002. ⠀⠀⠀␥⠀⠀𝓕𝗂𝗅𝗂𝗉𝖺 𝓕𝖾𝗋𝗋𝖾𝗂𝗋𝖺
❆⠀𓈒 ׁ ˖⠀𝗍𝗁𝗈𝗌𝖾 𝗀𝗎𝗒𝗌... ⠀֪ ʾ

ASSIM QUE ENTRAMOS NO QUARTO, a discussão começou. Felipe insistia em ser o primeiro a tomar banho, enquanto eu tentava explicar, pela milésima vez, que precisava me preparar para uma live. Mas será que ele se importava? Claro que não. Ele já estava com a toalha no ombro, pronto para correr.

─── Nem tenta! Eu vou primeiro! ─── avisei, tentando bloquear o caminho para o banheiro.

─── Você acha mesmo que pode competir comigo? ─── Ele arqueou a sobrancelha, um sorrisinho convencido nos lábios.

E foi nesse momento que percebi: era tarde demais. Ele passou por mim como um raio, e antes que eu pudesse reagir, já estava trancado no banheiro.

─── Droga! ─── murmurei, chutando o ar, irritada.

O som do chuveiro ligado foi a cereja no bolo. Ele sabia que aquilo ia me tirar do sério, e fazia questão de aproveitar cada segundo.

─── Felipe Drugovich, sai logo desse banheiro! Get over it! ─── gritei, batendo na porta com tanta força que minha mão começou a doer.

─── Get over it? Você tem certeza que sabe o que isso significa, garota? ─── A voz dele soou abafada, mas o tom debochado atravessou a porta como uma faca.

─── Claro que sei! ─── menti, sem hesitar, enquanto me perguntava mentalmente se o Duolingo era confiável o suficiente para me salvar dessa. ─── Só sai daí, droga!

Ele riu, uma risada irritante que fez meu sangue ferver ainda mais.

─── Relaxa, já estou acabando. Dá pra esperar cinco minutos, não dá?

─── Cinco minutos?! Você tá aí há vinte! ─── Minha paciência estava pendurada por um fio.

Felipe abriu um espacinho na porta, o suficiente para enfiar a cabeça molhada e lançar um olhar inocente.

─── Vinte minutos? Acho que você está exagerando, hein? ─── Ele piscou, como se aquilo fosse me acalmar.

─── Sai logo antes que eu arrombe essa porta!

Ele deu de ombros, voltando a fechar a porta enquanto cantarolava uma música que eu não reconheci. Era oficial: Felipe Drugovich sabia exatamente como me provocar, e eu caía no jogo dele toda vez.

Deixei-me cair na cama, bufando, enquanto pensava em um plano de vingança. Porque uma coisa era certa: essa disputa ainda não tinha terminado.

Alguns minutos depois, o som do chuveiro finalmente parou. Levantei da cama com a intenção de confrontá-lo assim que saísse. Eu já tinha ensaiado mentalmente o discurso ─── algo sobre respeito, prioridades e talvez um toque de sarcasmo para deixar claro o quanto ele estava sendo insuportável.

A porta do banheiro se abriu, e lá estava ele, com a toalha pendurada preguiçosamente no quadril e o cabelo bagunçado, ainda molhado. O sorriso de quem sabia que tinha vencido me irritou mais do que deveria.

─── Pronto, o banheiro é todo seu, Vossa Majestade. ─── Ele fez uma reverência exagerada, abrindo passagem como se estivesse me fazendo um favor.

─── Ah, obrigada pela generosidade. ─── Passei por ele com o nariz empinado, mas não antes de dar um leve empurrão em seu ombro, só para marcar território.

Entrei no banheiro e fechei a porta com força, mas, para minha surpresa, o vapor quente do chuveiro ainda preenchia o ambiente. As toalhas estavam no chão, e o espelho, completamente embaçado. Como ele conseguia transformar um espaço tão pequeno em um campo de batalha era um mistério para mim.

Liguei o chuveiro e me apressei. Eu precisava recuperar o tempo perdido. Mas, enquanto lavava o cabelo, ouvi algo que fez meu coração parar por um segundo.

─── Ei, esqueci meu celular aí dentro! ─── Felipe gritou do outro lado da porta.

─── Problema seu! ─── respondi, aumentando o volume da água para ignorar a voz dele.

─── Vai mesmo deixar meu celular morrer afogado? ─── Ele parecia divertir-se com a situação, como se isso fosse algum tipo de jogo. ─── Ignorei. Eu tinha uma live para começar e não ia cair em mais uma das provocações dele. Mas então... ─── Se você quebrar meu celular, vou dizer que foi de propósito. Imagina os tabloides amanhã: 'Influencer destrói celular de piloto da Fórmula 1 em ataque de fúria!' ─── Ele ria agora, claramente se divertindo com o absurdo da própria ideia.

Suspirei, irritada. Isso não está acontecendo.

─── Onde você deixou o celular, Felipe? ─── perguntei, já imaginando o caos que seria lidar com ele caso o aparelho realmente estivesse estragado.

─── No balcão, perto da pia. Você pode só abrir a porta e me entregar? ─── Ele estava todo casual, como se fosse um pedido perfeitamente razoável.

─── Nem pensar! Se quiser, espera eu terminar ou aprende a viver sem ele!

Do outro lado, ouvi um resmungo, mas ele não insistiu. Pelo menos, não imediatamente.

Terminei o banho o mais rápido que pude, ainda irritada com a intromissão dele. Peguei a toalha e comecei a me secar, tentando ignorar o fato de que ele provavelmente estava do lado de fora, planejando sua próxima provocação. Quando abri a porta do banheiro, lá estava ele, sentado na cama, com uma expressão casual demais para alguém que acabara de roubar preciosos minutos do meu dia.

─── Demorou, hein? ─── comentou, sem sequer tirar os olhos do celular que, aparentemente, ele não havia esquecido no banheiro.

─── Sério? ─── retruquei, cruzando os braços. ─── Agora você vai fingir que não disse que o celular estava lá dentro?

Ele deu de ombros, um sorriso debochado surgindo no canto da boca.

─── Ah, eu disse isso? Talvez tenha sido um teste... para ver se você é boa em trabalho sob pressão.

Revirei os olhos, resistindo ao impulso de jogar algo na cabeça dele.

─── Escuta, Felipe. Eu não pedi para dividir um quarto com você. Então, que tal a gente tornar isso menos insuportável para os dois? Você não invade o meu espaço, e eu não bato na sua porta como uma louca. Que tal?

Ele finalmente levantou os olhos do celular, me encarando com uma expressão que beirava o cínico.

─── Primeiro, louca é um pouco forte, mas eu concordo. E segundo, você acha que eu queria isso? Dividir um quarto com uma... influencer?

─── Qual o problema com ser influencer? ─── repliquei, sentindo o rosto esquentar. ─── Pelo menos eu não passo o dia inteiro dirigindo em círculos e achando que isso é um grande feito.

─── Uau, isso foi criativo. Nunca ouvi essa antes ─── respondeu, a voz carregada de sarcasmo.

Por um momento, ficamos nos encarando, como dois o

Por um momento, ficamos nos encarando, como dois oponentes prontos para o próximo golpe. Ele parecia relaxado demais, como se estivesse se divertindo com a minha irritação, e isso só me deixava ainda mais furiosa.

─── Quer saber? ─── soltei, cruzando os braços. ─── Eu não tenho tempo pra isso. Tenho uma live pra fazer, então me faz um favor e fica quieto.

Felipe ergueu as mãos, fingindo rendição.

─── Tudo bem, Vossa Alteza da Internet. Não vou atrapalhar.

Ignorei o tom zombeteiro e peguei meu celular, sentando-me na ponta da cama para conferir os últimos detalhes antes de iniciar a live. Ainda sentia a raiva borbulhando dentro de mim, mas precisava me concentrar.

Assim que apertei o botão para começar a transmissão, adotei meu tom mais profissional e amigável.

─── Oi, gente! Tudo bem? Finalmente consegui um tempo pra falar com vocês... ─── sorri para a câmera, tentando esquecer que Felipe estava no mesmo quarto que eu.

Mas, claro, ele não ia facilitar.

Antes que eu pudesse continuar, senti a cama se mexer e, pelo canto do olho, vi Felipe se jogar ao meu lado, apoiando o queixo na mão enquanto me olhava com a maior cara de pau.

─── Ah, não... ─── murmurei, ainda com o sorriso forçado no rosto.

Os comentários na live começaram a pipocar na tela.

"OMG, é o Felipe Drugovich?"
"Socorro, o que ele tá fazendo aí?"
"Vocês estão dividindo um quarto?"
"SHIPPO!!!"

─── Oi, pessoal! ─── Felipe acenou para a câmera como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Tentei não surtar ali, ao vivo, mas ele estava claramente testando minha paciência.

─── Felipe, o que você tá fazendo? -─── perguntei entre os dentes, ainda tentando manter o profissionalismo.

Ele sorriu, inclinando-se um pouco mais para a tela.

- Só queria ver qual é a sensação de ser uma celebridade da internet.

Os comentários ficaram ainda mais frenéticos.

"ELE É TÃO CHARMOSO MEU DEUS"
"Melhor collab de todos os tempos"
"A química deles... não dá"

Respirei fundo, tentando não deixar meu desespero transparecer.

- Você pode, sei lá... ir embora?

Felipe fingiu pensar por um segundo e depois sorriu.

- Hmm... não.

A vontade de tacar o celular na cabeça dele nunca foi tão forte.

- Gente, ignorem o Felipe. Eu tava tentando falar sobre a nova coleção de roupas que acabou de lançar e...

- Nova coleção? - Ele me interrompeu de propósito. - Espera, isso significa que vou ter que te ver desfilando pelo quarto com mais roupas estilosas?

Arregalei os olhos, e os comentários explodiram ainda mais.

"QUÊ????"
"Felipe, pode repetir???"
"Ele repara nas roupas dela AAAAAA"

- NÃO foi isso que eu quis dizer! - me defendi rapidamente, mas Felipe já estava rindo.

Ele sabia exatamente o que estava fazendo, e estava adorando.

- Relaxa, influencer. Eu vou ser bonzinho. Vou deixar você terminar sua live em paz... por enquanto.

E, com isso, ele se levantou da cama e foi até a janela, me lançando um último olhar divertido antes de pegar o celular e fingir que não existia.

Eu ainda estava sem palavras, tentando recuperar minha dignidade diante dos milhares de comentários surtando na tela.

Respirei fundo, ajeitei o cabelo e sorri para a câmera novamente.

- Então... como eu tava dizendo antes desse pequeno incidente, vamos falar sobre a coleção nova...

Mas era impossível fingir que nada tinha acontecido. Porque agora, independente do que eu falasse, o chat estava tomado por uma única coisa:

"CASAL DO ANO!"

────────────⭑ ֗ 💍 OI AMORECOS! Gostaram? Demorei, e não foi pouco, eu sei...mas está aqui o cap!