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𝟎𝟓. vínculos crescentes

O destino não se escolhe; ele simplesmente se impõe, silencioso, inevitável. Para alguns, é uma armadilha de correntes invisíveis, moldada por forças que ninguém controla. Asteria sempre soube que sua vida seria traçada por outros, mas, agora, ela não era a única presa nesse ciclo. Jack, seu marido, também se encontrava envolvido, um homem de honra forçado a seguir um caminho que não escolheu. E, naquele laço inesperado, algo novo começava a brotar — um vínculo crescente, nascido da necessidade, mas moldado pelo desconhecido. Enquanto o vento ainda soprava forte no pequeno precipício, Asteria encarava a vastidão à sua frente, o cabelo flutuando ao sabor da brisa. Seus pensamentos eram uma mistura de confusão e curiosidade. Jack estava logo atrás dela, os olhos acompanhando cada detalhe, mas sem invadir aquele momento. Ele a observava como se estivesse tentando compreendê-la, amassando o véu nas mãos com uma certa ansiedade.

— Você gosta da vista? — Jack quebrou o silêncio, sua voz baixa, cuidadosa.

Asteria não respondeu de imediato. Ela ainda absorvia o que via, sentindo a liberdade que jamais conhecera e, ao mesmo tempo, o peso do compromisso que acabara de assumir.

— Sim... nunca vi nada igual — ela murmurou, hesitante.

Jack deu um passo à frente, ficando ao lado dela. O som da água batendo contra as pedras ecoava suavemente ao redor, criando um contraste tranquilo com o caos que haviam deixado para trás. Ele estendeu a mão, mas hesitou, respeitando a barreira invisível entre os dois.

— Sua mão — ele apontou com a cabeça, os olhos observando o corte ainda fresco. — Você precisa cuidar disso.

Asteria olhou para a mão, o sangue já seco formando crostas nas bordas do ferimento. Ela assentiu em silêncio. Sem dizer mais nada, Jack a guiou para borda do pequeno lago, onde seus pés tocaram a água morna. Ele se sentou, rasgando um pedaço da própria camisa que usava por baixo da jaqueta. Ela se sentou também, sem saber o que esperar daquele momento. Jack se aproximou, pegando sua mão delicadamente. Ela sentiu um leve estremecer ao toque, mas não afastou a mão. Ele molhou o pano, limpando cuidadosamente o corte. Cada toque fazia Asteria se tornar mais consciente da proximidade entre eles, da maneira como Jack estava focado em ajudá-la, sem nenhuma das imposições que sempre temera dos homens ao redor de Immortan Joe. De qualquer forma, tudo era uma grande novidade a ela.

— Não é tão profundo — ele comentou, tentando aliviar a tensão. — Logo vai sarar.

Asteria o observou, intrigada. Aquele homem, com quem havia se casado por imposição, estava ali, cuidando dela, sendo gentil. Isso a deixava desconfortável, mas, ao mesmo tempo, havia algo reconfortante na atenção que ele lhe dava. Como se, apesar de tudo, ela não estivesse tão sozinha quanto imaginava.

— Você... — ela começou, sem saber exatamente o que dizer. — Por que está fazendo isso?

Jack parou por um momento, seus olhos se encontrando com os dela.

— Porque, independentemente de como isso começou, agora somos nós dois — ele respondeu, sua voz baixa, mas firme. — E vou fazer o que puder para protegê-la.

Asteria sentiu uma onda de emoções conflitantes. Parte dela queria acreditar nas palavras dele, mas a desconfiança e o medo ainda a dominavam. Mesmo assim, aquela resposta acendeu algo dentro dela. Um pequeno fio de esperança. Jack ficou em silêncio por um momento, enquanto seus olhos vagavam pela forma de Asteria, agora sem o véu que antes cobria seu rosto. Seus cabelos loiros ondulavam com a brisa leve que entrava pelo corredor, e, por um instante, ele quase esqueceu da tensão que permeava cada momento deles juntos. Era como se a luz suave do luar, refletida no pequeno lago à frente, realçasse cada detalhe dela: o traço delicado do rosto, a pele clara e suave, os olhos que agora o fitavam com uma intensidade quase desconcertante.

Ele nunca havia visto algo tão puro, tão deslocado daquele mundo corrompido. Asteria era linda, de uma forma que o fez se perder por breves segundos. Jack desviou o olhar, tentando mascarar o efeito que a visão dela tinha sobre ele. Ela, por outro lado, não parecia notar o impacto que causava. Asteria ainda estava absorta no momento, sentindo o toque do vento, o contato da sua pele macia contra a mão áspera do guerreiro, algo tão simples e novo para ela, como um sopro de liberdade que nunca havia conhecido. Jack finalmente quebrou o silêncio, a voz rouca e suave, cheia de um peso que ela ainda não conseguia decifrar completamente.

— Me desculpe pelo que aconteceu lá dentro — ele começou, esfregando a nuca com desconforto. — Não era para ter sido assim. Essa confusão... — Ele balançou a cabeça, frustrado. — Você não merecia estar no meio disso. Não merecia nada disso.

Asteria o observou atentamente, surpresa pela gentileza em seu tom. Não era o tipo de comportamento que esperava de um guerreiro da Cidadela. Ela havia imaginado alguém bruto, frio, que apenas seguiria as ordens de Immortan Joe sem questionar. Mas Jack parecia diferente.

— Eu... estou bem — ela disse, hesitante. Sua voz saiu quase um sussurro, ainda processando tudo o que havia acontecido. — Acho que estou.

Ele se aproximou um pouco mais, ainda mantendo uma distância respeitosa, mas havia uma preocupação visível em seus olhos azuis. Asteria pôde sentir a sinceridade nas palavras dele.

— Você não está acostumada com isso, e eu deveria ter te protegido melhor. — Jack a olhou diretamente, e Asteria notou o quanto seus traços, embora marcados pela dureza da vida no deserto, tinham uma profundidade mais humana do que realmente esperava. — Só quero que saiba que, independentemente do que Immortan Joe espera, eu nunca vou te forçar a nada. Não vou te machucar.

Asteria piscou, tentando processar aquilo. Ninguém nunca havia falado com ela daquele jeito — tão cuidadoso. Durante sua vida inteira, havia sido tratada como um objeto, um bem precioso, mas sem voz. Aquele homem à sua frente, que deveria ser seu marido por imposição, estava oferecendo algo que ela nunca teve: respeito.

— Você também não queria isso, não é? — Ela ousou perguntar, observando a reação dele.

Jack soltou um suspiro pesado, seus ombros relaxando um pouco, como se aquela pergunta fosse a chave de algo que ele mantinha preso.

— Não. — Ele balançou a cabeça, olhando para o pequeno lago à frente. — Não queria. Eu sempre pensei que era errado... aprisionar pessoas, forçar algo assim. — Ele fez uma pausa e voltou a olhá-la, os olhos cheios de algo que Asteria não conseguia definir completamente. — Mas vou cuidar de você, mantê-la segura. Melhor comigo do que com qualquer outro desses animais.

Asteria se sentiu desconcertada pela honestidade de Jack. Pela primeira vez, o medo que sentia do desconhecido começou a se dissipar. Talvez ele fosse alguém em quem ela poderia confiar. Enquanto o silêncio os envolvia, Asteria sentiu a água morna do pequeno lago tocar seus pés. As ondas suaves do riacho pareciam serenar um pouco da tempestade que se formava em sua mente. Sentada ao lado de Jack, com a leve brisa do deserto soprando e os sons do precipício ao fundo, ela tentava organizar os pensamentos, mas cada vez que olhava para ele, a confusão dentro dela só aumentava.

A jovem donzela fitou o reflexo dos dois na superfície da água, seu rosto emoldurado pelos cabelos loiros que flutuavam com o vento. Ao seu lado, Jack parecia tão forte, imponente, mas de uma maneira diferente. Ele não era como os outros homens da Cidadela — aqueles que ela conhecia e de quem aprendera a se proteger. Com Jack, ela sentia algo estranho: segurança.

Era isso que a incomodava.

Ela deveria ter medo. Ele era o marido que lhe foi imposto, parte de um plano maior, um esquema sombrio de controle de Immortan Joe. Como poderia começar a confiar em alguém que, essencialmente, a estava ajudando a perpetuar o mesmo ciclo de submissão que ela sempre desprezou? Cada vez que se lembrava das parideiras no cofre, das mulheres presas sem escolha, na própria mãe, um nó se formava em sua garganta. Asteria temia que, ao deixar sua guarda baixar ao lado dele, ela estivesse cedendo. Se entregando ao mesmo destino, como todas as outras. Ela fechou os olhos por um instante, tentando se livrar daquele pensamento. Mas a proximidade de Jack... a maneira como ele se preocupava, o toque suave de suas palavras, mexia com algo profundo dentro dela. Ela não sabia como lidar com isso. Atração e medo se entrelaçavam, criando uma confusão que a deixava tensa. Como poderia confiar nele?

Mas, ao mesmo tempo, como poderia ignorar o fato de que ao lado dele, mesmo que por um instante, sentia-se livre? Sentia-se segura.

— Você está pensativa — a voz de Jack a fez abrir os olhos e encará-lo.

Ele a observava com aquela calma constante, os pés também imersos na água. Asteria se virou um pouco, sem saber ao certo o que responder. Parte dela queria manter a barreira erguida, não deixar que ele se aproximasse mais. A outra parte, a que ansiava por algo além da prisão dourada que vivia, estava começando a ceder.

— É... muita coisa para processar — ela murmurou, ainda evitando seu olhar diretamente.

— Eu sei — ele respondeu, em um tom que parecia mais vulnerável do que antes. — Eu também me sinto assim.

Havia algo no jeito como ele falou que fez Asteria se virar para ele, encarando-o finalmente. Jack a olhou nos olhos, e ela viu que, por trás da postura de guerreiro, existia alguém igualmente perdido naquela situação.

— Você poderia fugir... Se quisesse — Jack falou de repente, a voz grave ecoando pelo espaço aberto ao redor deles.

Asteria piscou, surpresa pela oferta. Fugir. A ideia sempre esteve em sua mente, como um desejo distante, impossível. Ela sonhava com liberdade. Mas agora que ele a mencionava, parecia mais real, mais ao alcance. Porém, fugir significava criar uma guerra contra Immortan Joe. E por mais que o casamento fosse um fardo, algo nela relutava em colocar vidas em perigo, inclusive a sua.

— E o que você faria? — ela perguntou baixinho, sem se dar conta de que as palavras escaparam. — Se eu fugisse.

Jack sorriu levemente, mas foi um sorriso triste. Ele olhou para a água, os olhos azuis capturando o reflexo suave.

— Eu a ajudaria e protegeria. Onde quer que fosse. Isso não mudaria.

Asteria sentiu um aperto no peito. Como alguém poderia ser tão... altruísta? Ela lutava para conciliar isso com o medo que carregava de ser controlada, de perder a própria identidade. No entanto, a gentileza dele a desarmava de um jeito que ela nunca havia experimentado.

— Eu não sei se posso confiar em você — ela sussurrou, finalmente admitindo seu conflito interno.

Jack estreitou o olhar, sério.

— Eu também não sei se confio completamente em mim nessa situação. — Ele suspirou, passando uma mão pelos cabelos. — Mas o que posso prometer é que jamais te forçaria a nada. Seja lá o que venha daqui para frente, será por escolha sua.

O vento aumentou ligeiramente, erguendo os fios soltos do cabelo de Asteria, que caíam em seu rosto. Ela sentiu a brisa fresca contra a pele e, por um momento, fechou os olhos, como se quisesse gravar aquela sensação. Talvez não houvesse respostas fáceis para as perguntas que fervilhavam em sua mente, mas ali, naquele momento, ao lado de Jack, ela podia fingir que havia uma chance de algo além da prisão. Quando abriu os olhos novamente, Jack ainda a observava, paciente, como se estivesse esperando por ela decidir qual seria o próximo passo.

— Esse lugar é... diferente — Asteria disse, quebrando o silêncio e afastando o peso que pairava sobre eles. — É tranquilo, longe de tudo... Como você o encontrou?

Jack olhou para ela, o semblante suavizando ao perceber que ela estava tentando aliviar o clima pesado entre os dois. Ele inclinou a cabeça levemente, indicando o pequeno lago e o espaço ao redor.

— Na verdade, eu não o encontrei — ele respondeu, o tom de sua voz mais leve. — Foi minha filha quem descobriu. Ela era só uma criança na época.

Asteria piscou, surpresa.

— Sua filha?

Jack sorriu levemente, um sorriso sincero que parecia raramente tocar seu rosto. Ele olhou para o pequeno córrego que corria pelo lugar e continuou.

— Furiosa, minha filha adotiva. Ela era apenas uma garotinha, cheia de curiosidade e energia. Eu costumava trazê-la comigo para lugares seguros, longe do caos da Cidadela. Um dia, enquanto eu tentava consertar um dos veículos, ela saiu correndo, explorando as redondezas. Quando a seguir a encontrei aqui... sentada na beira desse lago, com os pés na água, exatamente como nós agora.

Jack deu uma risada suave ao lembrar da cena.

— Ela disse que o som da água a acalmava, fazia com que o mundo lá fora desaparecesse por um tempo. Desde então, sempre que as coisas ficam complicadas, eu venho para cá... para pensar. Ela também. Immortan Joe não sabe da existência desse lugar, e prefiro que continue assim.

Asteria o olhou com um brilho diferente nos olhos, absorvendo essa faceta inesperada de Jack. A maneira como ele falava de Furiosa, com um carinho tão natural, a fez perceber que ele era mais do que apenas o guerreiro frio que a protegia e cumpria ordens. Ele era um homem com laços e responsabilidades.

— Como você a adotou? — Asteria perguntou suavemente, quase com receio de invadir algo muito pessoal.

Jack hesitou por um momento, mas logo voltou a falar, como se sentisse que aquele lugar, longe de tudo, era apropriado para essas histórias.

— Ela não nasceu na Cidadela. Eu a encontrei em uma das expedições, ainda muito pequena, no meio de um ataque que nós fizemos a uma gangue inimiga. Infelizmente a mãe dela foi morta por eles um pouco antes. Pelo menos, a maioria da gangue foi dizimada, mas quando a poeira baixou, encontrei Furiosa... sozinha. Eu não podia deixá-la para trás.

Jack deu de ombros, como se a escolha fosse óbvia.

— A trouxe de volta comigo. Ela era selvagem, indomável, e por algum motivo... Ela confiava em mim. Nunca pensei que seria pai, mas acho que o destino teve outros planos. Ele sempre tem.

Asteria ficou em silêncio por um momento, processando o que ouvira. A ideia de Jack sendo um pai, alguém que cuidava de outra vida com tanto zelo e responsabilidade, era algo que mexia profundamente com ela. Ele era um homem complexo, muito além da brutalidade e da força que mostrava para o mundo.

— Estou ansiosa para conhecê-la — Asteria disse, com um sorriso leve nos lábios.

Jack assentiu, os olhos azuis fixos nela por um instante antes de olhar para o horizonte.

— Ela vai gostar de você — disse ele, como se soubesse, com uma certeza tranquila. — Se ela não atirar uma chave de fendas na sua cabeça, então significa que gostou.

Eles sorriam juntos. Asteria baixou o olhar, tocando a superfície da água com a ponta dos dedos, observando as pequenas ondulações que se formavam. Enquanto refletia sobre tudo o que ouvira, não pôde deixar de pensar que talvez, apenas talvez, houvesse mais para descobrir sobre Jack do que ela havia imaginado. E, por mais que isso a deixasse confusa, também a acalmava de uma maneira inexplicável.

Jack sentiu o peso da responsabilidade enquanto os gritos distantes da multidão ecoavam até o refúgio. Ele observou Asteria, que permanecia mergulhada em seus próprios pensamentos, os dedos distraidamente traçando círculos na superfície da água. Ela parecia alheia ao que estava por vir, mas ele sabia que a realidade logo a alcançaria. Um peso se instalava em seu peito, enquanto ele lutava com uma questão que não ousava pronunciar. Era ela, não era? A mulher que ele havia encontrado naquela noite quando procurou por Nadine. No entanto, não era o momento de perguntar, nem o momento de respostas. Isso viria com o tempo.

O som dos gritos aumentava, trazendo Jack de volta à realidade. A confusão que começara durante a festa parecia finalmente estar se resolvendo, as gangues sendo expulsas sob o comando dos garotos de guerra. O caos havia terminado. Mas para Asteria, o verdadeiro medo estava apenas começando. Ela se encolheu ligeiramente, o corpo tenso ao seu lado, e Jack sentiu a mudança no ar. Sem dizer nada, ele se levantou, oferecendo a mão para ajudá-la a sair da beira do lago.

— Nós devemos voltar — ele disse, sua voz baixa, mas firme. Asteria assentiu em silêncio, e juntos, começaram a trilhar o caminho de volta.

Enquanto caminhavam pelos corredores de pedra, Jack percebeu que Asteria tremia. Seus passos estavam lentos, pesados, como se ela lutasse contra a vontade de seguir em frente. Ele não podia culpá-la. O que vinha a seguir era algo que nem ele desejava enfrentar, apesar de ser parte do dever imposto. Ao chegar ao pátio, encontraram Immortan Joe, em pé no centro, esperando por eles. Seu olhar fixo nos dois era carregado de expectativas, e ele não perdeu tempo em falar.

— O casamento deve ser consumado esta noite — anunciou, sua voz reverberando no pátio silencioso.

Asteria congelou ao lado de Jack, seus olhos arregalados, mas ela manteve a cabeça baixa, encarando o chão com uma intensidade quase desesperada. Jack, por sua vez, sentiu um frio percorrer sua espinha ao ouvir as próximas palavras. Immortan Joe estendeu a mão, revelando uma pequena chave de ferro em sua palma.

— Esta é a chave do cadeado que guarda a pureza de minha filha — disse ele, entregando a chave a Jack, com um olhar firme. — E quero o sangue dela nos lençóis como prova de que o casamento foi devidamente consumado.

Jack segurou a chave, sentindo o peso simbólico que ela carregava. Sua mente corria com a ideia de que aquela chave era mais do que um simples objeto; ela representava o controle absoluto de Immortan Joe sobre o destino de Asteria. Um controle que agora ele, Jack, teria que cumprir. Ele evitou olhar para a mulher ao lado, sabendo que seus olhos trariam um fardo ainda mais pesado. Em vez disso, ele manteve a postura firme diante de Immortan Joe.

— Como desejar — respondeu Jack, em um tom que não revelava seus verdadeiros pensamentos.

Immortan Joe assentiu, satisfeito, e deu as costas para eles, encerrando a conversa de forma fria e direta. Jack sentiu a tensão no ar crescer ainda mais, enquanto olhava de relance para Asteria, que permanecia imóvel, como uma estátua. Ele sabia que os próximos momentos seriam cruciais, não apenas para ela, mas para o que ele próprio representava. Sem dizer mais nada, ele começou a caminhar, e Asteria o seguiu, embora o medo parecesse se materializar em cada passo dela. Ao entrarem nos corredores outra vez, a sensação de sufoco se intensificava, e Jack não podia deixar de se perguntar como lidaria com o que estava por vir. Ele sabia que Asteria não estava preparada. Nem ele.

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Jack a observou em silêncio enquanto Asteria passava pela porta, admirado com a delicadeza em cada um de seus movimentos, mas também consciente do peso invisível que ela carregava consigo. Ele percebeu o olhar dela percorrendo a gruta, quase com uma curiosidade infantil. Era um espaço pequeno, escuro, com o cheiro do metal e da terra. Lamparinas de óleo penduradas nas paredes lançavam uma luz tênue e amarelada, que mal iluminava o espaço.

Asteria franziu o cenho, notando ambas as camas arrumadas no canto, lado a lado. Uma delas parecia pouco usada, quase esquecida. "É para a filha dele", ela pensou. Havia também uma pequena estante de livros, com volumes desorganizados e alguns objetos espalhados — um contraste ao ambiente austero da Cidadela. Penduradas em um canto, as roupas de Jack e Furiosa balançavam levemente com a brisa que entrava por uma fresta. Era um espaço que parecia funcional, mas não sem um toque pessoal. Jack interrompeu os pensamentos dela, ao se aproximar mais. A voz dele soou baixa, mas carregada de respeito.

— Furiosa não está por aqui agora — disse ele, quase como uma justificativa. — Deve estar lá fora. Mas está segura, eu sei disso. Ela sabe se virar.

Asteria assentiu, mas sua mente não conseguia processar completamente. O coração dela disparava cada vez mais rápido, especialmente quando Jack ergueu a pequena chave que ele havia recebido de Immortan Joe.

— Esse cinto... — Jack começou, a voz dele ficando ainda mais suave, quase como se não quisesse perturbar o momento. — Ele te machuca?

Asteria engoliu seco, o coração palpitando ao olhar para aquela chave. Ela sentiu um aperto em seu peito, não apenas pela situação desconfortável, mas pelo olhar intenso e, ao mesmo tempo, contido de Jack. Ele não a olhava como um homem desejando apenas cumprir seu "dever". Havia algo mais ali.

— Às vezes, sim — respondeu ela, a voz baixa, quase um sussurro. — Mas, na maior parte do tempo... Eu até esqueço que estou usando. O cinto também é para a segurança que nenhum homem... possa... você deve imaginar.

Jack ficou quieto por um momento, apenas estudando o rosto dela. Então ele deu um passo à frente e, em um movimento inesperado, estendeu a mão com a chave.

— É você que deve decidir quando quer se livrar dele — disse ele, colocando a chave na palma dela, sem pressionar.

Asteria o encarou, surpresa. Era um gesto inesperado. Uma liberdade oferecida em um mundo onde ela não tinha nenhuma. Seus olhos se fixaram nos dele, e algo começou a mudar ali. O silêncio entre eles ficou denso, quase palpável. O desejo fluía, não por obrigação, mas por um estranho e crescente vínculo que os envolvia. Seu peito subia e descia rápido, e Asteria mal conseguia organizar seus pensamentos. Um lampejo de uma noite passada voltou à sua mente — a lembrança do toque, da voz masculina naquele quarto escuro. Ela franziu o cenho brevemente, a voz que ouvira naquela noite parecia muito com a que ouvia agora. Seu coração pareceu revirar em seu peito ao se questionando se, de algum modo, aquele homem que havia a tocado naquela noite não era Jack. O pensamento a deixou ainda mais inquieta.

A chave agora parecia pesar mais em sua mão, como se o futuro estivesse de repente nas pontas de seus dedos. Ela não sabia se deveria agradecer ou temer a oportunidade. Tomando uma decisão, Asteria virou-se de costas para Jack, erguendo lentamente o vestido branco, o tecido roçando sua pele enquanto ela se expunha diante dele. O som do cinto caindo no chão ecoou pela pequena caverna, uma metáfora sutil da liberdade que ela estava escolhendo — e, ao mesmo tempo, de sua vulnerabilidade. Então se virou novamente para Jack, os olhos encontrando os dele com uma intensidade inesperada.

— Eu estou pronta para você — disse Asteria, a voz firme, mas carregada de uma vulnerabilidade crua que Jack ainda não havia visto nela.

Ele permaneceu em silêncio por um momento, absorvendo cada palavra e cada gesto. Sabia que este momento não era apenas sobre o desejo ou a consumação de um casamento forçado. Era algo mais profundo, mais intrincado, onde a escolha de Asteria de se abrir para ele significava muito mais do que qualquer ordem de Immortan Joe. Jack respirou fundo, os pensamentos se tornando pesados, mas sem demonstrar a turbulência interna. Lentamente, ele se aproximou, cauteloso, tentando navegar entre o instinto de protegê-la e o desejo crescente que se formava entre eles.

Jack parou a poucos centímetros de Asteria, sua respiração pesada, mas controlada. A tensão entre eles se intensificava a cada segundo. Asteria, no entanto, começou a sentir algo diferente tomando conta de seu corpo — um nervosismo quase sufocante. Sua mente se enchia com as vozes das outras mulheres, sussurrando o que deveria ser feito, o que uma mulher tinha de fazer para dar um herdeiro. Era como se elas estivessem ali, ao seu redor, instruindo-a.

Ela se lembrou das palavras de Dag, a advertência sobre a dor. Vai doer, Dag havia dito, com uma expressão sombria. Asteria se lembrava da seriedade em seus olhos. Aquele pensamento fez seu coração acelerar ainda mais. E então, a imagem de Immortan Joe tomou conta de sua mente, a lembrança de seu pai ordenando que o sangue dela fosse provado nos lençóis. O peso daquela expectativa era esmagador. O medo invadiu seu corpo. Seu peito apertava, e sua respiração ficou ofegante. Jack se aproximou ainda mais, encerrando qualquer distância entre eles, os olhos fixos nos dela, sua presença firme, mas sem pressa. Quando ela pensou que ele a beijaria — o esperado, o inevitável —, Jack fez algo que ela jamais poderia imaginar. Em vez de avançar com desejo bruto, ele apenas se inclinou delicadamente e deixou um beijo suave e demorado em sua testa.

Asteria piscou, surpresa e quase confusa, enquanto Jack recuava, seu toque tendo sido gentil e inesperadamente respeitoso. Ele então se afastou em direção à cama, sem dizer uma palavra, como se quisesse dar a ela o tempo e o espaço que ela precisava.

— Se Immortan Joe quer uma prova do nosso casamento, — disse Jack, sua voz calma e controlada, enquanto puxava uma pequena faca do cinto — ele terá.

Sem hesitar, Jack fez um pequeno corte em sua própria mão, e o sangue começou a escorrer lentamente. Ele estendeu a mão sobre o lençol branco envelhecido da cama, permitindo que as gotas vermelhas caíssem no tecido, manchando-o. Asteria o observava com olhos arregalados, sem saber ao certo como reagir. Por um momento, o silêncio os envolveu. A única coisa que Asteria podia ouvir era o som da própria respiração e o gotejar do sangue no tecido. Jack então virou-se para ela, sua expressão séria, mas sem qualquer traço de raiva ou frustração.

— Jack... — Asteria finalmente sussurrou, a voz trêmula. — Por quê? Você... Não se sente atraído por mim?

Jack a encarou por um instante, deixando que suas palavras pairassem no ar antes de responder. Ele deu um passo em direção a ela, mas com calma, sem a pressão do que muitos considerariam um dever.

— Isso não tem a ver com atração — disse ele, sua voz firme, mas suave. — Mas sim com respeito, eu jamais vou te tocar se você não quiser. Se algum dia for o que você realmente deseja, será porque você escolheu. Não porque Immortan Joe ordenou ou porque a Cidadela espera isso de nós.

As palavras dele penetraram profundamente na mente de Asteria, deixando-a ainda mais surpresa. Ninguém, em toda a sua vida, havia lhe oferecido algo assim: a escolha. Ela se sentia dividida entre a atração por aquele homem e o medo do que isso poderia significar. Jack, no entanto, parecia determinado a ser mais do que apenas um marido forçado ou um guerreiro ao lado dela. Ele era alguém que a via de verdade. O silêncio entre eles voltou a reinar, mas desta vez, não era sufocante. Era um tipo diferente de silêncio, um momento onde Asteria pôde sentir, pela primeira vez, que havia espaço para respirar. Jack deu a ela algo que ela jamais imaginou que teria: controle sobre seu próprio destino, mesmo que fosse apenas uma pequena parte dele.

Asteria suspirou, o peso nas suas costas diminuindo um pouco, e percebeu que, naquele momento, pela primeira vez em muito tempo, ela se sentiu segura. Não completamente livre, mas segura. Ao lado dele. Jack olhou para ela com uma expressão tranquila, tentando dissipar qualquer traço da tensão que ainda pairava no ar. Ele apontou para a cama e, com um leve sorriso, disse:

— Você deve descansar. O dia foi longo e exaustivo. Pode ficar com a minha cama.

Asteria olhou para ele, hesitante. Seu olhar vagou até a cama, onde agora restavam lençóis manchados de sangue. Ela mordeu o lábio, incerta. Quando ergueu a cabeça, perguntou:

— E onde você vai dormir? A outra cama... é de Furiosa, não é?

Jack assentiu, o olhar calmo, mas sem desviar dela. Ele se aproximou de uma cadeira perto da entrada e se sentou, acomodando-se com a naturalidade de quem já estava acostumado a situações como aquela.

— Não se preocupe comigo. Apenas vá descansar — disse ele, a voz firme, mas gentil, como se garantir o conforto dela fosse sua única prioridade naquele instante.

Asteria, ainda sentindo a confusão que se misturava aos seus pensamentos, não discutiu. Lentamente, caminhou até a cama. Suas mãos tocaram o lençol manchado de sangue, e ela o retirou com um movimento hesitante, dobrando-o e colocando-o de lado. Depois, deitou-se sobre os lençóis restantes, a textura áspera do tecido contrastando com o cansaço que finalmente se abatia sobre ela. Jack deixou seus olhos vagarem pelo ambiente enquanto seus pensamentos se perdiam. Ele não tirava os olhos de Asteria, mas mantinha a distância, respeitando o espaço que ela parecia tanto precisar. Sua mente voltava às inúmeras preocupações — o futuro incerto, o que Joe realmente esperava dele, e como tudo isso afetaria não só a ele, mas também a ela.

Enquanto isso, Asteria fechava os olhos, certa de que não conseguiria dormir. Seu corpo estava tenso, sua mente cheia de pensamentos confusos e o eco da noite. Mas, para sua surpresa, quando finalmente permitiu que o silêncio a envolvesse, seu corpo cedeu, e ela adormeceu profundamente, algo que não esperava que fosse acontecer tão facilmente.

Jack observou o sono tranquilo da jovem mulher por mais alguns minutos. O ritmo suave da respiração dela, a maneira como o cansaço finalmente a venceu. Ele se levantou da cadeira sem fazer barulho, seu corpo grande e ágil, movendo-se com a mesma cautela que usaria em uma missão de combate. A tensão do dia ainda pendia sobre seus ombros, mas algo mais leve, um rompimento sutil, também o acompanhava. Asteria estava segura, pelo menos por enquanto. Com um último olhar para a esposa, ele saiu da gruta, indo para o lado de fora, onde o ar do deserto o envolvia como uma lufada quente. O vento carregava o cheiro de poeira e óleo, o mesmo cheiro de sempre, que nunca mudava, nunca oferecia conforto. Jack se encostou em uma parede de rocha, o olhar fixo no horizonte, mas sua mente muito longe dali.

Mas tudo voltava a Asteria.

Ela não era como as outras mulheres da Cidadela. Não parecia submissa, embora fosse constantemente controlada, mas também não tinha a postura de uma guerreira. Jack via nela um espírito que lutava contra as correntes, algo familiar a ele. O pretoriano nunca pensou que precisaria lidar com algo assim, não dessa maneira. O casamento foi uma imposição, e seu papel era claro: gerar um herdeiro para Immortan Joe.

O problema era como fazer isso.

Jack se esforçou para não pensar nela de forma... íntima. No entanto, ao mesmo tempo, não podia negar o que era evidente: ela era bela, com aqueles cabelos loiros que brilhavam mesmo na penumbra da gruta, os olhos grandes, azuis, expressivos, e uma força silenciosa que o intrigava. Ele queria explorá-la, sim, mas também havia um desejo crescente dentro dele. Um desejo que ele não podia agir sem o consentimento dela. E ali estava o dilema. Ele sabia que as cobranças viriam. Immortan Joe não iria esperar para sempre, e Asteria não poderia se esconder atrás da delicadeza por muito tempo. O papel dela como esposa estava traçado, e Jack sabia que seria cobrado por não cumprir sua parte. Mas ele também sabia que jamais tocaria sem que ela quisesse. Esse era o tipo de homem que ele era. Se por isso tivesse que enfrentar a ira de Joe mais cedo ou mais tarde, que assim fosse.

Jack cruzou os braços, fechando os olhos por um momento. Ele pensou nas palavras dela, naquela pergunta que havia sido feita com tanta sinceridade. Ele a achou atraente, sim. Talvez mais do que deveria. Contudo, isso não era suficiente para justificar o que Immortan Joe esperava. Ele não queria ser o monstruoso que muitas vezes era obrigado a parecer. Ao longo, ele conseguiu ouvir o eco da Cidadela, os ruídos da noite se acalmando, as gangues se dispersando após a confusão. Mas no silêncio da madrugada, uma pressão crescente se instalou em seu peito. Como poderia continuar com isso? Como poderia enganar Joe e manter a dignidade de Asteria intacta?

Quando olhou de volta para a entrada da caverna, onde ela descansava, ele percebeu que não se tratava apenas de sobrevivência ou obediência. Tratava-se de algo mais profundo, algo que ele começava a perceber em cada pequeno gesto, em cada olhar que compartilhava. Jack sentiu um frio na espinha ao perceber que, talvez, fosse importante mais com Asteria do que com sua missão. Ele precisa de um plano. Precisava de tempo. E, acima de tudo, era necessário que se preparasse para as cobranças que logo viriam.

Jack permaneceu em silêncio, observando as estrelas no céu do deserto, quando ouviu passos atrás de si. Ele não precisou se virar para saber quem era. A presença familiar e firme de Furiosa sempre trazia um senso de conforto misturado com preocupação. Ela cresceu rápido demais em um mundo brutal, e ele sabia que ela sempre tinha muito a dizer, mesmo que poucas palavras fossem trocadas. Furiosa parou ao lado dele, os olhos também fixos no horizonte, os braços cruzados em uma postura relaxada, mas atenta. Ela observou o silêncio por um tempo antes de falar, a voz grave e direta.

— A garota está dormindo?

Jack assentiu, sem desviar os olhos do deserto à frente.

– Sim. Está exausta — ele respondeu.

Furiosa encarou o pai por um tempo, tentando ler suas feições. Jack sabia que ela tinha essa habilidade quase sobrenatural de enxergar através dele. Quando finalmente voltou a falar, sua voz tinha um toque de curiosidade.

— Não aconteceu nada, não é?

Jack soltou um suspiro profundo, seus ombros relaxando profundamente.

— Não, nada aconteceu — ele confirmou, a voz baixa.

Furiosa inclinou a cabeça, um leve sorriso aparecendo no canto dos lábios. Ela conhecia Jack mais do que ninguém, e sabia que ele jamais teria coragem de tocar em uma mulher sem o consentimento dela. Ele era forte, imbatível em combates, mas quando se tratava de algo mais delicado, havia uma barreira em seu espírito que poucos entendiam.

— Eu sei, pai — disse ela, quase com carinho. Jack ergueu uma sobrancelha, admirado pelo termo usado, ela raramente o chamava assim. — Você não teria coragem de fazer isso com ela... não sem que ela quisesse.

Jack virou-se para encará-la, e por um momento, o olhar intenso de Furiosa parecia penetrar em seus pensamentos. Ele ficou em silêncio, sentindo uma tensão crescer entre eles, não de conflito, mas de compreensão mútua. Furiosa então estreitou os olhos, como se estivesse vendo além das palavras de Jack.

— Mas não é isso que está te incomodando, é? — ela provocou gentilmente, o tom dela mostrando que ela sabia a verdade, mas queria que ele confessasse.

Jack engoliu em seco, hesitando por um momento. Sempre foi difícil para ele abrir seu coração, especialmente com Furiosa, mas a proximidade que compartilhavam tornava impossível esconder o que sentia. Olhando para o chão, Jack engoliu seco. As palavras que queriam dizer eram difíceis, mas não era sobre sentimentos românticos, não ainda. Ele balançou a cabeça, deixando escapar um suspiro pesado.

— Há muitas coisas me incomodando — ele disse, a voz tensa. — Eu... eu tenho medo por ela. Do mesmo jeito que tenho por você e por mim. Estamos todos presos a isso. Presos aos planos de Immortan Joe, ao que ele espera de mim... de nós.

Ele parou, os olhos sombrios fixos no horizonte. A sensação de responsabilidade e o peso das expectativas do Immortan Joe estavam constantemente em seus pensamentos. Era uma carga que ele nunca quis, mas tinha que carregar, e agora, com Asteria no meio disso tudo, a situação ainda mais complicada. Furiosa assentiu lentamente, compreendendo o que ele não dizia em voz alta. Ela sabia o tipo de homem que Jack era — protetor, mas também alguém que questionava seu papel nesse mundo prejudicado. A garota, Asteria, representava algo diferente, um novo desafio, mas também um risco. Tudo o que Immortal Joe tocava se tornava uma arma, até mesmo as pessoas.

— Então, o que vai fazer? — Furiosa perguntou, com aquela dureza habitual, mas havia também uma ponta de preocupação genuína em sua voz.

Jack passou a mão pelos cabelos, exasperado.

— Eu não sei... — ele admitiu. — Mas não vou deixar que nada aconteça com ela. Só que... eu também não sei como vou lidar com o que esperam de mim.

Furiosa assentiu de novo, e por um momento o silêncio reinou entre os dois. Ela o conhecia o suficiente para saber que Jack encontraria uma solução, mesmo que fosse no último momento, da forma mais improvisada possível.

— Você sempre dá um jeito, — disse ela, cruzando os braços. — Mas esteja preparado. As coisas podem piorar antes de melhorar.

Jack não respondeu, mas sabia que ela estava certa. Ele escondeu o olhar uma última vez para a caverna onde Asteria descansava, sentindo o peso da responsabilidade esmagando seus ombros. Furiosa o observava em silêncio, mas já podia ver o conflito em seus olhos.

— Seja cuidadoso — foi tudo o que ela disse antes de se afastar, deixando Jack sozinho com seus pensamentos turbulentos.

— Cuide dela, volto antes de amanhecer. — Jack disse, antes de se retirar do lugar.

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Jack entrou no bordel da Cidadela, o ambiente abafado e carregado de risadas altas, vozes roucas e o cheiro de suor e álcool atingindo-o com força. Ele passou pelo pequeno grupo de homens concentrados em suas diversões, notando o brilho das luzes fracas refletindo nos corpos das mulheres que se moviam pelo local, atendendo aos caprichos dos guerreiros. Naquele lugar, os problemas do mundo exterior simplesmente desapareceram, mas para Jack, a sombra de Immortan Joe e o peso do casamento foram invocados em todo lugar. Nadine estava atrás do balcão, limpando um copo sujo com um pano encardido. Quando seus olhos encontraram os de Jack, um sorriso venenoso se estendeu pelo rosto dela.

— Ora, ora, se não é o grande Jack, o Pretoriano favorito de Immortan Joe, e o meu também — ela disse, sua voz carregada de provocação. — O que você faz aqui? Não deveria está em outro lugar fazendo outra coisa? Ou a sua esposinha não te deu a diversão que você queria?

Jack franziu o cenho, não respondendo de imediato. Ele caminhou até o balcão, sentindo o olhar refinado de Nadine perfurar sua pele, mas ele não estava ali para entrar em investigação ou dar resposta. Ele só precisa de algo forte, algo que entorpece seus pensamentos.

— Estou aqui pra beber, Nadine. Só isso.

Nadine ergueu uma sobrancelha, ainda sorrindo com aquela malícia que ela sempre carregava. Ela pegou uma garrafa de um líquido âmbar e encheu o copo à sua frente, empurrando-o suavemente em direção a Jack.

— Beber, é? — ela disse, com um tom insinuante. — Achei que, com o casamento que Immortan Joe arrumou para você, deveria estava ocupado com a nova esposa, mas pelo jeito as coisas não saíram como esperado, não é?

Jack pegou o copo, sem olhar diretamente para ela, e levou-o aos lábios, sentindo o líquido forte queimadura sua garganta enquanto descia. Ele se manteve em silêncio por um momento, deixando uma bebida para fazer seu trabalho.

— Não é da sua conta — respondeu finalmente, com a voz baixa, mas firme.

Nadine sorriu ainda mais, claramente divertindo-se com a situação. Ela deu a volta no balcão, seus quadris balançando exageradamente, e se moveu até Jack, encostando-se nele com um gesto sutil, mas provocativo. Ela se inclinou, o hálito quente contra a pele dele.

— Vamos, Jack... — sussurrou, passando a mão pelo braço dele. — Vai me dizer que aquela princesinha te satisfaz? Ou você ainda prefere uma mulher de verdade? Garotas virgens são patéticas, por que devem se ensinar tudo a elas, já mulheres como eu...

Ela estava tentando provocá-lo, desestabilizá-lo, e Jack sabia disso. O corpo de Nadine se pressionava contra o dele, mas ele se afastava delicadamente, segurando seu pulso e recuando sem perder a compostura.

— Não estou com cabeça pra isso, Nadine — ele disse, sem olhar diretamente nos olhos dela. — Hoje, eu só quero beber.

Nadine fez uma careta de desapontamento e deu de ombros, recuando um pouco, mas o sorriso não deixou seus lábios. Ela sabia o poder que tinha sobre os homens da Cidadela, e não era diferente com Jack, ou pelo menos, era o que ela imaginava.

— Você sempre tem cabeça pra isso, Jack — ela disse, voltando ao balcão e pegando outro copo. — Mas está bem, querido, demore o quanto quiser. Só não me faça esperar muito da próxima vez.

Jack apenas ignorou o comentário, tomando outro gole da bebida. Enquanto o líquido queimava sua garganta, seus pensamentos voltaram para Asteria. Nadine estava errada. Ele não estava fugindo porque Asteria não o "satisfez". Ele estava fugindo porque a situação inteira o sufocava, e ele não sabia como equilibrar tudo — as expectativas de Immortan Joe, a responsabilidade de proteger Asteria, e o peso da própria moral.

Mas por agora, ele só queria esses pensamentos no fundo de um copo.

Não sei vocês, mas Jasteria já tem meu coração

A fanfic ganhou playlist no spotify para vocês ouvirem quando quiser e se quiser recomendar alguma musica, basta comentar aqui para eu adc, vocês encontram o link da playlist no link que está na bio do meu perfil.

Aliás, Feliz Natal

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