enquanto passava as mãos pelos braços, pensativa.

— Só vê se não vai sair quebrando as coisas pela casa. — Ele riu.

— Não prometo nada, mas vou tentar! — Ela respondeu com um sorriso travesso.

— Bom, eu e seu irmão vamos ajudar um amigo em outra cidade. Quer vir com a gente?

— Não, pai, vou ficar bem aqui.

— Tem certeza?

— Tenho sim! — Ela afirmou, caminhando até ele e dando-lhe um beijo na bochecha para se despedir.

{...}

Depois de uma conversa tão longa, cheia de revelações, risadas e até algumas lágrimas, Blair simplesmente adormeceu. Seu cão, sempre leal, permaneceu ao seu lado, deitado sobre o pé da cama, como se soubesse que ela precisaria de companhia. Quando acordou, o sol já se punha, tingindo a janela de tons alaranjados. Seus cabelos estavam bagunçados, e ela usava uma camisa listrada – uma das de Sammy – e um pequeno short. Seu celular estava ao lado na mesinha, cheia de chamadas perdidas. Sam e Dean tinham tentado, mas ela não estava com paciência para lidar com isso agora. Eles podiam resolver sozinhos, seja lá o que fosse.

Blair se espreguiçou e, com um suspiro, prendeu os cabelos em um rabo de cavalo improvisado. Levantou-se e foi em direção à cozinha. Lorde, o cão, a seguiu ansiosamente, claramente faminto, rondando seus passos e soltando latidos ocasionais enquanto ela se dirigia ao armário. Com a ração na mão, Blair colocou a comida na tigela e se afastou para deixar o cão comer em paz.

Ela fez um leve carinho em Lorde, que estava absorto em sua refeição, e seguiu para o banheiro. Parando em frente ao espelho, Blair apoiou as duas mãos sobre a fria cerâmica da pia, encarando o próprio reflexo. Observou os detalhes do seu rosto, como se procurasse algo que sempre esteve lá, mas que só agora fazia sentido.

Ela girou a torneira, colocou um pouco de creme dental na escova e começou a escovar os dentes, ainda fixando os próprios olhos no espelho. Então, por um instante perturbador, seus olhos se tornaram completamente brancos – iguais aos de Lilith. Um arrepio subiu pela sua espinha, e o susto foi tanto que largou a escova, limpou a boca às pressas e saiu do banheiro quase tropeçando, fechando a porta atrás de si. Seu coração batia com força, cada batida ecoando como um tambor em seus ouvidos, como se quisesse escapar do peito.

— Que merda! Estou começando a achar que deveria ter ido com eles... — murmurou, esfregando as mãos pelo rosto, tentando afastar a sensação de que algo estava terrivelmente errado.

De repente, um som abafado reverberou pelas paredes da casa. Passos furtivos, talvez? Cada ruído parecia mais próximo, como se alguém estivesse rodeando o lugar. Blair prendeu a respiração, sua mente passando rapidamente pelos rostos familiares: seu irmão, seu pai, Sam, Dean, Lizzie... Mas nenhum deles se encaixava. Não tinha ouvido motor algum, então quem quer que fosse, havia chegado a pé.

Blair correu para o quarto, pegou a arma debaixo do travesseiro e destravou o gatilho. Com passos cautelosos, se aproximou da porta de entrada, mas, antes que pudesse girar a maçaneta, sentiu uma mão pousar em seu ombro. Ela se virou lentamente, já reconhecendo aquele toque familiar.

— Podia bater na porta, né? — suspirou, travando o gatilho e abaixando a arma.

Castiel estava ali, segurando uma enorme caixa de pizza.

— Eu não preciso bater. Não sou humano — disse ele, sem entender a necessidade.

Ela revirou os olhos, guiando-o até a cozinha.

— Tá, mas e se eu não estivesse sozinha?

— Ah, mas eu sabia que estava.

— Sabia? — ela cruzou os braços, o encarando. — Anda me espionando?

Ele manteve a expressão séria, mas um leve sorriso apareceu no canto da boca.

— Só queria garantir que você estava bem. — respondeu, estendendo a pizza para ela. — Lembro que disse que gostava de pizza, então eu trouxe. A atendente perguntou o sabor, mas eu não sabia qual você preferia, então pedi uma fatia de cada... Deve ser por isso que acabou ficando tão grande.

— Você... trouxe pizza pra mim? — Blair gaguejou, com os olhos começando a brilhar.

— Sim, eu trouxe! — respondeu Castiel, confuso. — Mas... você está chorando? Não gostou? Achei que...

Ela o interrompeu, colocando um dedo sobre os lábios dele. Uma lágrima solitária escapou, mas Blair rapidamente a enxugou.

— Gostei, Cass. Gostei muito!

— Então, por que estava chorando? — ele perguntou, tombando a cabeça, ainda confuso, daquele jeito característico dele.

— Coisas de mulher, sabe? Você não entenderia... — ela sorriu, pegando a caixa das mãos dele e se encaminhando para o quarto.

Castiel a seguiu, parando na entrada enquanto ela se sentava na cama e abria a pizza. Blair olhou para ele e fez um gesto com a mão, chamando-o para se juntar a ela.

— Vai comer comigo, né? Porque isso aqui é grande demais pra eu dar conta sozinha.

— Anjos não precisam comer, nem dormir... — ele começou, caminhando lentamente até a cama e se sentando ao lado dela.

— Mas isso não significa que você não possa. — Ela lhe entregou a fatia de pizza havaiana, incentivando-o.

— Tudo bem... — Castiel pegou a pizza, ainda hesitante, e deu uma mordida pequena. Ele mastigou devagar, depois olhou para ela com uma expressão surpresa. — Isso é... realmente bom.

Blair sorriu ao ver a reação surpresa de Castiel e pegou a fatia de pepperoni para si.

— Eu gosto de todos esses sabores que você trouxe. — falou antes de dar uma mordida e saborear. — Bonzão!

— Acho que acertei, então. — ele esboçou um sorriso discreto, observando-a com atenção. — Você está bem?

— Eu diria que não completamente... mas acredito que, com o tempo, tudo vai se ajeitar. — respondeu, tentando soar confiante.

— Por que não está com Sam e Dean? — perguntou Castiel, dando mais uma mordida na pizza.

— Queria vir pra casa, conversar com meu pai, colocar algumas coisas no lugar... dar um tempo pra minha cabeça. Mas, logo estarei com eles de novo.

— É bom estar com eles; assim podem te proteger se eu não estiver por perto.

— Só pra constar, eu sei me proteger sozinha. Não preciso deles! — respondeu com um toque de desafio.

— E de mim? — ele questionou, levantando uma sobrancelha.

Blair sorriu de leve, com um brilho nos olhos.

— Se for só pra me proteger, não preciso de você também. Mas... eu gosto de conversar com você.

— Eu também gosto de conversar com você, Blair. — respondeu esboçando um sorriso suave.

Os olhos dele pareciam ganhar uma vida própria, brilhando de uma forma diferente, mais sutil e calorosa, quase como se fossem humanos por um momento. Não era aquele brilho celestial que Blair costumava ver nos anjos; era algo mais íntimo, como se ele estivesse completamente presente, genuinamente gostando de estar ali, apenas na companhia dela.

Blair percebeu o brilho nos olhos de Castiel e, de alguma forma, aquilo a agradava. Ele tinha uma forma de olhar para ela que, apesar de ser tão puro e sem segundas intenções, a fazia sentir algo especial. A ideia de que seu pai estivesse certo sobre o anjo se apaixonar por ela passou pela sua mente com mais força do que imaginava. Não era algo simples, como uma paixão à primeira vista, mas havia ali algo profundo, algo que Castiel provavelmente ainda não conseguia entender ou reconhecer em si mesmo. E isso, de alguma forma, a fazia sorrir.

Ela também, não podia ignorar o que sentia por Sam, algo que sempre esteve ali, silencioso, mas intenso. Cresceram juntos, compartilharam tantos momentos, e de alguma forma, ela sempre soube que o que sentia por ele era diferente. Mas ele nunca parecia ver isso da mesma forma. O que havia entre eles sempre foi uma relação de transas casuais, sem compromissos, sem promessas. Quando Dean foi para o inferno, foi como se os dois estivessem se procurando em algum lugar no meio da dor, mas mesmo assim, algo os impedia de dar o próximo passo. Talvez fosse o medo de arriscar uma amizade que já existia há tanto tempo. Ou talvez Sam até soubesse o que ela sentia e simplesmente nunca falou.

No fundo, Blair sabia que talvez fosse isso: um ciclo que se repetia, sem fim, sem começo, e provavelmente, sem um futuro. E apesar de tudo, isso a deixava com um gosto amargo, como se estivesse sempre à margem do que poderia ser.

— Aconteceu alguma coisa? — Castiel perguntou, percebendo que Blair parecia distante, absorta em seus pensamentos.

Ela olhou para ele, hesitante, e então perguntou, a voz baixa:

— Posso te fazer uma pergunta, Castiel?

— Claro, pode perguntar o que quiser.

Blair engoliu seco antes de continuar. — Você... você gosta de mim?

Castiel ficou em silêncio por um momento, como se estivesse tentando entender a pergunta.

— Nós, anjos, não sentimos afeto da mesma forma que os humanos. Nosso propósito é servir aos céus, nada mais.

A Singer ainda com os olhos fixos nele, recostou-se um pouco, afastando a caixa de pizza entre eles. Ela tirou a metade da fatia de Castiel das mãos dele e deixou sobre o papelão da caixa, fazendo o mesmo com a sua, como se quisesse que ele refletisse mais sobre suas palavras.

— Mas e quando me viu pela primeira vez? Você parecia... encantado. Como se algo em mim tivesse chamado sua atenção. O que foi isso? — perguntou, sua voz tentando disfarçar a curiosidade.

Castiel olhou para ela, claramente confuso, ainda tentando entender.

— Eu... não sei. Só sei que havia algo em você, algo que me fez querer ficar por perto. Mas eu realmente não consigo entender o porquê…

— Você sabe o que isso significa, né? — ela perguntou, baixando a voz, mais para si mesma do que para ele.

Castiel a olhou com um leve franzir de testa, ainda confuso.

— O quê? — ele respondeu, sem entender exatamente onde ela queria chegar.

Blair suspirou, a sensação de que havia uma linha invisível entre eles parecia mais nítida a cada palavra não dita.

— Você... talvez esteja começando a sentir algo que os anjos não deveriam sentir. — Ela sorriu, de forma suave, quase como se fosse uma constatação, não uma acusação.

Castiel permaneceu em silêncio por um tempo, absorvendo suas palavras. Ele não sabia como responder a isso, mas a sensação que ela causava nele era algo que ele não conseguia ignorar. Ele sabia que não deveria, que não era isso que ele deveria fazer ou sentir, mas não conseguia evitar.

A atmosfera no quarto estava densa, e a proximidade de Blair com Castiel fazia o tempo parecer suspenso. Ela se aproximou ainda mais, seus olhos fixos nos dele, e sussurrou com um tom quase provocante.

— E o que você sente quando eu estou tão perto assim? — ela perguntou, seu rosto agora tão próximo do dele que quase podia sentir a respiração do anjo. Então, com um movimento suave, curvou-se, deixando seus lábios perto do ouvido de Castiel. — Você gosta?

Castiel sentiu uma onda de arrepio percorrer sua casca, algo que, de algum modo, o afetou profundamente. Ele não entendia o que estava acontecendo, mas sabia que aquilo não era nada ruim, pelo contrário, parecia algo bom, muito bom.

— Por que está tão perto? — ele perguntou, tentando manter a calma, mas seus olhos não se desviaram, como se ele estivesse tentando se manter firme, como se o toque de Blair não o afetasse.

Blair se afastou o suficiente para olhar em seus olhos, uma leve risada escapando de seus lábios. Com um gesto suave, ela colocou uma mão em cada lado da face de Castiel, sentindo a textura fria de sua pele celestial. Lentamente, se aproximou mais uma vez, dessa vez tocando os lábios dele com os seus, o beijo começando com suavidade, como se fosse uma descoberta.

Castiel não estava preparado para isso, mas não conseguiu se afastar. Ele sentiu seu corpo, o seu ser, se mover de forma quase instintiva. Seus olhos se fecharam lentamente enquanto ele seguia o ritmo dela, imerso naquela sensação nova, desconhecida. A língua dela tocou a sua com delicadeza, e o som do beijo ecoou pela sala, reverberando em cada canto, como uma melodia que ele nunca soubera que desejava ouvir.

Algo em seu ser despertava com cada movimento, com cada troca de respiração e toque. Castiel estava completamente perdido na experiência, sem saber o que fazer, mas também sem vontade de se afastar. Ele estava aprendendo, e, por mais que não soubesse o que estava acontecendo, sabia que isso tinha um grande significado.

Blair se afastou lentamente, com um sorriso discreto nos lábios. Ela gostava daquela sensação e, ao que parecia, ele também, já que não recuou e não disse nada sobre aquilo ser errado. Ela levantou o olhar, deixando um selinho nos lábios dele.

Castiel, com uma expressão suave, não parecia nem um pouco desconfortável, apenas surpreso, como se estivesse experimentando algo novo e interessante. Ele sorriu de volta e colocou sua mão sobre a dela, que estava repousada no colchão.

— Gostou de me beijar? — perguntou, a curiosidade visível em seu tom, querendo ouvir isso dele, mesmo que já imaginasse a resposta.

— Essa coisa de beijo que vimos aquele casal fazendo... — ele disse, o sorriso ainda no rosto. — É boa, eu... gostei. Mas Blair, eu não deveria... isso não é certo.

Ela riu suavemente, balançando a cabeça.

— Não tem nada de errado, Castiel — respondeu com confiança, seu olhar fixo no dele, transmitindo uma sensação de tranquilidade.

O anjo ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre o que ela disse, mas logo o sorriso voltou ao seu rosto e ele desviou o olhar para a pizza.

— Eu posso comer mais disso? — ele perguntou, apontando para a caixa com um brilho nos olhos. — É bom!

Blair soltou uma risada nasalada, divertida com a ingenuidade dele.

— Claro que pode! E olha, acho que essa pizza é oficialmente a sua primeira refeição... e que refeição, hein?

Ela sorriu para ele, enquanto pegava mais uma fatia e oferecia. Castiel pegou com um pouco mais de entusiasmo agora, apreciando a simplicidade daquele momento. Era algo diferente, mas agradável, e ele não queria que aquilo acabasse tão cedo.

Blair se deitou de bruços na cama, os cotovelos apoiados no colchão e as mãos segurando suavemente seu rosto, enquanto observava Castiel com um sorriso ladino. Seu corpo relaxado, com os pés balançando levemente no ar, dava a entender que ela se sentia completamente à vontade ao lado do anjo.

— É engraçado ver você comendo. — comentou com um brilho no olhar.

— Isso é ruim? — perguntou Castiel, ainda mastigando.

— Não, pelo contrário! — ela riu. — Mas, vem cá, eu não sabia que anjos tinham dinheiro.

— Dinheiro? — ele franziu a testa.

— É, dinheiro! — ela confirmou. — Você pagou por essa pizza, não foi?

— Eu não tinha dinheiro, mas fiz uma coisa.

— Ah, é? E o que você fez?

— A atendente tinha um câncer, mas agora não tem mais.

— Então, você a curou? — Blair ficou impressionada.

Castiel assentiu calmamente, enquanto dava mais uma mordida na pizza.

— Ela ficou muito feliz! — comentou, como se fosse algo simples.

— Ela te contou que tinha um câncer?

— Não precisava, nós anjos sabemos dessas coisas.

— Sério?! Nossa, isso é incrível! — ela sorriu, intrigada. — E você vê algo em mim? Se é que ainda posso ficar doente, agora que sei que não sou totalmente humana.

Castiel parou por um instante, observando-a com uma expressão suave.

— Você tem um lado humano, Blair, e ele é o mais forte. — ele disse calmamente. — Mas não vejo nada físico que eu precise curar.

— Nada físico? Então existe algo além disso?

— Não é exatamente uma doença. É mais como... tristeza, medo e confusão.

Blair engoliu seco, surpresa com a resposta dele. A expressão do anjo era serena, mas havia uma profundidade em seus olhos que deixava claro que ele a entendia mais do que ela imaginava. A Singer desviou o olhar por um momento, mordendo o lábio enquanto assimilava aquelas palavras.

— Eu... eu nem sabia que dava pra "ver" esse tipo de coisa — murmurou, meio sem jeito, tentando disfarçar o quanto aquelas palavras a afetavam. — Mas é, talvez eu tenha uma carga extra desses sentimentos…

— Você tem pessoas que se importam com você, que te amam. Seu pai, seu irmão... os Winchester. Isso ajuda, né?

Blair assentiu com um sorriso quase imperceptível, os olhos refletindo uma breve suavidade.

— E você, Cass? Se importa comigo?

— Eu me importo até mais do que deveria..— respondeu, limpando a boca com o antebraço, num gesto despretensioso.

Sem dizer mais nada, Blair levantou-se, e deu um beijo leve na bochecha dele. Então, saiu do quarto, indo em direção à cozinha. Castiel, intrigado, a seguiu de perto, quase como um filhote curioso. Ela abriu a geladeira, pegou duas pequenas barras de chocolate e jogou uma para ele. O anjo, um pouco desajeitado, deixou a barra cair, mas rapidamente se abaixou e a pegou.

— Isso é o quê? — perguntou, examinando o objeto em suas mãos.

— Chocolate. Você vai gostar! — garantiu, com um sorriso no canto dos lábios.

Ele a girou entre os dedos, ainda um pouco confuso, mas ansioso para experimentar. Blair sorriu ao ver a expressão dele enquanto analisava o doce.

— É só abrir e comer, não tem segredo. — ela disse, rindo levemente ao ver o anjo examinando a embalagem como se fosse algo complexo.

Ele finalmente abriu a barra, dando uma mordida cuidadosa. Assim que o chocolate derreteu em sua boca, seus olhos brilharam, revelando uma expressão de surpresa e satisfação.

— Isso é bom! — disse ainda saboreando o pedaço.

— Eu sabia que você iria gostar! — respondeu mordendo o seu pedaço de chocolate com um sorriso satisfeito.

Antes que Castiel pudesse retrucar, um som familiar ecoou pelo cômodo — o bater de asas e a brisa que sempre acompanhava a chegada de um anjo. Eles levantaram o olhar ao mesmo tempo e viram Lanael parada perto da mesa, com uma expressão séria que Blair não conseguiu decifrar.

— Eu sabia que estava por aqui, irmão! — Lanael disse, olhando para Castiel.

— E você, está fazendo o que aqui? — Blair perguntou, cruzando os braços, com um tom curioso.

Lanael olhou para ela e hesitou por um momento, como se escolhesse as palavras.

— Eu vim falar com o Dean! — respondeu.

— Mas ele não está aqui, e eu aposto que você sabe disso. Anjos podem mentir assim? — Blair retrucou, franzindo o cenho.

— Ele está vindo, e eu só queria ver se chegaria bem.

— Hum... sei. — respondeu, sem esconder a desconfiança.

— O que é isso? — perguntou, apontando para o que Blair e Castiel estavam comendo.

— Chocolate. Quer experimentar? — A Singer ofereceu casualmente.

— Nós não precisamos disso, e eu realmente não entendo por que Castiel come essa coisa com tanto prazer... — Lanael comentou, olhando para o anjo que, ainda em silêncio, continuava mastigando e alternando o olhar entre as duas.

— Porque é bom e ele gostou — Blair respondeu, jogando uma barra para Lanael, que não fez questão de pegá-la, apenas observou a barra cair no chão. — Para de ser chata, experimenta!

Lanael revirou os olhos antes de pegar o chocolate do chão, examinando-o com a mesma expressão curiosa que Castiel fizera antes. Blair se aproximou e, com um sorriso, começou a guiá-la.

— Agora come.

Lanael levou o chocolate até os lábios, com um certo desdém, mas sua expressão mudou assim que deu a primeira mordida. Ficou claro que ela gostou.

— Talvez isso seja uma das melhores coisas que vocês humanos podem fazer... Quer dizer, não você, já que nem é tão humana assim. — ela comentou, ainda saboreando o chocolate.

— É, obrigada por lembrar! — Blair respondeu, arqueando a sobrancelha. — Fala a verdade, por que está aqui?

Lanael parou de mastigar por um momento, olhando para Blair com uma expressão sem emoção.

— Porque você deveria tomar cuidado! — ela avisou.

— Com o quê? — Blair perguntou, ainda desconfiada.

— Os anjos não querem ouvir Castiel como eu ouvi. Todos estão querendo a sua cabeça, principalmente Uriel e Zacarias. Eles mandaram Astariel e eu para acabar com você, assim como outros anjos.

— E por que eles mesmos não vêm? — Blair deu de ombros, claramente tentando passar uma imagem de despreocupação, embora soubesse que os anjos poderiam perceber a verdade por trás de sua atitude. — E você, vai fazer o que eles querem?

— Eu deveria! Mas não vou, por Castiel e por Dean. Astariel, no entanto, responde a eles, obedece a eles. Nada vai fazer com que ela mude de ideia.

— Está fazendo isso por Dean, é? Hm, interessante...

— Ele se importa com você, mesmo depois de saber o que você é. Você é família para ele, e se eu te atacar, ele vai me atacar de volta. Não é isso que precisamos agora.

— Ah, está querendo fazer média com o Dean, é? — Blair brincou, com um sorriso provocante.

— Dean é minha responsabilidade, precisamos ao menos nos dar bem. — Lanael respondeu, séria.

— Tudo bem, se você diz! — retrucou, com um ar de desinteresse.

— Eu vou tentar falar com Astariel! — Castiel interveio, com a intenção de apaziguar a situação.

— Ela não vai ouvir, Castiel! — Lanael exclamou, desanimada.

— Talvez ela escute a mim mesma... Eu não quero ter que brigar com nenhum de vocês. — Blair disse com um tom mais sério.

— Astariel vai chegar atacando, não para uma conversa. — Lanael respondeu, com um olhar cauteloso. — Mas, você tem força o suficiente para se defender. Uriel e Zacarias sabem disso, por isso não vêm.

— E querem mandar ela para morrer? Isso só me dá mais motivos para tentar fazer com que ela me ouça. Não tenho a menor intenção de machucá-la, mas também não quero morrer. — ela concluiu, sentindo a tensão aumentar.

— Talvez você consiga fazer com que ela entenda. — Castiel disse, colocando a mão suavemente sobre o ombro de Blair.

— Bom, que seja! Nós precisamos ir agora. — Lanael falou, com um tom decidido.

— Não era você que queria ver se o Dean chegaria bem? Anjinha mentirosa. — Blair provocou, com um sorriso irônico.

Ignorando a provocação, Lanael desapareceu dali, acompanhada por Castiel. Blair fez uma breve careta, ainda sentindo o peso da conversa, e então se virou, voltando para o quarto.

Blair retirou a caixa de pizza da cama, deixando-a sobre a mesinha ao lado, e se jogou no colchão, com um suspiro. Seu celular começou a tocar, era Dean. Ela hesitou por um momento, mas acabou atendendo.

— Até que enfim, né? Por que não atende essa droga de telefone? O Sam estava quase tendo um infarto aqui. — Dean dizia do outro lado da linha, e ao fundo, a voz de Sam soava pedindo para falar com ela.

— Poderiam ter ligado para o meu pai, ou para o Matt. — Blair respondeu, tentando parecer indiferente.

— Nós ligamos, Matthew disse que você estava em casa e então, estamos chegando aí.

— Bem que Lanael disse... — ela sussurrou, sem perceber que Dean tinha escutado.

— O que?! — ele perguntou, com curiosidade na voz.

— Nada não, deixa pra lá! Estão vindo aqui por quê? — Blair desviou o foco da conversa.

— Já disse, você não atendia a merda do celular e o Sam queria te ver. Eu também, na verdade.

— Tá, tá, vou desligar, já que estão vindo então. — ela respondeu, se preparando para encerrar a chamada.

— Até daqui a pouco, Blairzinha! — Dean disse, e desligou.

{...}

Blair aproveitou para tomar um longo banho enquanto eles não chegavam. Passou quase uma hora debaixo do chuveiro, aproveitando o calor da água que relaxava seus músculos cansados. Bobby provavelmente reclamaria da conta mais tarde, mas ela sabia que dava um jeito nisso. Agora, de volta à cama, seus cabelos estavam soltos e um pouco úmidos. Ela usava um simples pijama, já que a noite havia chegado. O som estava ligado, tocando algumas músicas de Michael Jackson, mas era baixo o suficiente para que ela pudesse ouvir o ronco familiar do Impala se aproximando.

Quando o barulho do carro ficou mais alto, Blair se levantou, desligou a música e caminhou até a porta da sala. Ao abri-la, deu de cara com os dois irmãos. Dean foi o primeiro a sorrir, antes de passar para dentro, com aquele jeito descontraído que sempre tinha. Sam, por outro lado, ficou parado, com as mãos nos bolsos e uma expressão de quem estava aliviado ao vê-la bem.

— Vai entrar ou vai ficar aí olhando? — ela perguntou, arqueando uma sobrancelha enquanto o encarava.

— Ah, sim, claro! — Sam respondeu com um sorriso, entrando na casa e permitindo que ela fechasse a porta atrás de si.

— Vou tirar um ronco aqui, por favor, não façam barulho se forem transar, tá? — Dean comentou, se jogando no sofá.

— Você é insuportável! — Blair revirou os olhos, já acostumada com as provocações.

— Podemos conversar? — Sam perguntou, seu tom mais sério, enquanto olhava para ela.

Blair assentiu com a cabeça, e ambos seguiram para o quarto, sentando-se na cama, lado a lado.

— Como você está depois de tudo que aconteceu? O Dean me explicou um pouco, mas... — ele parecia preocupado.

— Acho que estou me adaptando... só me resta aceitar, né? Conversei com o meu pai e acho que isso fez bem para nós dois. — Blair disse, tentando passar um ar de tranquilidade.

— Fico feliz em saber disso! — Sam sorriu, mas logo sua expressão se fechou. — Mas, você parece diferente... mais distante. Fiz algo que te incomodou?

Blair deu de ombros, tentando esconder o que realmente estava pensando. — Eu não sei, Sam... você fez? Talvez esteja escondendo algo de mim. Quem sabe?

Sam suspirou e desviou o olhar, claramente incomodado com a ideia de esconder algo.

— Promete que não vai contar a ninguém? — ele pediu, quase em um sussurro.

Blair olhou para ele, um pouco desconcertada. — Dizer o que? Que você tem uma namorada?

— O quê?! Não, eu não tenho uma namorada! — O maior rapidamente balançou a cabeça, negando a ideia.

— Então, o que ela é para você? — Blair perguntou, agora mais curiosa.

— Ela quem? — Sam fez uma pausa, então percebeu do que ela estava falando. — Ah... você está falando da Ruby.

— Ruby? A mesma Ruby que conhecemos? — Blair arregalou os olhos, surpresa. — Mas ela não morreu?

— Lillith a mandou de volta ao inferno, mas ela retornou em uma "casca nova", por assim dizer.

— Então, sempre que você sumia, estava com ela? — perguntou, processando a informação.

Sam assentiu, parecendo desconfortável, antes de responder. — Não é o que você está pensando, Blair. Não tenho nada com ela.

— E se tivesse? Não seria da minha conta, não é mesmo? — ela deu de ombros, tentando parecer indiferente.

Ele a olhou, visivelmente preocupado, e suspirou. — Eu preciso te contar o que estou fazendo com ela…

— Então fala logo! — Blair exclamou, inquieta.

— É sobre o que aconteceu com Azazel. Ruby me disse que eu poderia matar demônios com a mente, desde que bebesse o sangue dela ou de outro demônio. No começo, eu não acreditei, mas então eu tentei, e ela estava falando a verdade. Estou ficando mais forte, Blair. Ela está do nosso lado, e quando a hora chegar, vou conseguir matar Lilith e impedir o apocalipse.

Blair olhou para ele em silêncio, com os olhos cheios de incredulidade. Ela balançava a cabeça, sem conseguir aceitar aquilo, enquanto sua raiva crescia. Quando percebeu, ela já havia dado um soco em Sam, que bamboleou para trás, tocando o canto da boca onde o sangue começava a escorrer. Ele a olhou, confuso, sem entender o que havia motivado aquele golpe.

— Por que fez isso? — Ele perguntou, com a expressão confusa.

— Por que? Você ainda pergunta? — Blair se levantou, visivelmente furiosa. — Confia mesmo naquela vagabunda?

— Ela está do nosso lado, ela está nos ajudando...

— Tá então, se você acha que é assim, por que não bebe o meu sangue? — Blair interrompeu, sua raiva transparecendo em cada palavra. — Se é pra beber sangue de demônio, que seja o meu.

— Eu pensei nisso, mas ela disse que não funciona, porque você é meio humana. E o seu sangue não é como o de um demônio comum. — tentou se justificar, se levantando e pegando as mãos dela, como se quisesse acalmá-la.

— Ela está mentindo para você, Sam. Não confio nela. — Blair respondeu, com a voz tensa, ainda com o punho fechado, querendo muito sair de perto.

— Se ela estiver mentindo, eu mesmo a mato. — Sam falou com firmeza, olhando-a nos olhos, tentando passar segurança. — Mas agora, eu preciso que confie em mim e guarde esse segredo. Quando for a hora certa, eu conto ao Dean.

Blair suspirou, e por um momento ficou em silêncio, o olhar suave mas ainda cheio de questionamentos. Ela assentiu, ainda com certa hesitação, e então ele a puxou para um abraço apertado. Por alguns segundos, os dois ficaram ali, em silêncio, até que Sam a afastou levemente, segurando o rosto dela, olhando-a com intensidade.

Ele se aproximou lentamente, e então a beijou. Blair sentiu o toque dos lábios dele e, sem pensar muito, envolveu uma das mãos nos cabelos de Sam, puxando-o para mais perto. O beijo, a princípio suave, logo se intensificou, e ela se deixou levar pelo momento.

Mas, no fundo, não podia deixar de pensar em como aquilo a fazia se sentir, quase como se estivesse dividida entre dois desejos. Ao beijar Sam, ela se questionava sobre o que sentia, porque, em algum lugar lá dentro, ela também sentiu o mesmo quando beijou Castiel. Era como se quisesse estar com ambos, ao seu lado, mas sabia que isso não era algo simples de se resolver.

▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬

Oi, pessoal! Como vocês estão?
Espero que bem!

Demorei um pouquinho para postar o capítulo, mas acho que a espera valeu pena! Dessa vez, foquei mais nos sentimentos da protagonista, sem seguir exatamente os eventos de um episódio. Espero que tenha ficado legal assim.

Ah, a imagem do capítulo foi feita pela
diva da minha mãe! AutoraHanaGrimes

Não se esqueçam de comentar e deixar seus votos, isso me deixa muito feliz! Perdoem qualquer errinho e até o próximo capítulo!

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro