❪ 𝐎𝟏 ❫ ┆ ❛ 𝐖𝐄𝐋𝐂𝐎𝐌𝐄 𝐓𝐎 𝐂𝐇𝐀𝐎𝐓𝐈𝐂 𝐔𝐍𝐈𝐎𝐍
CAPÍTULO UM
bem-vindo a caótica Union
DEVINA BERMAN POSSUÍA MÃOS TÃO DELICADAS que, Constance atrevia-se a dizer que herdara o abençoado dom das fadas, se é que de alguma forma elas realmente existiam; sendo a filha que mais trazia integridade à família e naturalmente agraciada por sua benevolência, decerto que toda semente plantada por Devie fertilizava antes do próprio tempo previsto. O mesmo aconteceu com o parto das seis cabras em seu quintal, realizado pela moça há dois dias atrás, todas saíram venturosas e com vida do ventre da mãe. Agora ela estava prestes a levar um dos filhotes saudáveis a Solomon, o homem que acabou se isolando de toda a vila, a ruiva não conseguia escolher um deles, parecia cruel demais, Berman não queria separar os cabritos de sua progenitora.
── Aqui estão! Os tomilhos... ── se inclinou assustada para ver quem interrompera seu afago tão cuidadoso sobre a cabeça de Osni, como decidira chamar o animal escolhido, aquele que levaria com sigo ── Os tomilhos que a mamãe pediu pra entregar a você. ── completou Abigail, novamente em pé, com um sorriso insatisfeito no rosto.
── Você está bem? ── preocupou-se por vê-la acordada já tão cedo, quando em verdade deveria estar repousando.
── Sim, um pouco melhor.
── Então mude essa cara! O que está feito, está feito. ── aconselhou, limpando suas mãos ── Por Deus, até parece que é você quem tem que ir até aquele fim de mundo falar com um desconhecido...
── Não, não pra mim. ── a ignorou completamente, irritada ── Isso é serviço para santas como você e a Hannah Miller. Que jamais sairiam grávidas de um encontro a sós num casebre como aquele, com um estranho tentador como Solomon. ── rebateu com um nítido sarcasmo, enquanto a outra abarrotava o bebedouro dos animais com um balde de água.
── Que culpa tenho eu da sua libertinagem? ── e Devina recebeu um pequeno puxão de cabelo ao dizer aquilo, Abie detestava ser lembrada de seus deslizes ── Ei, não fique furiosa! Não há nada de errado com você, ou comigo. Somos apenas, diferentes... ── por último a ruiva colocou o cabrito mais alvo em um saco largo, o carregando em suas costas ── E para a sua informação, eu não vou sozinha, vou com a Sarah Fier.
── Depois de dias sem nem trocarem um simples 'oi', por sua causa? ── a recordou friamente, enquanto lhe seguia pelo interior da casa.
── Minha causa? ── parou, arqueando as sobrancelhas, como se duvidasse de tal afirmação.
── Não mente pra mim! Por algum motivo você está evitando ela agora, como se quisesse fugir. Como se precisasse ficar longe. Devie, o que está havendo com você? ── Abigail fechou o rosto, a encurralando contra a porta de entrada.
── É melhor ir ver a nossa irmã, ela adora aprontar quando está sozinha. E isso, ela herdou de você! ── trocou de assunto imediatamente, pensando sobre onde a garotinha havia se metido, segurando na maçaneta e saindo, pisando nos degraus ao lado de fora ── Ah, e eu não volto tarde. Prometo! Sei a onde vai hoje a noite, alguém precisa colocar a Constance pra dormir. ── piscou, se afastando com um leve sorriso.
Era um dia ensolarado, afinal. Diferente de todos os outros, aquela manhã estava abafada. Porém o sol logo se tornaria tímido e abateria-se pelas trevas do anoitecer, sua irmã mais velha não parava de lhe lembrar daquilo, ao que tudo indica, haveria um encontro secreto na floresta, algo muito errado do qual sabia que não deveria participar, uma vez que já colaborara com o feito perturbador de Abigail, porém sentia-se curiosa o bastante a fim de entender o quê exatamente se desenrolaria na calada da noite. Andando pela vila, distraída como sempre, a ruiva quase tropeçou aos pés de um dos homens que passava por ali, mas não qualquer um deles, aquele era Elijah Goode, o qual sempre parecia persegui-la de maneira peculiar.
── Bom dia, Devina! ── foi totalmente estranho quando ele esboçou um sorriso sem graça, que nunca o vira dar nenhuma vez antes.
── Conselheiro Goode? ── cumprimentou, tentando avançar, porém ele se colocou em seu caminho.
── Está levando isso ao meu irmão? Precisa de ajuda? ── prontificou-se com um brilho diferente no olhar.
── Não. Eu acho que consigo me virar por mim mesma. ── tentou ser o mais gentil possível, como sua mãe havia lhe ensinado desde muito cedo, dizendo como uma garota obediente e dócil tinha de agir e ela vinha tentando ser assim, o tempo todo, embora se sentisse desconfortável em aceitar tudo calada.
── Não é bom que uma moça tão delicada como você caminhe por aí sozinha, espero que consiga retornar antes do anoitecer. Pode ser perigoso! ── ele a lembrou.
── Não estou sozinha! O pastor Miller sempre diz que estamos acompanhados por Deus. Tenha um bom dia, senhor Goode! ── sorriu, notando o desgosto em sua expressão, satisfeita por ter provocado aquilo.
E como se a atmosfera já não estivesse suficientemente esquisita e difícil, seu coração ainda estremeceria por um novo motivo, o impacto da ansiedade controlando seu sistema ao passar entre os trabalhadores, a fez congelar por inteira, observando quem movimentava-se além deles. Berman sentiu seu corpo perder todo o ar, como se houvessem pássaros lutando em seu peito, querendo voar em direção a sua boca. Era ela, a mulher de cabelos negros que se enrolavam fascinantemente feito charmosas trepadeiras, Sarah Fier caminhava tranquilamente, vindo de tão longe, e mesmo de tão longe, sua mente embaraçou-se na sensação desgovernada e quente que ela lhe despertava, carregando com sigo um saco como o seu nos ombros, com aquele sorriso de canto que a deixava sempre bastante nervosa, seria muito inadequado que mudasse a rota, ela teria de enfrentar a moça, sempre soube que aquilo uma hora ou outra aconteceria. Afinal, sua mãe combinara com o pai dela de que iriam juntas a floresta, encarando o fato de ser mais seguro.
── Devie? ── iniciou, chegando mais perto com sua voz rouca e os olhos bem atentos em sua feição ── A lua cheia surge antes do anoitecer!
── Uma boa noite para gozar dos frutos da terra. ── respondeu timidamente, aquela informação era como um código de confirmação para todos que iriam comparecer na floresta, embora ainda tivesse suas dúvidas.
── Então você vai? ── interessou-se em saber, Sarah fazia questão que ela fosse, por algum motivo.
── Ainda não me decidi. ── respirou fundo ── Preciso entregar isso ao Solomon, pode me acompanhar?
── Seria uma honra. Algo me diz que está muito nervosa... ── empurrou levemente seu braço enquanto passeavam e seus pelos se ouriçaram com aquela atitude.
Fier sabia que mexia com a ruiva de alguma forma e se aproveitava descaradamente daquilo.
── Impressão sua, com certeza. ── se encolheu, constrangida.
── Será que eu posso te perguntar: por quê tem fugido de mim? ── analisou com cuidado.
── Eu sempre estive aqui, Sarah. Sabe muito bem onde me encontrar. ── desta vez estava irritada, ela não queria dar satisfações sobre o que se passava dentro de si, como explicaria o que sentia?
── Então, o que é? ── olhou fundo em seus olhos, com o rosto inclinado.
── Uma cabra, tomilho e essência de rosas. ── ao não entender perfeitamente o que Sarah tentava deduzir com tais palavras, apenas comunicou sobre os objetos que carregava com ela.
── Parecem ingredientes pra uma poção do amor. ── a morena seguiu sua margem de raciocínio, uma vez que já ouvira falar sobre aquilo antes.
── Acha que o Solomon vai mandar a viúva fazer uma pra você? ── zombou, provocando uma curta risada na outra.
── Ele pode tentar, mas nunca deixará de ser o bom amigo que sempre foi pra mim. ── e retomou, esperando que desta vez não fugisse do assunto ── O que eu quis dizer, na verdade, foi o que aconteceu para não querer me ver mais?
── Você está contente ou não que eu estou te vendo agora? ── cruzou os braços, seu jeito enfurecido lhe deixava feliz, era como uma pequena satisfação que encadeava num sorriso genuíno em seus lábios.
── Estou, é claro.
── Então isso deve bastar! ── encerrou.
Vozes se estenderam ao meio do povo e a ruiva pode jurar que já as conhecia, mesmo que abafadas em meio as gritarias das crianças da vila.
── Ei, elas estão brigando? ── Sarah olhou para frente há alguns passos de si, então Devina que antes não se dera conta preocupada em encontrar respostas, agora prestava atenção na cena constrangedora: Abigail e Constance discutindo, diante do pastor Miller, enquanto caminhavam de volta para casa, ela lentamente revirou os olhos, as duas nunca entravam num consenso.
A parte mais difícil, na verdade, era Abie, sempre pouco compreensiva e com nenhum talento para crianças, um dia a própria confessara que mesmo ela se considerava adotada, não apenas por não ter herdado a cor de fogo na tonalidade de seus cabelos, mas também pela sua forma extravagante de ser.
── Se você contar pra mamãe eu juro que arranco todas as tranças que a Devie fez no seu cabelo! ── e apertou seu braço como quem está prestes a torcer uma peça pesada e molhada de roupa.
── Olha, mais cuidado com o meu trabalho! ── a do meio se gabou ── Vê se pega leve com ela...
── Ah é? E quem é que vai pegar leve comigo? ── franziu a testa.
── Devie, me protege. A nossa irmã é louca! ── murmurou afobada, sentindo os dedos da mais alta empurrarem suas madeixas, antes que chegasse perto da saia da segunda.
── Eu sou louca? Você que é uma metidinha de primeira! ── rebateu, e aproveitando de um momento de distração seu, Constance correu o mais rápido que pode, fugindo dela, a deixando bem mais vermelha de raiva ── Ah, Sarah... Você tem tanta sorte que o Henry é bonzinho! ── chacoalhou os ombros, se referindo ao irmão mais novo de Fier.
── De certa forma. ── concordou ── Mas ele também é bem teimoso quando quer...
Se despedindo das garotas, o som de uma porta batendo pelo vento brutalmente, chamou a atenção de Devie e Sarah, vinha da casa da família Miller e a moça estonteante que saiu por ela segurando uma vassoura de palha, também carregava com sigo um sorriso contagiante. Aquela era a única filha de Cyrus Miller, o praticamente líder da pacata Union. Era um pouco sufocante levar em consideração o que sentiram no instante em que ela lhes encarou com aquele mistério tão natural e rebeldia contida em seu rosto pálido, como se fosse algo bom e inocente, e ainda assim, tão errado e inalcançável.
── É a?...
── Hannah! ── Fier complementou, sentindo o estômago ferver, como se algo que comera ao acordar estivesse lhe fazendo mal, no entanto, ela sequer tomara café.
── Bom dia, meninas! ── a jovem de cabelos loiros presos em duas tranças que terminavam num enrolado perfeito, fazendo com que o vento não embaraçasse seus fios, cumprimentou alegremente quando as duas aproximaram-se inconsciente, como se uma força maior as atraísse para perto ── A lua cheia surge antes do anoitecer!
── O quê? ── Berman questionou, a frase em questão a resgatou do breve devaneio em que se encontrava.
── A santa Hannah Miller?! ── a morena prosseguiu, boquiaberta ── Não me diga que vai?...
Olhando daquela maneira, nem parecia a mesma jovem que cantava em companhia do coral ou se importava com as reuniões sagradas em datas especiais.
── Ah, eu vou. E eu espero que vocês também façam o mesmo! ── continuou sorrindo, totalmente segura na afirmação, nada a fazia titubear, nem mesmo o fato de ser filha de um líder santo como seu pai era.
A ruiva lembrava-se de como haviam se conhecido num dos bancos da igreja, depois Devina passou a ficar mais tempo lá do que em sua própria casa, e a loira, bom, ela era responsável por tudo aquilo. O que começou numa amizade quando ainda pequenas se transformou gradativamente num cuidado para toda a vida, voltavam sempre em presença uma da outra após todas as missas, os dias tornaram-se aprazíveis ao passar seu tempo na companhia das piadas ruins e do bom humor da Miller. Já com Sarah, era um pouco mais diferente, quando crianças se divertiam correndo pela vila, entupindo seus ouvidos com lama do chiqueiro ao se esfregarem nele, brincando de se esconder no pequeno celeiro nos fundo dos Fier e subiam em pés de árvore como se apostassem quem conseguiria chegar mais perto do céu primeiro. Mas admitir que aquele sentimento havia crescido e se expandido de alguma forma que não imaginavam, tornava-se assustador.
── Eu estou surpresa, pra ser sincera... ── Berman engasgou, cerrando os punhos e tossindo depressa, apertando a barriga. Trêmula só em imaginar ter de mentir para seus pais mais uma vez.
── Na verdade, eu queria pedir especialmente pra você ir comigo pegar frutas com a viúva. ── indicou com os dedos, tocando levemente em seu peito, lhe lançando um olhar pretensioso que, talvez não fosse capaz de evitar.
Devina apenas arregalou seus olhos, dando a entender que a mesma havia dito demais, uma vez que prometera não contar nada sobre a movimentação secreta que fizera noite passada, não importava se o segredo estivesse igualmente guardado com a morena, quanto menos pessoas envolvidas, melhor.
── O quê? Devie! Você conhece o caminho da casa da viúva? ── Sarah depositou um leve soquinho em seu ombro, a surpresa era tamanha que precisou beliscar a outra para saber que Hannah não estava apenas brincando novamente.
── É uma longa história... ── chacoalhou a cabeça, preocupada.
── E, Hannah! A filha do pastor?! Isso não devia ser considerado pecado? ── provocou, ansiosa pela resposta, a qual não demorou a aparecer, um sorriso curiosamente malicioso surgiu nos lábios da loira, fazendo com que paralisassem, confabulando a respeito.
── Não é pecado se ninguém te pega fazendo... ── sussurrou audaciosa, pela primeira vez estava sentindo aquilo, uma espécie de corrente sentimental forte o bastante para ultrapassar até mesmo seu raciocínio básico.
Naquele mesmo instante, Sarah deu uma lambida discreta nos lábios sem perceber, já Devie quase deixou o saco que carregava cair no chão, sabia que em algum ponto sua respiração certeira havia falhado, não queria acreditar que estava começando a ficar interessada no plano graças àquela voz tão suave.
── Você perdeu completamente a noção! ── ainda assim, se manteve firme em sua opinião.
── Não estão nem um pouco curiosas? ── arqueou as sobrancelhas, dizendo aquilo de maneira genuína, mas não se garantia que o que se passava em sua mente era de mesma natureza ── Eu só vou se vocês forem! Vai, por favor... Vamos comigo!
E fez um biquinho trabalhoso de ser rejeitado, os olhos molhados, feito uma criança anseando pela sobremesa antes do jantar. A ruiva olhou de canto para Fier, que levantou a sobrancelha direita, depois ambas tornaram a observar Hannah, ainda apertando o cabo da vassoura entre seus dedos, ansiosa pelo que diriam.
Entretanto, a maçaneta de sua casa sacudiu com força, por detrás da porta que se abriu num solavanco revelando uma Sra. Grace Miller extremamente irritada, Devie e Sarah se afastaram imediatamente ao notar a mãe de Hannah, ainda estagnada em surpresa por vê-las ali, com sua voz agressiva e o semblante sério de sempre, furiosa pelo fato de estarem jogando conversa fora. Ela detestava ver Fier tão próxima a sua menina, deduzindo que algo sombrio vinha da mesma, ainda que a morena nunca houvesse lhe feito nada. Já quanto a Devie, não se havia tanta ponderação, pois sentia que ela não era ameaçadora o suficiente quanto Sarah, parecia sempre tão gentil e bondosa, tal como sua filha. Mas apenas até aquele pequeno instante.
── Garota, por que a demora? Preciso de ajuda com... ── e seu timbre foi sumindo, uma pequena batida contra o batente ao seu lado depositada por seus dedos grossos e ordenou num pequeno grito ── Entre agora!
Hannah somente agitou os ombros, obedecendo, mas antes lançou um sorriso de canto para as garotas que a viram desaparecer quando o fresto da porta se fechou agressivo. A ideia de saírem no meio da noite permaneceu ainda fresca na mente, Miller havia alcançado seu objetivo conforme o esperado, mesmo que duvidasse de seu êxito.
Não restava muito a ser feito, não naquele segundo, portanto seguiram caminho pensando a respeito do convite para a comemoração na floresta, andando em silêncio, apenas o som das enxadas perfurando a terra e cavalos passeando manso, quando repentinamente acompanhando o balançar das árvores viram um homem cambalear para fora do banheiro sujo e comunitário perto ao prado que se estendia até a floresta. Aquele era o Louco Thomas, um bêbado miserável que adorava infernizar a vida de todos ao redor.
── Eu vejo um segredo em vocês, moças! ── iniciou com um sorriso pouco confiável e a voz embargada, impedindo que passassem sem antes falar com ele. Se aproximou num salto e encostou as costas de sua mão direita contra o rosto delicado de Devina que grudou os lábios em repúdio.
Ela preferiu acreditar que ele não estava falando com total propriedade, de qualquer forma, nada do que ele falava parecia lhe fazer algum sentido.
── Tire as suas mãos nojentas de cima de mim! Eu não sou a idiota da minha irmã... ── se livrou dele ao empurrá-lo, enfurecida. Só conseguia se questionar como Abie podia gostar de homens nojentos como ele e se Thomas era mesmo o pai da criança que ela esperava.
── Bom dia pra você também, Thomas! ── Sarah revirou os olhos, puxando a ruiva pelos braços, tentando protegê-la, uma vez que notou que a garota não estava acostumada a lidar com pessoas como ele.
── Não querem saber qual é o segredo, moças bonitas?! ── Devie deu uma pequena olhada para trás e ao vê-lo, sua garganta secou, não era a melhor hora para se ouvir aquilo, não quando justamente tinha um segredo, um que talvez destruísse toda a sua família ── Eu enxergo tudo, todos os segredos sombrios de Union!...
── Deve ser trabalhoso! ── Fier suspirou, cansada daquele falatório desnecessário.
── Eu vejo escuridão em vocês! ── anunciou novamente, no entanto, já estavam distantes o suficiente ── Cuidado, Sarah Fier!... Vocês duas, muito cuidado! ── e passou a rir sadicamente, totalmente descontrolado, por que é que ele não experimentava ir tirar a paz de alguém do tamanho dele?
O coração de Berman pulsou nervoso, existia algo no homem que a deixava bastante insegura, mas as mãos da de cabelos encaracolados esfregando seu braço gentilmente, a tranquilizaram, se concentrando no que tinham de fazer.
A casa de Solomon ficava quase na mesma direção que a da viúva: depois do córrego, com muita mata fechada, as quais quase as cegaram, as folhas se amontoando com a brisa matinal, foram rindo como se não houvesse vida fora dali, nenhum problema, nenhum compromisso, apenas as duas. Assim que desceram num ponto de declínio, notaram vestígio de fumaça no ar, Sarah confirmou com um sorriso, avisando que chegaram no lugar correto. Lá estava ele, diante da casa modesta, trabalhando em algo no seu quintal, Devina curvou os olhos por um instante, envergonhada, encarando o solo pelo qual pisavam, ao lado de uma árvore mais próxima ao casebre, dois túmulos de tamanhos diferentes e cruzes sobre a terra, certamente: um para a esposa e outro para seu filho, eles morreram de alguma doença misteriosa, ao menos foi o que se espalhou pela vila. Solomon Goode olhou para trás num minuto, avistando suas silhuetas com o semblante intrigado, porém um curto sorriso logo surgiu em seus lábios.
── Solomon? ── Fier iniciou.
── Ah, Sarah! E... ── coçou a nuca, buscando pelo nome da segunda, mas o mesmo não apareceu em sua mente.
── Devina. Devina Berman. ── a jovem concluiu. Era claro o fato de que ele esperava somente que Sarah fosse ao seu encontro, a presença de Devie, no entanto, o aborreceu. O Goode nem se preocupou em esconder aquilo ── Você falou com a minha mãe outro dia quando foi a cidade, se lembra? Disse que precisava de algumas coisas... ── quem sabe ele estivesse a analisando melhor agora, enquanto falava.
── Ah, claro! Entrem, por favor... ── o homem foi abrindo a porta, deixando de lado a pá que segurava e as acompanhando para o interior de sua moradia. Sarah, por outro lado, estava feliz, não era a primeira vez que comparecia naquele lugar.
── Aqui está o seu dinheiro. ── Solomon retornou do quartinho próximo ao corredor com alguns trocados para a ruiva que, amarrou o cabrito que trouxera numa pilastra próxima a mesa de jantar, e a morena ao abrir seu saco, revelou um porquinho que agora grunhia correndo feliz pelo chão ── Mas isso é loucura, Sarah! Não posso aceitar de graça, espere, vou lhe dar alguma espécie de pagamento também... ── o homem se espantou com a boa atitude dela, ao insistir pelo quê lhe devia, tomando o animalzinho entre seus braços.
── Só encare isso como o meu dote. Somos praticamente casados, não ficou sabendo? ── ironizou. Berman firmou os olhos nele, enojada, as têmporas ao canto de seu rosto saltaram com a informação, os desviando logo em sequência. A possibilidade verdadeiramente a aterrorizou, Sarah sozinha naquele fim de mundo com um homem tão estranho quanto Solomon. "Eu devo ser a única que o vejo assim!", considerou. Talvez fosse só medo de confiar alguém tão importante para ela à um segundo que pouco conhecia.
── Bom, neste caso, diga ao seu pai que não é o suficiente. ── respondeu com educação, respeitando o espaço da primeira ── Mas obrigado, de coração!
── É claro. As sombras cobrem a todos, vez ou outra... ── ela juntou os dedos atrás da saia, pensativa.
Devina só queria ir embora, ela não era uma pessoa muito apta a civilizar com outros ao redor.
── O meu irmão quer que eu desista. ── Solomon iniciou, parecia exausto, o suor escorrendo entre as sobrancelhas e contornando o canto de seus olhos azulados, descendo pela ponta do nariz e pingando em sua roupa ── Ele diz que os Goode não são fazendeiros. Mas essas terras, são férteis. Ainda teremos uma boa colheita, o sol há de brilhar!
── Eu encontrei com ele hoje mais cedo, parecia bem preocupado. ── a ruiva tentou algo novo, não queria dar a impressão de que fosse apenas uma moça vexada e confusa ── Talvez devesse aparecer mais por lá, ele sente sua falta!
── Não, ele deveria descansar um pouco mais. ── Fier emendou, o encarando seriamente ── Você tá horrível!
── Sarah Fier! Sempre tão sincera... ── ele riu, passando os dedos em sua testa e os limpando no cós de sua calça.
── Bom, já vai escurecer, a gente precisa ir! ── Devina os interrompeu, ela odiava descumprir regras e sua mãe confiava cegamente nela, então por bem, não podia decepcioná-la assim.
── É verdade! ── a morena deu um profundo suspiro, observando o desconforto da amiga, encarando as nuvens que afugentaram o sol lá fora.
── A lua cheia surge antes do anoitecer... ── comentou despretensioso, mas foi como se Solomon houvesse decifrado os olhares perturbados de ambas as jovens com a ideia que envolvia seus pensamentos naquele instante ── Sabem que nada bom sai da floresta depois do pôr do sol, não sabem?
── Está parecendo o meu pai! ── Sarah ergueu as sobrancelhas, dando um sorriso suave de canto.
── E a minha mãe... ── a ruiva se encolheu, observando através da janela.
── Então vocês vão? ── a voz rouca vibrou pelo espaço em que estavam, mais alta que de costume. Alarmado, o homem perguntou como se realmente se importasse com a segurança delas, mas provavelmente, pela parte de Fier devia ser real.
── Não! ── Devie retrucou imediatamente, temendo que ele fosse dizer algo aos seus pais a partir daquele simples boato.
── Vamos a onde? ── Sarah apenas lhe lançou um olhar ameno, como se pedisse para que ficasse mais calma. Tão somente deixando o questionamento no ar ao Goode, como se não fizessem qualquer ideia ao que ele se referia.
₍ 001 ₎ Oii, gente! Voltei!!
Eu sei que esse cap demorou
p sair mais q o comum, mas
finalmente consegui revisá-lo!
Peço perdão por ter demorado
tanto, eu tava focada em finalizar
o primeiro livro de Haunted. Mas
vou tentar atualizar com mais
frequência por aqui. Espero que
tenham gostado!! E passando
p avisar que esse trio vai ser
simplesmente tudo!!! ♡♡♡
₍ 002 ₎ Não esqueçam de
favoritar e comentar. E, me
digam o que acharam do cap
aqui!
₍ 003 ₎ Tô ansiosa pra trazer
mais capítulos, então nos
vemos em breve. Bjnhs! ♡
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