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ꜤꜤ ▌ 𝗖𝗛𝗔𝗣𝗧𝗘𝗥 𝗧𝗪𝗘𝗡𝗧𝗬 𝗦𝗘𝗩𝗘𝗡❕

ꜤꜤ —— 𓏲𖥻. ࣪ 𝐄𝐋𝐘𝐒𝐈𝐔𝐌 ⁽ ☄️ ⁾.
↳ׂׂ ▐ㅤ𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝘁𝘄𝗲𝗻𝘁𝘆 𝘀𝗲𝘃𝗲𝗻. ᠉ ࣪ ˖
nunca foi sua culpa!
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𝗝𝗔́ 𝗧𝗜𝗡𝗛𝗔 𝗔𝗠𝗔𝗡𝗛𝗘𝗖𝗜𝗗𝗢, mas eu não consegui sair do mesmo lugar em que estava, meu corpo não se moveu, não sei se foi por medo ou por falta de coragem. Mas eu não sai de onde estava deitado, eu apenas fiquei olhando para a garota ruiva em minha frente, ela dormia serenamente, seus olhos estavam totalmente fechados e seus cílios descansavam contra sua bochecha, sua feição parecia com a qual ela ficava quando estava concentrada, sua respiração estava tão calma que às vezes eu chequei se ela ainda estava respirando, seu coração batia calmamente e ela parecia estar em paz, diferente de mim que nunca tinha paz em meus sonhos, ou melhor, pesadelos.

Ouvi barulhos de passos vindo, e para não passar pela vergonha de ser pego acordado olhando para a filha dos dois adultos que estavam vindo pra cá, fechei os olhos imediatamente, controlando minha respiração e fingindo estar totalmente adormecido. Mesmo ainda podendo sentir a respiração calma de minha parceira contra meu rosto, eu quis saber se ela ainda estava dormindo serenamente, mas eu não arrisquei abrir os olhos, não mesmo.

— Olha Regulus, como eles ficam lindos juntos. — Pude ouvir a voz de Dahlia falando perto de mim e prendi ainda mais a respiração.

— Não, eles não ficam não. — Ouvi o resmungo de meu futuro sogro e quis dar risada, já imaginando a careta que ele estava fazendo.

— Pare de ser rabugento, Regulus. — Senti a mão da mulher ruiva passar sobre meu cabelo e me aconcheguei contra sua mão, nunca havia recebido esse tipo de carinho e estava feliz por estar recebendo de alguém como Dahlia. — Esse momento merece até uma foto.

— Minha linda Gardênia, eu não acho que quero uma foto desse garoto no nosso álbum de família. — Sua voz saiu rancorosa e eu tive a certeza de que ele me odiava ainda mais ali naquele momento.

— Você não tem que querer nada, querido. — Ouvi um barulho de câmera, e um flash bater contra meu rosto e me permiti não resmungar por isso, mesmo querendo. — Veja só, como são lindos juntos, ainda tenho a certeza que eles vão namorar.

Se depender de mim a gente já estava casados, mas sua filha não ajuda e me odeia, ainda. Mas se Merlin por um acaso decidir ajudar e os deuses colaborarem, daqui algumas semanas, quem sabe.

— Ninguém vai namorar com a minha estrelinha não, eu mato, só avisando. — Ele disse, demorando para dizer a última frase e eu tive a certeza de que ele sabia que eu estava escutando.

Estrelinha, gostei do apelido. Cabe perfeitamente para a Minha Estrela.

— Quieto, agora vamos. Vamos deixar eles dormir mais um pouquinho, daqui a pouco eles acordam para tomar café e receber os presentes. — Ouvi sua voz se afastando aos poucos, junto com seus passos e apenas uma pergunta fixou na minha cabeça: eu receberia presentes?

— Ainda vou te matar moleque, me aguarde. — Ouvi Regulus dizendo no meu ouvido e eu agradeci por Dahlia estar ali para me proteger, porque eu sei que seu marido me mataria caso ela nos deixasse a sós.

E com uma última ameaça, ele foi embora e eu dei risada por ver que ele era extremamente um cachorrinho domado por sua dona, faltava só latir e eu tenho certeza que Dahlia colocaria ele para latir se ela quisesse e eu desejo estar aqui para ver essa cena, caso minha maravilhosa sogra decida fazer isso.

Ao perceber que eles já estavam longe, abri imediatamente os olhos, me deparando com a imagem dessa Deusa Grega em minha frente. Que Aphrodite me perdoe, mas a beleza de suas filhas se quer se compara com a de minha parceira e eu com toda certeza ficaria olhando para ela o dia todo assim, bem desse jeito, sem sequer me mover, mas eu sabia que não poderia ficar olhando para ela o dia todo, uma pena, ou se não ela me acharia um maluco, mas eu não nego, que maluco eu já sou, mas apenas por ela.

Fiquei minutos observando sua beleza, e por um segundo passei meu dedo sobre sua bocheca, sentido como sua pele estava quente, analisei cada detalhe em seu rosto, desde seus cílios longos que arranhavam sua bochecha, até as pequenas sardas imperceptível sobre seu rosto, e como seus lábios pareciam totalmente desenhados pelo melhor artista do mundo, na verdade, cada parte dela parecia ter sido desenhada perfeitamente. Passei minutos observando ela, que quase não notei quando ela piscou seus olhos, dando sinal de que iria acordar. E quando vi que ela estava acordando, tirei minha mão de seu rosto e coloquei um sorriso de lado quando me deparei com seus olhos azuis abertos, sua cara de sono dava destaque a seus lindos olhos descansados e eu sorri ainda mais quando vi a constelação em seus olhos. Ela me olhou, sua feição mudando para confusão enquanto me analisava do seu lado. Eu fiquei perdido olhando para seus olhos azuis cor do oceano, que olhava para os meus e eu sentia como se pudesse me afogar neles e morrer.

— Bom dia, dormiu bem? — Perguntei, vendo que ela se levantou em pulo, olhando pra mim medonha.

— O que você está fazendo aqui? — Ela me perguntou, me olhando de cima a baixo.

Me levantei, ficando em sua frente, era engraçado como ela parecia baixa ao meu olhar e como eu tinha que abaixar meu olhar para olhá-la nos olhos. Senti minha parceira ficar tensa com meu olhar e eu sabia que eu estava olhando para ela como sempre olhava, de modo loucamente apaixonado, mas ela ainda não sabe sobre isso.

— Não se lembra de ontem a noite, ruivinha? — Pisquei para ela que pareceu ficar em transe por alguns segundos, logo agitando a cabeça e voltando seu olhar para mim.

— A gente deve ter dormindo no meio do filme, eu não me lembro. — Ela falou passando por mim, arrumando sua roupa que estava amassada, consequência de dormir no sofá.

Mas eu me lembro de tudo muito bem. E é claro, eu não contaria para ela como ela dormiu no meu ombro e como ela me abraçou como se estivesse se sentindo segura, porque eu sei que ela negaria tudo e meu coração seria esmagado com um apenas fora de minha parceira e eu provavelmente não conseguiria aguentar isso.

— Eu também não. — Menti descaradamente.

Ela se virou olhando para mim, me analisando de cima baixo e eu senti um arrepio com seu olhar. E que olhar, prendam ela em Azkaban por favor, porque essa mulher roubou todo o meu coração e tá querendo roubar meu corpo e alma junto, e é capaz de eu deixar.

— Seu pai e sua mãe acabara de passar por aqui e é melhor a gente ir tomar café, eles estão nos esperando e eu não quero ficar aqui esperando seu pai vir me matar por eu ter dormindo no sofá de sua casa, e ainda por cima com a filha dele. — Falei de modo irônico, vendo que ela se irritou pelo jeito que revirou os olhos e suspirou parecendo com raiva, e eu só conseguia pensar em como ela ficava linda de qualquer jeito, até mesmo extremamente brava.

Portanto ela não me respondeu, apenas virou-se e saiu, e obviamente eu a segui, não sou nem louco de ficar para trás com o pai de minha parceira querendo me matar a qualquer oportunidade, então como qualquer homem sábio faria, eu fui andando bem quietinho atrás dela, evitando a qualquer custo que seu pai tivesse uma brecha se quer para acabar comigo.

— Bom dia, mãe, pai! — Minha parceira sorriu assim que entrou na sala, vendo seus pais terminando de arrumar a mesa do café da manhã.  — Olá, Pólux.

E novamente ela rodou o furão pela sala, sorrindo enquanto fazia cócegas nele e eu apenas cruzei os braços observando com um pequeno sorriso, pensando em como ela parecia amar aquela coisinha cruel e sanguinária. Senti um olhar sobre mim e me virei vendo Dahlia olhando e me analisando com um olhar como se soubesse de alguma coisa, mas depois que ela percebeu meu olhar, ela sorriu amorosa piscando pra mim. Sorri imediatamente, sentindo uma grande afeição pela mãe de minha parceira.

— Bom dia minha lobinha. — Ela foi até Astraea, a abraçando com todo amor do mundo e deixando um beijo em sua testa. — Feliz Natal!

— Feliz Natal, mãe. — Ela sorriu de volta, se soltando de sua mãe e correndo para perto de seu pai, que já estava de braços abertos esperando por sua filha.

Vi a mulher ruiva me observando e ela logo se aproximou de mim, me olhando sorrindo. Fui pego de surpresa quando ela me abraçou, não um abraço comum, um abraço maternal e eu retribui, sentindo ela beijar minha testa com dificuldade, como ela fez com minha parceira.

— Bom dia, querido. — Olhei para seu sorriso tão parecido com o de Astraea e fui rápido em sorrir novamente, eu não sei se é um efeito de sua luz natural que ilumina todos ali, mas eu estava sorrindo de mais de ontem para hoje e metade desses sorrisos foi retribuindo o da mãe de minha parceira. — E Feliz Natal.

— Bom dia. — Disse sentindo sua mão nos fios do meu cabelo e provavelmente ela estava arrumando eles, já que parecia totalmente focada enquanto mexia neles. — E um Feliz Natal para você também, Dahlia.

Ela sorriu pra mim se afastando e eu senti falta de seu toque maternal, assim como eu sentia falta do toque de minha mãe. Olhei para Astraea, que sorria alegremente para seu pai enquanto ele a enchia de beijos e eu podia ver como minha parceira era amada por seus pais e como ela parecia saber disso e retribuir. Os dois rapidamente se separaram depois de muita reluta e vi eles ainda conversando baixinho longe de mim e de Dahlia.

— Venha querido. Vamos comer. — Ela colocou as mãos em minhas costas, me empurrando até a mesa.

Me sentei ali, observando quando Dahlia colocou sua filha sentada do meu lado, eu olhei para ela que piscou para mim indo até o marido. Astraea olhou pra mim tão confusa quanto eu e logo desviei o olhar do seu, sabendo que eu poderia passar o dia todo a olhando assim, vi Regulus me olhando de cima a baixo com um olhar calculador e logo ele franziu as sobrancelha pra mim, me olhando com desconfiança.

— Feliz Natal, garoto. — Ele disse com uma voz calma mais calculada, provavelmente tentando não me xingar e eu abri um sorriso com isso, vendo ele mostrar sua carranca logo em seguida. — Não fique feliz com isso, esse Feliz Natal vai ser o mínimo que você vai receber de mim.

— Tão adorável. — Eu disse piscando docemente.

Ele portanto se virou raivoso, se sentando do lado da esposa com os braços cruzados, me olhando ainda com o típico olhar de ameaça, obviamente ignorei e Dahlia sorriu pra mim apontando para a comida, fui rápido em começar a comer, me deliciando com as comidas que nunca havia experimentado antes e que obviamente era receita de família. Dahlia, Regulus e Astraea começaram a comer também, todos dessa vez comendo em silêncio.

— Então. — Dahlia falou, puxando assunto. — Como Harry está?

Imediatamente minha parceira, que agora bebia suco, se engasgou tossindo. Me virei para ela, batendo em suas costas devagar, vendo que ela tentava se recuperar, seu pai e sua mãe olharam para filha preocupados, prontos para se levantarem, mas Astraea arrumou sua postura, bebendo um pouco de água para se acalmar, ela colocou a mão sobre a boca tossindo uma última vez, portanto, eu continuei com minha mão em sua costa, olhando para ela com preocupação.

— Ele está bem. — Ela sorriu disfarçando e eu imediatamente levantei uma sombrancelha em sua direção, vendo que ela parecia esconder algo. — Muito bem.

Portanto eu não fui o único a notar algo estranho nela, já que sua mãe olhou para ela questionadora parecendo pensar em algo e quando pareceu parar de pensar, ela deu uma risada sincera piscando para a filha cúmplice.

— Me conte tudo. — Dahlia olhou ao redor, notando minha presença e de Regulus. — Depois, é claro.

Minha parceira assentiu e eu retirei minha mão de suas costas, seu pai parecia que ia me fulminar com o olhar e eu não testei ele, é claro. Me ajeitei na cadeira, terminando de comer, assim como todos presentes na sala, quando os pratos estavam vazios, e todos pareciam estar satisfeitos, Dahlia se levantou olhando para mim e para minha parceira.

— Vão se limpar, devem estar querendo um banho quente depois de tudo. — Ela disse começando a tirar as coisas da mesa. — Astraea leve Perseu até o quarto de hóspedes, lá você poderá tomar seu banho e fazer suas higiene, irei levar uma roupa de Regulus para você e assim que terminarem irei buscá-los para poderem receber seus presentes.

Rapidamente concordei e sai da mesa, notando o olhar assassino de Regulus pra mim. Sorri para ele mandando um beijo, antes de sair correndo atrás de sua filha, que já estava fora da sala indo em direção aos quartos, pude escutar os resmungos dele enquanto corria pelos corredores e em silêncio, acompanhei minha parceira até o andar de cima. Ficamos andando por um tempo, até ela parar na frente de uma porta e eu soube que aquele era o quarto de hóspedes, sabendo que ela não queria conversa, tentei entrar dentro do quarto, sendo barrado pela sua mão que me segurou pela jaqueta.

— Sobre aquilo de ontem, depois no meu quarto, é o último desse corredor. — Ela soltou minha jaqueta, saindo rapidamente pelo corredor e entrando na última porta do corredor.

Franzi as sombrancelha, entrando no quarto logo em seguida, eu olhei ao redor vendo que mesmo para um quarto de hóspedes, aquele quarto parecia maior do que deveria ser, ele era todo cinza, parecendo ser um quarto estilo rústico, havia uma grande cama no meio do quarto, junto com uma mesinha ao seu lado, tinha uma grande janela que estava fechada devido ao frio, uma cadeira e uma mesinha estava na frente da janela e um tapete felpudo estava na frente da cama, essa que estava arrumada e pronta para receber visitas. Como Dahlia havia mandado, fui rapidamente para o banheiro, pronto para tomar banho e ir falar sobre o que tanto me atormenta para minha parceira.

Sai do banheiro só com a toalha enrolada na cintura, sentindo os respingo de água de meu cabelo cair em meu corpo, fui rápido em ir até a cama, onde tinha uma muda de roupa dobrada perfeitamente sobre ela, tirei a toalha em volta da minha cintura colocando sobre a cama e me lembrando de colocar no banheiro depois. Apanhei a roupa, colocando ela em meu corpo, peça por peça, Regulus poderia ser um idiota, eu não nego, mas ele tinha estilo, calcei meu coturno me olhando no espelho logo em seguida. Dahlia tinha escolhido una calça social preta, uma blusa de manga comprida de lá cinza e um casaco preto totalmente quente, e eu não sabia como, mas Dahlia parecia saber exatamente o tipo de roupa que eu gosto.

Assim que me preparei para sair do quarto, ouvi vozes no corredor, vozes femininas, vozes de Astraea e Dahlia. E eu rapidamente dei uma abrida na porta, me encostando nela enquanto tentava ouvir a conversa das duas do outro lado da porta.

— Como aconteceu? — Pude ouvir a voz animada de Dahlia.

— Sem surtar, mãe. — Astraea falou baixo, mas eu consegui escutar. — Estávamos no quarto antigo do tio Sirius.

— No quarto do Sirius?! — Dahlia praticamente berrou.

— Sim mãe, no quarto dele. — Pude perceber a ironia por trás de sua voz. — Ele me perguntou porque eu não tinha ido com eles visitar o Sr. Weasley, e também porque eu parecia abalada depois de falar com Sirius, o motivo eu já te contei. Então depois de eu responder tudo, ele me perguntou se eu queria passar o Natal lá.

Franzi o cenho, do que caralho ela estava falando? Procurei em minha mente momentos em que ela havia estado com outra pessoa na nossa estadia na casa de seu tio, e parei ao perceber que ela tinha ficado sozinha com alguém sim, Harry Potter. Me limitei a não resmungar, e foquei novamente na conversa que estava tendo do outro lado da porta.

— Bem, obviamente eu disse que não e que Dumbledore havia me dito para mim vir pra casa, ele insistiu um pouco mas depois deixou de lado. Bem, ele parecia um pouco triste, mas eu não podia passar o Natal lá e deixar vocês aqui sozinhos. — Pude ouvir seus passos chegando perto da porta, e rapidamente eu a encostei para que ela não percebesse que eu estava escutando.

— E quanto a Perseu? — Opa, meu nome.

— Harry disse que ele poderia ficar lá. — A confirmação que eu precisava, realmente era o cicatriz. — Eu disse que ele não iria ficar.

— Por que? — Dahlia perguntou, matando minha curiosidade também.

— Porque ele iria vir comigo. — Maldita ruiva, não sabe o que me causa com apenas essas palavras, suspirei fundo evitando o sorriso que queria escapar.

— E então? — Pude rapidamente perceber como Dahlia parecia ansiosa com apenas duas falas, e eu queria muito saber o porquê disso.

— A gente se despediu, e bem... — Astraea deu uma pausa dramática e Dahlia deu alguns gritinhos parecendo esperar por algo. — Eu beijei ele.

— Essa é minha garota! — Pude ouvir as duas fazendo um toque, e me segurei na porta rapidamente.

Eu juro que eu gelei, eu congelei, eu travei, eu paralisei, eu não consegui olhar pro lado, eu fiquei pasmo, eu fiquei branco, eu fiquei frio. Eu não consegui nem respirar com a notícia que eu recebi, apenas fiquei parado encostado na porta evitando cair, precisei respirar três vezes antes de recuperar o fôlego. Tudo bem, isso não tem nada haver comigo, na verdade, quem eu estou tentando enganar, isso tem tudo haver comigo. Astraea beijou Harry, por pura e instantânea vontade, eles se beijaram, a boca dos dois se tocou, minha parceira beijou aquele sem sal do Harry, e ela quis isso.

Mas claro, imediatamente soltei uma risada baixa, me limitando a não surtar completamente, o beijo dele nem deve ter sido bom, fala sério, ele beijou aquela sem sal da Cho Chang que nem uma estátua, eu imagino como ele ficou no beijo com minha Astraea. Deve ter sido nem capaz de retribuir, isso é a cara dele, o famoso escolhido que tem medo de um beijo de garotas, irônico não? Levando em consideração que ele já enfrentou o próprio Voldemort, mas tem medo de beijar uma simples garota, duvido muito que aquele beijo entre as duas estátuas na Sala Precisa não tenha sido o primeiro beijo do tão famoso escolhido, na verdade eu nem precisava duvidar, eu tenho é a certeza disso.

E claramente sei que não era para me sentir desse jeito, mas pelos Deuses, não consigo deixar de sentir o ciúmes me recorrendo pelo corpo inteiro, sinto as chamas sendo enviadas por todo meu sangue fazendo ele ferver imediatamente, minha mente só enxerga eu e mais eu dando um soco na cara daquele Grifinório, mas eu sabia que se fizesse isso minha ruivinha nunca iria me perdoar, e eu não tenho a porra desse direito, não posso bater nele por ele apenas ter beijado Astraea, que é a porra da minha parceira de alma, porque nem ela e nem ninguém sabe sobre isso, e eu seria um tremendo de um babaca batendo no garoto por ele ter beijado Astraea, que nem minha namorada é, ainda.

Me sentia a porra de um idiota por sentir isso, por querer socar a merda da cara de Harry, por querer deixar claro para meu irmão que ela não está liberada, porque acredite, eu consigo ver a porra do jeito que ele olha para ela, e eu já vi isso antes, e eu não vou deixar o meu irmãozinho perfeito usar a minha ruivinha, não vou mesmo. Minha vontade é de poder dizer para todos que ela é minha, minha parceira, minha ruivinha, minha alma gêmea, minha namorada, completamente e totalmente minha. Mas ela não colabora, me odeia, me humilha e parece não querer nada comigo, e eu fico aqui que nem um cachorro sem dono querendo carinho da sua dona, ela não vê mas é exatamente tudo para mim, ela não percebe mas desde que eu soube desse maldito laço entre a gente eu já me apaixonei perdidamente por ela, mesmo que eu tenha dito que não, eu sou louco e completamente maluco por ela, e eu só quero dizer que ela é minha, porque eu já sou dela.

— Como foi? — A pergunta que eu mais temia foi lançada, e eu me tirei dos pensamentos focando totalmente na conversa.

Por favor, eu imploro, diga que foi ruim, diga que ele não te beija tão bem quanto eu vou, diga que você sentiu falta de algo que nem experimentou, diga que sentiu falta do meu beijo sem nem ao menos tê-lo sentido uma vez na sua vida.

— Foi ótimo. — Senti o ciúmes voltando e suspirei fundo me virando e encarando o quarto vazio. — Quando eu vi Harry e a Cho se beijando eu juro que fiquei com trauma, mãe, eles pareciam duas estátuas e eu fiquei completamente traumatizada com o quanto aquele beijo tinha sido ruim. E quando eu beijei o Harry por impulso, eu prometo que eu achei que ele não iria sequer corresponder, mas ele correspondeu, e ele beijou muito nem, tipo muito mesmo, eu não sei se ele se soltou ou sei lá o que, mas naquele momento não parecia o mesmo cara que beijou a Cho Chang, porque aquele Harry Potter tinha uma pegada imensa.

Mordi os lábios, e olhe só, novamente estou errado, novamente Astraea calou minha boca sem nem ao menos saber, e eu paguei com minha própria língua, aquele Grifinório sortudo beijava bem afinal. E ele era a porra de um garoto sortudo dos infernos, e nem sabia disso, ele não fazia a menor ideia do quão sortudo era por ter beijado minha Astraea.

— Mas? — Dahlia perguntou me fazendo franzir o cenho, tinha mais? Essa confissão já não estava boa o bastante? Eu já sei que o escolhido beija em, não preciso saber mais.

— Mas eu senti que faltou alguma coisa. — Ela confessou e meu sorriso cresceu.

É claro que faltou alguma coisa, porque você beijou a porra da pessoa errada, não era para ser ele, era para ser eu, sempre foi eu, nunca ele, nunca Benjamin, nunca Hermes, nunca nenhum outro garoto, apenas eu. E eu estou implorando para que os deuses mova os céus, montanhas e tudo para que você perceba logo que o que falta na sua vida sou eu, não esses garotos minha ruivinha, eu, seu parceiro.

— Ou alguém. — Dahlia assobiou.

— O que? Mãe, não!

— Sim! Já não passou na sua cabeça que o que lhe falta não é algo no meio do beijo, mas sim alguém? Normalmente quando você não sente nada no meio do beijo, é porque não é a pessoa certa, e as vezes a pessoa certa está do seu lado e você nem ao menos percebeu isso, basta você apenas olhar para quem está do seu lado e ver que a estrela que falta na sua constelação na verdade sempre esteve ali, não a distância, bem ali.

— Mãe, isso não faz o mínimo sentido!

— Okay, não irei brigar com você para você enxergar o que está nitido, mocinha! — Já até imaginava Dahlia apontando o dedo na cara de sua filha com indignação. — Mas dependendo do que você fazer, eu sempre irei te apoiar. Porque você é minha filha.

Tenho certeza de uma coisa na minha vida, que eu sou louco, mas sou louco por uma ruiva da Sonserina, que consequentemente é minha parceira, melhor amiga do meu irmão e que é grudada no trio de ouro, mas eu não sou louco de cabeça, e eu tenho a total certeza de que essa fala de minha futura sogra está apontando claramente que a pessoa que está do lado de minha ruivinha sou eu.

Fiquei tanto em meus pensamentos que só ouvi Dahlia se despedindo de Astraea, e logo os passos dela foi se afastando, Astraea provavelmente fez o mesmo já que ouvi barulhos de passos e logo uma porta sendo fechada. Esperei alguns minutos antes de ir até seu quarto, apenas para ela não perceber que eu estava ouvindo a conversa por trás da porta. Abri levemente a porta, saindo rapidamente do quarto, em passos leves e quase imperceptível fui até a porta de seu quarto, respirando fundo umas três vezes antes de bater na porta com relutância.

Foi questão de um segundo para que a porta fosse aberta, dei de cara com Astraea, seus olhos azuis refletindo a constelação neles, constelação essa que só eu sabia que tinha. Seus cabelos ruivos estavam molhados, e eu quis reaprender ela por isso já que provavelmente ela poderia pegar um resfriado.

— Entre. — Sua voz soou calma e ela me deu espaço pra passar, rapidamente obedeci, passando por ela e sentindo seu forte cheiro cítrico, e pelos Deuses, que cheiro maravilhoso.

Como um baita curioso que sou, olhei por todo seu quarto, vendo que era completamente diferente do que eu imaginava, as paredes estavam pintadas de branco, havia alguns desenhos de sol, lua e constelações em uma parede que seguia até o teto, e ao olhar para o teto fiquei totalmente encantado, era como o teto do Salão Principal de Hogwarts, mas no quarto de Astraea apenas tinham estrelas se movendo em cima de nós, os móveis eram pretos ou branco, combinando com o estilo do quarto, sua cama estava perfeitamente arrumada e o edredom tinha uma tonalidade azul escura, alguns travesseiros com forma de estrela, lua e sol enfeitavam a cama, não havia nenhum tapete no chão, a janela estava fechada, mas eu sabia que tinha uma sacada ali, a cortina era branca com pontos pretos remetidos a constelações, havia uma mesinha no canto e uma cadeira que parecia totalmente confortável.

No outro lado da cama havia uma cômoda pintada diferente a cada gaveta, uma gaveta tinha desenhos de estrelas e constelações pintadas, mas dessa vez era de um céu específico, outro era de sombras e fleches de escuridão como se estivessem se entrelaçando, e a última gaveta era um desenho da junção desses dois, em cima da cômoda havia um livro e um abajur, a porta do closet e do banheiro estavam fechadas, e havia uma cadeira de balanço que era prendida no teto no meio do quarto, sim, no meio do quarto e alguns pôsteres estavam prendidos de forma simetrica na parede perto da mesinha, o quarto também estava repleto de detalhes dourados. E ao contrário do que eu pensava, Astraea não tinha o quarto totalmente verde ou roxo, mas sim azul, dourado, preto e branco, o quarto dela parecia mais uma sala da torre de Astronomia do que um quarto, mas mesmo assim, eu podia ver o quão bom gosto ela tinha.

— Uau! — Disse baixinho, quando parei de analisar tudo.

— Você gostou? — Senti sua presença ao meu lado, é rapidamente a olhei vendo que ela já me olhava.

— Tá brincando? Seu quarto é perfeito. Eu amei cada detalhe, e as pinturas são lindas. — Falei admirando o quarto mais uma vez.

— Obrigada. Eu que pintei tudo. — Ela piscou sorrindo.

Fiquei levemente em choque enquanto ela ia e se sentava na cadeira de balanço, me olhando enquanto sentava com a postura de índio. Você tá brincando que ela pintou tudo isso? Se eu achava que essa garota sabia fazer tudo no mundo, agora eu tenho certeza. Como alguém pode ser tão talentosa assim? Essa garota é a própria Deusa da perfeição, só pode ser isso pra ser tão perfeita desse jeito.

— Você é muito talentosa. — Admiti indo até sua cama e me sentando sem bagunçar nada. — Nunca vi tamanho talento igual ao seu.

— Obrigada, obrigada por dizer isso. — Ela sorriu ainda mais me olhando, e eu só consegui pensar que sorriso foi esse.

Ficamos alguns minutos nos olhando, e pra mim esses minutos foram horas, porque eu simplesmente não conseguia tirar os olhos dela, e quando ela percebeu isso se remexeu na cadeira.

— Bom. — Ela disse me tirando dos pensamentos, novamente. — O que você queria me dizer?

Suspirei pesadamente, apoiando a mão sobre meu joelho.

— Será que você poderia? — Nem terminei de falar quando ela puxou sua varinha do bolso e apontou para o quarto lançando um Abaffiato e trancando a porta em seguida. — Obrigada.

— De nada. — Ela sorriu se acomodando. — No seu tempo, não tenha pressa.

Ao ouvir isso só me deu mais coragem, e eu segurei no tecido da calça com força, já sentindo o gosto amargo em minha boca voltando com tudo. Tinha tentado contar sobre isso uma vez para alguém, ele não me escutou, me deu as costas e não ligou, porque estava ocupado demais, e desde aquele dia que fui totalmente ignorado e deixado de lado, eu nunca na minha vida tinha pensado em falar sobre isso novamente, até agora, falar sobre assuntos da minha infância é difícil, principalmente quando o assunto é a morte da minha mãe e como eu a matei.

— Bom, tudo começou quando eu tinha seis anos. — Comecei, sentindo a tensão subindo. — Minha mãe tinha adoecido, ninguém sabia o que ela tinha, meu pa... genitor, a levou em todos curandeiros, bruxos, médicos, ele praticamente tentou de tudo, mas ninguém parecia saber o que ela tinha, ele pagou os mais caros tratamentos, os mais caros bruxos, tentou todos os feitiços de cura, mas nada deu certo. Ela estava morrendo aos poucos, não tinha forças, passava o dia todo na cama, seus ossos estavam se partindo, sua pele tinha perdido a cor, seu cabelo estava desidratado e sem vida, seus olhos estavam opacos e ela não comia, não falava, andava e nem se quer se mexia. Minha mãe estava morrendo e ninguém podia fazer nada para salvá-la, enquanto meu genitor viajava países para tentar achar alguém que ajudasse ela, eu e meu irmão ficamos lá cuidando dela com a ajuda de uma pessoa que nosso pai havia contratado para cuidar dela e de nós dois, tinha se passado meses já, e nada dela melhorar, quando meu genitor finalmente parou em casa, minha mãe já estava na beira da morte, e bem, Benjamin nessa época tinha ficado doente também, mas era apenas uma pneumonia forte, então eu ficava com minha mãe enquanto meu genitor cuidava do meu irmão para que ele melhorasse.

Dei uma pausa, sabendo que a partir desse momento eu teria que contar a pior coisa que aconteceu na minha vida, por muitos anos guardei isso pra mim, completamente e profundamente guardado dentro de um cofre dentro de mim em proteção máxima, e agora que eu simplesmente estava prestes a contar tudo para Astraea, eu percebi que poderia desmoronar a qualquer segundo, e eu não queria que ela me visse desmoronando.

— Continue, loirinho. — Ouvir ela me chamando por esse apelido e me pedindo para continuar, só me deu forças para conseguir contar tudo de uma vez.

— Em uma noite, de repente  o estado da minha mãe piorou, e eu estava sozinho em casa naquela noite, meu genitor tinha saído com Benjamin para ir ao St. Mungus, ele havia piorado um pouco e a cuidadora meu genitor havia lhe mandado embora. Então, quando minha mãe piorou eu não sabia o que fazer, eu tentei dar os remédios a ela mas ela estava vomitando então eu não conseguia, tentei fazer de tudo, mas não deu certo, minha mãe meia hora depois parou de vomitar e ficou olhando em meus olhos, eu conseguia ver a morte passando por seus olhos e ali ela tinha dito as únicas palavras que ela tinha dito em meses, e foi em uma forma de despedida, eu não queria deixar minha mãe ir, então me agarrei a ela implorando ao Deuses para que me levasse junto com ela, e mesmo sem forças e no leito da morte, ela fez carinho em meus cabelos como ela sempre fazia quando eu estava com medo de algo, naquele momento meu pai havia chegado, e antes de minha mãe morrer, eu segurei em sua mão, observando seus olhos perder a vida e a morte a levando para longe de mim, eu não sei o que aconteceu, mas quando eu reparei havia sombras em volta de mim e minha mãe, e essas sombras parecia sugar o restante de sua alma, eu não sabia como, eu não sabia porque, mas eu sabia que era eu quem estava fazendo aquilo, eu conseguia perceber que era eu quem controlava aquelas sombras, e quando elas sugou até o último resquício da alma de minha mãe eu percebi que ela tinha morrido, e antes que eu se quer pudesse assimilar o que aconteceu, meu genitor me tirou de perto de minha mãe me jogando do outro lado do quarto, ele começou a gritar comigo, me chamando de assassino e dizendo que era eu quem havia matado minha mãe, que ela morreu por minha culpa e que eu era o responsável por tirar a vida da mulher que ele ama.

Tirei meus olhos das minhas mãos, criando coragem e olhando para a ruiva que me olhava totalmente aterrorizada, senti nojo de mim, senti nojo de quem eu sou, do que eu havia feito, do que estava falando, mas me senti obrigado a continuar a contar, e foi isso o que eu fiz, mas dessa vez não tirando os olhos de Astraea.

— Uma semana depois Benjamin melhorou, e meu genitor disse para ele que sua mãe estava morta, quando eu vi o olhar do meu irmão, eu realmente cai na real e me culpei intensamente, foi ali que eu percebi que eu realmente havia a matado, matei a mulher que meu genitor ama, matei minha mãe, matei a mãe de meu irmão, nossa melhor amiga, nossa mãe, nosso porto seguro, eu havia matado a pessoa mais importante da minha vida e eu nem sabia como, mas eu sabia que eu era o verdadeiro culpado, então comecei a me culpar. E mesmo que eu não fizesse isso por conta própria, meu genitor fazia questão de me lembrar todos os dias o que eu havia feito, e tudo começou a ficar ruim aí, ele não me suportava, me odiava e tinha nojo de mim, então ele começou a me tratar mal, me ignorar, me trancar no quarto, me empurrar e as vezes me bater, tudo isso é claro, escondido de meu irmão. Ele me tratou que nem lixo por anos, só não me fazia ainda mais mal porque Benjamin ficava por perto, mas quando ele fez onze anos e consequentemente teve que ir para Hogwarts, tudo piorou, naquele dia eu não queria deixar meu irmão ir, porque eu sabia que ele era a única pessoa que proibia meu genitor de me tratar ainda mais mal, mas claro que ele não entendeu os sinais que eu dei, ele nunca entendeu, nunca viu como eu era ignorado por nosso próprio "pai" nunca viu como eu sempre passava maioria do meu dia trancado no quarto, nunca viu como nosso "pai" me tratava mal a qualquer palavra que eu dirigisse a ele, nunca viu os empurrões ou os tapas, ele nunca viu nada. Não me viu chorar até dormir, não me viu me culpando pela morte de nossa mãe, não me viu perdendo o brilho a cada dia, ele não me via, e passou anos assim.

Sentindo o olhar de Astraea sobre mim, eu novamente desviei o meu olhar do céu, capturando qualquer coisa pela frente, não querendo ver seus olhos cheios de nojo e repulsa de mim. Nesse instante as estrelas, luas, sol, constelações e planetas desenhados na parede parecia mais atraente do que os olhos azuis oceanos de minha parceira.

— No mesmo dia que Benjamin foi embora para Hogwarts, minha vida virou um terror por completo, naquele mesmo dia meu genitor não só me ignorou e me tratou mal, como também novamente me disse palavras horríveis, me empurrou, me deu um soco quebrando meu nariz e me marcou fisicamente com algo que eu já sabia psicologicamente que eu era.  — Sentindo o olhar questionador de minha parceira, eu toquei no tecido da camiseta, erguendo um pouco para cima mostrando a palavra cicatrizada mas nunca esquecida. Assassino.

— Pelos Deuses. — Astraea praticamente pulou da cadeira de balanço, e eu ergui meu olhar para ela vendo que ela não me olhava com nojo, mas sim com terror, dor e agonia.

— Quando ele fez isso, eu não aguentei, vomitei em mim próprio, sentindo gosto do sangue do meu nariz quebrado se misturando com o gosto do vomito. — Suspirei abaixando a camisa. — Ele não fez isso com uma faca ou com algo cortante, na verdade foi pior, foi com um feitiço de tortura, ele marca sua pele como se uma mini agulha mergulhada em pura lava estivesse desenhando sobre a pele, isso durou minutos até ele se sentir satisfeito, e quando ele sentiu que era bom o suficiente, eu senti o meu corpo doendo, suando, ardendo e totalmente quebrado. Eu não conseguia sequer andar, mas eu tirei forças quando ele me mandou ir pro quarto, porque eu sabia que se eu não o obedecesse eu ia passar por algo ainda mais pior, quando eu cheguei no meu quarto e vi a palavra que ele havia marcado na minha pele para sempre, eu vomitei novamente no chão, e tudo o que eu senti naquele momento foi um completo vazio, eu não tinha minha mãe, não tinha um pai, não tinha meu irmão, nenhum parente e muito menos algum amigo para me ajudar, eu estava sozinho, quebrado e totalmente sem ninguém.

Engoli em seco, o gosto amargo vindo com tudo na minha boca, mas eu não ergui o olhar para Astraea de novo, apenas encarei o chão sentindo sua presença do meu lado e logo o colchão afundar, e ao saber que ela estava ali do meu lado só me fez querer ainda mais terminar de contar tudo para ela, e somente para ela.

— Desde desse dia, minha vida foi um inferno, ele me espancava, me culpava, me torturava psicologicamente e fisicamente e eu não podia revidar, porque eu bem se quer tinha forças para isso. Eu passei um ano sofrendo do pior jeito possível naquela casa, e quando Benjamin voltou, eu pensei que ele iria notar o que nosso "pai" estava fazendo comigo, porém ele não fez isso, ao contrário, ele apenas conseguia falar sobre sua vida em Hogwarts, seus novos amigos, seus colegas, seus dias em Hogwarts, como tinha sido sua viagem, como ele estava se adaptando lá e como ele tinha uma vida perfeita em Hogwarts. E eu tinha que escutar tudo, apenas escutar, não podia intervir, não podia dar opiniões, não, porque Benjamin estava ocupado demais com sua nova vida na escola do que com seu irmão mais novo que queria tanto lhe contar o que estava passando. Mas adivinha? Ele nunca escutou. E quando eu entrei para Hogwarts, eu pensei que tudo iria acabar, eu estava indo bem no primeiro ano, mesmo com todo aquele drama do tão famoso Harry Potter e Voldemort, mas quando eu voltei para casa e Benjamin não, tudo voltou novamente. E eu tentei de tudo quando voltei para Hogwarts contar para Benjamin sobre isso, mas ele virou as costas pra mim, me ignorou e seguiu sua vida com seus novos amigos, e eu novamente fiquei de lado, então decidi que se ele não olharia para mim do jeito que eu era, então eu iria mudar, e eu comecei a fazer isso, comecei a arrumar brigas, me meter em encrencas, andar com grupos considerados ruins, mas nunca tirando uma nota ruim. E como esperado, Benjamin me notou pela primeira vez na vida, mas eu continuei com as brigas, encrencas, larguei de andar com pessoas ruins, entrei pro time de quadribol e a cada verão que eu voltava para casa, meu genitor continuava a me torturar, e eu simplesmente comecei a parar de usar as roupas que cobriam meus machucados, porque na minha mente se Benjamin visse aquelas marcas e cicatrizes ele descobriria o que seu pai fazia comigo, porém ele novamente não percebeu, dizendo que aqueles machucados era por conta das brigas que eu me metia, e bem, por causa do que ele disse, eu comecei a usar isso como fachada, a tortura que meu genitor fazia comigo e me deixava cheio de manchas e cicatrizes na verdade era por causa das brigas que eu me metia, e desde então, me afastei de meu irmão, brigamos, nos ignoramos e principalmente eu finjo que ele não existe, como um dia ele fez comigo, e eu sei que por causa disso tudo eu perdi o meu irmão. Eu aguentei isso até o final do terceiro ano, quando eu simplesmente parei de ir para casa, fiquei em Hogwarts nos feriados e nas férias, mas infelizmente não podia ficar em Hogwarts depois do ano letivo, então eu voltava para casa, e voltava a sofrer as torturas que meu amado genitor fazia comigo, tudo é claro, sem meu querido irmão descobrir.

Soltei uma risada sofrida, cerrando os punhos e olhando para a ruiva ao meu lado que mantinha seus olhos em mim, eu não consegui decifrar sua feição pela primeira vez, mas eu não vi um requisito de nojo ou repulsa ali, e eu soube que ela não sentia nojo de mim naquele momento, e eu agradeci aos Deuses por isso, porque eu poderia lidar com tudo, poderia ser torturado, espancado, humilhado e ignorado por meu genitor, poderia perder meu irmão, poderia ser quebrado em mil pedaços e depois ser restaurado para ser quebrado novamente, mas eu jamais, nunca, poderia lidar com o fato de Astraea sentir nojo ou repulsa de mim, porque se tem algo que eu tenho certeza em minha vida é sobre ela, e eu não poderia sequer imaginar ela com repulsa de mim, de seu parceiro.

— Essa é minha vida. — Sorri de lado para esconder a dor que me deixava devastado por dentro como fogo que se alastrava pela floresta. — Odiado, ignorado, torturado e espancado durante todos os anos, sempre sofrendo, nunca sendo amado. Cheio de cicatrizes, que conforme os anos passou a ser cada vez mais parte de mim, e então provavelmente você se perguntou porque eu não tomei nenhuma poção para curar ou porque simplesmente não passei a poção que minha mãe me deu antes de adoecer. Está aqui sua resposta, porque eu não me sinto digno dela, porque eu sei que tudo isso, toda essa dor que eu passei, foi por minha culpa e apenas minha, essas cicatrizes são parte de mim porque eu mereci elas e eu não posso simplesmente esquecê-las, então eu as deixo no meu corpo, para que eu a olhe cada dia mais e me lembre que elas estão aqui porque eu sou merecedor delas, porque é minha culpa minha mãe ter morrido, é minha culpa meu pai me odiar, é minha culpa meu irmão não ligar para minha existência e principalmente é minha culpa por eu ser um monstro assassino.

Procurei nos olhos de minha parceira novamente a repulsa que eu era acostumado a receber, mas não tinha nada ali além de carinho, amor e compreensão. Não sei em que momento foi, mas só senti os braços dela passarem sobre meu pescoço e me puxar para um abraço, não reagi de primeira, mas quando percebi que era ela, minha Astraea, minha ruivinha, minha estrela e minha parceira eu me rendi, retribuindo seu abraço e escondendo meu rosto em seu pescoço. Me senti pela primeira vez na vida em casa, ali nos braços dela, e afundei meu nariz em seu pescoço podendo sentir o cheiro gostoso e cítrico de seu sabonete, e eu aproveitei esse momento sentindo levemente sua mão passar sobre os fios do meu cabelo de modo carinhoso, e nesse momento eu desmontei por inteiro, eu disse que não iria desmoronar, mas não consigo, não consigo porque quando estou com ela meus sentimentos parecem não ser comandados mais por mim, e eu me deixei levar, senti a primeira lágrima descer pela minha bochecha aquecendo ela como brasa, e logo as demais vieram atrás, eu sabia que Astraea estava sentindo minhas lágrimas molhar sua pele, mas ela pareceu não se importar, alisando minhas costas no mesmo momento que continuava o carinho entre os fios de meu cabelo.

— Está tudo bem. — Ela sussurrou, e eu soltei um soluço baixo. — Está tudo bem, eu estou aqui, pode chorar loirinho, eu estou aqui com você, estou te segurando.

Senti os soluços escapando de mim baixos, e eu passei a apertar ainda mais Astraea contra mim, chorando no vão de seu pescoço. Eu não me importava se ela fosse me achar fraco, não me importava se ela fosse rir de mim depois, eu só chorei, chorei porque estava em casa, chorei porque tinha encontrado meu lar em seus braços, chorei porque é com ela que eu me sinto seguro.

Passei minutos assim, apenas sentindo seu carinho, apenas soluçando baixo e sentindo as lágrimas diminuírem aos poucos até não restar mais nenhuma, e meu rosto estar totalmente molhado pela dor que por muito tempo eu deixei dentro de mim trancado a sete chaves. E mesmo depois de ter parado de chorar e sentindo levemente meu rosto começar a secar, Astraea não parou seus carinhos, ao contrário, ela continuou de modo leve, como se estivesse ninando um bebê.

— Sabe... — Ouvi sua voz calma em meu ouvido e arrepiei imediatamente. — Não é sua culpa. Nunca foi.

Não disse nada, apenas funguei negando com a cabeça contra seu pescoço.

— Você era uma criança Perseu. Uma criança que queria estar com sua mãe, e esteve, e seu genitor esta completamente errado, porque vocês não matou sua mãe e seja lá de onde aquelas sombras vieram não foi elas que mataram sua mãe e não foi sua culpa sua mãe ter morrido enquanto você estava com ela, porque como você mesmo disse, ela estava doente, estava prestes a partir, e você por coincidência estava lá quando isso aconteceu, sua mãe queria você do lado dela e você esteve. Então, acredite em mim quando eu digo que você estar com ela e ter conjurado aquelas sombras não significa que você matou sua mãe, e não diga que você é um assassino porque você não é, você era uma criança, uma criança inocente e que estava com medo de perder a mãe, e seja lá o que sugou a alma de sua mãe como você disse, não foi você, você não tem culpa, você não a matou,  nunca foi você Perseu. Coloca isso na sua cabeça e pare de se culpar por algo que não foi você quem fez, seu genitor colocou a culpa em você porque ele é fraco e não consegue entender que não é culpa de um menino de seis anos ter matado sua mãe, mas sim culpa do destino que decidiu levá la naquele momento. Seu genitor fez tudo isso com você porque ele não tinha quem ele culpar, então ele culpou você que era mais perto que ele precisava, alguém que acredita que é culpa dele porque estava na hora presente, alguém inocente, alguém que vai acreditar nas palavras que colocam em sua cabeça. Então, pela primeira vez escute uma coisa loirinho, não foi sua culpa, você não é um monstro e muito menos um assassino, você era uma criança e sua mãe não iria querer que você se culpasse por algo que você não fez.

Quando ela terminou de falar isso, eu parei, meus pensamentos rodando em mil por hora e questionei a minha criança interior se realmente era culpa de uma criança de seis anos ter matado sua mãe. E ela respondeu que não, assim como Astraea havia dito que não era minha culpa, então depois de nove anos me culpando por algo que eu nunca fiz, eu caí na real que não fui eu quem matou minha mãe, não, não foi, porque aquelas sombras não estavam tentando matá-la. Estava tentando salvá-la, mas eu não sabia como usar ela, eu não sabia que aquelas sombras nunca quis machucar minha mãe, mas sim ajudar ela.

— Não foi minha culpa. — Eu disse para mim mesmo, me deparando do abraço da minha parceira e olhando para ela com um olhar desesperado.

— Não foi minha culpa. — Repeti com convicção olhando nos olhos de Astraea. — Nunca foi.

— Não, não foi. — Ela sorriu arrumando meu cabelo.  — Você era uma criança.

— Eu era uma criança. — Olhei em seus olhos, vendo que eles estavam repleto de orgulho. — Uma criança que viveu um inferno por causa de algo que nunca teve culpa.

Ela acenou com a cabeça, e eu percebi que minhas cicatrizes, tudo o que eu passei, eu não mereci. Mei genitor me puniu por algo que eu não fiz, ele torturou, espancou, humilhou e tratou mal uma criança inocente. Ele fez isso comigo, e eu nunca mereci isso, recebi tudo isso por anos por algo que eu não fazia ideia que eu não tinha feito.

— Percebe agora? — Astraea colocou a mão sobre meu rosto, olhando no fundo de meus olhos. — Tudo o que você viveu, você viveu em vão. Tudo o que você passou, foi injusto.

— Porque nunca foi minha culpa. — Senti a raiva me enchendo aos poucos. — Aquele desgraçado.

Maldito seja Andreas Dempsey, maldito seja meu pai. Eu o mataria, eu o mataria sem pensar duas vezes se eu visse ele em minha frente, mataria ele por tudo que ele me fez passar, mataria por todas as palavras, por todas maldições, socos, chutes, nariz quebrados, ossos fraturados, cicatriz, mancha, tudo, eu o mataria agora mesmo, faria isso pela criança que ele torturou psicologicamente e fisicamente, faria isso por mim.

— Tudo o que ele fez. — Falei com nojo. — Eu não merecia.

— Não.

— Ele fez tudo aquilo porque não tinha ninguém pra culpar, então decidiu fazer isso com seu próprio filho, com seu sangue. — Cuspi as palavras sentindo o rancor me invadir.  — Como ele pode?

— Meu pai sempre me disse que as pessoas podres procuram alguém para culpar de seus próprios erros porque são incapazes de admitir que eles erraram.

— O que você quer dizer com isso? — Perguntei, franzindo a sobrancelha sem entender onde ela queria chegar.

— E se seu genitor não apenas fez tudo o que fez com você por apenas culpar você pela morte de sua mãe, mas sim porque ele errou tanto com sua mãe que queria botar a culpa em alguém depois que ela se foi?

Parei por um momento, me lembrando das vezes que eu ia até o quarto de meus pais e eles sempre estavam brigando, das vezes que eu sempre encontrava minha mãe chorando e meu pai gritando, das vezes que eu acordava assustado com os barulhos de coisas quebrando, das vezes que vi minha mãe com hematoma, que vi ela sangrando, que vi ela implorando para ser morta, que vi ela tentando nos levar embora daquela casa, sempre sem sucesso.

É claro, aquele maldito. Ele batia na minha mãe, ele a maltratava, e quando ela morreu ele me culpou por isso, como se não fosse ele que tivesse errado, mas sim eu.

— Eu vou matar ele. — Disse entre dentes. — Eu juro que vou matá-lo.

— O que você percebeu? — Pude sentir o olhar questionador de Astraea em minha direção, e eu olhei para seus olhos, pura fúria me preenchendo.

— Ele batia na minha mãe. Ele batia nela como fez comigo, e quando ela morreu ele botou a culpa dos seus erros em cima de mim.

— Puta merda. — Ela xingou baixinho. — Eu vou ser considerada ruim se eu disser que quero matá-lo?

— Não. — Falei ríspido. — Não porque eu também quero.

—— Olá estrelas e constelações!
Adivinha quem está de volta? Exatamente, eu! Estive fora por essa semana por causa de algumas coisas, vulgo escola, vida pessoal e ensaio para um negócio que vou participar, e isso está praticamente me esgotando muito, e eu nem tive tempo para escrever capítulo, só fui ter um momento de paz ontem, mas já vou voltar a postar vários capítulos para vocês porque vou entrar de férias e vou ficar menos ocupada, e pra recompensar o tempo sem trazer capítulo aqui está um com quase dez mil palavras para vocês. Ainda tinha muita coisa para adicionar nesse capítulo, mas infelizmente eu tive que dividir ele em dois se não ia ficar gigantesco, mas se preparem que vai vir muita bomba pela frente no próximo capítulo. E sobre o capítulo de hoje, tem muitos surtos aqui, a Astraea e o Perseu acordando juntos, o Perseu todo bobinho, a Dahlia tirando foto dos dois juntos e a Dahlia percebendo que a Astraea e o Harry tinham se pegado no mesmo momento que a Astraea mencionou ele. Outro surto foi o Perseu ouvindo que a Astraea deu um beijo no Harry, o jeito que ele agiu é muito engraçado e ele sentindo ciúmes, socorro.

—— Vou amar muito fazer a interação do Perseu com o Harry acontecer, ainda mais por saber como o Perseu vai agir perto dele. E outra coisa, tadinho do meu bichinho, sofreu tanto nas mãos daquele desgraçado do Andreas, minha vontade de matar ele só aumenta, e o coitadinho levou nove anos para perceber que nunca foi culpa dele, ele sofreu o inferno nas mãos daquele desgraçado e achava que merecia isso, meu protegido sofreu tanto. Chorei escrevendo a parte que ele falava da infância dele inteira, e fiquei com ódio do Benjamin e do Andreas, e só quero ver o barraco que isso vai se tranformar daqui pra frente. Infelizmente por hoje foi isso, espero que tenham gostado do capítulo, não se esqueçam de votar, comentar o que acharam e compartilhar com seus amigos pra fanfic poder crescer ainda mais. Agradeço de coração por terem lido até aqui, e até a próxima. E eu só digo mais uma coisa, aguardem, porque o surto que não aconteceu nesse capítulo no próximo vai vir com tudo.

MALFEITO FEITO!

— As pessoas que olham
para as estrelas e desejam.

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