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❛ ── CAPÍTLO DOZE. . .
𝙚𝙨𝙘𝙤𝙡𝙝𝙖𝙨
"O caminho até o altar pode muito bem ser o maior percurso que uma mulher andará na vida. Não me refiro apenas ao corredor da igreja, mas também aos salões de dança dos inúmeros bailes e aos longos passeios pelo parque durante a tarde. É admirável que elas não sintam cansaço nos pés ou, Deus me livre, tropeçam sobre o escrutínio de todos os olhares atentos que as vigiam de perto."
- Tudo é tão estranho! Já vivi muita coisa, mas tudo para me trazer até o dia de amanhã. - Eleanor exclamou animadamente. As Sharma decidiram fazer daquele um dia mais especial do que já era, trazendo os costumes da Índia até a Inglaterra e dando a oportunidade de Eleanor os experimentar.
- Amanhã é o dia para o qual se preparou sua vida inteira, querida. - Mary disse docemente enquanto passava cuidadosamente uma mistura de cúrcuma. - Você está pronta.
- Eu acreditava que estava, quer dizer, mas agora que essa data finalmente chegou..
- Ah, você está com dúvidas? - Kate questionou.
- Nervosismo pode ser sinal de amor, mas..bom não é um sentimento muito legal. - Eleanor murmurou.
- Fique tranquila, o barão adora você. Ele a cortejou com veemência e deixou as intenções claras desde que se conheceram. - Mary disse acariciando o rosto da mais nova.
- Ainda espero que, quando ele olhar para mim, eu tenha certeza de que ele me ama de verdade. - A Petrova disse.
- Oh.. - Murmurou Mary com um sorriso.
- Receio, no entanto, que não criamos laços o suficiente para um casamento.
- Laços podem ser poderosos, El, mas também fugazes. - Kate murmurou após suspirar.
- Eu sei, mas eu acho que o amor verdadeiro é outra coisa. É quando o resto do mundo fica em silêncio. Não são olhos que se encontram, ou laços forçados, mas almas que dançam, que se aconchegam uma á outra. Abrem espaço uma para a outra, até que não haja mais onde se esconder.
[...]
Eleanor se encarava no espelho. A escolha de vestido bufante e o véu enorme não a agradavam de certa maneira.
- Meu Deus! - Lady Danbury disse assim que a avistou. - Você está tão linda.
Eleanor então sorriu fracamente para a Lady, que então observou as Kate e Mary atrás de si. Com vestidos amarelos claro, a cor favorita do barão, elas observavam Eleanor com sorrisos orgulhosos.
Edwina então entrou na sala, os olhares das Sharma, Lady Danbury e Eleanor caindo sobre si.
- Edwina, por onde esteve? Mandei de procurarem por toda parte. - Murmurou Eleanor.
- Podem me dar licença? - Edwina pediu a família e Lady Danbury, que hesitantes, saíram da sala. A porta se fechou e a Shama suspirou. - Fiquei com um sentimento ruim o dia inteiro, pensando que havia esquecido de alguma coisa. Espero que não fiquei com raiva.
- Raiva de você? - As palavras de Eleanor morreram assim que Anthony entrou na sala.
- Eu vou deixar vocês a sós. - Murmurou Edwina deixando a sala apressadamente.
- O que o senhor está fazendo aqui? - Questionou Eleanor.
- Olha, a última coisa que eu queria era aparecer aqui hoje. Mas até a senhorita Sharma acha que nós temos que conversar. - Anthony disse.
- O que eu preciso é que você...
- Não se case com ele. - Anthony a interrompeu.
- Anthony..
- Não se case com ele. - Repetiu Anthony.
- As pessoas todas lá fora estão a minha espera. - Disse Eleanor.
- Sim, estão sim. Mas elas também querem a sua felicidade. O que não vai acontecer se você insistir nisso. - Eleanor o encarou em silêncio. - Diga que eu estou errado e eu vou embora. Você não consegue. Porque era para nós dois estarmos lá naquele altar.
- Não é tão simples. Você teve a sua oportunidade.
- Mas é claro que é. Você gosta de mim, e não adianta negar, eu sei que é verdade. - Anthony balançou a cabeça.
- É verdade. - Suspirou Eleanor.
- Então vamos embora daqui agora. Eu vou com você para qualquer lugar, desde que estejamos juntos.
- Eu sei que você não consegue entender e eu nem espero que entenda. Mas mesmo que eu não fosse me casar com o Lorde Fell, eu não poderia star com você. Mas saiba que não estar com você é a coisa mais difícil que eu já fiz. Pelo menos eu tenho uma pessoa que me ama ao meu lado, uma pessoa que não vai priorizar apenas o dever e sim a família. Você tem que encontrar uma pessoa que ame você assim também.
- Já encontrei. Ela está bem aqui na minha frente.
- Chegou a hora, milady! - Uma criada entrou animadamente após bater na porta. Anthony e Eleanor se encararam uma última vez antes do Bridgerton sair.
- Vamos? - Chamou Lady Danbury após Eleanor suspirar nervosamente. - Finalmente deixará todas as fofocas sobre você para trás de uma vez por todas. Você dará a sociedade um casamento inesquecível e vai mostrar a eles quem é você realmente.
Enquanto isso no grande salão, completamente decorado por rosas, o burburinho se espalhava entre os convidados enquanto a noiva não entrava. Uma música suave tocava ao violino e então as cortinas amarelas se abriram, dando entrada a lorde Fell, que caminhou sem olhar para os lados e fez uma reverência a rainha antes de ocupar o seu lugar no altar a espera de sua futura esposa.
Finalmente, depois de alguns minutos de espera, as cortinas amarelas se abriram, revelando Eleanor em seu grande vestido de noiva.
Entrando sozinha e segurando um buquê de rosas vermelhas, Eleanor entrou na igreja com a cabeça erguida enquanto encarava diretamente o altar. Ao fazer uma reverência para a rainha, a Petrova parou a sua trajetória em frente ao seu noivo. Duas criadas tomaram a frente e ergueram o grande véu branco da garota, deixando o seu rosto exposto. Ela sorriu para as duas e então aceitou a mão de lorde Fell, parando a sua frente, Edwina como a madrinha que ficaria ao seu lado, estendeu as mãos e com cuidado pegou o buquê da mão da Petrova.
- Srta. Eleanor, está adorável. - Murmurou Lorde Fell.
- Obrigada, milorde. Que bom que eu o agradei. - Ela sorriu, sorriso este que morreu lentamente ao olhar em volta. Os búlgaros tinham uma antiga tradição onde os noivos costumavam trocar coroas de flores e beber vinho juntos em uma taça, simbolizando a união e o amor eterno; e simbolizando a partilha da vida e os desafios. Ao não avistar nenhum desses itens, uma decepção assolou o peito da Petrova. Ela não iria ter o casamento como o de seus pais.
- Por favor, sentem-se. - O arcebispo pediu e todo o salão obedeceu. - Queridos presentes, estamos aqui reunidos diante de Deus e desta grande congregação para unir este homem e está mulher em sagrado matrimônio. Por ser sagrado, o matrimônio não deve ser realizado de maneira leviana ou usado como uma forma de satisfazer as luxúrias e os meros desejos carnais de homens que, como feras brutas, não compreendem o divino. - A voz do arcebispo então ficava cada vez mais distante para Eleanor a medida em que ela ficava mais nervosa.
Finalmente assumindo para si mesma que Bartolomeu não era o homem certo para se casar, além de não respeitar suas preferências e cultura, ele se mostrava indiferente a garota, não conseguindo criar laços ou até mesmo uma amizade. Ela então olhou para a porta do salão, percebendo Anthony parado a encarando. Atraindo alguns olhares, Lady Bridgerton junto com sua filha mais nova, Daphne, também encaram o visconde na porta. A Petrova poderia se ver claramente se casando com o visconde, as gardênias decorando o salão, a troca da coroa de flores, eles bebendo o vinho juntos. Mas então de repente o cenário mudava para uma casa não tão feliz, com criancas correndo pela sala e Eleanor sem saber o que fazer, Anthony trancado em seu escritório enquanto ela também tinha coisas de viscondessa para tomar conta. Percebendo o que fazia Eleanor então encarou seu noivo novamente, colocando um sorriso falso em seus lábios. Tudo voltou ao normal após um pigarro de seu futuro marido.
- O arcebispo quer que repita as palavras, Srta. Eleanor. Depois dele. - Lorde Fell disse.
- Sim, é claro. - Ela balançou a cabeça levemente.
- " Eu, Lady Eleanor Petrova.." - Tudo ficou em silêncio novamente quando a garota encarou o Bridgerton no fundo da igreja. As palavras se enrolando em sua mente. Ela então encarou lorde Fell com os olhos cheios de lágrimas. Ele finalmente então pareceu entender e então encarou o fundo da igreja, vendo o Bridgerton parado.
- Me desculpe. - Murmurou ela e então segurou o grande vestido, se preparando para descer os pequenos degraus do altar e correu pelo extenso corredor do grande salão deixando a todos atônitos. Um grande burburinho começou e logo a rainha se levantou irritada.
- O que houve com o meu casamento? - Ela exclamou ao seus criados.
- A noiva parece ter fugido, majestade. - Um deles se atreveu a dizer.
De repente, assustando a todos, foguetes começaram a ser lançados no céu, deixando a rainha mais furiosa.
- Fique calma, Eleanor, é só nervosismo. - Lady Mary disse assim que Eleanor entrou em um rompante no quarto em que estava anteriormente. - Vamos pedir um chá e, quando colocar algo no estômago, vai ficar forte o suficiente para voltar para lá. O barão entenderá, não é mesmo Edwina?
- Não é chá que eu quero! - Exclamou Eleanor com os olhos cheios de lágrimas. - Eu..eu não..
- Por favor, me deixem a sós com ela. - Anthony pediu abrindo a porta do quarto. Mary, Kate e Edwina o encararam antes de deixá-los a sós.
- Por favor, me deixe em paz. - Pediu Eleanor.
- Precisamos conversar.
- O senhor sabe o quanto isso é impróprio? Não deveria estar aqui. - Ao tentar sair do quarto, Eleanor é impedida por Anthony que a segura pelo pulso.
- Mas eu..eu.. - Gaguejou o visconde. Ela então parou observando as mãos juntas. Ambos se encararam em silêncio. - Espere.
Fechando os olhos, Eleanor suspirou. - Só me diga..me diga..
- Diga o quê? - Ele questionou.
- Três palavras, sete letras. Me diga e eu sou sua, Anthony. - Eles então se encararam após as palavras da Petrova.
- Eu.. - Ele suspirou a encarando. - Eu..
- Obrigada. Era tudo o que eu precisava saber. - Perante o silêncio do visconde, Eleanor se soltou dele, abandonando a sala e vagando pelo castelo enquanto chorava discretamente.
Ela entrou no salão da rainha, fazendo uma reverência e parando entre Lady Danbury e Lady Bridgerton.
- Perdoe a interrupção, Majestade. - Pediu a Petrova.
- Ah, sem dúvida.. - Charlotte riu falsamente. - interrompeu. Espero que os meus esforços de hoje não sejam desperdiçados.
- Não foi um desperdício, Majestade..
- Será que não há ninguém aqui que não consegue dizer algo a rainha sem a dura adulação? - Perante o silêncio, Charlotte suspirou. - Sei que a resposta é obvia. Minha cara, veio aqui para me dizer que vai se casar com ele ou não?
- Ah.. - Suspirou Eleanor, abrindo e fechando a boca sem saber o que dizer.
De repente, as portas se abriram e o Rei entrou.
- Você viu? - Questionou ele.
- Vossa Majestade. - Todos os presentes na sala fizeram uma reverência.
- Os fotos de artifício. - Ele disse alegremente ignorando a todos. - Achei brilhante. Acha que teremos mais? Ah, nossa, parece que..parece que eu me atrasei para a cerimônia.
- Meu rei..- A rainha disse. - Alguém.. alguém pode nos ajudar aqui?
- Perdão por deixá-la esperando, Lotinha. Minha noiva. Minha linda noiva. Mas...mas..onde está o arcebispo? E a congregação? - O Rei disse.
- Jorge.. - Murmurou a rainha se levantando, completamente abalada.
- Ela está radiante, não está? - O Rei questionou sorrindo, sorriso este que morreu ao perceber criados se aproximando para levá-lo de volta a sua ala. - O que eles..o que estão fazendo? Parem! Me soltem! Me soltem! Me soltem! - Conseguindo se soltar, o rei se vira as encarando novamente. - Lotinha.. O quê? Eu..
- Ela será uma rainha excelente, Majestade. - Eleanor disse após ver que a rainha não conseguiria dizer nada. - Ouvi dizer que enfrentaram muitos desafios até se tornarem noivos. Mas hoje..hoje tudo isso valerá a pena, não é mesmo?
- É, bom, eu acho que.. - Gaguejou o rei. - É, bom, sim, sim.
- Talvez seja melhor descansar, Vossa Majestade. - Sorriu docemente para o Rei. - Antes de começarem a comandar o reino com o amor, a compaixão e a bondade que, sem dúvida, compartilham.
- Minha Rainha. - Abalado, o rei acena com a cabeça concordando e dando um último olhar a rainha, ele sai da sala com os criados.
Charlotte então deixa a sala, alguns segundos depois Eleanor fez o mesmo. Acabou entrando em uma sala e encontrando a coleção de jóias da rainha, sorrindo discretamente, encarou um conjunto de colar e brincos de tanzanita.
- Majestade, eu..- Murmurou nervosamente ao perceber a presença da rainha na sala.
- Eu usei no jubileu de ouro de Sua Majestade. - Charlotte ignorou a Petrova enquanto pegava o pesado colar. - Hum..pegue.
- Ah, eu não poderia.
- Sim, poderia, sim. É a minha tanzanita. - Eleanor então, hesitante, pegou o colar. - Srta. Eleanor, eu a escolhi como tanzanita da temporada por uma razão. Sim, possui grande beleza, mas causou uma boa impressão. Ainda causa. Pode seguir causando. Mesmo após a confusão do dia. E após, principalmente, tudo que foi testemunhado em particular.
- Tudo o que testemunhei, Majestade, foi o amor entre um rei e uma rainha e nada mais. Sei que não encontraria palavras o suficiente para falar a respeito nem que tivesse um milhão de vidas para fazer isso.
- O desafio da coroa, é que ela é tangível. É um lembrete físico da minha posição. É por isso que Lady Whistledown escreve em panfletos em vez de espalhar rumores. Um rumor só é relevante no momento em que é ouvido, mas um papel representa mais. A forma física garante a sua permanência. - Disse a rainha. - O mesmo não pode ser dito do verdadeiro amor. Sabe, ele muda, perdoa, nos força a lembrar de quem éramos antes. E nós força a escolher como queremos lidar com ele ao logo do tempo.
- Como é que se faz essa escolha?
- Isso eu não posso determinar. - Charlotte então pega delicadamente o colar de Eleanor e o coloca no lugar. - Eu sou sua rainha, mas até eu tenho que reconhecer a importância da decisão de cada pessoa sobre como proceder diante do verdadeiro amor. Todo mundo merece fazer essa escolha. Assim como todo mundo merece sentir sua força. Mas precisa saber que essa é a maior e mais difícil escolha que alguém pode fazer.
Charlotte sorriu fracamente para a garota antes de deixar a sala.
Eleanor voltou ao quarto em que se aprontou e se sentou em uma penteadeira escrevendo em uma carta a sua decisão final.
[...]
Ao chegar no salão vazio, exceto por uma pessoa, Eleanor suspirou ao se aproximar do visconde.
- Ainda estou aqui porque.. - Murmurou o Bridgerton a encarando.
- Eu sei. - Disse Eleanor. - No momento em que sairmos..assim que nós dois passarmos por aquela porta..enfrentaremos a verdade.
- Nossos sentimentos?
- Nossos fracassos. - Ela se aproximou. - Nós fracassamos, Milorde. Em nossos deveres, nossas responsabilidades, nós fracassamos em tudo. Então perdoe-me se a minha vontade é de adiar o inevitável. Para por um momento eu não pensar no que eu acabei de fazer, por uma pessoa que sequer me ama.
Ambos se encaravam e em um rompante, Anthony tomou coragem e quebrou a distância, tomando os lábios da Petrova para si. Eleanor então passou os braços pelo pescoço do visconde enquanto ele agarrou a sua cintura firmemente. A sensação era incrível. O coração batendo mais rápido, os lábios se encontrando em um toque suave, mas cheio de intensidade. O mundo pareceu desaparecer, deixando apenas o sentimento de estarem completamente entregues um ao outro.
Eu ouvi um amém?? Finalmente! Nem eu tava aguentando mais esperar kkkk
Enfim, espero que tenham gostado do capítulo 🥹
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