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𝐎 𝖽𝖾𝗌𝗉𝖾𝗋𝗍𝖺𝗋 𝖼𝖾𝗅𝖾𝗌𝗍𝗂𝖺𝗅.

DEAN WINCHESTER

Um eco profundo e abafado preenchia o espaço ao redor, como se as paredes do inferno ainda estivessem vivas com as memórias das almas que lá habitavam. O ar era denso, pesado com a escuridão, e os gritos distantes de tormento ressoavam como um lamento. Mas, no meio desse caos, uma luz começou a se formar, pulsando lentamente, como um coração que renascia.

Dean Winchester sentiu seu corpo ser puxado, um fio invisível que o arrastava de volta à realidade. Ele estava consciente da dor, da agonia, e das sombras que tentavam mantê-lo preso.

A escuridão era opressiva, um silêncio denso que o envolvia como um manto pesado. Ele sentia a terra ao seu redor, compacta e fria, um lembrete sombrio de onde estivera. As lembranças das chamas do inferno ainda queimavam em sua mente, mas havia um sentimento de alívio pulsando dentro dele.

Gradualmente, uma luz começou a se infiltrar na escuridão, um brilho tênue que crescia com cada respiração que ele tomava. Dean empurrou a terra que o aprisionava, os músculos de seus braços ardendo em resistência. Com cada movimento, a sensação de ser consumido pela escuridão foi se dissipando, dando lugar à esperança.

Finalmente, ele rompeu a superfície, a terra se desintegrando ao seu redor. Ao abrir os olhos, o céu acima parecia distante, mas o que o cercava era uma visão perturbadora: estacas quebradas e deitadas em um terreno baldio, um cemitério de memórias e promessas esquecidas. Ele estava deitado em um lugar que exalava um misto de desolação e um novo começo.

O homem sentou-se lentamente, o ar fresco entrando em seus pulmões como um choque revitalizante. Ele sentiu a batida do seu coração, um lembrete de que estava de volta, mas a que custo? O peso da experiência ainda estava presente, e ele sabia que as cicatrizes que carregava seriam mais do que físicas.

Finalmente decidido a deixar aquele lugar, Dean começou a caminhar. Ele percorreu a estrada sob o sol escaldante, o calor abrasador fazendo seu corpo suar e seus músculos protestarem a cada passo. O asfalto estava quente sob seus pés, e a paisagem ao redor era monótona, com apenas algumas árvores esparsas e campos abertos se estendendo até onde a vista alcançava.

Enquanto caminhava, a poeira se acumulava em suas botas, e o cheiro de borracha queimada e gasolina pairava no ar. Horas se passaram, e a sensação de cansaço começou a se instalar, mas a determinação em seu coração o mantinha em movimento. Ele sabia que precisava chegar a um lugar familiar, um lugar onde pudesse reunir suas forças e encontrar um caminho de volta à sua vida.

Ao longe, surgiu a silhueta de um pequeno posto de gasolina. O edifício, desgastado pelo tempo, parecia um oásis em meio à monotonia da estrada. A visão daquele lugar trouxe um alívio momentâneo, e Dean acelerou o passo, seu coração batendo mais rápido com a esperança de que ali pudesse encontrar respostas e uma nova direção.

Quando se aproximou, Dean viu que o posto de gasolina estava fechado. Ele olhou ao redor, e uma frustração cresceu dentro de si. Sem pensar duas vezes, deu leves batidas na porta de vidro.

—— Alguém?! —— chamou, sua voz soando vazia no silêncio.

Sem resposta, ele respirou fundo e decidiu que precisava entrar. Em um gesto rápido, quebrou uma pequena parte do vidro ao lado da tranca. Com cuidado, estendeu a mão pela abertura e, após algumas tentativas, conseguiu girar a fechadura. Ouviu o clique familiar e, aliviado, empurrou a porta, que se abriu com um leve rangido.

Ele estava cansado, exausto, faminto e com sede. Assim que entrou, a primeira coisa que Dean fez foi procurar por água. Abriu a porta de uma geladeira próxima e pegou várias garrafas, sentindo a frescura do líquido dentro delas enquanto seu coração batia acelerado.

Com pressa, Dean abriu uma das garrafas e levou-a até os lábios, engolindo o líquido fresco com avidez. A água desceu pela sua garganta como um alívio instantâneo, cada gole dissipando a sede que o consumia. Ele apertou o recipiente de plástico com tanta força que quase a amassou em sua mão. O som do plástico se comprimindo ecoou em seus ouvidos, mas ele não se importava. O frescor da água revitaliza seu corpo cansado, enquanto ele se permitia aproveitar aquele momento simples, ainda que por um breve instante.

A atenção de Dean foi imediatamente atraída pela bancada de jornais que ele avistou. Curioso, pegou um dos exemplares e, ao olhar a data, ficou chocado ao perceber que estava no mês de setembro. Como assim setembro? Sua expressão refletia a confusão que o dominava, com as sobrancelhas franzidas e os olhos arregalados.

—— Setembro? —— murmurou para si mesmo, ainda perplexo. Ele caminhou em direção ao banheiro, tentando processar a estranha realidade que o cercava.

Dean se aproximou da pia e girou o registro até que a água começou a cair. Ele inclinou-se sobre a bacia, lavando o rosto com as mãos, sentindo o frescor revitalizar sua pele ressecada. Ao se endireitar, olhou-se no espelho, a imagem refletida revelando um homem desgastado e confuso, com olheiras profundas e cabelos bagunçados.

Antes de se perder em seus pensamentos, ele levantou a camisa e examinou seu abdômen intacto, a pele limpa e sem marcas visíveis. Porém, a memória dos cães rasgando sua carne e a dor dilacerante que o consumirá voltaram à tona como uma sombra, fazendo seu coração disparar. A sensação de alívio misturava-se com a incredulidade, enquanto ele tentava processar o que havia passado.

Então, arregaçou a manga da camisa e notou uma marca de mão próxima ao seu ombro. A impressão vermelha, como se alguém o tivesse segurado com força, contrastava com sua pele pálida, trazendo uma onda de inquietação. Dean sentiu a adrenalina subir, sua mente cheia de perguntas sem respostas.

Ele saiu do banheiro e se dirigiu a uma prateleira próxima. Pegou uma sacola plástica e começou a enchê-la com o que conseguia encontrar, principalmente alimentos. Enfiou barras de cereal, enlatados e alguns pacotes de biscoitos, movendo-se rapidamente. Cada item que colocava na sacola era um pequeno esforço para recuperar um pouco de normalidade em meio ao caos que o cercava. Dean também caminhou até o caixa e, sem pensar duas vezes, pegou todo o dinheiro que havia ali, colocando-o rapidamente na sacola. Enquanto se ocupava com isso, a TV ligou sozinha, emitindo um chiado e exibindo uma imagem tremida em preto e branco. Ele se virou, surpreso, observando a tela cheia de estática.

Imaginando que pudesse ser obra de demônios, pegou um pote de sal que encontrou perto do balcão. Sem pensar muito, começou a espalhar o sal nas portas e janelas, seus gestos apressados, mas firmes. Enquanto jogava os grãos, ele olhava ao redor com cautela, atento a qualquer movimento estranho, esperando que aquela precaução fosse o suficiente para mantê-lo seguro.

Dean estava assustado. Sem nenhuma arma consigo e, depois de tudo que viveu no inferno, o medo era inevitável. Não fazia ideia de como tinha saído de lá, o que só aumentava sua confusão. Diante de tudo isso, era compreensível que ele estivesse nervoso, sem saber o que esperar.

Um zumbido ensurdecedor tomou conta do lugar. Dean sentiu como se seus tímpanos fossem explodir, e a dor de cabeça veio com força. Ele não aguentou, ergueu as mãos e pressionou os ouvidos, torcendo para aquilo parar. De repente, os vidros das portas e janelas começaram a estourar, e os cacos voaram por todos os lados, fazendo Dean se abaixar instintivamente para se proteger.

Quando tudo finalmente parou, um leve zumbido ainda invadia seus ouvidos. Dean respirou fundo, tentando se recompor, e se levantou devagar. Caminhou até uma das janelas quebradas, os cacos de vidro rangendo sob suas botas. Ao olhar para fora, avistou um telefone público um pouco mais adiante, solitário, à beira da estrada.

Dean saiu para fora, seus passos rápidos e decididos, enquanto se dirigia até o telefone público. Ele discou o número de Sam, mas estava desligado. Frustrado, tentou o número de Blair, com o mesmo resultado. Respirando fundo, discou para Lizzie, mas dessa vez a linha estava ocupada. A tensão aumentava. Foi então que, ao discar o número de Bobby, finalmente ouviu a chamada ser atendida.

—— Alô? —— A voz de Bobby soou do outro lado, firme e direta.

—— Bobby?! Sou eu! —— respondeu, sentindo o coração disparar. O alívio e a urgência na sua voz eram palpáveis.

—— Eu quem? —— Bobby perguntou do outro lado, a desconfiança evidente em sua voz.

—— Dean! —— retrucou rapidamente, mas assim que disse seu nome, a linha ficou muda. O silêncio do outro lado o pegou de surpresa. Bobby certamente não acreditara, e por isso, desligou.

Dean tentou outra vez, usando as moedas que havia pego no caixa.

—— Alô?! —— Bobby atendeu novamente, seu tom impaciente.

—— Bobby, me escuta... —— Dean começou, mas foi cortado bruscamente.

—— Isso não tem graça! Se ligar de novo, eu mato você. —— A voz de Bobby carregava uma irritação clara, sem dar espaço para explicações.

O Winchester largou o telefone, deixando-o pendurado, enquanto seus olhos vasculharam o local em busca de uma solução. O que fazer agora?

Foi então que ele avistou um carro abandonado, parado não muito longe. Por que não? pensou, sem perder tempo. Saiu da cabine e foi direto até o veículo. Estava desgastado, mas parecia em boas condições. Sem hesitar, Dean se abaixou e começou a trabalhar na ligação direta, seus movimentos rápidos e experientes, como se já tivesse feito isso uma centena de vezes.

—— Liga, liga! —— Dean sussurrou para si mesmo, a ansiedade crescendo a cada segundo. Seus dedos se moviam rapidamente enquanto ele conectava os fios, até que, finalmente, ouviu o ronco do motor. Um sorriso de alívio apareceu em seu rosto quando conseguiu dar partida no carro.

Ele dirigiu por algumas horas, a estrada se estendendo à sua frente enquanto sua mente corria em várias direções. Finalmente, chegou à casa de Bobby. Ele bateu na porta com um leve nervosismo, e quando o homem abriu, os dois ficaram parados, se encarando em um momento que parecia eterno. A expressão do Singer era de puro espanto, como se estivesse diante de um fantasma.

—— Surpreso? —— Dean quebrou o silêncio, a voz saindo mais leve do que ele esperava, tentando aliviar a tensão do momento.

—— Eu... eu... eu não... —— Bobby gaguejou, recuando alguns passos, visivelmente atordoado com a visão de Dean.

—— Pois é, nem eu. —— O Winchester disse, tentando quebrar a tensão enquanto atravessava a porta e entrava na sala.

A expressão de Bobby mudou rapidamente. Com um olhar decidido, ele se virou para o móvel atrás de si, onde uma faca estava repousada. Num movimento rápido, ele a pegou e partiu para cima de Dean, transformando o reencontro em um momento de pura tensão.

Ele se defendeu com agilidade, mas a luta era inevitável. Bobby, em um impulso, lançou um golpe certeiro, atingindo o rosto de Dean com o cotovelo e fazendo-o se afastar.

—— Bobby, sou eu! —— Dean exclamou, a mão indo instantaneamente para a área dolorida. Ele olhou para Bobby, tentando transmitir a urgência de sua situação, enquanto a confusão e o reconhecimento começavam a se misturar no olhar do velho caçador.

De repente, uma voz feminina ecoou da cozinha, seguida por passos que se aproximavam.

—— Bobby, você tem um... —— Lizzie começou, mas congelou ao ver Dean, ou o que quer que fosse aquilo com a cara dele. As lembranças dos cães o rasgando a assombravam, e a dúvida a consumia: como ele poderia estar ali agora?

Ela caminhou lentamente em direção a ele, e Dean sorriu, esperando uma recepção calorosa.

—— Ganho um abraço? —— ele perguntou, abrindo os braços em um gesto de acolhimento. Mas, em vez do abraço que esperava, recebeu um soco bem dado no rosto, fazendo sua cabeça girar.

—— Caramba, Liz! —— exclamou, levando a mão ao rosto machucado, surpreso com a reação dela. Mas antes que ele pudesse se recompor, Bobby avançou em sua direção novamente, tentando atacá-lo mais uma vez.

—— Oh, espera aí! —— Dean protestou, se esquivando atrás de uma cadeira e erguendo a mão em sinal de rendição. —— O seu nome é Robert Stephen Singer, você tem dois filhos, Blair e Mathew. Você se tornou caçador depois que a sua mulher foi possuída e você... —— Ele lançou um olhar significativo para Lizzie. —— Bem, eu praticamente criei você.

—— Gente, sou eu! —— Ele afirmou, enquanto Bobby se aproximava, tocando seu ombro. Mas, antes que pudesse dizer mais, o Singer tentou atacá-lo com a faca novamente.

—— Eu não sou um metamorfo! —— Dean exclamou, imobilizando Bobby.

—— Então, que porra é você? —— Lizzie questionou, franzindo o cenho e cruzando os braços, desconfiada.

—— Eu sou eu! Dean Winchester! —— respondeu ele, com um toque de exasperação na voz.

—— Então você deve ser uma aparição. —— indagou Bobby, conseguindo se soltar e se afastar novamente, embora a faca permanecesse nas mãos de Dean.

—— Se eu fosse uma delas, faria isso? —— Dean perguntou, passando a lâmina de prata pelo próprio braço, fazendo um pequeno corte.

—— Então, você deve ser um demônio! —— Lizzie exclamou, os olhos arregalados de surpresa.

—— Eu não sou um demônio, Liz!

—— Dean?! —— Bobby perguntou, ainda incrédulo.

—— É isso que estou tentando explicar —— respondeu, dando um passo à frente e envolvendo Bobby em um abraço apertado.

Ambos se afastaram, e Dean olhou para Liz, abrindo os braços em sua direção novamente. —— Será que agora eu ganho um abraço?

Liz balançou a cabeça em negação, mas não conseguiu evitar um sorriso. —— Cala a boca! —— Ela respondeu, antes de envolvê-lo em um abraço caloroso.

—— É bom ver você, rapaz! Mas como você escapou? —— indagou o homem mais velho, com um misto de curiosidade e preocupação.

—— Eu não sei... —— respondeu Dean, se afastando de Liz.

—— Bom, eu admito que também quero saber. Mas agora, eu tenho trabalho a fazer. —— Liz deu um beijo na bochecha de ambos antes de sair, deixando os dois homens a sós.

Dean a observou sair e, em seguida, voltou seu olhar para Bobby.

—— A única coisa que sei é que acordei em um caixão de pinho e... —— Antes que pudesse continuar, Bobby interrompeu, jogando água benta em sua direção.

—— Eu já falei que não sou demônio, valeu?

—— Foi mal, cara, mas não dá para descuidar.

Bobby finalmente começou a acreditar que aquele realmente era Dean, mas ainda tinha um monte de perguntas sem resposta. Ele olhou para o caçador, tentando processar tudo o que estava acontecendo.

—— Isso não faz sentido, seu peito foi retalhado. —— disse Bobby, enquanto caminhava para a cozinha, com Dean logo atrás dele.

Dean franziu a testa, tentando organizar suas ideias. —— Eu sei, mas... —— Ele hesitou, lembrando da dor insuportável que sentiu antes de tudo isso. —— Eu acordei de um jeito que nem sei explicar, só sei que de alguma forma, estou aqui.

Bobby parou, se virando para encarar Dean, seus olhos cheios de preocupação. —— Então, você tá dizendo que voltou do inferno? Isso é impossível.

—— Eu sei, parece loucura —— respondeu, passando a mão pelo cabelo. —— Mas é a verdade. Eu só... não sei como aconteceu.

—— Do que você se lembra? —— Bobby perguntou, observando cada movimento do caçador com cautela.

—— Não muito —— ele expressou, com um olhar distante. —— Lembro do cão do inferno me rasgando, depois a luz apagou e... bem, depois foram sete palmos de terra, né?

Singer soltou um longo suspiro, acomodando-se na poltrona.

—— O telefone do Sam está mudo, o da Blair também. E cadê ela e o Matthew?

—— Olha, o Sam está vivo, pelo menos até onde sei. Na última vez que o vi, ele disse que ia caçar com a minha filha. Matthew também está em um caso.

—— Ótimo! Mas como assim, "até onde sabe"?

—— Eu não falo com ele há meses, só com a minha filha. Na última vez que conversei com ela, Sam estava vivo.

—— Porra, Bobby! Você deixou o meu irmão sozinho? Era para ter cuidado dele!

—— Sozinho não, mas ele quis assim. E você sabe como a Blair fica quando se trata do seu irmão.

—— Os últimos meses não foram fáceis para nós, Dean! Tivemos que enterrar você. —— Bobby disse, a voz carregada de cansaço.

—— Aliás, por que é que vocês me enterraram?

—— Eu queria salgar e queimar, mas o Sam insistiu para enterrar. Ele disse que você iria precisar de um corpo se por acaso voltasse.

Dean ficou um pouco pensativo. —— Como assim?

—— Ele ficou quieto, muito quieto. Depois, foi embora e não estava retornando as ligações. Blair foi com ele; não entendo por que ela é tão grudenta com o Sam. —— disse com um tom de preocupação. —— Eu tentei achá-lo, mas ele não queria ser encontrado.

—— Que droga, Sammy! —— Dean suspirou, passando a mão pelo rosto, a frustração evidente em sua voz. —— Pois é, ele me trouxe de volta sim.

—— O que?! —— Bobby perguntou, confuso, tentando processar as palavras do outro.

—— Mas ele fez isso com uma energia ruim. Você devia ter visto o túmulo... e depois, aquela força. Aquela força passou por mim. —— Ele hesitou por um momento, olhando para baixo. — E agora isso... — retirou o casaco que usava e arregaçou a manga da camisa, revelando a marca da mão gravada em seu ombro.

Bobby ficou incrédulo ao ver aquilo. Ele se levantou e se aproximou, examinando a marca com mais atenção.

— Mas que diabo é isso?

— Parece que um demônio me arrancou de lá, ou passou por cima.

— E pra que?

— Para garantir a parte da barganha.

— Acha que Sam fez um pacto?

— É o que eu faria! — Dean afirmou, olhando intensamente para Bobby.

Mas havia um jeito de encontrar Sam. Ele ligou para a companhia de telefone e, depois de fornecer algumas informações sobre Blair, ficou esperando que a atendente localizasse. A ansiedade batia forte no peito, e a expectativa de descobrir onde eles estavam o fazia fitar Bobby com intensidade.

Ele foi até o computador, digitou os números que a atendente havia fornecido e começou a procurar.

— Bobby, por que tanta bebida, hein? Andou comemorando alguma coisa?

— Como eu disse, foram meses difíceis. — O homem suspirou, passando a mão pelo rosto.

— Sei... — Dean voltou seu olhar para o computador. — Eles estão em Pontiac, Illinois.

— Perto de onde você foi enterrado.

— E de onde eu fui arrancado. — Dean franziu a testa, refletindo sobre a ironia da situação. Ele sabia que havia algo mais em jogo ali, e a preocupação começava a tomar conta dele.

Bobby assentiu, sabendo que não havia mais o que dizer. O passado estava ali, mas Dean estava de volta e precisava enfrentar o que vinha pela frente. Os dois saíram juntos para Pontiac, e quando chegaram à cidade, já havia anoitecido.

Eles entraram no motel, o ar estava carregado com o cheiro de mofo e cigarro velho, impregnando as paredes desgastadas. O chão rangia sob seus pés enquanto seguiam pelo corredor mal iluminado, até chegarem ao quarto onde acreditavam que Sam e Blair estivessem. Dean se adiantou e bateu na porta. Em poucos segundos, ela se abriu, revelando Blair, com uma expressão curiosa e o ambiente atrás dela mergulhado em penumbra e silêncio inquietante.

Ela estava parada ali, usando apenas uma calcinha e uma blusa, e Dean ficou paralisado por um momento, a visão dela o deixou sem palavras. Ele nunca tinha visto Blair dessa forma, e a cena era de fato impactante, mas logo se lembrou do que realmente importava.

Blair também estava em choque, sem conseguir acreditar que o homem diante dela era realmente Dean.

Bobby coçou a garganta, sua expressão se fechando ao perceber a situação. Ele olhou para Dean e depois para Blair, claramente desconfortável com a cena.

— Você e Sam... Vocês... Droga, Blair, vai colocar uma roupa decente, pelo amor de Deus! — Ele disse, tentando manter a compostura.

Ela olhou para baixo, percebendo a roupa que estava usando, e sua expressão mudou rapidamente. — Ah, que droga! — Envergonhada, correu imediatamente para dentro do quarto, dando passagem para Sam, que aparecia na porta com uma expressão confusa.

— E aí, Sammy! — Dean disse, dando um passo para dentro do ambiente.

Sam ficou paralisado por um momento, a incredulidade estampada em seu rosto. Depois, com um impulso, partiu para cima de Dean, como se estivesse tentando confirmar que aquele realmente era seu irmão e não uma outra coisa.

— Quem é você? — Sam bradou, seus olhos cheios de desconfiança, enquanto Bobby tentava segurá-lo, tentando acalmar a situação.

— Por que você fez isso? — Dean questionou, sua voz firme, mas ainda mantendo um tom de incredulidade.

— Fiz o quê? — Sam respondeu, ainda com o tom alterado, confuso e claramente em choque.

— Sam, é ele! É o Dean! — Bobby interveio, enfatizando que aquele era realmente Dean.

Sam hesitou, sua expressão mudou lentamente à medida que a realidade começava a se instalar. Ele analisou Dean, procurando qualquer sinal de que não era ele, mas o familiar sorriso, mesmo que um pouco nervoso, fez o coração dele disparar.

— Eu tô bonitão, né? — Dean disse com um sorriso, tentando quebrar a tensão no ar.

Samuel não pôde deixar de rir, mesmo em meio ao turbilhão de emoções. Ele se aproximou, abrindo os braços e, em um gesto impulsivo, puxou Dean para um abraço apertado. Era como se todos os meses de dor e incerteza desaparecessem por um momento.

Blair, agora vestindo calças e um sorriso radiante no rosto, saiu do banheiro e se aproximou de Dean. Quando ele se virou, ela não hesitou em envolvê-lo em um abraço apertado.

— Ei, você está de volta! — ela exclamou, sua voz cheia de emoção. — Que bom te ver!

— Esse quarto está cheirando a sexo, hein. Então é assim que vocês dois têm caçado? — ele brincou, rindo enquanto a abraçava de volta. A leveza do momento era um contraste bem-vindo à tensão anterior.

Bobby, por outro lado, observava a cena com uma expressão séria, seus braços cruzados e a cabeça balançando lentamente de um lado para o outro em negação.

— Que tipo de caçada é essa, Blair? — ele perguntou, sua voz carregada de um tom paterno. — Sério mesmo?

— Vocês estão juntos? — Dean questionou, sentando-se na beira da cama com uma expressão curiosa.

— Juntos? Não! Isso foi só... só aconteceu, sabe como é, né? — Blair apressou-se em responder, corando um pouco.

Dean ergueu uma sobrancelha, um sorriso brincando em seus lábios.

— Sei, sei... “só aconteceu”, é isso? — ele brincou, balançando a cabeça. — O famoso "caso de uma noite" no meio da caça. Clássico!

Dean observou Sam por um momento, a intensidade do olhar carregada de preocupação. Ele se levantou, dando alguns passos pela pequena sala, enquanto seu cérebro tentava processar tudo o que estava acontecendo. Então, parou e se virou para o irmão, a expressão séria.

— Então, não vai me dizer quanto custou? — indagou, a expressão humorada desaparecendo enquanto ele olhava para Sam.

— Quanto custou o quê? — Sam perguntou, confuso, tentando entender onde Dean queria chegar.

— Foi só a sua alma, ou mais alguma outra coisa? — perguntou, seu tom grave, os olhos fixos no irmão.

— Espera, você acha que eu fiz um pacto? — Sam respondeu, incrédulo.

— É o que achamos. — Bobby se adiantou, o olhar firme.

— Mas eu não fiz! — Sam insistiu, defensivo.

— Não mente pra mim. — Dean disse, a frustração se misturando com a preocupação.

— Ele não fez mesmo. — Blair interveio, seu tom sério, tentando proteger Sam.

Dean a encarou, ainda cético. — Então foi você? — ele questionou, a tensão aumentando.

— O que?! Não! — Blair exclamou, balançando a cabeça. — Mas nós tentamos.

— Digam a verdade logo! — Dean bradou, sua voz ecoando no quarto.

— Nós tentamos de tudo, essa é a verdade! — Sam exclamou, a tensão evidente em seu tom. — Tentamos abrir os portões do inferno, tentamos barganhar, mas nenhum demônio quis ajudar. Você apodreceu no inferno durante meses e não pudemos fazer nada. Desculpe não ter sido eu, tá?

— Está tudo bem, Sammy. Não precisa se desculpar, eu confio em você. — respondeu, suavizando um pouco o olhar, mas a preocupação ainda permanecia. Se não foram eles, então quem teria sido?

— Não me levem a mal, fico feliz pela alma do Sam e da Blair estarem intactas, mas isso levanta uma questão. — Disse Bobby.

— Se não foram eles que me libertaram, então quem foi?

Os quatro ficaram parados por um instante, trocando olhares silenciosos enquanto o ambiente parecia mais apertado do que realmente era. A tensão se dissolveu quando Sam, tentando quebrar o gelo, levantou uma sobrancelha e abriu a geladeira velha no canto do quarto. — Alguém quer uma cerveja? — ele perguntou, tirando algumas garrafas e distribuindo entre eles.

— O que vocês estavam fazendo aqui se não iriam me tirar da cova? — perguntou, abrindo sua garrafa.

— Depois que percebemos que não podíamos te salvar, começamos a caçar a Lilith em busca de vingança. Na verdade, a ideia foi minha, como sempre. — Blair exclamou, levando a garrafa lentamente aos lábios. — Mas, no meio disso tudo, Sam e eu brigamos e nos distanciamos várias vezes.

— Vocês tentaram caçar ela sozinhos? São dois idiotas. — Bobby disse, balançando a cabeça, claramente desaprovando.

— Foi mal, pai, eu deveria ter avisado.

— Então, estávamos na pista de uns demônios no Tennessee, mas, de repente, eles mudaram de rumo e vieram para cá. — Sam explicou.

— Quando? — Dean perguntou.

— Ontem de manhã! — ele respondeu.

— Na mesma hora em que eu saí da cova. — Dean concluiu, estreitando os olhos.

— Será que os demônios estão aqui por sua causa? — Bobby questionou, cruzando os braços, pensativo.

— Mas por quê? — Sam perguntou, confuso, tentando entender.

— Eu não sei, mas algum demônio me puxou de lá, e isso tem que ter alguma ligação. — respondeu, ainda tentando encaixar as peças.

— E como você tá se sentindo? — Blair perguntou.

— Morrendo de fome — Dean soltou um suspiro.

— Quero saber se está sentindo algo estranho, diferente...

— Ou demoníaca? — ele completou. — Quantas vezes eu vou ter que provar que sou eu?

— Tá, mas nenhum demônio iria te soltar só porque é bonzinho. Na real, nem sei se eles tem esse poder. — ela comentou.

— Olha, a verdade é que não temos ideia do que eles estão tramando. Temos muitas perguntas e precisamos de respostas. — disse Sam.

— Conheço uma vidente a algumas horas daqui, e acho que ela pode ter ouvido falar de algo assim. — sugeriu Bobby, dando uma leve batida no braço da poltrona.

— Então vamos atrás dela. — Dean concluiu, já se levantando.

— Não, espera! — Sam chamou, segurando a atenção de todos. — Acho que você vai querer isso de volta. — Ele retirou o colar do pescoço e o devolveu a Dean.

— Obrigado!

— É, de nada!

Um silêncio denso pairou no ar, até que Sam decidiu quebrá-lo, sua voz quase hesitante.

— Dean, como era lá ?

Dean olhou para o chão por um momento, seu rosto se fechando enquanto suas lembranças o assombravam.

— No inferno? — Ele suspirou, as palavras parecendo pesadas em sua boca. — Sei lá, eu devo ter bloqueado.

Sam assentiu antes de responder, a expressão de alívio em seu rosto. — É, graças a Deus!

Mas a verdade era que Dean se lembrava, e essa lembrança o assombrava. Ele se recordava de cada instante de dor, dos gritos ecoando em seus ouvidos, das torturas incessantes que vivenciou. Sempre que se olhava no espelho, via não apenas seu reflexo, mas também as marcas invisíveis deixadas por tudo o que passou. O peso das memórias o sufocava, e ele sabia que, mesmo de volta à superfície, as cicatrizes do inferno ainda o acompanhavam, marcando cada parte de sua existência.

E então, os quatro finalmente estavam prontos e saíram dali. Bobby seguiu em direção ao seu carro, mas antes de entrar, lançou um olhar significativo para eles.

— Fica a quatro horas da interestadual. Tentem me seguir. — disse, antes de entrar no veículo.

— Acho que você vai querer dirigir. — comentou Sam, jogando a chave para Dean.

— Que saudade disso! — Dean agarrou a chave e subiu no Impala, mas logo fez uma expressão de desapontamento ao ver algo no painel. — Que droga é essa aqui?

— Isso é um iPod, Dean!

— Você tinha que cuidar do meu carro, não ficar inventando frescuras! — Dean reclamou, balançando a cabeça em descrença.

No outro carro, Blair se acomodou no banco ao lado do pai, um silêncio constrangedor entre eles. Para quebrar o clima tenso, Bobby decidiu tocar em um assunto que o incomodava desde que saíram do quarto.

— Então, e você e o Sam... — ele começou, lançando um olhar curioso para a filha. — Desde quando isso começou?

Blair arregalou os olhos, surpresa com a pergunta. — O que você quer dizer, pai?

— Ah, você sabe... — Bobby disse, um sorriso nervoso surgindo em seu rosto. — Eu entrei no quarto e vi o que estava acontecendo.

Ela corou, suas bochechas queimando. — Pai, isso não é da sua conta!

— É da minha conta se você está envolvida com alguém que é como um filho.  — ele respondeu, tentando manter o tom leve. — Só não esperava que você e o Sam… bem, você sabe.

Blair suspirou, olhando pela janela. — Olha, não foi algo planejado. Só uma coisa que aconteceu, mas não é nada sério.

— E você está bem com isso? — Bobby perguntou, um toque de preocupação na voz.

Ela hesitou antes de responder. — Sim, mas… é tudo muito complicado agora.

— Entendo, mas você sabe que, em meio a toda essa bagunça, é importante se cuidar, certo? — Bobby insistiu. — Não quero que você se machuque.

[...]

— Naquela noite, como você, a Blair e a Lizzie conseguiram escapar? Eu achei que a Lilith fosse tentar matar vocês — Dean perguntou, mantendo os olhos na estrada enquanto dirigia.

— Ah, ela tentou — Sam respondeu, um tom sério na voz. — Bom, não com a Blair, mas ela tentou comigo e com a Lizzie. Jogou aquela luz de fogo em nós, mas, por sorte, não funcionou.

— E por que ela não tentou matar a Blair? — Dean questionou, curioso.

— Sinceramente, nenhum de nós sabe. — Sam admitiu, olhando pela janela como se buscasse respostas nas árvores que passavam rapidamente.

— E a Ruby, onde ela está? — Dean perguntou, desconfiado.

— Morta, ou no inferno! — respondeu, um tom de frustração em sua voz.

— E você anda usando aqueles seus poderes paranormais? — Dean insistiu, sua expressão séria.

— Não! — Sam negou, sua voz um pouco mais alta. — Não estou usando nada disso.

— Tem certeza? — Dean questionou, lançando um olhar para Sam.

— Tenho certeza, Dean! — Sam afirmou. — Você não queria que eu seguisse a estrada, e eu não segui.

— Então tá, vamos deixar assim, — Dean respondeu, seu tom calmo escondendo a preocupação que pulsava por dentro.

A viagem prosseguiu em silêncio, a tensão entre eles ainda era visível, mas ambos sabiam que era melhor não tocar em certos assuntos enquanto dirigiam. A estrada se estendia diante deles, envolta pela escuridão da madrugada, e enquanto os farois do Impala cortavam a noite, os dois irmãos refletiam sobre tudo o que havia acontecido.

Chegaram à casa da vidente, Pamela, pela manhã. A mulher, que Blair não se lembrava muito bem, parecia familiar para ela. Quando Pamela tentou contatar o suposto demônio que tirou Dean do inferno, o que aconteceu foi aterrorizante. Em um momento de concentração, os olhos dela foram consumidos em chamas, queimados na frente de todos. O grito silencioso de dor e desespero ecoou pelo ambiente. Aquilo definitivamente não era um demônio comum; nenhum deles teria o poder de causar uma destruição tão visceral. A certeza de que estavam lidando com algo muito mais profundo tornou-se evidente. Segundo a mulher, o que eles enfrentavam eram dois seres chamados: Castiel e Lanael. E Depois do que aconteceu com a vidente, eles foram para uma lanchonete, onde acabaram se envolvendo em um confronto com demônios. Eles pareciam ansiosos para ver Dean Winchester realmente fora do inferno. Mas, por outro lado, havia um claro receio em seus olhos em relação ao que o havia libertado. No final, conseguiram derrotá-los, mas sabiam que a situação ainda era complicada.

[...]

A noite havia caído novamente, e o quarto estava envolto em um silêncio pesado. Sam havia saído sabe-se lá para onde. Dean estava deitado na cama, tirando um pequeno cochilo, enquanto Blair descansava no sofá, envolta por um cobertor. O ambiente parecia tranquilo, até que, de repente, a televisão se ligou sozinha, como havia acontecido antes no posto. O chiado da tela despertou Dean, que abriu os olhos rapidamente, confuso e alerta. Ele se sentou, tentando se ajustar à luz da tela, mas, ao olhar para o sofá, viu que Blair permanecia dormindo, alheia ao que estava acontecendo. A luz da TV iluminava o rosto dela de maneira suave, criando uma cena quase surreal, enquanto Dean sentia uma onda de inquietação percorrer seu corpo. Ele sabia que aquilo não era normal.

O zumbido insuportável ressoava pela sala, ecoando nos ouvidos de Dean enquanto ele se levantava da cama com a arma em mãos. Ele avançou lentamente, os sentidos aguçados, preparado para qualquer coisa que pudesse aparecer. O som penetrante parecia vibrar nas paredes e, ao seu lado, Blair também despertou, confusa e alarmada. Antes que pudesse processar o que estava acontecendo, os vidros das janelas começaram a estourar um a um, criando uma chuva de estilhaços que refletia a luz da TV, tornando a cena ainda mais caótica.

Bobby chegou no momento exato em que os vidros caíram sobre eles, puxando Dean e Blair para fora da linha de fogo. Agora estavam a salvo no carro, mas os cortes nas peles expostas eram prova do ataque recente. Blair tinha um corte no rosto, próximo ao olho, que fazia seu olhar parecer ainda mais intenso, embora a frustração dominasse sua expressão.

— Que porra foi aquela, hein? — Blair exclamou, a frustração transparecendo em sua voz.

— Eu não faço ideia — Dean respondeu, passando a mão pelo rosto e limpando o sangue que escorria de um corte na sobrancelha.

Bobby olhou para eles, preocupado, enquanto tentava avaliar a situação.

— E como vocês estão? — ele perguntou, sua voz revelando um misto de alívio e preocupação.

— Tirando o zumbido na nossa cabeça, ótimos! — Dean disse, tentando manter o humor mesmo diante do caos. Logo, ele pegou o celular e tentou ligar para Sam, mas a chamada não completou. Uma sensação de ansiedade começou a se instalar enquanto ele tentava várias vezes, sem sucesso, alcançar seu irmão.

— Eu vou invocar essa coisa! — Dean declarou, a determinação estampada em seu rosto. — É matar ou morrer hein.

— O que?! Mas a gente nem sabe o que é. Pode ser um demônio, pode ser qualquer coisa. — Blair retrucou, preocupada com a ideia impulsiva.

— É por isso que vamos estar preparados para o que quer que seja. — Dean respondeu, firme em sua decisão. A adrenalina pulsava em suas veias enquanto ele se preparava para enfrentar o desconhecido, convencido de que essa era a única maneira de descobrir o que estava acontecendo.

— Nós temos a faca mágica, e o Bobby tem um arsenal no porta-malas.

— Essa é uma péssima ideia — Bobby comentou, preocupado.

— Eu concordo, mas não temos escolha, certo? — Blair respondeu, reconhecendo que estavam sem opções.

A conversa continuou até que chegaram a um galpão, onde começaram a se preparar. Eles espalharam sigilos por todos os lados, criando um ambiente protegido. O chão estava coberto de sal, e haviam trazido tudo o que já tinham usado em situações semelhantes, se certificando de que estivessem prontos para o que quer que viesse.

Com tudo preparado, eles finalmente decidiram invocar aquilo que fosse. O local começou a tremer, e as portas se abriram, revelando duas figuras, uma masculina e outra feminina. Eles avançavam com passos calculados, e sua semelhança era estranhamente marcante. À medida que se aproximavam, as lâmpadas começaram a estourar, criando uma atmosfera tensa. Bobby, impulsionado pela adrenalina, tentou atacar, mas o "homem" simplesmente tocou sua testa e o apagou. Que tipo de ser poderia ter tal poder? Dean, sem hesitar, cravou a faca no peito da figura feminina, mas ela retirou a lâmina como se fosse uma mera formalidade. Blair observava a cena com atenção, não por medo, mas porque algo a intrigava. As duas figuras também a encaravam, como se percebessem algo anômalo nela.

— Quem é você? — Dean perguntou, sua voz firme enquanto fixava o olhar na mulher.

— Aquela que agarrou firme e te tirou da perdição.

— É, valeu mesmo. — Ele fez uma pausa, percebendo a intensidade da situação.

O homem, por sua vez, continuava a observar Blair, movendo-se em direção a ela com um ar enigmático. O ambiente estava envolto em escuridão, exceto pelas fagulhas ocasionais que ainda saltavam dos restos das lâmpadas estouradas. O cheiro de vidro quebrado e fumaça pairava no ar, criando uma atmosfera densa e carregada.

Blair sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas não conseguia desviar o olhar.

— Qual é o seu nome? — ela perguntou, a curiosidade superando o nervosismo.

— Castiel! Eu sou um anjo do Senhor!

— Uau... — ela comentou, um sorriso involuntário surgindo em seus lábios. — Você é bem intimidador, Castiel. Isso é... sexy!

Castiel inclinou a cabeça, como se tentasse decifrar a afirmação dela. A tensão no ar era palpável, enquanto sombras dançavam nas paredes do galpão, o espaço agora carregado de um mistério profundo. Ele então virou seu olhar para Dean e Lanael.

— Esta é minha irmã, Lanael! Você está aqui por causa dela, Dean!

— O que é que vocês fizeram com o meu pai? — Blair exigiu, a preocupação estampada em seu rosto.

— Ele está vivo. — Lanael respondeu, girando-se lentamente para encarar Blair, a luz fraca revelando a expressão enigmática em seu rosto.

Dean não conseguiu conter a raiva. Ele se adiantou, a fúria evidente em seus traços.

— Vão embora daqui! Anjos não existem! — Ele exclamou, sua voz ecoando no galpão escuro e cheio de detritos. O clima estava carregado, e a tensão pulsava no ar, como se o espaço ao redor deles estivesse prestes a explodir.

— Esse é o seu problema, Dean. Você não tem fé! — Castiel afirmou, sua voz ressoando com uma gravidade inegável. Então, ambos abriram suas asas, que surgiram como sombras imensas, projetando um grande estrondo que reverberou pelo galpão. O som ecoou nas paredes, quase como um trovão, trazendo uma sensação de poder que fez o ambiente tremer.

— Vocês queimaram os olhos daquela pobre mulher. — Dean apontou, sua voz cheia de indignação.

— Ah, ela tentou enxergar nossa verdadeira face. Nenhum ser humano consegue suportar isso — disse Lanael, com uma calma perturbadora.

— Assim como nossa voz, mas isso vocês já devem saber — completou Castiel.

— Na próxima vez, baixem o volume — comentou Blair, com um toque de sarcasmo.

— Isso foi um erro, peço desculpas! — Castiel se dirigiu a Blair com sinceridade. — Você está ferida, deixe-me ajudar. — O anjo se aproximou novamente de Blair, com uma calma impressionante, e tocou suavemente sua testa. Os cortes desapareceram num instante, sem deixar vestígios.

Blair sorriu levemente, apreciando o gesto. — Obrigada... — disse, sua voz suave, claramente satisfeita com o toque do anjo.

Lanael puxou sua faca angelical, avançando em direção a Blair com uma expressão séria. A Singer recuou, surpresa, sem entender por que o anjo parecia querer atacá-la. Antes que Lanael pudesse fazer algo, Castiel segurou o pulso da irmã, impedindo-a.

— Deixe ela! — disse ele, firme.

Blair, confusa, olhou de um para o outro. — E por que ela quer me matar? — perguntou, ainda tentando compreender o que estava acontecendo.

Castiel manteve o olhar fixo nela. — Talvez haja coisas que você ainda não saiba.

Dean, vendo a tensão no ar, tocou o ombro de Lanael com hesitação. Ela se virou, suspirou e guardou a faca.

— Por que me tirou do inferno? — Dean perguntou, encarando-a.

Lanael deu um sorriso enigmático, se inclinando ligeiramente para perto dele. — Coisas boas acontecem, Dean.

— Não comigo. — Ele respondeu, com um amargo ceticismo.

— Você acha que não merecia ser salvo? — Lanael o questionou, observando-o de perto.

Dean a encarou por mais um momento, antes de repetir a pergunta que o consumia. — Por que fez isso?

Lanael deu um passo para trás e disse calmamente. — Porque Deus ordenou. Temos trabalho para você.

O silêncio preencheu o ambiente, carregado de perguntas sem resposta. Era só o começo.

[Continua…]
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Espero que tenham gostado desse capítulo! Peço que deixem seus votos e comentários, isso me ajuda muito e eu ficaria extremamente feliz.

Algumas partes, que não considerei tão relevantes, foram descritas de forma mais breve, como a cena da Pâmela. Mas prometo que tudo importante está aqui.

E, por favor, se por algum motivo não curtiu, guarde para si. Comentários ofensivos ou que não acrescentem nada serão excluídos, e a pessoa será bloqueada.

É isso, beijos, e até o próximo capítulo!

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