Você teve que esticar bem as pernas e se espreguiçar quando o aviso de manter os cintos atacados finalmente apagou. Aquela tinha sido uma viagem e tanto. Ir de Tokyo para Londres sempre lhe irritou muito. Já não gostava de viagens de avião, mas passar quatorze horas e quarenta e cinco minutos no ar era quase insuportável. Você odiava. Já conseguia sentir o seu mau humor atacando.

— Hashirama mandou mensagem avisando que o grupo Brasart já mandou alguém vir nos buscar — A voz de Tobirama não ajudava no seu humor, mas, pelo menos, ele não estava falando nada desagradável. Na verdade, ele não fazia nada para lhe irritar desde ontem.

Você apenas murmurou um "uhum" preguiçoso, enquanto pegava sua mala de mão no compartimento de cima da aeronave. O platinado fez o mesmo, saindo atrás de você do avião. Nenhum de vocês dois falou uma palavra sequer enquanto passavam pela saída especial do aeroporto, andando na direção em que Hashirama havia dito que o carro esperaria por vocês.

— Você está calada hoje — Tobirama falou, ainda olhando para frente.

— Não gosto de viajar de avião — Respondeu, dando de ombros — E não consegui dormir direito.

— A reunião é só amanhã, então provavelmente eles vão nos deixar descansar por hoje.

Mais uma vez, você apenas murmurou um "uhum".

— Se eu começar a falar sobre como os Uchihas são inferiores, você volta ao normal?

Você parou de andar e arregalou levemente os olhos. Tobirama tinha acabado de fazer uma piada? Era a segunda em menos de dois dias.

Um sorriso involuntário tomou conta de seus lábios e, logo depois, uma risada alta e divertida escapou deles. Não era somente pelo fato da piada em si, mas ele estava agindo estranho desde ontem. Com certeza, alguma coisa aconteceu na festa e, infelizmente, você não se lembrava de porra nenhuma.

— Você até que é engraçado, Senju.

Dessa vez, foi ele quem parou de andar. A forma como você o chamou foi... sensual? Não, ele deveria estar imaginando coisas. Provavelmente você só estava querendo provocar ele, do mesmo jeito que fez na festa dos Senju. Não existia a menor chance de você estar tentando seduzir ele. Afinal, vocês se odiavam.

Achar o carro que os Brasart mandou para buscar vocês foi muito fácil. Assim que chegaram no ponto de encontro, nem precisaram se esforçar até que dois homens trajados com ternos pretos viessem na direção de vocês e pegassem as malas de suas mãos.

O carro preto era verdadeiramente pequeno, bem menor do que você estava acostumada, mas imaginou que isso era porque os Brasart não queriam chamar atenção. Algo completamente compreensível já que eles estavam em uma guerra interna com outra gangue de Londres.

— Vamos levar vocês até o hotel em que ficarão hospedados — Um dos homens, o que estava sentado no banco de passageiros, falou, sem se virar para trás — A reunião vai acontecer lá amanhã também. Esperamos que vocês fiquem confortáveis para descansar por hoje.

— Somos gratos por isso — Foi Tobirama quem respondeu.

Você mexia no seu celular, sem prestar atenção em nada do que o homem tinha dito. Mandava mensagens no grupo com seus irmãos, avisando que você já tinha chegado em Londres e estava indo para o hotel. Madara nem tentava esconder que estava preocupado com você e Tobirama juntos e também deixou que ficasse evidente a surpresa quando descobriu que vocês ainda não tinham brigado uma vez sequer. Você apenas revisou os olhos quando leu "tem certeza que nenhum de vocês levou um tiro ainda?" e desligou o celular antes de o jogar dentro da sua bolsa de novo.

— Vamos demorar um pouco para chegar — A voz do platinado ao seu lado, bem do lado diga-se de passagem, quase fez você dar um pequeno pulinho de onde estava — Quer descansar um pouco?

— Não precisa — Respondeu, finalmente se virando na direção dele e encarando as orbes vermelhas. Os olhos dele sempre foram tão bonitos assim? — Eu aguento até a gente chegar no hotel — Completou, rápido, não se dando tempo suficiente para admirar ele por muito tempo.

Mesmo depois de horas preso em um avião, Tobirama ainda estava impecavelmente lindo como sempre. Você estava, com certeza, acabada. Não tinha nem ideia de como ele conseguia ficar tão perfeito assim mesmo depois de uma viagem cansativa como aquela. E, para completar, não tinha maquiagem escondendo suas profundas olheiras. Assim que pensou sobre isso, você desviou o rosto dele. Não queria que o Senju lhe visse assim.

Calma. Você pensou. Porque eu fiquei incomodada com o fato de ele me ver assim?

Seria uma idiotice, de fato. Você nunca ligou para o que ele pensava sobre você, inclusive sobre sua aparência. Mas, de alguma forma, isso lhe incomodou, só não sabia explicar o porquê.

— Já mandou mensagem para Madara e Izuna avisando que chegamos? — E ele continuava puxando assunto.

— Mandei — Mesmo com mau humor por causa do sono, você tentou ser o mais educada possível — Madara até perguntou se eu tinha certeza que nenhum de nós dois levou um tiro ainda. Melhor a gente fazer uma vídeo chamada com ele e Hashi depois só pra eles se certificarem de que ninguém morreu ainda.

— Ainda?

— Nunca se sabe quando eu vou ter vontade de te dar um tudo — Respondeu, dando de ombros, de uma forma brincalhona. Para o seu azar, você estava olhando para frente, então não conseguiu ver o pequeno sorriso que brotou nos lábios dele, por um breve momento.

— É verdade — Ele se ajeitou no banco, fazendo com que seus corpos se encostassem levemente. Não foi nada muito brusco, mas lhe pegou desprevenida — Você é bem esquentadinha mesmo.

— Eu sou a esquentadinha? — Agora, você se virou na direção dele de novo, mas, por mais que estivessem entrando em uma discussão mais uma vez, tinha um sorriso divertido nos seus lábios — Não fale como se você não apontasse uma arma pra mim também.

— Mas eu nunca atirei — Ele estava lhe provocando e você sabia muito bem disso. Vocês nunca tinham tido uma discussão assim, de provocações. Era mais divertido do que as intrigas odiosas que vocês tinham na gigantesca maioria das vezes.

— Aquilo foi só uma vez — Você revirou os olhos, ainda com o sorriso no rosto — E pegou de raspão.

— Deixou uma cicatriz no meu tronco.

— Você sobreviveu, não foi?

— Infelizmente para você, sim.

Você não tinha percebido até então, mas ele também estava com um sorriso discreto nos lábios, bem discreto. E então você se pegou encarando os lábios dele. Vocês estavam muito perto. Desviou rápido o olhar para as orbes vermelhas de novo, desejando que ele não tivesse percebido o seu vacilo. Mas ele percebeu.

Tobirama fez o maior esforço do mundo para não engolir seco. O sorriso tinha sumido dos seus lábios, assim como o dos dele. Pareciam que horas estavam passando, enquanto vocês dois se encaravam fixamente. Ele queria descer o olhar para sua boca, mas precisava que você cedesse antes. Se você olhasse para ele de novo, ele retribuiria. Se você cedesse, ele também cederia.

— Verdade — Finalmente, você respondeu, se afastando um pouco dele e virando para a frente de novo — Na próxima vez, eu miro na sua cabeça.

Mas ele não riu. Estava ocupado demais se lamentando por você ter quebrado o contato visual ou por você ter afastado seus corpos.

Assim que percebeu o que estava sentindo, o platinado virou o rosto para a janela. Por que ele estava tendo esse tipo de pensamento sobre você agora? Tudo bem, você era uma mulher muito forte e extremamente linda, ele já tinha notado isso fazia muito tempo. E, por mais que você invadisse os pensamentos dele vez ou outra em um momento mais... íntimo, Tobirama sempre deixou claro para si mesmo que isso só acontecia porque você era uma mulher atraente. Não tinha a menor chance de ele ceder para uma Uchiha. Mas, então, você ele queria tanto só poder agarrar você ali mesmo?

E ele não era o único com pensamentos conflitantes. Na primeira vez que você viu o Senju, na época em que as famílias de vocês estavam entrando em negociação, o primeiro pensamento que você teve foi o seguinte: "nunca vi um homem tão bonito em toda a minha vida". Muito provavelmente, se Tobirama não fosse uma pessoa tão irritante e sempre demonstrasse desprezo quando lhe via, você acabaria tentando alguma coisa com ele. Não era o mais indicado, já que vocês dois assumiriam o posto de líderes no futuro, mas você sabia que não resistiria.

Seus pensamentos foram ficando mais nublados enquanto sua mente cedia ao cansaço. Estava completamente exausta. A ressaca da noite com os Senju ainda nem tinha saído direito do seu organismo, pela falta de sono. Ainda não conseguiu dormir quase nada no avião e estava acordada faziam vinte horas aproximadamente. Você não queria dormir, não ali. Preferiria chegar no hotel, tomar um banho quente e deitar em uma cama confortável. Mas você não estava mais no controle de suas ações quando seus olhos fecharam involuntariamente e sua cabeça pendeu um pouco para o lado, sendo parada por algo duro, mas você não teve tempo de identificar o que era antes de cair em um sono profundo e merecido.

Tobirama ficou parado quando sentiu sua cabeça encostando no ombro dele. Ele apenas virou o olhar na sua direção, observando você adormecer enquanto usava ele como travesseiro. Se isso tivesse acontecido uma semana antes, provavelmente ele teria lhe afastado de lá. Talvez fosse porque ele sabia o quão cansada você estava; talvez fosse pelo fato de que vocês não brigavam já faziam algumas horas; talvez fosse pelo fato de os pensamentos conflitantes dele ainda estarem lá, mas ele não lhe afastou. Pelo contrário. O platinado se ajeitou mais no banco, para que o ombro dele ficasse mais da altura da sua cabeça, lhe deixando mais confortável.

Ele ainda continuou lhe encarando por diversos minutos, enquanto se perguntava se você tinha consciência de que estava dormindo no braço dele. Imaginava que provavelmente não. Você tinha descido os olhos para os lábios dele naquela hora, mas podia muito bem só ter sido um impulso do momento. Tobirama sabia que você odiava ele, e ele não lhe culpava nem um pouco. O platinado sempre lhe deu motivos para não gostar dele, provavelmente em uma desesperada tentativa de não se apegar a você.

O caminho foi todo assim. Vocês passaram mais de uma hora e meia no carro. O Senju não se movia muito, apenas quando sentia alguma parte do corpo dormente, mas, mesmo já não conseguindo sentir o braço esquerdo direito, ele não o movia, com medo de que isso acordasse você. Ele apenas usava o braço direito para mandar algumas mensagens pelo celular, no geral avisando como as coisas estavam indo para Hashirama ou enviando ordens para os seus homens.

Os homens da Brasart também não falavam muita coisa e, quando falavam, era mais entre si. Tobirama não reclamou. Estava cansado e não queria conversa agora. Mesmo assim, se forçou a não dormir. Se dormisse, talvez ele se mexesse e lhe acordasse. Esperaria até que chegassem no hotel para fazer isso.

Somente depois do que pareciam dias, o carro parou. Sem falar nada, os dois homens desceram do carro e a única coisa que o platinado fez foi olhar na sua direção.

Você era tão angelical dormindo, tão vulnerável e linda. Ele nunca tinha lhe visto com a guarda baixa. Se pudesse, passaria o dia lhe encarando, mas o barulho da mala sendo fechada foi alto demais. Em um movimento repentino, você abriu os olhos e se sentou, como se estivesse em estado de alerta, olhando para todos os lados.

— Chegamos — Foi a voz dele que fez o seu coração bater mais devagar. Assim que percebeu o que estava acontecendo, seus olhos de arregalaram um pouco mais.

— Eu dormi o caminho inteiro?

— Dormiu.

— E em cima do seu ombro?

— Sim — Ele olhava para você com uma expressão séria, mas não parecia irritado.

— Porra — Você sussurrou, pouco antes de esfregar os olhos — Você devia ter me acordado. Seu braço não ficou dormente?

— Não.

Mais uma vez, você sabia que ele estava mentindo.

— Bom... obrigada — Você falou, meio sem jeito — Por me deixar usar o seu ombro de travesseiro.

— Está às ordens.

Você não teve tempo de perguntar o que aquilo significava. Depois de falar, Tobirama se virou e saiu do carro, deixando você para trás. Você piscou algumas vezes antes de voltar a si e também sair do veículo.

Os dois homens de preto levaram suas malas, enquanto acompanhavam vocês até os seus quartos. No caminho, eles diziam algumas recomendações de lugares para comer por perto, já que vocês também não tinham feito tantas refeições na viagem. Mas, sinceramente, você estava tão cansada que só resolveu ignorar os roncos que seu estômago dava.

Os quartos de vocês ficavam no andar mais alto. Por mais que a gangue fosse de Londres, a reunião seria em uma cidade perto, não na capital. Liverpool era, de fato, tão bonita quanto você se lembrava. Mas, antes de explorar o que a cidade tinha a oferecer, você precisava urgentemente de uma cama.

— Aqui estão os cartões dos quartos de vocês — Um deles, que você nunca descobriu o nome, lhe entregou um e depois outro ao platinado — Nos despedimos aqui. Por favor, descansem.

— Obrigada por tudo — Você tentou soar educada, mas estava tão cansada que se virou logo e abriu a porta do quarto.

O cômodo era lindo e enorme, mas você não se deu ao luxo de reparar muito. Se virou para pegar sua mala, mas parou ao ver que Tobirama estava trazendo ela na sua direção, enquanto no seu quarto. O platinado olhou ao redor e as leves vermelhas pararam em uma porta que tinha no lado direito do seu quarto.

— Tem uma porta conectando os dois quartos — Ele disse, antes de colocar a sua mala em um canto — Isso vai facilitar as coisas.

— Facilitar o que? — Você soou mais desesperada do que gostaria. E agora a única coisa que você queria era poder enfiar a cabeça dentro de um jarro.

— Precisamos conversar sobre a situação antes da reunião de amanhã — Tobirama entendeu o que você tinha pensado antes, mas, sinceramente, ele nem conseguiu pensar em alguma gracinha para soltar que não tivesse um fundo de verdade.

Você soltou um gemido alto, sem tentar esconder a irritação, dando as costas para ele e, sem pensar duas vezes, se jogou na enome cama de casal que ficava no canto esquerdo do cômodo.

— A gente não pode conversar amanhã, não? — Resmungou, com o rosto enfiado entre os travesseiros.

— A reunião já é amanhã.

Você levantou a cabeça e encarou o platinado por alguns segundos. Ele estava falando sério, mas tinha total razão. A notícia dessa reunião tinha chegado para vocês muito em cima da hora. Ainda não tinham tido tempo para conversar sobre ela, e não podiam chegar amanhã de mãos vazias. Mesmo que quisesse apenas dormir e esquecer seus problemas, sabia que teria que lidar com isso mais cedo ou mais tarde.

— Tudo bem — Falou, por fim, depois de um suspiro alto, se levantando da cama — A gente devia, pelo menos, tomar um banho antes.

— Eu concordo — Ele deu as costas para você e começou a andar em direção à porta. Não a porta da saída, mas a que conectava os seus quartos — Volto aqui em meia hora.

O Senju não esperou uma resposta sua quando atravessou a porta em direção ao outro quarto, puxando a mala de mão dele, fechando-a assim que passou por ela.

Você revirou os olhos de forma involuntária antes de se levar, com muito mau humor, da cama e se arrastar até a sua mala, que Tobirama tinha deixado em cima de uma poltrona perto da porta. Depois de abri-la, percebeu que não queria perder tempo escolhendo a roupa. Não poderia usar um pijama porque o platinado ainda iria voltar para o seu quarto, mas também não queria usar algo desconfortável. Decidiu deixar essa escolha para depois, pegando apenas um conjunto de calcinha e sutiã, além da sua necessaire antes de entrar no banheiro.

Mais uma vez, o lugar era impecavelmente lindo, mas você não reparou muito. Ligou o chuveiro quente enquanto se despia e escovava os dentes. Somente quando a água já estava pelando, você entrou de baixo dela, quase soltando um gemido satisfeito ao sentir o calor da água relaxando todos os músculos do seu corpo.

Mesmo que o Senju tivesse dito que voltaria em meia hora, você não se apressou. Já que não iria dormir mesmo, tomou todo o tempo do mundo para se ensaboar, lavar o cabelo e só aproveitar a água quente também. Quando os seus dedos estavam comentando a ficar enrugados, você desligou o chuveiro e se enrolou em uma toalha.

Ainda com sono e preguiça, você apenas passou hidratante no corpo, creme de pentear nos fios do seu cabelo e o penteou. Também passou um hidratante facial e protetor solar no rosto. Mesmo que fossem ficar dentro do quarto o resto do dia, o sol ainda raiava do lado de fora.

Depois de vestir as roupas de baixo, você saiu do banheiro, sentindo seu corpo se arrepiar com a mudança de temperatura, já que o banho tinha deixado o banheiro quente.

Você olhou para a sua mala, esperando que você escolhesse uma roupa para vestir, mas depois seus olhos foram parar na enorme cama de casal. Nem demorou muito tempo para escolher. Seu corpo implorava por um colchão, principalmente depois de passar uma hora e meia dormindo em um carro.

Assim que pegou o seu celular, você se jogou na cama, entrando no WhatsApp somente para avisar para Madara e Izuna que já estavam no hotel.

Izuna: vocês tão dividindo o quarto é?
[16:32]

Você: não viaja, porra.
[16:32]

Izuna: usem camisinha,
não quero ser tio ainda.
[16:33]

Você mandou uma foto dando dedada para ele. Só então, viu a hora no seu celular. Tobirama estava atrasado. Não era do feitio dele, mas talvez ele só estava lhe dando um pouco mais de tempo para usufruir de um merecido banho. Com isso em mente, você se deu o luxo de ficar mais cinco minutos deitada na cama, apenas para o seu corpo se recuperar mais.

Enquanto você ficava vendo vídeos aleatórios no TikTok esperando o tempo passar, o platinado ainda estava de baixo do chuveiro. Você simplesmente se recusava a sair da mente dele. Quando vocês estavam sozinhos no seu quarto, ele teve que sair o mais rápido possível de lá para que não te atacasse ali mesmo.

Será que você realmente tinha entendido que "facilitar as coisas" significava algo com segundas intenções? E, se sim, será que você gostaria daquilo?

Esses pensamentos estavam deixando o Senju completamente maluco. Ele precisava, urgentemente, afastar você dos pensamentos dele, só não sabia como fazer isso ainda.

Desistindo de pensar sobre isso, o platinado desligou o chuveiro, se enrolando em uma toalha e vestindo uma calça jeans com uma camisa básica. Era diferente das roupas sociais que ele normalmente usava, mas imaginou que seria estranho se vestir de forma tão formal apenas para que vocês conversassem casualmente sobre a reunião de amanhã. Você provavelmente estaria usando alguma roupa confortável e desleixada. Assim que ele percebeu que tinha um sorrisinho no rosto, afastou o pensamento.

Somente depois de respirar fundo três vezes, Tobirama bateu na porta que separava os quartos de vocês. Aquilo era, de fato, muito conveniente, só que não pelo motivo que ele queria que fosse. Depois de alguns segundos sem resposta, ele bateu de novo. Nada.

— [Nome]? — Ele lhe chamou, um pouco mais alto para que você ouvisse.

Ainda nada. Provavelmente você ainda estava no banho. Com um suspiro cansado, o Senju abriu a porta, decidido a lhe esperar dentro do seu quarto, mas parou de andar assim que olhou para a sua cama.

Você dormia profundamente entre os travesseiros. Seu celular estava jogado perto da sua mão, fazendo ele logo imaginar que você acabou adormecendo enquanto mexia nele. Mas, o que mais chamou atenção do platinado foi o fato de você estar usando apenas uma lingerie preta rendada.

Ele tentou controlar os próprios pensamentos, tentou controlar o instinto que fazia com que ele ficasse excitado com aquela cena. Sabia que era errado. Você estava dormindo e nem tinha ideia de que ele estava lhe observando. Mas era difícil demais.

Tobirama já sabia que estava excitado. Os olhos dele se prenderam involuntariamente em você durante longos segundos.

Era errado. Você era uma Uchiha. Ele não poderia ter esse tipo de pensamento sobre alguém como você. Ele te odiava. Você o odiava. Era assim a relação de vocês dois.

Mas, somente quando você resmungou baixinho e se moveu um pouco na cama ele acordou dos próprios pensamentos e voltou a si. Seria um problema de você acordasse agora e o visse lhe encarando. Por isso, ele virou de costas, devido a ir embora e deixar você em paz.

Assim que se virou, Tobirama percebeu algo. O quarto estava muito frio e você estava apenas com roupas de baixo. Sem pensar muito, porque se pensasse não faria, ele andou na direção oposta da porta, para o seu lado, indo até um armário na frente da sua cama e pegando um cobertor de lá.

Tentando ao máximo não olhar para o seu corpo, e falhando miseravelmente, o platinado lhe cobriu, só agora sentindo o corpo dele ficar um pouco menos excitado.

— Você é insuportável, sabia disso? — Ele disse, em um sussurro, mais para si mesmo do que para você — Insuportavelmente perfeita  — Completou, enquanto saia do seu quarto e voltava para o dele, lhe deixando sozinha e adormecida para trás.