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🎫 ⮩ 𝒈𝒐𝒍𝒅 𝒓𝒖𝒔𝒉

【𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝗼𝗻𝗲】

"𝑊ℎ𝑎𝑡 𝑚𝑢𝑠𝑡 𝑖𝑡 𝑏𝑒 𝑙𝑖𝑘𝑒 𝑡𝑜 𝑔𝑟𝑜𝑤 𝑢𝑝 𝑡ℎ𝑎𝑡 𝑏𝑒𝑎𝑢𝑡𝑖𝑓𝑢𝑙?
𝑊𝑖𝑡ℎ 𝑦𝑜𝑢𝑟 ℎ𝑎𝑖𝑟 𝑓𝑎𝑙𝑙𝑖𝑛𝑔 𝑖𝑛𝑡𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑒 𝑙𝑖𝑘𝑒 𝑑𝑜𝑚𝑖𝑛𝑜𝑠."

— Bom dia, Lucy! Você está linda, como sempre — um garoto da Corvinal a cumprimentou, no segundo seguinte sua face adquiriu um vermelho intenso e ela o assistiu apertar o passo para longe antes mesmo que pudesse responder.

Ele vestia a cor de sua Casa e demorou apenas alguns segundos para a lufana lembrar seu nome, Archie Monroe era um garoto alto e esguio, de cabelos castanhos e sorriso tímido que sempre acenava para ela nos corredores porém nada mais que isso. Não era incomum as pessoas cumprimentá-la pelos corredores, muito pelo contrário, Lucy sempre amou conversar com cada um deles e oferecia sorrisos por onde passava, mas tinha que admitir que o sorriso e o comportamento a pegou de surpresa.

— Bom dia... eu acho — murmurou para si mesma, ainda olhando na direção que ele foi. Deu os ombros e prosseguiu seu caminho.

Hogwarts era um lugar estranho, era inegável, não era qualquer lugar que podia ver fantasmas perseguindo uns aos outros ou conversar com quadros na parede, e óbvio que os alunos que a frequentam acabavam sendo estranhos cada um à sua maneira também, mas naquela manhã tinha alguma coisa ainda mais esquisita e Lucy não fazia ideia do que era. Pelos cantos dos corredores, alguns fugiam com os olhos arregalados, vermelhos ou tampando a boca enquanto outros discutiam fervorosamente sobre algo que ouvindo de fora parecia um motivo bobo para brigar daquela forma.

No Salão Principal não estava diferente e Lucy se amaldiçoou mentalmente para demorar demais para entender o que estava acontecendo.

— Bom dia, Lil — Cedric a cumprimentou com um sorriso doce como sempre. Seu colega de Casa era também seu melhor amigo desde que entrou em Hogwarts mesmo sendo um ano mais velho, ela se lembrava perfeitamente do dia em que trocou a primeira conversa com o rapaz após ele levar um murro no nariz de sua irmã mais velha por causa de um jogo de Quadribol, coisa que Sophie era a maior entusiasta. — O que está achando do dia?

— Esquisito — a garota torceu a boca, franzindo o cenho quando na mesa da Grifinória, Hermione Granger se pôs a gritar com Ron, mesmo de longe Lucy viu as orelhas do garoto adquirirem rubor enquanto Harry ria com as mãos tampando a boca, talvez surpreso com a reação da amiga. Cedri olhou por cima dos ombros para ver o que sua amiga tanto encarava e se voltou à ela com as sobrancelhas erguidas. — Por coisas como essa, está esquisto.

— É eu percebi, ainda não descobri o que é — ele deu os ombros, mordiscando do bagel que segurava.

A Roth o imitou, começando a servir seu prato com muffins de mirtilo que tanto amava. Toda manhã a lufana costumava tomar chá, em especial o de camomila que era uma delícia, só que o suco de abóbora nas jarras lhe pareceram tão chamativos que nem hesitou ao se servir um copo, enquanto o fazia, Diggory a empurrou de leve com o ombro, murmurando:

— Seu garoto chegou.

Seus olhos instantaneamente caíram na mesa da Sonserina, onde Theodore Nott se sentava na companhia de Blaise Zabini, este envolvido em um monólogo, já que raras vezes Theo se prestava a fazer algum comentário. Perdeu a noção de quantos minutos passou babando no garoto antes de Cedric lhe dar um cutucão na costela, fazendo-a pular no banco.

— Ai, Ced! Pra que isso?!

— Não está sendo nada sutil — seu amigo riu.

— Mais um pouco e o Nott vai precisar beber todo o Lago Negro pra repor o que você secou, Lu — a voz zombeteira de Sophie se fez presente antes dela ocupar o espaço vazio ao lado de Lucy e lhe dar um breve abraço.

Lucille riu, umedecendo os lábios com um gole de suco antes de responder à mais velha.

— O que posso fazer se ele é uma delícia? — divagou colocando um pedaço de waffle na boca. Antes que pudesse dar conta do que havia dito, Cedric e Sophie já tinham arregalado os olhos e iniciado uma gargalhada um pouco escandalosa. Lucy sentiu as bochechas esquentarem. — Merlin, por que eu disse isso?

— Porque você está apaixonada — Sophie cantarolou, inclinando seu corpo para cima da mais nova colocando a mão sobre a testa dramaticamente.

A lufana não respondeu, apenas abaixou o olhar e continuou bebericando do seu suco e se deliciando dos waffles com bastante xarope de boldo, deixando que Cedric e Sophie dominassem a conversa.

— O que você acha, Ced? A nossa abelhinha deve ou não ir até a mesa da Sonserina chamar o garoto para Hogsmeade?

— Estou aconselhando isso há tempos.

Os dois riram às suas custas por alguns minutos até desapegarem e iniciarem o assunto "Quadribol", Sophie era uma das artilheiras da Grifinória enquanto Cedric era apanhador da Lufa-Lufa, e apesar do rapaz fazer um ótimo trabalho ela tinha que admitir que Harry e Draco era melhores e por isso sua Casa não sentia o cheiro da Taça das Casas há alguns anos. Lucy se desligou do assunto por um momento e se pegou observando o garoto da Sonserina de novo.

Ela tinha esse crush em Theodore Nott desde que o avistou no trem de Hogwarts anos atrás, eles dividiram a cabine até o castelo e enquanto Lucy não calava a boca um segundo como a criança empolgada que era, era possível contar nos dedos quantas palavras ele proferiu a viagem inteirinha. Desde então ela se viu encantada por ele mesmo selecionados para Casas diferentes, ao longo do tempo se pegava o observando, trocavam breves cumprimentos quando dividiam aula e uma vez ele até mesmo pegou os livros que ela derrubou. Naquele dia Lucy realmente achou que fosse viver a história de romance dos seus sonhos, mas Theo não lhe deu um segundo do tempo depois disso.

E mesmo assim dia após dia ela se imaginava o pegando por aquela gravata verde e lhe lascando um beijo bem dado, o problema é que mesmo sendo amiga de praticamente todo mundo daquela escola, Lucille não conseguia abrir a boca perto dele depois de estabelecer sentimentos. A única vez que conseguiu foi no primeiro contato e depois foi só ladeira abaixo, na opinião dela. Helga, por que ela não podia gostar de um garoto mais fácil de se aproximar?

— Lucy — alguém cantarolou seu nome, prolongando o "u", acordando-a dos devaneios. Assustada, a lufana olhou ao redor para ver quem a chamava e se deparou com um ruivo que conhecia muito bem, na verdade em dose dupla. — Como você vai, princesa?

— Eu odeio esse apelido — soltou sem querer. —, mas respondendo sua pergunta: me sinto ótima! Apesar de não me importar tanto com que Sophie e Ced têm a dizer sobre Quadribol, inclusive com certeza vamos perder no próximo jogo contra a Corvinal, Justin não tem sido um bom goleiro.

Atônitos, Sophie Cedric a encaravam boquiabertos enquanto Lucy tampava a boca com ambas mãos, ela não tinha ideia como aquilo tudo tinha saído sem filtro algo, mas por algum motivo ela sabia que encontraria as respostas nas gargalhadas escandalosas de Fred e George.

— Sabia que você tinha muito mais pra falar do que realmente faz, princesinha.

— É, e a gente também sabe que você odeia esse apelido.

— Não acredito que acha que vamos perder, cadê a confiança, Lil? — disse o Diggory, único que parecia chocado demais para rir.

Sophie secava algumas lágrimas que apontavam nos cantos de seus olhos, quase tão vermelha quanto suas vestes.

— Aparentemente, essa é a mais pura verdade — Fred deu alguns tapinhas de consolação nos ombros do apanhador da Lufa-Lufa. — Bruta, não?

— Não tão "bruto" quanto ter que assistir a nossa querida Lucy morrendo de amores por aquele sonserino insosso — George criticou torcendo o nariz.

— Qual é, ele não é tão ruim — Sophie tentou defender.

Pff, se você acha — um dos gêmeos ironizou, revirando os olhos

Ela sabia que a Sonserina tinha certa fama, sabia também que sua rixa com a Grifinória era muito grande para seus amigos da casa dos leões simplesmente aceitarem que seus sentimentos se encontravam em um rival, mais de uma vez algum deles a questionou porque gostava tanto de Nott se ele nem mesmo lhe lançava um olhar, para ser honesta consigo mesma não tinha a menor ideia do que a atrai tanto.

— Considerar o grupo de amigos dele é suficiente para questionar a índole desse garoto.

— Cedric, diga a ele que não é verdade! Theodore nunca fez mal a ninguém — a morena protestou, cruzando os braços na frente do peito. O seu melhor amigo por outro lado apenas ergueu as mãos em rendição murmurando "isso não é comigo", Sophie por outro lado estava se divertindo.

— O que você vê nesse cara?

— Ah sei lá! Desde que consigo me lembrar sou simplesmente obcecado pelo sorriso dele, os lábios bonitos e rosados, o queixo forte, cabelo castanho e descontraído... ah, os olhos azuis, Helga, eu sou maluca por aqueles olhos de ressaca daquele garoto. Ah! E também ele tem um corpinho bem atlético, né? Já o vi saindo do treino de Quadribol, e ele é tão alto — Lucille divagou com um sorriso idiota brilhando nos lábios enquanto circulava uma mecha de cabelo nos dedos. — Também tem essa vibe misteriosa e obscura nele que estranhamente me atrai, eu queria tanto pegar e...

— OK! — Sophie gritou, pegando na mão da mais nova para acordá-la de sua fantasia. — Informação mais que suficiente, Lu.

— Merlin a salve — George murmurou impressionado, não tendo ideia do tamanho da obsessão da sua amiga por aquele sonserino.

— Eles fazem bullying, Lucy.

— Malfoy, Parkinson, Crabbe e Goyle sim, mas eu nunca vi Theodore fazer alguma coisa contra ninguém.

— Não é porque você não viu que nunca aconteceu! — apesar de estarem tentando refutá-la a cada palavra, ela podia notar o sorrisinho de satisfação no rosto dos Weasley, que usariam daquela situação para zombar da sua cara a vida inteira, afinal a Roth estava falando apenas a verdade. — Esse cara não é bom pra você, Lu.

— Você merece coisa melhor — concordou Fred.

Mas, Freddie, eu o amo — Lucy choramingou, passando as mãos pelo rosto dramaticamente. E só então se deu conta de como aquilo devia ter soado patético pois seus três amigos e irmã se entreolharam de olhos arregalados e quase boquiabertos.

— Talvez essa pegadinha não tenha sido das melhores, rapazes — Sophie diz, comprimindo os lábios em uma linha fina.

— O que vocês fizeram? — inquiriu semicerrando os olhos, alternando a atenção entre os dois Weasley. — E por que eu não estou surpresa?

— A sua irmã que deu a ideia — disseram em uníssono apontando para a garota, Sophie com certeza não esperava tamanha traição pois sua expressão correu de surpresa para indignada em segundos.

— EU?!

— Mas isso é segredo de Estado, princesa, sinto decepcioná-la.

— Não revelamos nossos segredos.

— Ossos do ofício.

— Eu realmente queria falar agora que odeio muito vocês — Lucy reclamou, afundando o rosto nas mãos.

— Só que isso não seria verdade — George riu, bagunçando os fios castanhos da lufana entre os dedos.

🐝

O dia prosseguiu sendo o pior de todos, Lucy já tinha passado todas as vergonhas possíveis e somente duas aulas depois do café da manhã que se tocou do que Fred, George e Sophie falavam: aqueles malditos envenenaram a escola toda com veritaserum de alguma forma, ela ainda estava na dúvida se usaram o suco de abóbora ou a comida. Cedric comeu bagel e tomou café preto aquela manhã, não tinha como comparar, e Sophie não ingeriu nada na sua mesa. Merlin, que raiva estava sentindo daqueles ruivos malditos. Para piorar, as garotas decidiram trazer um assunto que ela estava evitando há dias.

— E você, Hermione, com quem pretende ir ao Baile de Inverno? — Parvati murmurou para a garota durante a aula de Herbologia.

Lucy costumava ser animada com o evento que acontecia a cada dois anos, ela sempre ia na companhia de seus amigos e aproveitava a noite ao máximo comendo docinhos e dançando até suas pernas terem cãibras terríveis no dia seguinte, aproveitando até mesmo do Whisky de Fogo que alguns alunos contrabandeavam para dentro do castelo, no entanto, dessa vez a garota só queria fugir do assunto. Alguns garotos já fizeram o convite, alguns eram até bem bonitinhos, porém declinou todos com a leve esperança de que de repente o universo fosse conspirar ao seu favor e Theo a convidasse, ou até mesmo que ela arrumasse coragem para falar com ele. E Lucy não era a única mole ali.

— Espero que o Weasley ali deixe de ser frouxo e te convide — murmurou a Roth contra sua vontade, soando até um pouco desgostosa. — Estamos esperando há anos que ele tome uma atitude e perceba que vocês se gostam.

A garganta de Harry chiou ao prender o riso.

— Ei! — Ron começou a protestar. — Calma, a Hermione gosta de mim?

— Vou ter que concordar, esse idiota é muito lendo! Estamos há anos nessa — a Granger confirmou, ótimo, ela também estava sob efeito da poção dos gêmeos. Hermione tampou a boca e suas bochechas ficaram rubras.

A lufana não conseguia decidir se era engraçado ou constrangedor, os dois pareciam pimentões de tão vermelhos e nem mesmo conseguiam se olhar nos olhos, no fim a culpa era um pouco sua mesmo que não tivesse controle.

— Merlin o dia vai ser longo — Lucy lamentou.

— Por que você disse isso? — a grifinória sibilou baixinho, aproximando-se mais da Roth para beliscá-la de leve. — E pior, por que eu confirmei?

— Eu não consigo controlar e nem você, Fred e George colocaram poção na comida... ou no suco, não cheguei a nenhuma conclusão ainda, você tomou suco de abóbora essa manhã?

— Sim.

— Eu não — Parvati entrou na conversa de novo. — Mas Katie tomou e do nada ficou esquisita falando coisas até um pouco ofensivas pelos cotovelos, assim como você, Lucy! Estão sem filtro.

— Eu vou matá-los — a Granger bufou.

— Entra pra fila.

— Garotas, como eu estava dizendo... — a Professora Sprout limpou a garganta lançando um olhar para as três garotas calarem a boca. — hoje iremos manipular a Bubotúbera, já adianto que não devem tocar nela sem a proteção devida, os tentáculos expelem um líquido venenoso que vocês não querem toc... Óh, alguém leve o Longbottom até a enfermaria, já!

Lucy assistiu Seamus e Dean colocarem os braços do amigo sobre os ombros e carregá-lo para fora da estufa o xingando de alguns nomes desagradáveis, ela se questionou se era por conta da poção ou se estavam apenas furiosos com a inocência de Neville, que sempre foi bom e curioso com a matéria

— Mais uma vez, vocês não devem manipular essa planta sem a devida proteção, luvas, óculos e túnicas já!

A segunda mancada do dia foi no almoço, após a aula de Herbologia. Ela estava sentada na mesa da Lufa-Lufa com Cedric novamente, descansando sua cabeça no ombro do rapaz enquanto se deliciava de um grande pedaço de carne com purê de batatas. O mais velho conversava animadamente sobre o maldito baile e a garota que convidou como par, Cho Chang, da Corvinal. Lucy sempre a achou uma fofa e até mesmo insistiu para que Ced fizesse o convite, ele demorou a se dar por vencido porque não queria deixá-la sozinha no dia do Baile, a Roth o assegurou de que ficaria bem.

— A Lucy não tem par para ainda — a confirmação do seu amigo chamou sua atenção.

— Por que não vai comigo, Lu? — Justin perguntou, fazendo uma bolinha de pergaminho entre os dedos para jogar na testa dela.

Lucy não tinha nada contra o Fletchley, muito pelo contrário, ele era um rapaz ótimo, tinha boas notas e sabia como ser um bom amigo, mas ela não tinha interesse nenhum nele, e foi exatamente isso que respondeu.

— Agradeço pelo convite, Justin, mas não — ela sorriu para reconfortá-lo de que estava tudo certo, porém as próximas palavras escorregaram por sua boca antes que pudesse engolir. — Te acho um garoto legal, mas não me sinto atraída por você e estou esperando o convite de alguém específico.

Sua constatação arrancou uma risada alta de Ernie e Cedric a beliscou de leve no cotovelo.

— Ai, Cedric! Não precisa me beliscar, você sabe que eu não tenho culpa disso — reclamou desvencilhando do mais velho. Só que ela não era a única ali a ter tomado a poção.

— Puxa, Justin, nem uma garota legal como a Lucille quer fazer caridade pra você!

— Ernie, não é bem assim! — a lufana tentou, mas a voz do Fletchley sobressai a sua. — Eu só...

— Não importa, esqueça que eu perguntei! Além disso, Roth, está mais que na hora de você seguir em frente de quem não dá a mínima para você! — o rapaz sibilou pegando a bolsa e deixando a mesa da Lufa-Lufa com passos firmes, Lucy o assistiu deixar o Salão Principal com culpa.

— Deixa ele esfriar a cabeça — Cedric murmurou para ela.

— Ele está afim de você por um tempo, Roth — Macmillan diz dando os ombros. —, mas todos sabem que você só tem olhos para a serpente esguia da outra Casa.

Todos?! O que ele quer dizer com todos?! Céus ela não era mesmo sutil, e se os amigos de Cedric, e um pouco dela também, já sabiam... Merlin, Theodore já deve saber há tempo dessa vergonha. Para seu próprio bem, faria o possível para não cruzar o caminho do garoto, por isso deixou o Salão Principal às pressas assim que o viu sentar-se à mesa da Sonserina e nem mesmo terminou seu prato.

Isso não a impediu de ouvir de uma garota que seus olhos pareciam como duas bolas de bilhar, ou que um aluno do segundo ano achava sua franja esquisita e até mesmo sobre como não gostavam que ela era tão amigável. Também ouviu elogios aleatórios como o de Archie mais cedo que compensou cada comentário ruim, alguns primeiranistas a abordaram para comentar sobre o laço que enfeitava seu cabelo e ao esbarrar Hermione mais uma vez no corredor, a grifinória não deixou de pontuar o quanto Lucy estava radiante e que seu sorriso era bonito.

Ela via esse tipo de situação ocorrendo com a maioria dos alunos tanto nas aulas quanto nos corredores e não era uma exceção, toda vez que avistava os gêmeos no caminho fazia questão de xingá-los com vontade e deu glórias à Helga quando a aula de Poções finalmente chegou, era a última do dia. O problema é que era com a Sonserina.

Lucille não estranhou os burburinhos extra quando chegou às Masmorras para a aula de Slughorn, quando se sentou ao lado de Susan Bones ela logo abriu um sorriso sugestivo e arqueou as sobrancelhas para a Roth. Lucy imaginou que ela também estivesse sob efeito da poção.

— Ficou sabendo do que aconteceu?

— É, eu sei, Fred e George envenenaram a escola inteira com suco da verdade.

— O que? — inquiriu confusa, seu cenho franzido. Em seguida ela negou com a cabeça algumas vezes. — Não, não! Parece que o Nott brigou com um garoto da Corvinal hoje e o mandou para a Ala Hospitalar.

Um gosto amargo invadiu a boca de Lucy, ela sabia que Theo não era perfeito e que o idealizou muito mais do que deveria, mais vezes do que considerado saudável, mas ele vinha se metendo em mais brigas do que o normal ultimamente. A Roth não conseguia deixar de indagar como alguém tão silencioso era tão letal e briguento, se for por Quadribol ou motivo de "macho" estava mais que disposta a superar aquela paixão em dois segundos.

— Por que ele fez isso? Em quem ele bateu?

Susan deu os ombros para ambas questões.

— Só sei que Zabini que o arrancou de cima do garoto, você não acha ele um esquisito? Me parece um lunático às vezes... e falando no diabo.

Os olhos castanhos de Lucy dispararam em segundos para a porta encontrando os azuis de Theodore, ela não segurou contato visual e mesmo assim terminou com as bochechas mais quentes, o rosto dele possuía alguns vermelhões que em breve se tornariam roxos se ele não procurasse a Madame Pomfrey logo. De soslaio a lufana o viu sentar-se ao lado de Draco em silêncio, como sempre, mas desconfortável com os olhares em si.

— Ele deve ter pego uma detenção daquelas — a Bones murmurou, Lucy apenas acenou de leve.

A presença repentina de Slughorn levou todos ao silêncio em segundos.

— Hoje iremos preparar a Poção Morto-Vivo, alguém sabe me dizer qual a função dela?

Lucy levantou a mão, só que sua boca falou antes que o professor permitisse.

— A poção Morto-Vivo induz a pessoa a um sono profundo, senhor, que pode durar horas ou até mesmo dia e dependendo da quantidade ingerida ela pode não acordar sem interferência de ajuda mágica.

— Correto, Srta. Roth, dez pontos para a Lufa-Lufa.

— Garota abelhuda — ouviu uma aluna da Sonserina resmungar, Lucy quase semicerrou os olhos para ela e quando achou que conseguiria relevar, falou mais uma vez.

— E pelo visto você tá doidinha pelo meu mel, não é, amor? — lançou uma piscadela e sorriu para a mesma, não recordava seu nome.

Algumas pessoas riram da resposta e pôde ouvir Blaise assoviar.

— Tá legal! Tá legal — o Professor tentou apaziguar o que mal havia começado. A menina deu um olhar sujo para Lucy, que ignorou completamente. — Hoje trabalharão em duplas...

Um breve sorriso nasceu nos lábios de Lucy.

— E eu as escolherei de acordo com o que eu quiser, para provar que podem trabalhar corretamente até mesmo com alguém que não estão acostumados — o tal sorriso murchou. — Vamos aos nomes: Hannah Abbott e Pansy Parkinson!

Ernie Macmillan e Adrian Pucey.

Susan Bones e Vincent Crabbe.

Justin Finch-Fletchley e Millicent Bulstrode. Ah, esse era o nome da menina que quis ofendê-la.

— Ah merda, nós vamos acabar mortos com o que esse garoto preparar — sua amiga lamentou baixinho fazendo-a rir.

— Lucille Roth e... Nott! Theodore Nott.

O estômago de Lucy afundou, aquele gosto amargo voltou a predominar e seu coração palpitou tão forte que considerou a possibilidade da sala inteira estar ouvindo. A única pessoa que ela não queria chegar perto no dia de hoje seria sua dupla para uma função importante que valeria muitos pontos para ambas casas, em suma estava ferrada. Seus olhos procuraram por Susan e ele não se deu o trabalho de mover a cadeira, perto demais para o bem da sua sanidade mental, já que Susan tinha sua amizade e se aproximou mais para fofocar. Tudo que Lucille conseguia fazer era pedir para Merlin ajuda divina.

— Você não vai começar — a voz do rapaz soou rouca e baixa no seu ouvido como se fosse um segredo, o corpo inteiro da lufana se arrepiou com o simples e idiota motivo. Céus, estava perdida, o cheiro amadeirado que ele emanava estava deixando Lucy embriagada a cada segundo, chegou a pensar que em breve não teria autocontrole nenhum.

— C-Claro, vamos... eu pego os ingredientes e você começa a aquecer o caldeirão — respondeu sem levantar o olhar, fugindo para a estante de itens.

Ela encarou as prateleiras confusa, não lembrava de todos os ingredientes que a poção demandava e não queria voltar para sua bancada como uma fracassada na frente da sua paixonite, mas ele com certeza percebeu sua titubeação pois sua presença intimidante fez sombra atrás de si.

— Você não trouxe a lista de ingredientes — ele diz entregando um pedaço de pergaminho rasgado, com escrita meio garranchada denunciado a pressa.

— Ah, certo, desculpe — sorriu envergonhada e desconcertada. — Obrigada.

Ainda sem olhá-lo, Lucy começou a reunir todos os ingredientes necessários para a preparação do Morto-Vivo: a raiz de valeriana, feijões sopofóricos, raiz de asfódelo e essência de beleza-durminhoca. Não era uma poção que demandava muitos itens, mas eram raros e de complexidade imensa para preparar. Ela não tinha ideia de como Theodore se saía em Poções, mas precisava admitir que era uma aluna mediana. E foi assim que ela iniciou uma conversa que gostaria de evitar.

Nãosouboanessamatéria.

— Hm? — o rapaz franziu o cenho confuso.

— Não sou boa em Poções, então sinta-se à vontade para me guiar — repetiu e encolheu os ombros meio envergonhada, suas bochechas avermelharam um pouco.

— Mas você respondeu a pergunta do Slughorn...

— Eu sei a teoria — esclareceu rapidamente, movendo-se desconfortável na cadeira como se ela tivesse um milhão de espinhos. — Só que quando chega na prática sou tão perigosa quanto Seamus Finnigan.

Theodore não disse nada. Ela queria tanto odiar esse garoto.

Ele começou a manipular os ingredientes na frente dela como uma aula silenciosa, nenhum dos dois fizeram comentário algum. Lucy comprimia os lábios o máximo possível para mantê-los quietos e sem soltar nenhuma besteira, só mais um tempo e provavelmente os efeitos da poção Veritaserum estariam indo embora, até o jantar ela estaria livre daquela maldita pegadinha até que cometeu o principal erro do dia: levantou o olhar para o rosto de Theodore Nott próximo demais ao seu.

Ele começou a manipular os ingredientes na frente dela como uma aula silenciosa, nenhum dos dois fizeram comentário algum. Lucy comprimia os lábios o máximo possível para mantê-los quietos e sem soltar nenhuma besteira, só mais um tempo e provavelmente os efeitos da poção Veritaserum estariam indo embora, até o jantar ela estaria livre daquela maldita pegadinha até que cometeu o principal erro do dia: levantou o olhar para o rosto de Theodore Nott próximo demais ao seu.

Os machucados eram bem superficiais, eles indicavam que o sonserino ganhou a briga, mais de perto ela conseguiu observar detalhes nunca reparados antes que a encantou ainda mais. Suas bochechas possuíam leves marcas de acne e os cílios eram mais compridos do que imaginava em seus sonhos mais perigosos. Merlin, ele tinha algum defeito? Seu pé devia ser feio, ele devia ser bonito da cabeça às canelas, não era humanamente possível ser tão lindo.

Lucy reparou em mais um de seus devaneios quando o pegou encarando de volta, Theodore estava a estudando observá-lo, a garota quis se enterrar viva naquele instante.

— Você tem um rosto muito bonito, não devia se meter em brigas — ela murmura, a expressão de Theo muda de indiferente para surpresa por alguns segundos e somente aquela proximidade desconfortável a permitiu notar.

Lucille achou que o rapaz nem se daria o trabalho de responder, mas ele a surpreendeu dizendo em voz baixa:

— Eu ganhei — Nott deu os ombros, desviando o olhar dela para mexer a poção quando notou que estava na hora.

— Mesmo assim, acho que você é uma das pessoas mais bonitas do castelo para ficar com o rosto assim — respondeu como se não fosse nada.

— Você tomou suco de abóbora hoje de manhã ou no almoço? — pela primeira vez na vida, escutou um tom de humor na voz do Nott. — Seus amiguinhos são divertidos algumas vezes.

— Café da manhã — não era efeito da poção, mas não segurou o revirar de olhos.

Pela primeira vez no dia, ou talvez em toda sua vida, Lucy sentiu vontade de assassinar uma pessoa, no caso duas. Ela prometeu naquele instante que daria um jeito de se vingar de Fred e George pelo que estavam fazendo ela passar, quanto tempo mais essa maldita poção da verdade iria durar? A lufana não gostava de palavrões, entretanto, aquele momento ruim demandava um dos feios.

— Então... — o sonserino retomou, limpando de leve a garganta abrindo um leve sorriso convencido. — Acha que eu sou bonito?

Se sentiu uma completa idiota por amaciar o ego dele com tamanha facilidade, mas uma pergunta direta como aquela era difícil evitar com o efeito de Veritaserum pinicando o seu corpo, se tentasse resistir mais sabia que viria a dor e não sentia que estava disposta a passar. O que era pior: a dor dilacerante ou a vergonha? Olhando para seu parceiro, talvez a dor fosse a melhor opção no fim das contas.

— O que está dizendo? — Theo riu de leve, fitando-a novamente, o encontro de seus olhos com os intensos azuis do Nott a derreteu por dentro.

— Que sou apaixonada por você — Lucy murmurou como um segredo, bom, era pra ser. Ela sabia que nunca fez muito esforço para esconder seu crush pelo Sonserino, entretanto nunca tinha dito a ninguém aquele conjunto de palavras que assustava qualquer um, inclusive um garoto com quem ela mal conversava.

O silêncio profundo e constrangedor se instalou ao redor da dupla como nuvens escuras e tempestuosas, Theo a encarava um pouco em choque e Lucy não sabia onde esconder a cara, ela queria ser agarrada pelo Salgueiro Lutador e ser jogada o mais longe de Hogwarts possível. O que aconteceria agora? Bom, essa resposta era meio óbvia, ele iria rejeitá-la e contar aos seus amigos grosseiros que começariam o bullying sem fim contra ela, ser chamada de abelhuda seria o menor de seus problemas no instante que Nott abrisse a boca. Então quando o moreno fez menção de falar pela primeira vez depois de um minuto de silêncio que mais pareceu a eternidade, Lucy levantou-se bruscamente da bancada e lhe deu as costas, murmurando:

Ainda embriagada pelo cheiro de Nott e entorpecida pela vergonha que tinha acabado de passar, no caminho para a saída da sala Lucy esbarrou por acidente nos ombros de Hannah, que mexia sua poção em conjunto da Parkinson fazendo o caldeirão delas virarem na direção das alunas. Por reflexo as três gritaram e ao pular para trás mais uma dupla teve a poção arruinada e antes que pudesse dar conta, aquela sala tinha virado um efeito borboleta ridiculamente enorme. O Professor Slughorn tentava apaziguar a situação e a gritaria entre as alunas que tiveram as vestes arruinadas pelo líquido não terminado e a Roth aproveitou a brecha para deslizar silenciosamente entre o caos de alunos para fora da sala e só então correu para o mais longe que suas pernas molengas de gelatina conseguiam aguentar.

"Lucille Roth, você está completamente ferrada" era tudo que conseguia pensar.


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