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𝟎𝟔. 𝗇𝗂𝖼𝗄 𝗆𝗂𝗇𝖺𝗃𝗂 𝗐𝗂𝗇𝖾.

006. ⠀⠀⠀␥⠀⠀𝓕𝙴𝙻𝙸𝙿𝙴 𝒟𝚁𝚄𝙶𝙾𝚅𝙸𝙲𝙷
❆⠀𓈒 ׁ ˖⠀𝗇𝗂𝖼𝗄 𝗆𝗂𝗇𝖺𝗃𝗂 𝗐𝗂𝗇𝖾. ⠀֪ ʾ

            CLARO QUE ELE COMEÇA COM AQUELE sorrisinho besta. Não o sorriso fofo, ou o charmoso de filme clichê — não. É aquele sorriso que carrega arrogância embalada em falsa modéstia, o tipo de sorriso que diz "ganhei e sei que você quer saber tudo" mesmo que eu esteja ali só porque a garrafa de vinho estava mais próxima dele do que do meu quarto. Ele está joga na poltrona como se fosse uma espécie de trono improvisado, com a confiança de quem acabou de vencer uma guerra e quer contar cada detalhe, mesmo que ninguém tenha perguntado. E eu? Eu abro o vinho com a destreza de quem já sabe que vai precisar de uma anestesia líquida pra sobreviver aos próximos quarenta minutos.

Não é que eu esteja realmente interessada. Eu não sou masoquista — pelo menos não clinicamente diagnosticada. Mas tem algo no caos, na possibilidade de ver o maior ego em tempo real tentando se controlar pra parecer humano, que me prende. Talvez seja isso. Talvez seja só a curiosidade mórbida de quem assiste reality show sem admitir. Ou talvez, e isso me irrita profundamente, seja porque lá no fundo eu gosto de vê-lo assim: sendo gente.

─── Tá ─── digo, largando as taças entre nós como quem joga um osso pra um cachorro arrogante ─── Manda ver. Mas só te aviso: se você usar a palavra "inacreditável" mais de duas vezes, eu derrubo vinho no seu troféu. E ainda faço parecer acidente.

Ele ri. Não aquele riso discreto. Não. É um riso aberto, folgado, o tipo de risada que você dá quando sabe que está ganhando um jogo que a outra pessoa nem sabe que começou. Ele segura a taça como se fosse uma extensão natural da mão, gira o vinho com aquele ar metido de quem provavelmente viu isso num filme francês e achou que ia colar.

─── Prometo tentar manter o vocabulário humilde ─── diz ele, com aquele tom de "vou falhar miseravelmente e você vai gostar mesmo assim". ─── Mas você sabe que humildade nunca foi meu ponto forte.

─── Jura? Nossa. Eu achava que você era o Dalai Lama com capacete.

Aí ele começa. E não é só contar, é um espetáculo. Ele narra a largada como se estivesse descrevendo o nascimento de um deus. Fala da vibração do motor como se fosse uma extensão do próprio coração, da voz do engenheiro no rádio como se fosse música clássica. A curva 9 vira um campo de batalha. O pit da Aston, um milagre. As ultrapassagens são danças milimétricas coreografadas por divindades automobilísticas. Ele fala como quem vive aquilo com o corpo inteiro — e como quem tem certeza de que eu estou hipnotizada. O que é irritante, porque talvez eu esteja.

Mas tem algo ali, entre uma hipérbole e outra, que escapa. Uma sinceridade disfarçada, meio sem querer. Tipo quando ele deixa escapar um "achei que não ia dar" no meio do monólogo glorioso, e não consegue esconder o jeito que isso ainda pesa. Ou quando ele diz que olhou pro céu assim que cruzou a linha de chegada. E não foi pra agradecer algum ser superior genérico — foi como quem procura alguém. Como quem ainda sente falta.

─── Foi... diferente — ele diz, e pela primeira vez o tom abaixa, como se a ficha tivesse caído só agora. ─── Eu já ganhei outras, claro. Mas essa... doeu. E, sei lá, acho que por isso valeu mais.

Silêncio.

E eu fico ali, parada, processando. Porque pela primeira vez desde que ele entrou na minha vida bagunçando tudo, ele não tá performando. Ele só existe. Sem filtro. Sem ego. Só ele. E, contra todo o meu bom senso, eu gosto mais desse cara do que do piloto superstar com frases de efeito ensaiadas.

─── Quem você olhou no céu? ─── pergunto, sem nem pensar. O vinho me deixou corajosa, ou burra. Ou os dois.

Ele demora. Olha pra taça. Gira o vinho mais uma vez, agora sem pose.

─── Meu tio Sergio. Foi ele que me ensinou a amar isso aqui. Foi o primeiro a me levar num autódromo. O único que acreditou mesmo quando eu só sabia bater o carro e reclamar do engenheiro.

Sinto a garganta apertar. Mas eu sou teimosa e orgulhosa, então disfarço com um gole longo de vinho como se estivesse apreciando um bouquet imaginário.

─── Bom — falo, fingindo desinteresse porque é meu mecanismo de defesa favorito — Ele deve estar bem orgulhoso. Com pena de mim por ter que te aturar, mas orgulhoso.

Ele me olha. Não daquele jeito irritante, nem com sorriso de canto. Só... olha. Um segundo de humanidade pura.

─── Valeu.

Só isso. Uma palavra. Mas que pesa como uma tonelada. Não pela quantidade, mas pelo ineditismo.

A gente volta ao silêncio. Um silêncio que, incrivelmente, não é desconfortável. É aquele tipo de pausa que não precisa de preenchimento. Que existe entre duas pessoas que se conhecem o suficiente pra não precisar fazer barulho só pra parecer que tá tudo bem.

Mas, como era de se esperar, dura pouco.

─── E você? Já superou o trauma da bicicleta ou ainda grita quando vê rodinha?

A almofada voa com a força de uma resposta emocional reprimida desde o treino de quinta.

Ele ri. De novo. Aquela risada que eu conheço de cor e odeio admitir que gosto. Eu bufo. Xingo. E, droga... rio também. Talvez seja o vinho..

[. . . .]


A garrafa número quatro — ou cinco? ou seis? quem tá contando? — tava vazia e deitada de lado como a nossa vergonha: morta, derrotada, sem qualquer intenção de levantar. Eu já tinha desistido de usar taça, estava bebendo direto da garrafa como se fosse uma guerreira medieval cansada da vida e ele… ele tinha começado a usar uma das minhas pantufas como telefone. E juro por Vettel, teve uma ligação inteira com o "Gary Gannon" que consistia basicamente em ele gritando "I’M TOO SEXY FOR THIS CAR" no chinelo e chorando

Eu caí do sofá umas três vezes. Não tropecei — caí mesmo, tipo boneco de posto sem estrutura moral. A última vez, nem tentei voltar. Fiquei no chão, rindo sozinha, abraçando um travesseiro e dizendo que o capacete do Alonso parecia um ovo Fabergé mal pintado.

─── Vem cá, me escuta — murmurei, puxando ele pra perto com a força de quem claramente esqueceu o conceito de equilíbrio — a bunda da Nicky Minaj é a Monza da anatomia. Mas a minha? Meu bem. A minha é Suzuka. Técnica. Elegante. Um pouco perigosa na curva 8.

Ele tava tão vermelho de rir que parecia um semáforo pronto pra largada. Quase cuspiu vinho na própria camisa quando eu tentei mostrar a curva 8 ali mesmo, na sala, com um rebolado que mais parecia uma tentativa de sapateado bêbado misturado com luta greco-romana.

─── E o paddock? Ah, o paddock! — eu disse, já em pé no sofá, braços abertos como se fosse discursar pra ONU — O paddock é uma novela mexicana. Tem o galã misterioso, o vilão burro, o fofoqueiro e o figurante bonito que só tá ali porque o contrato obriga.

─── O fofoqueiro é o George.

─── Claro que é o George! Ele é o Regina George do grid! Vive rindo, mas sabe de tudo. Aposto que tem um grupo secreto no WhatsApp só pra falar mal das estratégias da Ferrari.

Começamos a imitar rádios de equipes bêbados. Ele fazia o engenheiro falando "box, box" como se estivesse num drive-thru. Eu gritava "more power!" com sotaque alemão tentando imitar o Hülkenberg e terminei dizendo que minha próxima corrida seria só com vinho no sistema de refrigeração.

Depois veio o momento filosófico: a discussão sobre quem do grid tem "energia de ex que some e volta com namorada nova". A lista foi longa. Eu defendi que o George Russell tem energia de "moço que bloqueia no Whats e depois te manda e-mail com anexo em PDF explicando por quê". Ele disse que eu era má. Eu concordei. E dei outro gole.

A essa altura, a minha maquiagem já parecia uma aquarela pós-chuva. Ele tinha uma rodela de vinho na camisa, tava com meu elástico de cabelo no pulso e tinha tentado me convencer de que seria uma ótima ideia tatuar "DRS ME HARDER" na coxa. Eu quase aceitei.

─── Filipa, juro, se você virar piloto com metade do rebolado que você tem bêbada, o Verstappen chora.

─── Eu sou a razão pela qual o Red Bull tem asas, querido.

─── VOCÊ É O DRS DO PAÍS!

E a gente gargalhou. E caiu no chão. De novo.

Eu fiquei deitada, olhando pro teto, o mundo girando devagar, como um carro na última volta do Q3. E quando ele virou pra mim, com os olhos meio fechados, sorriso de canto de boca, e disse:

─── Sainz tem inveja da sua bunda.


Minhas costas estavam incrivelmente confortáveis, o que me deixou imediatamente desconfiada. Afinal, eu sabia muito bem que tinha bebido mais do que deveria — a dor latejante na testa era a prova clara disso, um lembrete incômodo de que meu corpo ainda funcionava, mesmo que eu mal conseguisse me situar. O que realmente me deixava perplexa era o contraste daquele conforto inesperado. Não era o chão duro e frio, nem um sofá torto e desconfortável, tampouco o capô de um carro, onde eu já tinha acordado uma vez — era algo diferente, uma colcha macia e quente, com um cheiro sutil de amaciante, misturado a uma sensação vaga de constrangimento alheio que não consegui identificar direito. Pisquei lentamente, tentando juntar as peças e entender onde exatamente eu tinha parado, porque não fazia ideia de ter uma cama por perto, muito menos uma colcha assim. Na verdade, mal conseguia lembrar meu próprio nome completo naquele momento. Ainda assim, meu corpo, como sempre, parecia disposto a se entregar ao conforto antes que o caos da ressaca me dominasse novamente.

Foi quando ouvi a voz, distante, mas firme, cortando o silêncio ao meu redor. E junto com ela, vieram as mãos — mãos que começaram a me sacudir sem cerimônia, quase como se tivessem pressa, como se o tempo fosse um inimigo real.

─── Preguiçosa ─── A voz disse, carregada de uma impaciência quase divertida, seguida de um alerta urgente Acorda! ─── Você vai perder o seu voo para o Brasil. Acorda!

Por mais que eu tentasse resistir, resmunguei, sentindo o gosto amargo e desagradável de fel na boca.

───────────⭑ ֗ 💍 Eu claramente bebi escrevendo isso. Quem tava mais maluco: willow ou Filipovich? Es a questão. Bem...até mais!

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