ꜤꜤ ▌ 𝗖𝗛𝗔𝗣𝗧𝗘𝗥 𝗧𝗪𝗘𝗡𝗧𝗬 𝗘𝗜𝗚𝗛𝗧❕
ꜤꜤ —— 𓏲𖥻. ࣪ 𝐄𝐋𝐘𝐒𝐈𝐔𝐌 ⁽ ☄️ ⁾.
↳ׂׂ ▐ㅤ𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝘁𝘄𝗲𝗻𝘁𝘆 𝗲𝗶𝗴𝗵𝘁. ᠉ ࣪ ˖
beijá-la outra vez!
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𝗗𝗘𝗣𝗢𝗜𝗦 𝗗𝗘 𝗠𝗨𝗜𝗧𝗢𝗦 𝗫𝗜𝗡𝗚𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢𝗦, Astraea finalmente parou em minha frente, ainda resmungando e batendo o pé firmemente no chão, eu ri imediatamente pela sua feição raivosa, mesmo não sendo um momento pra isso eu só pude perceber o quão linda ela estava hoje, não só hoje, como todos os dias também.
— Carambolas, catapimbas! — Depois de seu enorme discurso sobre como meu genitor é uma pessoa horrível e depois de uma lista repleto de xingamentos que eu sequer sabia da existência, Astraea finalmente disse seus últimos xingamentos.
— Já acabou? — Questionei com uma sobrancelha arqueada.
— Sim, obrigada! — Ela sorriu se jogando ao meu lado na cama. — Não sei como você consegue.
Franzi a testa e me virei em sua direção, olhando para ela com confusão.
— Consigo o que? — Questionei confuso.
— Manter a calma depois de ter percebido o que aquele merda fazia. Eu que nem passei por tudo o que você passou já estou querendo matá-lo, nem imagino você.
— Acredite em mim ruivinha, eu estou parecendo calmo. Mas tudo o que eu quero fazer é poder sair daqui imediatamente e ir atrás dele, e então fazê-lo pagar por tudo o que ele fez a mim e à minha mãe passar. — Falei calmamente enquanto olhava no fundo de seus olhos, pensei que ela iria ficar com medo mas ela sorriu parecendo gostar da ideia. Obviamente eu não contei detalhamente o que quero fazer com aquele maldito, mas se eu o visse na minha frente agora, eu o faria implorar para os deuses para que não tivesse me colocado em seu caminho, porque ele vai pagar, eu prometo que ele vai.
— Eu te apoiaria. — Ela se sentou normalmente, colocando a mecha de cabelo que caia em meus olhos para trás, e novamente estou eu aqui surtando por cada coisa mínima que ela faz e que pra mim é como se ela estivesse dizendo que me amava.
— Eu sei que sim. — Pisquei, e como aconteceu ontem enquanto estávamos na casa dos Black, eu pude sentir novamente acontecendo agora. Aquela tensão entre a gente, olho no olho, respiração batendo uma na outra.
Me aproximei ainda mais perto dela, subindo minha mão para seu rosto, pude ver ela rapidamente engolir em seco e eu dei um sorriso singelo quase imperceptível, ela me olhava intensamente e eu pude ver a constelação brilhar em seus olhos, e esse foi o motivo de eu perder todo o controle, me aproximei ainda mais quase deixando seu rosto a centímetros do meu. Mas novamente, a batida na porta nos fez separar rapidamente, eu juro que eu sentiria raiva se já não soubesse quem estava por trás daquela porta. Obviamente era Dahlia, já que Regulus nunca bateria na porta sabendo que eu estava ali com sua filha, não, provavelmente ele derrubaria a porta.
— Crianças. — Sua voz doce soou do outro lado da porta, e eu rapidamente me levantei vendo Astraea lançar um contra-feitiço para o Abaffiato que ela havia lançado. — Vim chamá-los para descer, seus presentes já estão lá e fiz biscoitos com chocolate quente. Desçam para comer enquanto eles ainda estão quentes.
— Já estamos indo mãe. — Astraea disse se levantando.
— Não demorem. — Dahlia disse por fim, e logo pude ouvir os seus passos se afastando.
— Eu agradeceria se você não contasse isso para ninguém. — Falei chamando a atenção da ruiva ao meu lado. — Nem para seus pais, nem para o trio de ouro. Muito menos para Benjamin.
— Eu não irei contar. — Ela sorriu acolhedor. — Não cabe a mim fazer isso, se você confiou em mim para dizer isso não há motivos para eu trair sua confiança assim. Isso é uma promessa, loirinho.
Ali estava o maldito apelido, nunca pensei que ela iria me colocar um apelido, nunca sequer pensei que ela notaria que soi loiro, na verdade não totalmente, está mais para loiro-acastanhado, mas mesmo assim, ela notou e isso só me faz perceber o quanto essa garota é incrível.
— Obrigada. — Agradeci do fundo do meu coração, porque pela primeira vez eu consegui falar sobre a tormenta que me incomodava todos os dias, e pela primeira vez alguém ouviu o que eu disse.
— Estarei sempre aqui. — Ela piscou.
Astraea então andou até a porta e a abriu, ela olhou para mim com expectativa e eu sorri andando até ela, juntos nós saímos do quarto onde eu contei tudo da minha vida para alguém que eu tinha plena confiança, até mesmo de olhos fechados. Poderia estar arriscando contar isso para ela sem a porra de um juramento como ela fez, mas eu tinha confiança demais nessa garota para fazer isso, sei que ela teve seus motivos para aquele juramento, e eu não tiro eles dela, até porque era algo tão grande que até hoje eu me pergunto se não foi coisa da minha cabeça, e bem, no momento que ela me contou tudo eu posso confessar que eu não acreditei de primeira, até porque era meio inacreditável, mas ao estar aqui agora, estando em sua casa, com sua família, com sua verdadeira identidade, eu finalmente me toquei de que era tudo a mais pura e maior verdade.
Estávamos descendo as escadas, e como uma mania que eu sempre tive, coloquei as mãos dentro do bolso das calcas, arrumando minha postura que eu tinha certeza que estava totalmente torta. Estava atrás de minha parceira, acompanhado seus passos até chegarmos na sala, onde Dahlia e Regulus pareciam estar ajeitando a árvore de Natal, e assim que eles notaram nossa presença, os dois se viraram em nossa direção. E claramente pude ver como Dahlia rapidamente ficou estática, olhando para nos dois de olhos arregalados enquanto deixava o enfeite cair de suas mãos, franzi o cenho rapidamente, e Astraea e Regulus pareceram ficar totalmente preocupados com o estado dela, a ruiva ao meu lado encarando sua mãe de cima a baixo enquanto chegamos mais perto dos dois.
— Minha Gardênia, você está bem? — Regulus segurou no braço da esposa, a analisando procurando algum machucado.
Ela rapidamente balançou a cabeça, olhando de mim até Astraea, e Regulus percebendo isso olhou para nós dois também, seu rosto repleto de confusão.
— Tive um dejá vu. É normal eu ver nossos reflexos nos olhos deles? — Ela perguntou se virando para o marido.
Regulus então pareceu perceber algo, e nós olhou completamente estático, assim como sua esposa fez, e Dahlia novamente o acompanhou, parecendo estar em outro mundo. Fiz uma careta, eu claramente não estava entendendo porra nenhuma do que eles estavam fazendo, e bem, Astraea parecia tão confusa quanto eu, já que andou até os pais etralando os dedos na frente dos dois.
— Olá? Terra chamando Regulus e Dahlia. — Ela passou a mão na frente do rosto dos dois, seu pai segurando sua mão com tudo e a puxando para um abraço, abraço esse que arrancou um gritinho de susto da parte dela que se pôs a rir imediatamente.
Dahlia então saiu de seu transe, e eu sorri disfarçando enquanto me aproximava dela, me abaixei em sua frente pegando o enfeite de Natal que havia caído no chão. Quando me levantei eu estendi a bola vermelha com alguns fios dourados para ela, que sorriu agradecida pegando da minha mão.
— Obrigada querido. — Eu assenti com a cabeça, virando meu olhar para minha parceira, e vendo como ela parecia se divertir com seu pai, e eu senti uma pontada de inveja por isso. Ela tinha uma família incrível que a amava, algo que eu sempre quis ter.
— Venha querido. — Dahlia me cutucou, parecendo notar como eu olhava para sua filha e seu marido. — Me ajude a pôr a estrela no topo da árvore.
— Não acha que Astraea quem deveria fazer isso? — Perguntei, sabendo que normalmente quem colocava a estrela na árvore era os filhos da família e não um visitante qualquer.
— Ela faz isso todo ano. — Ela piscou sorrindo amorosamente. — E acho que você como um novo integrante dessa família, deveria ter seu momento, não?
Sabendo que ela não se daria por vencida, eu concordei, andando em passos lentos e cautelosos atrás dela. Dahlia colocou o enfeite que faltava na árvore, e eu pude notar que mesmo sendo uma árvore pequena, que era apenas alguns centímetros maior que eu, ela ainda era muito bem enfeitada e muito bonita. Os enfeites não pareciam ter sido comprados, mas sim feitos, e eu me questionei quem teria tamanho talento para fazer eles.
— Bonitos não? — Dahlia sorriu passando a mão pelos enfeites, e eu rapidamente concordei analisando um por um. — Astraea e Regulus fizeram todos eles.
Me surpreendi com isso, olhando para trás onde os dois ainda se divertiam, agora colocando Pólux no meio, que parecia pedir socorro com os olhos. E me virei novamente para Dahlia, que olhava com adoração para os enfeites como se estivesse tendo flashback de memórias antigas.
— Eles têm uma tradição só deles de sempre fazer os enfeites para as comemorações, passam horas e dias fazendo, e sempre fazem uma tremenda bagunça. Mas eu deixo, porque sei que apesar da bagunça eles ainda estão felizes fazendo, mesmo em consequência destruindo a maioria das coisas. Esses dois tem um talento que eu nunca sequer poderia ter, eu amo a arte é claro, mas não tenho dom para fazê-la, agora Astraea é Regulus não, eles amam a arte e amam fazê-la também, e eles tem um dom incrível. Você tem que olhar o ateliê, lá tem várias pinturas, vasos de cerâmica e enfeites que eles fizeram juntos.
Abri a boca em choque, okay eu esperava que Astraea fizesse isso, mas agora Regulus? Nunca iria imaginar ele fazendo enfeites para o Natal.
— Eu nunca imaginaria que ele faria coisas desse tipo. — Confessei, e realmente era verdade, pensava que ele era o tipo de pai que lutava ou treinava modos de matar seu futuro genro, mas ao saber que ele fazia enfeites com sua filha só me fez perceber que eu sempre estive errado com meus pensamentos sobre Regulus.
— Meu marido pode parecer durão, mas ele faria qualquer coisa pela sua filha, principalmente enfeites de Natal rosa choque. — Ele apontou para um enfeites totalmente rosa choque, com glitter lantejoulas e muito brilho. — Foi quando ela tinha cinco anos, ela praticamente obrigou Regulus a fazer isso, e os dois saíram extremamente cheios de púrpurina rosa. Ainda tenho a foto guardada.
— Gostaria muito de poder ver. — Pisquei para ela com um sorrisinho.
— Te mostro depois escondido. — Ela piscou de volta, e nós dois rimos.
Vi Dahlia tirar o último enfeite da caixa, era uma estrela, uma estrela prateada com detalhes em azul. Era totalmente brilhante e diferente das estrelas que normalmente enfeitavam as árvores de Natal, aquela estrela realmente parecia uma verdadeira estrela, e eu não duvidava que fosse uma se eu olhasse de noite e de um lugar distante. Dahlia se aproximou de mim com a estrela nas mãos, um sorriso amoroso presente em seu rosto como sempre.
— Aqui está querido. — Ela me entregou a estrela em mãos, essa que eu peguei com todo cuidado do mundo, não queria quebrar, era uma relíquia de família e levando em consideração que tudo que eu encostava eu quebrava, tomei a maior cautela pra conseguir pegar e então pude finalmente analisá-la de perto, mesmo com as mãos trêmulas eu olhei pra Dahlia e sorri agradecido. — Não fique nervoso, você não vai quebrá-lo. Está tudo bem, vá em frente.
Ela me empurrou com uma mão como motivo de incentivo e logo fez gestos com a mão pra mim ir até a árvore, obedecendo rapidamente eu apenas ergui meu braço alguns centímetros, enquanto a estrela se encaixava perfeitamente no topo da árvore. Se eu não fosse bruxo, com a cena que se seguiu diante de meus olhos eu provavelmente acharia que era magia igual dos contos de fadas, porque assim que eu coloquei a estrela ali, imediatamente a árvore inteira brilhou, cores diferentes a cada canto e se destacando no meio da sala enquanto brilhavam de modo simétrico. Pude me pôr a sorrir pela primeira vez ali, é claro, já coloquei a estrela no topo da árvore uma vez, mas isso acontece quando eu tinha cinco anos de idade, desde então eu nunca mais comemorei o Natal. E agora estou aqui comemorando com uma garota, que é minha parceira de alma que rejeitei de primeira, mas que agora estou loucamente apaixonado e que por mesa coincidência conheci a meses atrás e com sua família que conheci ontem, mas mesmo assim, me sinto confortável depois de anos, me sinto fazendo parte de algo depois de anos, e me sinto bem depois de anos, e isso é importante pra mim.
Olhei para trás, e rapidamente encontrei os olhos azuis oceanos de minha parceira me olhando, e tudo o que eu senti foi uma felicidade ao vê-la sorrindo para mim com aqueles olhos reluzindo a constelação neles. E esse mínimo é pequeno detalhe que ninguém nota, exceto eu, só mostra que os Deuses me criaram para ser dela desde o momento do pensamento de minha criação.
Porque era a constelação de Perseus que tinha em seus olhos, a constelação de meu nome, a constelação que só mostrava que ela foi criada para mim e eu para ela, e eu soube disso no momento que olhei em seus olhos e vi a alinhação que havia dentro deles. Tudo isso, tudo gira em torno dela, gira em torno de mim também, porque estamos ligados, porque somos eu e ela nesse laço dourado que nos liga, só eu ela, para sempre.
Vi ela sorrir ainda mais, mostrando as pequenas covinhas em seu rosto, então ela logo abraçou seu pai que era o dobro de seu tamanho e ficou ali aconchegada em seu abraço. Senti Dahlia me abraçar pelos ombros com dificuldade, e rapidamente eu a abracei de volta andando até os outros dois que estavam no meio da sala esperando por nós.
— Fique aqui querido. — Dahlia beijou minha bochecha e logo foi até a filha beijando sua testa. — Vou pegar os presentes de vocês.
Dahlia foi até a árvore e pegou os dois embrulhos que estavam embaixo dela, embrulhos esses que eu nem tinha notado, Regulus foi logo atrás dela também puxando os dois embrulhos que restavam, e então eles vieram até nós, Dahlia pedindo para nós sentar nas almofadas que estavam no chão em frente a mesinha, rapidamente obedeci me sentando ao lado de Astraea.
— Vamos comer primeiro. — Dahlia disse deixando os presentes de lado.
Então com um aceno de varinha ela fez os biscoitos natalinos, chocolate quente e mais algumas guloseimas aparecer em nossa frente. Como dois esfomeados Astraea e Regulus pegaram um biscoito de cada já se deliciando, Dahlia portanto não disse nada, apenas olhou para os dois de olhos cerrados, e os dois perceberam isso olharam para ela sorrindo constrangidos, e eu havia reparado que Astraea podia ter os olhos de Dahlia e as vezes a risada, mas o sorriso e as covinhas era de Regulus. Ela era a cópia perfeita dos pais.
— Desculpa. — Os dois disseram juntos e Dahlia revirou os olhos.
— Coma querido. — Ela olhou para mim já sorrindo. — Deve estar com fome.
Realmente estou, devido apenas ao fato de eu ter comido no café da manhã, sendo que agora já era de tarde, mas mesmo assim não estou com tanta fome, porque se tem uma coisa que Dahlia sabia fazer era cozinhar e ela literalmente fez um banquete hoje. Seria estranho eu não estar satisfeito.
Peguei um biscoito com decoração de rena e comi mastigando lentamente, e eu tinha certeza que meus olhos se acenderam porque isso foi como uma criança experimentando algodão doce pela primeira vez, e apesar de eu ter feito isso aos meus quatro anos. Ainda me lembro perfeitamente da sensação, e sei que nada jamais irá se comparar a isso, peguei o chocolate quente em mãos e bebi, e pelos Deuses! Tem algo que essa mulher saiba fazer de ruim? Porque eu até soltei um gemido de apreciação, e era a primeira vez que eu fazia isso com comida.
— Está bom? — Dahlia me perguntou e eu ergui meu olhar para ela, e eu tinha certeza de que ela podia ver meus olhos brilhando.
Portanto eu não respondi, estava ocupado demais apreciando essa maravilha. E rapidamente como um flash, pude sentir o olhar feroz de Regulus sobre mim, e eu entendi que ele estava furioso por eu não responder sua esposa. Astraea ao contrário parecia nem notar, e Dahlia continuava com seu sorriso no rosto, porém eu podia ver o olhar dela murchando. E tudo o que eu não queria era desapontar ela.
— Está maravilhoso! — Eu sorri comendo ainda mais do biscoito, e pude ver o sorriso dela aumentar e seu brilho no olhar voltar.
E como um flash, o olhar de Regulus saiu de meu rosto e ele voltou para sua mulher sorrindo totalmente apaixonado, e eu me perguntei se era esse mesmo olhar que eu dava para Astraea, e falando nela, rapidamente me virei em sua direção, notando como ela comia todos os doces parecendo apreciar cada um e como ela parecia uma criança de cinco anos que estava sabendo o que era doce pela primeira vez, me vi sorrindo em sua direção, vendo como ela parecia tão feliz ali.
— Da próxima vez eu vou fazer biscoitos. — Pude ouvir Astraea ao meu lado dizer.
— E eu vou ajudar minha pequena estrela nisso. — Regulus piscou para a filha que ergueu a mão e bateu na dele como um toque de promessa.
— Ah mas não vão mesmo! — Dahlia interferiu no meio. — Não quero minha cozinha destruída de novo.
Soltei uma risada baixinha já imaginando a cena mesmo sem ter a visto, Dahlia parecia furiosa enquanto contava sobre esse fato, portanto Astraea e Regulus se entreolharam parecendo estarem se lembrando de algo e logo sorriram cúmplices.
— Você sabe, Minha Gardênia. — Regulus falou sorrindo para a esposa. — Compraria mil cozinhas se você pedisse, apenas basta pedir.
— Você não vai precisar fazer isso, meu todo. — Ela sorriu de lado, se virando para a filha e para o marido. — Porque vocês dois não vão chegar perto da minha cozinha novamente.
Astraea ao meu lado colocou as mãos no coração, parecendo totalmente ofendida. E soltei uma risada genuína com essa pequena conversa.
— Assim você me ofende mamãe. — Ela limpou uma lágrima falsa de seu rosto — Sou ótima na cozinha, apenas seu lindo marido que não sabe fazer as coisas direito.
— Quem queimou um bolo não fui eu. — Regulus pareceu reaprender a filha e eu tomei um gole do chocolate quente observando a cena.
— Quem não soube mexer em uma massa de pizza também não foi eu! — Ela apontou para seu pai se defendendo. — E você ainda derrubou no chão e quis que a gente usasse ela mesmo assim. E ainda me subornou para não contar para a mamãe!
— Regulus! — Dahlia se virou para seu marido totalmente chocada.
— Eu não queria fazer desperdício. — Ele ergueu as mãos em rendição.
Dahlia semicerrou os olhos para ele, e se virou para mim novamente e oferecendo mais guloseimas. Eu obviamente peguei mais, não iria recusar tal coisa, e logo voltamos em uma conversa calorosa, onde a qualquer momento os três, sim, os três, me colocavam no meio da conversa e puxavam assunto, e com toda educação do mundo eu respondia com toda gentileza, menos com Regulus, nós dois fazíamos questão de trocar farpas entre nossas respostas. Passamos tempo comendo, rindo, sorrindo e brincando, e tudo parecia mais brilhante para mim naquele momento, tudo mais calmo, sem brigas, sem tortura, sem xingamentos, sem ser trancado no quarto, apenas comendo e aproveitando a noite, algo que eu queria a muito tempo, e encontrei em uma casa que não era minha.
Assim que terminamos de comer, Dahlia rapidamente arrumou tudo com um balançar de varinha e logo caímos na conversa novamente, e em um momento até mesmo Pólux veio para a sala se aconchegar em sua dona, e ele fazia questão de olhar para mim com aqueles olhos deles, que não sei o que era, mas uma hora estava vermelho sangue e outra azul claro. Normalmente o azul claro aparecia apenas para Astraea, e o vermelho para mim, e eu tive a certeza de que Regulus o treinou bem porque esse furão me fazia ficar com mais medo dele do que do próprio pai de minha parceira. Ele era macabro, e eu tinha certeza disso, mas não falaria perto de Astraea, só para evitar não perder nenhuma parte de meu corpo.
— Muito bem crianças. — Dahlia tomou a frente chamando nossa atenção. — Hora de abrir os presentes.
Astraea sorriu animada ao meu lado, e então Dahlia puxou os presentes e nos estendeu, Astraea rapidamente pegou e foi rápida em começar a abrir, portanto eu fiquei estático não acreditando. Ela estava me dando um presente? Não era uma brincadeira? Quando percebi que Dahlia estava tempo demais com o presente estendido, eu o peguei cuidadosamente de suas mãos.
— É realmente para mim? — Perguntei com incerteza baixinho, mas tinha certeza que todos haviam escutado.
— Sim querido. — Dahlia sorriu amorosa abraçando o marido. — Vamos lá, abra!
Tomei cuidado para não rasgar o pacote, parecia ter sido embrulhado com tanto amor e precisão que eu não me perdoaria por ter rasgado, então abrindo por completo eu puxei o objeto de dentro. Soltando um suspiro ao ver o que era, era lindo, no começo pensei que era um globo de neve, mas não, era uma esfera celestial, ela era dourada e havia um vidro de proteção, e quando eu rodei, a esfera ficou totalmente azul e a visão de um céu estrelado apareceu, junto com os planetas que brilhavam. Era incrível, analisei cada detalhe, vendo que tinha uma gravura ali, uma gravura com meu nome, os detalhes formavam a constelação do meu nome, e eu fiquei surpreso com isso, onde ela havia arrumado isso?
— Tem um botão. — Dahlia disse sorrindo. — Aperte a noite, em um lugar fechado de preferência.
Analisei o botão que ela falou e vi que ele era minúsculo, mas dava para perceber. Eu sorria que nem um bobo analisando o objeto, então olhando para Dahlia pude ver ela me olhando esperando uma reação, e eu não pude deixar de deixar meu sorriso mais largo para ela.
— Obrigada pelo presente. — Agradeci. — Obrigada por tudo.
Ela sabia o que eu estava dizendo, ela entendia, ela sempre sabia e sempre entendia. E como sempre ela piscou cúmplice para mim, e eu fiquei com o pequeno objeto em mãos, olhando para ele sorrindo, era o primeiro presente que eu ganhava até agora de alguém além de Benjamin durante esses anos.
— Fala sério. — Ouvi o gritinho de Astraea ao meu lado, e eu me virei para ela vendo ela com uma paleta de pintura azul com detalhes brancos e quase imperceptível, o azul era escuro mas ao mesmo tempo parecia claro, talvez fosse resina. O pincel era do mesmo jeito, mas no final ele tinha uma cor mais escura e as cerdas parecia macias demais e eram pretas como o breu. Havia várias tintas também, de várias cores e vários tons, e a ruiva pareceu amar isso já que abraçou os presentes totalmente contente. — Eu amei, obrigada mãe. Eu realmente estava precisando de novas coisas.
Dahlia sorriu para a filha e Astraea continuava agradecendo e falando como ela precisava disso para suas novas pinturas que ela tinha em mente. Eu portanto não conseguia tirar os olhos de meu presente, segurando ele com todo cuidado do mundo, percebi Regulus me olhando, mas eu não dei a mínima, apenas prestando atenção na esfera celestial. Ouvi Regulus chamando a mim e à filha, e ergui meu olhar para ele vendo ele me jogar um pacote, e se eu não fosse rápido eu tenho certeza que teria acertado no meu rosto.
— Regulus! — Dahlia bateu no ombro do marido enquanto ele entregava o presente para sua filha com o maior cuidado do mundo.
Antes de abrir eu dei uma rápida chacoalhada para saber se não era nenhuma coisa que poderia me matar, mas ao ver que era uma coisa macia, eu abri o embrulho novamente com cuidado. Tirando de lá de dentro uma jaqueta, não uma qualquer jaqueta, era preta e de couro, mas tinha uma cobra bordada, e eu sorri com isso, minha casa normalmente estava presente em quase todas minhas roupas, e ao perceber que não era só uma jaqueta de presente eu retirei o próximo objeto do embrulho, observando a câmera, eu a rodei entre meus dedos vendo os seus detalhes gravados na parte preta da câmera, e normalmente estava ali o meu nome.
— Obrigada. — Agradeci olhando para Regulus, ele olhou para mim ainda com a famosa carranca e apenas acenou com a cabeça. E eu sabia que isso seria o mínimo que eu receberia dele, portanto só por saber que ele havia me dado um presente, já sabia que pelo menos me matar ele não queira mais, pelo menos eu acho. — Eu não tenho nada para vocês, me desculpe.
— Não se preocupe, querido. Você está aqui já é um grande presente para nós. — Dahlia sorriu carinhosamente e eu retribui enquanto Regulus ao seu lado soltava um pigarro, discordando.
Desviei meu olhar para Astraea que sorria para o presente que ganhou de seu pai, era um colar lindo, e eu tinha certeza que ela iria usar com os outros dois colares que eu reparei que ela nunca tirava. Portanto não era só um colar, minha parceira tirou uma adaga cravejada de dentro, e mais outras várias coisas, mais tinha também uma jaqueta quase igual a minha, mas o dela era cheio de desenhos e claramente feminina. Astraea sorriu para seu pai, correndo para abraçá-lo, enquanto derrubava seu corpo no monte de travesseiros. Os dois caíram em risadas enquanto Regulus retribuía o abraço, apertando ela em seus braços, me pus a sorrir diante da cena, e pude ver Dahlia fazendo o mesmo.
— A adaga é para usar contra certos garotos que ficam perto de você. — Regulus falou me olhando com olhos semicerrados por cima do ombro da filha. — Portanto o use com sabedoria.
Engoli em seco, me pondo a pensar em outras coisas. Eu não me importava com sua ameaça, porque nesse momento tudo o que eu sentia era felicidade, nada de desconforto, apenas conforto e amor. Por anos eu achei que não iria achar um lugar para chamar de casa, portanto ali estava, eu achei, e eu ao menos conhecia essas pessoas de verdade, e se não fosse por minha parceira, eu nunca teria achado um lugar para chamar de casa, com pessoas que eu poderia considerar meu lar. Dahlia me acolheu tão bem, e seu jeito carinhoso e seus braços amorosos me lembram constantemente minha mãe, que me fazem lembrar como eu era antes de ter que passado tudo o que passei, que me fazem lembrar como eu tinha uma família, que agora para mim não passa de um sobrenome e um laço de sangue, porque como Dahlia havia dito, eu fazia parte da família agora, eu tinha uma família, e mesmo que Regulus não fosse com minha cara, eu sabia que pelo menos ele gostava um pouco de mim. E Astraea, bem, Astraea é minha parceira, e é a única pessoa que eu confio minha vida, a única pessoa que eu posso falar de meus problemas e a única pessoa que eu posso correr quando precisar, acho que estou certo, eu realmente achei minha família e eu estava feliz por fazer parte dela.
Desviei meu olhar entre a sala, observando cada canto, parando mais na estrela que eu havia colocado no topo da árvore, e então pude observar algo que eu não tinha notado nem ontem e nem hoje. Havia quadros na parede, quadros com fotos de pessoas que eu não conhecia, mas havia um quadro em si que eu podia perceber quem era, Sirius e o pai de Harry, e como eu sabia que era ele? Porque estava na cara, ele era completamente igual ao Harry, e havia uma garota ruiva ao lado dos dois, e eu pude rapidamente perceber que era Dahlia ali, e pelos Deuses, ela era completamente igual a Astraea agora, não completamente, mas de algum modo as duas eram iguais. Esse quadro portanto era o único que estava diferente na parede, ele estava no meio de todos, mas estava torto.
— Meus melhores amigos. — Dahlia disse para mim se sentando do meu lado. — Esse no meio é Sirius, você o conheceu ontem, ele é irmão de Regulus, um dos primeiros que eu cheguei a conhecer, nos esbarramos no meu primeiro ano em Hogwarts, quis matá-lo quando ele me derrubou no chão e sujou minha roupa nova, mas esse sentimento passou quando ele pediu desculpas e me ajudou, era meu primeiro ano lá e seu segundo, então como eu estava perdida no castelo de Hogwarts ele rapidamente me ajudou a achar a sala de qual eu precisava. Depois disso eu conheci James, sem querer acabei jogando comida nele, que era para ter acertado em meu irmão, ele não ficou bravo, apenas riu e bem eu fiquei lá pedindo desculpas por isso, mas ele disse que estava tudo bem. E então conheci Remus e Peter, entre os quatro Remus era o mais calmo e mais quieto, gostei dele desde o início e tínhamos muito em comum, Peter era outra história, eu gostava dele, só não sentia a mesma emoção que eu sentia com os outros meninos quando estava junto com eles, mas eu fazia questão de não o ignorar ou muito menos menosprezar. Desde então passamos a ser inseparáveis, éramos um grupo de quatro meninos e uma menina que se chamavam marotos. E desde Hogwarts até depois ficamos juntos, até dia trinta e um de outubro, o dia que eu perdi meus melhores amigos. Naquele dia James e Lily morreram, mas uma parte de mim morreu junto, havia perdido meu melhor amigo, meu irmão e um amigo que eu considerava muito quem havia lhe entregado para morrer. Tive que fugir para proteger minha família, e acabei perdendo meus outros dois melhores amigos, Sirius e Remus. Desde então tudo o que eu guardo, tudo o que eu tenho deles são fotos e lembranças das vidas que nós vivemos.
Ela parou por um instante, parecendo ter lembranças de algo, e eu pude ver seus olhos ficarem totalmente melancólicos enquanto ela olhava para as fotos.
— Conheci pessoas maravilhosas como James, Sirius e Remus. Conheci as garotas, Lily e Marjorie e elas foram tudo para mim, todos foram tudo para mim, eles me ajudaram, me ensinaram coisas e me fizeram viver coisas maravilhosas, e eu só agradeço por cada momento que eu tive com eles. Porque se hoje sou essa pessoa, foi por causa deles, não por causa de minha família, mas por causa deles, aprendi a como ser uma boa amiga, uma boa esposa e uma boa mãe com eles. E hoje, não posso ao menos agradecer por tudo que fizeram por mim, não posso dizer que estou bem e que estou aqui, tudo isso por minha família, tudo isso pelo bem de quem eu amo.
Dahlia passou a falar tudo sobre os quadros na parede, e eu prestei atenção em tudo, desde os momentos que foi tirado, até as histórias e como ela tinha um brilho no olhar ao falar de seus amigos e de sua história ao lado dele. Sei que Regulus e Astraea também estavam escutando, eu podia ver de canto que eles prestavam atenção em cada palavra que saia de sua boca, e eu não estava muito diferente. Dahlia passou uma hora falando sobre sua história de vida ao lado dos marotos, e cada uma dela me fazia repensar mil vezes nas coisas que eu fazia, e nem tinha comparação, eles eram mil vezes piores.
— Bom. — Ela sorriu quando terminou de vez. — Para cima, crianças. O jantar vai estar pronto daqui duas horas, descansem um pouco.
Me levantei rapidamente, pegando os presentes que eu havia recebido, Astraea fez o mesmo, dando um abraço no pai como agradecimento, enquanto ele beijava seu rosto todo como um modo de carinho. Dahlia veio até mim deixando um beijo amoroso em minha testa, e eu precisei abaixar um pouco para isso, e em seguida me deu um abraço alisando minhas costas. Quando ela se separou ela sorriu pra mim piscando um olho, e eu sorri de volta observando ela ir até sua filha e fazer o mesmo, portanto ficando alguns segundos a mais no abraço enquanto lhe apertava fortemente, as duas eram quase da mesma altura, eu diria que Dahlia tinha apenas uns cinco centímetros a mais que Astraea. Quando as duas se separaram, Astraea veio até mim, e eu ofereci a ela um braço, como um bom cavalheiro faria.
A ruiva olhou para mim de cima a baixo, e então aceitou o braço, e eu senti aquele choque de sempre quando nos tocamos. Não olhei para trás, mas sabia que Regulus olhava para nós dois com olhos flamejantes, ignorei isso subindo grudado com minha parceira para o segundo andar da casa, andávamos devagar, sem falar nada, apenas caminhando em um silêncio profundo, mesmo que eu queira escutar sua voz, eu não puxei assunto.
Assim que paramos em frente ao meu quarto temporário, eu descruzei nossos braços, abrindo a porta com dificuldades, estava prestes a entrar e me despedir de Astraea, quando novamente ela me puxou pela blusa me fazendo rodar e olhar diretamente em seus olhos.
— Me espere aqui. — Foi a única coisa que ela disse antes de sair e entrar para dentro de seu quarto.
Fiquei confuso, mas entrei dentro do quarto e coloquei os presentes sobre a cama, arrumando eles de forma simétrica. Então saí novamente para fora do quarto, esperando pacientemente pela ruiva, que demorou um cinco minutos antes de abrir a porta e vir até mim, ela parou em minha frente e antes que eu perguntasse o que ela queria a ruiva me estendeu algo me fazendo dar um passo para trás. Mas ao observar que era um pedaço de pergaminho dobrado com um laço verde enfeitando, eu olhei para ela com confusão..
— Não pude comprar nada para você. — Ela disse olhando para baixo. — Portanto eu fiz isso.
Pisquei algumas vezes antes de pegar o pergaminho cuidadosamente, sentindo nossas mãos se tocarem de raspão, desfiz o laço verde com cuidado, e desenrolei o pergaminho, e quando eu olhei o que era, quase não pude acreditar, era um desenho, não só qualquer desenho. Um desenho meu, provavelmente foi em Hogwarts, já que eu estava com as minhas típicas roupas da Sonserina, e logo percebi que era provavelmente na aula de poções, já que eu estava com a mão sobre o queixo observando algo, e eu fiquei pasmo com os detalhes e tudo, aquilo não parecia um desenho, parecia mais uma fotografia. Se antes eu duvidava que essa garota era a melhor pintora que eu já conheci, agora eu tenho a certeza.
— Isso. Uau! — A única coisa que consegui pronunciar foi isso.
— Você não gostou? — Ela perguntou me olhando, e eu vi que ela tinha uma expressão triste. — Eu sabia, isso é horroroso! Eu devia ter ido com papai e mamãe comprar um presente melhor. Me devolve!
Ela tentou pegar o pergaminho da minha mão, mas eu ergui o braço, olhando para ela totalmente ofendido.
— Como você pode falar que algo que tem a minha cara é horroroso? — Perguntei com a sobrancelha arqueada. — Está perfeito ruivinha, não poderia ganhar presente mais incrível, você desenha muito bem.
Rapidamente percebi ela piscando os olhos repentinamente, parecendo estar completamente chocada. E eu não duvidava que era a primeira vez que alguém falava isso para ela, além de seus pais, e eu iria fazer questão de botar essa garota em um pedestal para sempre.
— Mas. — Eu disse ficando sério, e pude ver ela voltar a murchar. — Da próxima vez me faça um retrato seu, você é incrivelmente linda e merece ser eternizada em uma tela, onde eu poderei te olhar sempre que quiser.
— Não fale isso. — Ela virou o rosto, mas eu pude perceber suas bochechas rosadas, ela tinha ficado com vergonha.
— Estou apenas dizendo a verdade, ruivinha. — Alcancei a cômoda colocando o desenho lá, e depois voltei até ela. — Me desculpe.
Rapidamente ela me olhou com confusão, seus lábios estavam em linha reta, ela tinha franzido a testa e suas sobrancelhas estavam levemente arqueadas. Pude ver ela tombando sua cabeça para o lado, alguns fios de cabelos caindo sobre seu rosto, o que me fez ter vontade de tirá-los para não incomodar sua visão.
— Pelo o que? — Sua voz soou baixa.
— Não tenho nada para você. — Eu disse em aborrecimento. — Nem para seus pais, e isso me faz ficar extremamente desconfortável.
— Não se preocupe com isso. — Ela sorriu docemente, e ali estava o sorriso de Dahlia. — Sua presença já é um presente para nós.
Isso significava que ela gostava da minha presença? Porque desde o momento que eu comecei a andar atrás dela em Hogwarts como um cachorro seguindo sua dona, eu percebia que ela se incomodava com minha presença, mas agora, com ela admitindo que gosta da minha presença, só faz meu coração bater mais rápido e a vontade imensa de sorrir e soltar foguetes pelo mundo todo, apenas por uma confissão que eu nem sei se é verdade.
— Você... — Criei coragem, antes de falar. — Você gosta da minha presença?
— Você está brincando né? — Ela riu antes de olhar para mim chegando mais perto. — Sim Perseu, eu gosto da sua presença. Eu achava que você era só mais um daqueles estúpidos garotos da Sonserina que só gostava de arrumar briga, confusão e fazer bullying com os alunos de outras casas, achava que você era encrenca, um idiota sem emoções e que só gosta de irritar as pessoas. Mas eu estava enganada, você é legal, você não é um idiota, não pelo menos por completo, você me irrita mas não tanto como eu demonstro, você arrumava confusões e brigas mas você tinha um motivo para isso, eu sei que você não seria capaz de fazer bullying com pessoas de outra casa, você não é um idiota sem emoções, você tem sentimentos e demonstrou isso. E meu erro foi achar que você era um segundo Draco Malfoy, mas você não é! Eu não gosto só de sua presença, eu confio em você, porque se eu não tivesse confiança e se eu não gostasse de sua presença eu não teria te contado coisas da minha vida que nem meu melhor amigo de infância sabe, eu não teria te trazido para minha casa, não teria te incluído na minha família e muito menos teria sido legal com você. Então não Perseu, eu não gosto só de sua presença, eu gosto e confio em você como eu nunca tinha feito com alguém antes, e o modo como você se abriu comigo como eu fiz com você, só mostra que isso é recíproco e o quão importante isso vai ser para nós dois daqui para frente, seja lá onde isso vai levar, porque honestamente, eu sei que a gente tem uma conexão além de amizades, e eu quero que você saiba que eu estou preparada para isso.
Eu esperava tudo, tudo mesmo, menos isso. Quando eu pensava que essa garota não podia me surpreender, ela ia lá e me surpreendia ainda mais, e sinceramente, ela literalmente me quebrou nesse momento, porque eu sentia meus pés ficando pesados demais e eu podia rapidamente dizer que eu estava prestes a cair, eu literalmente acabei de levar o maior tombo da minha vida. Ela só não gosta da minha presença, ela gosta de mim, ela confia em mim! E como ela mesma disse, ela vê que isso é mais do que amizade, ela vê que é uma conexão que vai além da amizade, ela não sabe sobre nossa parceria mas ela sabe que a gente jamais poderia ser só amigos, e eu fiquei extremamente feliz com isso porque pelo menos eu não teria que ficar na merda de uma friendzone. Ela ainda não era minha namorada, a gente não tinha nada ainda, mas pelo menos eu não teria que sofrer sendo só seu amigo.
E juro pelos Deuses, que eu tentei me segurar, que eu tentei não dar um passo em sua direção, mas esse laço, esse laço dourado que me enrola a ela grita dentro de mim para fazer algo, e eu dei o primeiro passo, podendo ver ela dar outro, até ficarmos cara a cara, minha respiração batia em seu rosto e a sua batia em meu queixo, podia sentir essa maldita tensão entre nós, podia sentir sua respiração ficando ofegante juntamente com a minha, podia ouvir seu coração batendo rápido igual ao meu, seus olhos com puro desejo, o corredor se fechando ao nosso redor, as palmas de minha mão suando. E quando eu olhei em seus olhos, e vi aquela constelação que existia neles, a constelação que agora brilhava mais que nunca e refletia o quanto ela é minha, eu senti a porra do meu autocontrole ir para os ares, e para controlar isso eu respirei fundo colocando minha mão em seu rosto para me acalmar, mas essa garota parecia saber disso, porque ela colocou a mão em meu rosto, me acariciando e raspando aquelas unhas ali, e dessa vez eu literalmente deixei os meus intistos me consumir.
— Foda-se! — Falei como um rosnado, minha voz saindo mais grossa que o esperado.
Puxei seu rosto para mim separando essa distância entre nós e me abaixei em sua altura, sentindo os lábios que tanto desejei se juntarem aos meus, e o seu gosto cítrico de limão com uma pitada de hortelã que eu tanto almejava invadiu minha boca por completo quando ela retribuiu ao meu beijo. E eu deixei que o mundo explodisse ao nosso redor, agarrando sua cintura e a trazendo para mais perto de mim como se isso fosse possível, como se a distância entre nós já não tivesse sido rompida a muito tempo. Ela colocou a mão sobre minha nuca arranhando ali com suas unhas afiadas e em seguida puxando meu cabelo, apertei sua cintura pedindo passagem com a língua que rapidamente foi concebida, a encostei na parede ao nosso lado, descendo minha mão para seu quadril e erguendo sua camiseta um pouco podendo sentir sua pele quente contra minhas mãos, ela se arrepiou e suas mãos desceram para meu peitoral arranhando ali sobre a fina camada da camiseta, dei uma mordida em seu lábio inferior separando nossas bocas para podermos respirar, ela abriu seus olhos que estavam fechados assim como o meu e eu vi eles brilhando em puro desejo, como o meu também estava.
— Cazzo! — Senti minha voz sair mais grossa que eu imaginava e reparei que a garota abaixo de mim se arrepiou imediatamente.
— Isso... — Ela disse com os olhos arregalados.
— Quieta. — Coloquei os dedos sobre seus lábios. — Me deixe beijá-la outra vez. Por favor, la mia anima!
Ela assentiu, e novamente eu juntei nossos lábios, mas dessa vez com medo de sermos pegos pelos seus pais, eu desci minha mão para sua coxa e como um entendimento ela pulou e eu a peguei em meu colo, sentindo suas pernas passar sobre minha cintura, e sem ao menos tirar meus lábios do dela eu entrei em meu quarto chutando a porta com cuidado. Encostei seu corpo contra a madeira, apertando mais fortemente sua coxa contra minha mão, ela soltou um suspiro trêmulo entre o beijo e eu subi minha outra mão para seu cabelo dando um puxão ali, e ela apertou ainda mais suas pernas na minha cintura, levando suas mãos para o meu pescoço e arranhando. Soltei um gemido, mordiscando seu lábio, então andei pelo quarto de costas até sentir a madeira da cama batendo contra minha canela, e sentei contra o colchão, sentindo a ruiva se acomodar em meu colo. Apertei sua coxa mais uma vez, dessa vez arrancando um gemido baixo de seus lábios, e porra, que barulho dos deuses. Ela se separou de mim, e arregalei os olhos quando vi ela descendo lentamente sua boca pelo meu pescoço.
— O que você está fazendo? — Falei pausadamente respirando fundo, enquanto minha mão em sua cintura dava leves apertos, ela não respondeu, na verdade ela soltou um risinho apertando meu pescoço de lado com sua mão e novamente eu soltei um suspiro pesado. — Não faça isso.
— Por que? — Ela perguntou baixinho em meu ouvido e dessa vez fui eu quem se arrepiou.
— Porra! — Xinguei. — Porque seus pais vão ver isso, Astraea.
— Eu não me importo. — Ela deu uma mordida no lobulo de minha orelha, e eu tive que me segurar nos lençóis da cama para me controlar.
— Diaba. — Murmurei.
Ela não se importava, e sinceramente, eu também não. E quando ela desceu seus beijos até meu pescoço eu tombei minha cabeça para trás lhe dando mais espaço, foda-se se as pessoas vão ver, se os pais dela vão ver, se o mundo vai ver, eu quero é que eles saibam que eu sou completamente e inteiramente dela, e eu também vou deixar claro que ela é minha assim que essa diaba dos infernos terminar seu trabalho. Ela chupou meu pescoço com maestria, e eu gemi baixinho me perguntando se ela já tinha feito isso antes, porque essa garota parecia saber demais para não ter feito isso antes. A cada beijo e chupão que ela deixava em meu pescoço eu só sentia o meu controle desaparecendo cada vez mais, eu sabia que ficaria a marca, não só de seus chupões como de sua unha, e eu jurei que deixaria eles todos a mostra para todos verem, menos para seus pais é claro. Senti ela me morder, e apertei sua cintura dessa vez com as duas mãos. Porra, ela me mordeu.
— Astraea. — Disse baixinho, meus olhos se revirando. — Astraea!
Ela parou, erguendo sua cabeça para mim. E eu sorri, olhando para seus lábios vermelhos e seu cabelo bagunçado, e quando ela lambeu os lábios eu soltei um riso rouco, puxando ela para mim e deixando nossos lábios se tocando.
— Diaba. — Sussurrei contra seu lábio. — Minha vez
Ela engoliu em seco, e eu arrumei ela em meu colo. Me abaixando para seu pescoço, e eu sorri puxando seu cabelo para trás deixando aquela pele branquinha totalmente amostra, pele essa que eu marcaria completamente, mas antes eu beijei seus lábios com raiva e irritação, sentindo meu pescoço latejar por causa de suas marcas. Mordi seus lábios vendo ela estremecer sobre meus braços, e novamente eu separei seus lábios dos meus dessa vez descendo para seu pescoço, passei meu nariz sobre ele sentindo seu cheiro delicioso, e logo deixei meu primeiro beijo ali, em seguida de um chupão.
— Perseu. — Sussurrou meu nome.
— Inferno! — Comecei a beijar seu pescoço sem parar, sentindo ela ficar cada vez mais mole contra meu corpo, mas eu não parei, não parei até deixar seu pescoço totalmente marcado.
E novamente voltei para seus lábios, e a girei contra a cama ficando por cima de seu corpo, ela passou os braços sobre meu pescoço me puxando ainda mais para si e me beijando ainda mais. Passei minhas mãos por cada curva de seu corpo, memorizando cada parte, me fazendo marcar cada curva eternamente em minha mente, a cada toque seu eu sentia meu corpo pegar ainda mais fogo, sentia o laço dourado ficando mais forte e mais brilhante. Sentia cada sentimento de desejo e prazer vindo dela me corromper, e isso me deixava cada vez mais louco a cada vez que eu lhe beijava, a cada vez que eu lhe tocava.
Poderia dizer facilmente que é um sonho, que eu estava sonhando e prestes a acordar, mas eu sabia que isso é real, sabia que cada toque, beijo e tudo era real e eu estava aproveitando cada momento, cada segundo e cada toque seu como se fosse o último. E facilmente poderia ser, por isso me pus a memorizar esse momento em minha mente bem lá no fundo, para que eu não me esquecesse, porque eu realmente não quero esquecer. E eu não vou, assim como ela também não vai, mas neste momento tudo o que eu fazia era somente aproveitar, porque eu estava beijando minha parceira e era somente isso que me importava para mim naquele momento, somente ela e mais ninguém.
✦ —— Olá estrelas e constelações!
Voltei!! Seis dias depois, agora posso finalmente dizer que estou de férias! O que significa que vai ter muitos capítulos aqui para vocês, meu planejamento é trazer um por dia, dependendo da minha rotina é claro, mas isso já está em minha mente, então se der tudo certo vai ter capítulo novo todo dia aqui para vocês. Mas enfim né, aiai, sobre esse capítulo de hoje, não era nem minha intenção escrever um capítulo tão grande, mas aqui estamos nós novamente né. Agora a Astraea querendo matar o pai do Perseu é tão eu, e ele apoiando ela super é tão vocês me apoiando a matar ele, e novamente o beijinho entre a Astraea e o Perseu foi interrompido, e dessa vez pela nossa Dahlia, coitados. Outra coisa é o dejá vu que a Dahlia e o Regulus tiveram ao ver o Perseu e a Astraea juntos, poise minha gente eles sabem. E o Perseu colocando a estrela na árvore, a relação dele com a Dahlia, ele finalmente caindo na real que faz parte da família, os presentes, os momentos entre eles, a Dahlia falando do James e do Sirius, socorro, eu não passo bem com tanto gatilho. Só queria o reencontro da Dahlia com o Sirius logo, assim como quero ela reencontrando o Harry e vendo o James nele. Aí não estou preparada.
✦ —— A Dahlia colocando todos os momentos dela com os amigos dela em quadros e pendurando na parede me faz chorar, porque tudo o que restou deles para ela é isso, momentos juntos. E eu tô chorando muito só de imaginar o quanto ela sofreu com essa separação, e ela falando de cada momento que ela viveu junto com eles baseado nos quadros para o Perseu me faz querer me jogar da torre de Astronomia. Não estou preparada para isso, por isso não coloquei cada momento dela falando, e também porque o capítulo ia ficar muito mais enorme do que já tá. Agora né, o presente da Astraea para o Perseu e ela pensando que ele não ia gostar, aí gente, não me toquem que eu amo esse casal. Mas focando em uma coisa né, FINALMENTE VEIO!! O MOMENTO TÃO ESPERADO!!! O BEIJO DO MEU CASAL!!! Aí gente, escrever esse "beijo" foi tão gratificante, vocês realmente acharam que ia ser só um beijinho né? Coitados, mal sabem que a autora aqui tem fama de vagabunda. Mas que beijos hein, que momento, que sabor, que química, que casal, que tudo!! Quero só ver os momentos disso, quero só ver a Astraea beijando outros e vendo que nenhum vai ser que nem o do maravilhoso do Perseu. E aguardem as cenas dos próximos capítulos, porque no próximo capítulo é voltando para Hogwarts! É isso meus amores, espero que tenham surtado muito junto comigo, e se lembrem de lembrar desse beijo desses dois ao som de Meddle About do Chase Atlantic, afinal, eu escrevi essa cena ao som dessa música e entre outras deles. Mas obrigada por terem lido até aqui, não se esqueçam de votar, comentar o que acharam e compartilhar com os amigos para a fanfic poder crescer ainda mais. Até o próximo capítulo!
MALFEITO FEITO!
— As pessoas que olham
para as estrelas e desejam.
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