𝚝𝚠𝚎𝚕𝚟𝚎
Seu queixo estava erguido e seu olhar mais afiado do que nunca. Os homens dos Brasart, que andavam pelos corredores do hotel, nem ousavam abrir a boca para falar "bom dia". Eles andavam com as cabeças baixas, em passos lentos e cautelosos, enquanto vocês eram guiados até a sala de reunião.
Parte do medo estampado nos olhos deles deveria também ser graças a Tobirama. Como você andava na frente dele, não conseguia encara-lo, mas imaginava que a expressão dele era tão temível quanto a sua.
A reunião daquele momento seria um problema. Da outra vez, vocês tiveram tempo de passar a tarde inteira combinando entre si o que falariam. Mas, dessa vez, teriam que improvisar em absolutamente tudo.
Não sabia o que o Senju estava pensando naquele momento. Esperava que ele tivesse pensado em algum plano.
Vocês usaram os poucos momentos que tiveram para planejar algo discutindo. Estavam parecendo dois adolescentes. Deveriam ter deixado as complicações resultantes do sexo de lado e focado no que era importante. Sabiam que os Brasart não demorariam para descobrir sobre o ataque e marcar uma reunião, mas estavam em tanto conflito um com o outro que nem tiveram a decência de se prepararem para isso.
Nem deveriam ter transado, para começo de conversa. Mas, já que tinham feito isso, poderiam, pelo menos, agir como dois adultos e colocarem as suas famílias como prioridade.
A porta da sala de reuniões foi aberta e vocês dois entraram por ela. Os três Brasart no topo da hierarquia já estavam sentados à mesa. Os dois mais velhos estavam sérios e se forçavam a não vacilar com os olhares mortais vindos de você e de Tobirama. Ao contrário, Jacob tinha um sorrisinho irritante no rosto. Fez uma nota mental para arrancar todos os dentes da boca dele, caso as coisas chegassem a esse nível.
Charlie e Thomas pareciam mais nervosos com as provocações do mais novo. Era de conhecimento universal que não era uma boa ideia lhe irritar. Diferente de Tobirama, o seu pavio era bem mais curto e sua mira muito mais precisa.
— Bom dia — Charlie disse, tentando esboçar um sorriso — Soubemos que houve um ataque em Konoha de madrugada, gostaríamos de demonstrar nossa solidariedade.
Mentiras.
Não precisava ser um gênio para saber que, na verdade, os Brasart estavam estudando vocês. O ataque de Konoha foi repentino e você imaginava que impiedoso. Seria a oportunidade perfeita para eles começaram a ameaçar vocês para ficarem ao lado deles na guerra contra os Yadav.
— Também soubemos que os dois líderes das famílias estão internados em estado grave.
As palavras de Thomas lhe atingiram como uma bomba. Não tinham recebido essa informação ainda. Na verdade, não tinham recebido informação nenhuma.
Então Madara e Hashirama tinham sido atingidos. Seu coração se apertou ao imaginar aquilo, mas seu rosto não demonstrava nada além de tédio. Isso também poderia ser uma mentira inventada por eles, para ver a quantidade de informações que vocês tinham naquele momento (que era zero).
— Os dois estão bem — Foi Tobirama quem respondeu, enquanto vocês se sentavam nas cadeiras à frente deles — Agradecemos pelas lastimas, mas não foi nada demais.
O platinado não tinha como saber daquilo, mas, dado o histórico dos dois, ele conseguia pensar em poucas situações que Madara e Hashirama não conseguissem resolver. Mesmo que tivessem sido atingidos, era mais provável que tivesse sido algo fácil de resolver.
— Algumas outras famílias estão preocupadas — Charles continuou a falar, insistindo com cautela — Konoha é uma das gangues mais fortes do mundo, mas alguém conseguiu atacar.
— Mais uma vez — Tobirama parecia calmo, mas estava se contorcendo por dentro. Você ainda não tinha conseguido pensar em nada para falar, apenas escutando o rumo em que a conversa estava indo — Não precisam se preocupar. Esse ataque jamais vai voltar a acontecer.
— Alguém já informou o motivo dele?
— Provavelmente meu irmão deve ter se empolgado com o noivado e moveu muitos dos homens para cuidar do casamento — Ele deu de ombros, parecendo mais leve — Hashirama sempre quis que eu e [Nome] ficássemos juntos. Talvez ele não tenha conseguido conter a ansiedade e se descuidou um pouco.
Essa última parte, com certeza, deveria ser mentira. O moreno, mais do que ninguém, ficava completamente tenso toda vez que você e Tobirama iriam se encontrar. Não é à toa que, na festa de aniversário dos Senju, ele lhe falou, pelo menos, umas quinze vezes sobre como ele tinha pedido para o mais novo se comportar.
— Você tá bem quieta — Seus olhos se encontraram com os de Jacob, que tinha sorria pretensiosamente na sua direção — Isso não combina com você — Ele estava jogado na cadeira, como um adolescente revoltado, ainda que já fosse um adulto e, pelo menos em teoria, responsável — Todo mundo sabe que você é muito apegada a Madara — O sorriso no rosto dele se alargou — Ficou assustada com a possibilidade de perder seu irmãozinho?
É claro que estava assustada. Madara e Izuna eram o motivo da sua existência. Eles eram o que fazia com que você não desistisse; faziam com que você sentisse vontade de levantar da cama. Era por causa deles que você queria ser a futura líder de Konoha, para poder aposentar o seu irmão mais velho e poupar o seu irmão gêmeo de carregar esse fardo.
Mesmo assim, sua expressão era a mesma desde que você tinha entrado naquela sala.
— Madara sabia dos riscos quando decidiu virar um dos líderes de Konoha — Suas palavras eram frias e sem vida. Aos poucos, o sorrisinho do rosto de Jacob foi morrendo, quando viu que não tinha conseguido lhe atingir — No pior dos cenários, se eles morressem, isso só faria com que eu ou Tobirama virássemos líderes mais cedo.
Falar aquilo em voz alta fez o seu coração aperta e seu peito doer. Não queria que aquilo fosse verdade. Ainda tinha muita coisa para aprender com os atuais líderes da gangue.
— De qualquer forma — Você suspirou no meio da frase, não como se estivesse cansada, mas sim entediada — Como Tobirama disse, os dois estão perfeitamente bem e Konoha já fortificou a segurança de novo. Também já reclamei com Izuna por terem aberto uma brecha só pelo fato de que eu e Tobirama vamos nos casar.
— O casamento ainda está de pé depois do ataque? — Você não sabia muito bem o que Thomas queria com essa pergunta. Talvez eles não tenham ficado muito felizes com a perda da possibilidade de casarem um Brasart com uma Uchiha.
— Claro — Foi o platinado ao seu lado quem respondeu, colocando a mão por cima da sua, que estava apoiada em cima da mesa, de forma carinhosa e protetora, por mais que a última coisa que você precisasse era proteção — Assim que voltarmos para o Japão vamos começar a organizar a cerimônia.
— Nem tivemos a oportunidade de parabenizar vocês pelo noivado — Charlie disse, com um sorriso tão falso quanto o que você esboçou naquele momento — Aparentemente os rumores de que vocês dois não se davam nada bem eram apenas boatos.
— Não eram, na verdade — O seu sorriso se alargou — Dizer que não nos dávamos bem é eufemismo. Nos odiávamos ao ponto de apontarmos armas um para o outro toda vez que passávamos mais de cinco minutos no mesmo cômodo — Você riu com as lembranças — Ele tem até uma cicatriz no tronco como prova.
— Foi a única vez que ela errou um tiro — A brincadeira dele fez você rir mais ainda, mas os dois Brasart mais velhos apenas arquearam as sobrancelhas.
— Nós dois sabemos que eu errei de propósito.
Ele não discordou. Na verdade, o Senju esboçou um sorriso discreto, mas sincero. Aquela simples conversa entre vocês dois foi o suficiente para que ele ficasse mais leve e esquecesse um pouco da enorme tensão que rodeava aquele momento.
Thomas limpou a garganta antes de falar.
— E como vocês acabaram noivos?
— É uma história engraçada na verdade — O platinado começou a falar, até relaxando um pouco mais na cadeira. Você tinha conseguido pensar em quinze histórias diferentes para contar, mas ficou curiosa para saber qual seria a versão dele da mentira — Em um dos aniversários da família Senju, [Nome] ficou me evitando a noite inteira porque meu irmão tinha pedido para a gente se comportar. A solução mais viável que ela achou para isso foi não falar comigo durante a festa — Você tentou não franzir as sobrancelhas quando percebeu que aquilo estava muito parecido com a realidade — A primeira coisa que eu pensei quando a vi foi que ela era provavelmente a mulher mais linda que eu já tinha visto na vida — Ok. Talvez o seu coração tivesse errado uma batida nessa hora — Eu passei a festa inteira procurando ela. Parte de mim queria falar que ela estava perfeita, mas eu sabia que iria acabar só dando um "boa noite". Só que quando a gente se encontrou finalmente, acabamos brigando na biblioteca da minha casa e ela voltou para a festa — Você já não sabia dizer até que ponto aquela história era mentira ou verdade — Não demorou uma hora para ela começar a beber tudo o que aparecia na frente dela. Até que teve um momento em que ela se perdeu indo ao banheiro e eu fui ajudar. Na volta para a festa a gente conversou um pouco e, no final, ela me pediu em casamento — Suas bochechas começaram a ameaçar ficar vermelhas, principalmente quando ele dirigiu o olhar para você — E eu disse sim.
Você esboçou um sorriso pequeno, levemente envergonhado. Talvez aquela tenha sido a primeira vez em que você não parecesse uma psicopata assassina naquela reunião. Assim que percebeu que sua máscara estava caindo, se recompôs e voltou o olhar, agora minimamente mortal, para os três homens na sua frente.
— Depois disso acabamos deixando nossas brigas de lado e começamos a nos entender — Você completou, não mentindo.
Os dois homens mais velhos não pareciam muito felizes. Sinceramente, era muito provável que nenhum líder de gangue tivesse ficado feliz com a notícia do noivado de vocês. Mas, pelo menos, eles pareciam ter acreditado na historinha de casal feliz, o que já era mais do que suficiente.
— Nós detestamos mudar de assunto — Charlie começou e você já sabia que nada de bom viria a partir daquilo — Mas, agora que vocês dois não possuem mais o apoio estável de Konoha, não estão preocupados com o que pode acontecer com vocês tão longe de casa?
Uma ameaça. Uma nem um pouco discreta. Mas era claro que eles fariam uma. Você e Tobirama estavam no escuro. Não sabiam de nada sobre o ataque a Konoha e ainda estavam em território instável. Os Brasart seriam seus aliados até que ponto? Vocês já tinham negado auxílio militar para eles naquela mesma semana. Claro que eles não perderiam a oportunidade de atacar vocês. Matar os futuros líderes de Konoha seria um feito grandioso, mas manter vocês de reféns seria algo ainda mais poderoso.
— Nunca contamos com o auxílio de Konoha para vir até aqui — Você respondeu, tirando o sorriso do rosto e ficando ainda mais assustadora do que antes — Sabemos nos virar muito bem sozinhos.
— Minha noiva é conhecida nos Estados Unidos por valer o equivalente a cem homens — Tentou não estremecer quando ele se referiu a você como "minha noiva" — Ninguém em sã consciência seria burro o suficiente em apontar uma arma na direção dela.
— Tirando você.
— Sempre acreditei que você não ia atirar.
— Mas eu atirei.
— De raspão — Você estreitou os olhos na direção dele, como se estivesse fazendo birra — De qualquer forma, a pessoa teria que está disposta a perder tudo ao atacar ela.
— Você também não fica muito atrás — Você complementou, com o sorriso de volta aos lábios, tentando não se divertir tanto com as expressões nos rostos dos Brasart — Não foi na Itália que você invadiu a sede de uma gangue sozinho e matou quarenta homens?
— Foram trinta e cinco.
Você deu e ombros.
— Quase a mesma coisa — Seus olhos se voltaram para os Brasart de novo. Thomas e Charlie pareciam convencidos de que ameaçar vocês dois não era uma boa ideia. Já Jacob não tinha mais aquele sorriso irritante no rosto, mas lhe analisava a cada segundo, provavelmente tentando encontrar algum vacilo. Você colocou as duas mãos sobre a mesa e se levantou da cadeira — Podemos considerar essa reunião encerrada? Meus homens ficaram de me ligar para passarem as últimas atualizações sobre o ataque.
— Claro — Charlie parecia que tinha acordado de um pesadelo terrível — Sem problemas.
— Vamos manter vocês atualizados — Tobirama disse e se virou para você, que já estava dando as costas para sair.
O platinado colocou uma mão por trás da sua cintura e, com seus corpos colados lateralmente, vocês saíram da sala de reunião e andaram pelo corredor em direção ao elevador.
Você aceirou aquela reunião como uma vitória. Se saíram muito bem para uma situação completamente improvisada. Realmente não achava que os Brasart fossem pensar em ameaçar ou atacar vocês de forma alguma e, mesmo que atacassem, já tinha estudado o funcionando deles o suficiente para saber que ficariam bem. Você e o Senju conseguiriam lidar com a situação caso a coisa ficasse feia.
Não mentiram completamente mais cedo. Vocês dois eram a maior ameaça de Konoha. Sempre falaram que vocês juntos eram impressionantes, mas, mas poucas vezes em que trabalharam juntos no campo de batalha, eram imparáveis. Obviamente que isso acontecia poucas vezes, até porque na maioria delas vocês dois acabaram apontando as armas um para o outro eventualmente. Mas, se precisassem lutar juntos, conseguiriam destruir um exército de homens sozinhos.
Nenhum de vocês falou uma palavra sequer enquanto o elevador subia até o andar de vocês. Também não pegaram nos celulares, porque não queriam abrir nenhuma mensagem com informações confidenciais ali. Só ficaram em silêncio, olhando para frente, até que a voz dele invadiu os seus tímpanos.
— Eu vou tomar um banho e ver se meus homens mandaram alguma coisa — Sabiam que tinham escutas naquele elevador — Depois eu vou para o seu quarto e entramos em contato com Hashirama e Madara.
Vocês nem sabiam se eles estavam vivos.
— Certo — Respondeu, acenando com a cabeça.
Quando as portas de metal se abriram, você saiu logo do elevador e começou a andar no corredor em direção ao seu quarto, não se importando em virar para trás e se despedir do seu noivo ao abrir a porta e entrar no cômodo.
Você se encostou na porta e esperou ouvir os passos de Tobirama entrando no quarto dele. Assim que garantiu que ninguém poderia lhe ouvir, seu corpo cedeu no chão e lágrimas incontroláveis escorriam pelas suas bochechas.
O que porra estava acontecendo?
Como sua vida tinha dado tão errado em tão pouco tempo?
Desde que vocês chegaram na Inglaterra tudo vinha dando errado. O casamento arranjado com o Senju era apenas uma pequena parte do problema. Olhando para o cenário agora, isso era o de menos. Você estava começando a se perguntar se realmente estava criando sentimentos pelo platinado. Antes mesmo que conseguisse pensar propriamente sobre o assunto, sua casa foi atacada e sua família ferida.
Assim que descobrisse quem fez aquilo, iria rasgar os pescoços dos responsáveis. Estava muito puta. Estava perdida. Estava com um bilhão de conflitos internos. Estava com medo.
A ideia de perder seus irmãos se recusava em sair da sua mente. Você conseguia visualizar os corpos de Madara e Izuna estirados no chão, ensanguentados e sem vida. Seu corpo se arrepiava só de pensar nisso. Não podia perdê-los. Não existia a possibilidade de você continuar sem eles.
O seu choro foi ficando mais alto a cada segundo, você só esperava que ninguém conseguisse te ouvir. [Nome] Uchiha não era fraca. Ela não chorava, não tinha medo e não hesitava.
Então quem caralhos era aquela menina chorona, jogada no chão do quarto, sem conseguir controlar os soluços e as lágrimas?
Você ouviu a porta do seu quarto sendo aberta, mais especificamente a porta que ligava o seu quarto ao de Tobirama. Sabia que ele estava entrando no seu cômodo, em passos silenciosos e cautelosos, além de hesitantes. Mas o seu rosto estava enterrado entre as suas pernas.
Deveria se controlar. Deveria parar de chorar e arrumar alguma desculpa para aquela situação patética. Deveria se recompor e procurar saber como estava Konoha. Deveria encarar ele nos olhos e dizer que estava tudo bem.
Mas não conseguiu fazer nada disso.
Ouviu quando ele se aproximou e ficou na sua frente, mas isso não fez com que suas lágrimas secassem. Sentiu quando ele se sentou ao seu lado, colando a perna com a sua. Só não esperava que ele fosse segurar o seu corpo e puxar para junto do dele.
Foi tão rápido e inesperado que seus olhos se arregalaram e você conseguiu encarar o rosto dele, enquanto era envolvida pelos braços longos e fortes, que lhe seguravam como se tivessem medo que você fosse quebrar. Seu peito estava colado com o tronco dele e seus rostos estavam muito próximos, mas não existia nenhuma malícia no ambiente.
Tobirama usou uma das mãos para enxugar, ou tentar, as lágrimas que ainda escorriam pelas suas bochechas.
— Você sabe que vai ficar tudo bem — A voz dele era baixa e calma, sem pressa nem agonia — Mas é normal desabar quando tanta pressão é jogada em cima dos seus ombros — Ele esboçou um sorriso triste, mas reconfortante — Pode chorar o quanto quiser. Eu não vou sair daqui.
Foi o suficiente. Seus soluços voltaram, ainda mais fortes do que antes. Você enterrou o rosto no peito dele e envolveu os braços pelo tronco dele, necessitando de maior contato.
Ninguém, repito, ninguém, nunca tinha lhe visto assim. Essa era uma versão sua que nem Madara e Izuna conheciam. Sua versão fraca e quebrada. A [Nome] Uchiha frágil e delicada.
Tobirama lhe abraçou com mais força e lhe trouxe mais para perto. Ele nem sabia que você conseguia fazer essa expressão com o rosto. Por muito tempo, ele se perguntou se você sentia medo ou se era incapaz de sentir essas emoções. De certa forma, ele estava feliz, porque pôde ver um lado seu que ninguém mais conhecia. Porque pôde estar ali para ceder o ombro e sentir suas lágrimas encharcando a camisa fina que ele usava. Porque ele não suportaria a ideia de alguma outra pessoa fazendo isso no lugar dele.
Nenhum de vocês sabia dizer quantas horas se passaram, mas, eventualmente, você não tinha mais lágrimas para chorar. Foi quando levantou o rosto e conseguiu encarar as orbes vermelhas de novo.
— Se contar isso pra alguém, eu te mato enquanto tiver dormindo — Sua fala, emburrada, arrancou uma risada divertida dele, tão gostosa e sincera que fez com que o seu estômago embrulhasse.
— Não vou contar para ninguém — Ele afastou uma mecha de cabelo sua, grudada no seu rosto por causa das lágrimas — Se sente melhor?
— Uhum — De repente, você ficou tímida.
— Quer conversar sobre isso?
— Não — Respondeu, sinceramente — Acho que eu só precisava de um ombro mesmo — Desviou o olhar dele, com as bochechas levemente coradas — Ninguém nunca me viu chorando — A última parte você falou bem baixinho.
— Fico feliz de ter sido o único — Tobirama foi sincero e você voltou a encarar os olhos vermelhos — Você devia ir dormir. Meus homens falaram que as coisas já estavam estáveis e que amanhã de manhã Izuna ligava para a gente.
— Você dorme comigo? — As palavras saíram sem querer dos seus lábios — Não como antes, claro — Se apressou em corrigir — Só dormir mesmo. Eu não queria ficar sozinha hoje.
O platinado demorou um pouco para responder. Você já estava preparada para ser rejeitada mais uma vez, quando ele disse:
— Claro.
Sem esperar mais nada de você, Tobirama se levantou, com você nos braços dele. Suas pernas estavam entrelaçadas no tronco dele e seus braços de agarraram no pescoço dele. Não existia malícia nas ações dele, mas o seu coração começou a bater mais forte involuntariamente.
Com cuidado, ele lhe deitou na cama de casal, mas franziu as sobrancelhas ao olhar para você.
— Onde você guarda seu pijama?
— Na primeira gaveta do guarda roupa da esquerda — Você respondeu, meio insegura.
Assim que ouviu a resposta, ele saiu de perto de você e foi até o armário, pegando seu pijama e lhe entregando.
— Troca de roupa. Eu vou pegar o demaquilante no seu banheiro.
Você ficou com os olhos arregalados por algum tempo, até mesmo depois de ele entrar no banheiro e sair do seu campo de visão. Mas, depois de alguns segundos, acabou obedecendo o tirando a roupa de trabalho, a substituindo pelo seu pijama mais confortável.
Depois disso, o platinado lhe deu o demaquilante e você tirou toda a maquiagem. Ele se deitou ao seu lado, depois de tirar a camisa que estava usando, deixando apenas a calça moletom no corpo.
No início, você não estava conseguindo dormir. A imagem dos seus irmãos mortos voltava a assolar a sua mente. Sua garganta já tinha travado de novo e você estava prestes a voltar a chorar, quando sentiu o seu corpo ser envolvido pelos braços de Tobirama, mais uma vez naquela noite.
Suas costas estavam coladas no peitoral e abdômen dele. O rosto do Senju estava enterrado no seu pescoço. Mas não existia maldade ali.
Tobirama apenas depositou um beijo casto na sua pele exposta.
— Boa noite — Ele sussurrou.
— Boa noite — Você sussurrou em resposta.
Não sabia nem dizer como tinha adormecido naquela noite.
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