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Capítulo 20

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Pela manhã bem cedo, tudo parece bem calmo na casa de Damien, em Paris. A decoração de sua casa vem do gosto de seus pais, bem clara e sem muita cor. Poucos quadros e um tradicional boiserie vem forrando as paredes da sala branca, indo de encontro ao enorme corredor e terminando nos quartos.

Bem diferente de seu próprio gosto, que se tivesse tal oportunidade, já teria coberto boa partes dessas paredes por belas artes em quatros. Em outros lugares, teria luminárias, tapetes desenhados e muita cor. Mas nunca teve a oportunidade de sentar para conversar com seus pais sobre seu amor por qualquer tipo de arte. Ele sempre teve ciência de que teria que seguir a mesma carreira deles e se tornar um renomado médico.

Já se passaram longos 15 dias naquela enorme casa e o loiro ainda não teve coragem de falar sobre sua vida e a reviravolta que a tomou nesses últimos tempos. Na verdade, ele nunca teve oportunidade de realmente expor suas vontades e ideias de seu próprio futuro, então essa tarefa lhe parece muito mais difícil do que pensou.

Ainda na mesa do café, o loiro se mostra pensativo e sem jeito. Mantendo menos contado visual com seus pais, enquanto toma seu café. Sua mãe tem um olhar discreto, porém atencioso sobre Damien. Sua aparência séria, lembra muito a de seu filho, já que ele puxou o mesmo tom da cor de olhos dela, que são um azul profundo.

Sua mãe olha disfarçadamente para seu marido e seus olhares se cruzam, mostrando que eles já sentem que alguma coisa de errado se passa com seu unico filho.

E finalmente, depois de respirar fundo e reformular as conversas dentro de sua mente várias vezes, Damien abre a boca e começa a falar:

- Eu já sei que vocês perceberam que eu preciso... lhes dizer algo. Por isso não vou mais adiar. - O rapaz limpa os lábios no guardanapo e o coloca do lado esquerdo da mesa.

- Sim. Queremos saber de tudo, meu filho - responde seu pai, logo em seguida. - Vimos que precisou voltar para essa casa de última hora, mas ainda não sabemos os motivos.

Damien esfrega seus olhos, meio incomodado, então suspira e continua;

- Durante quase um ano, aconteceram... tantas coisas com Eliza e eu, naquela cidade, que eu nem sei por onde começar... - O rapaz solta a xícara de café sobre a mesa e apoia as costa na cadeira, tentando relaxar. - Mas pretendo ser bem direto com as notícias. - Ele dá um meio sorriso pensativo ao lembrar que Eliza é assim.

- Não vou enrolar na explicação, apenas vou dar a notícia. Mãe, pai... A Eliza... estava grávida quando precisou voltar para o Brasil!

- O que!? - Sua mãe se levanta, com olhar assustado, fazendo os talheres e xícaras da mesa, barulharem com impulso,  Como assim?! Há quanto tempo isso aconteceu?

- Porque não nos disse isso antes, Damien?! - Seu pai olha, parecendo confuso. - Ela já ganhou esse bebê?

- Ela só me disse, quando já estava nos dias de ganhar! - Damien se explica, mantendo o olhar baixo e apreensivo. - Mas ... Sim. Eliza já ganhou esse bebê. Eu... sou pai agora.

- Esse assunto é muito sério!

Seu pai se levanta da mesa com expressão preocupada.

- Achamos que você fosse ser mais responsável, Damien! - O tom de voz do seu pai, vai ficando alto! - Assim como sempre lhe ensinamos! Achei que iria para àquela Cidade para estudar, não engravidar sua namorada! Foi isso o que ficou fazendo em Paris?!

Pergunta seu pai, firme, olhando com reprovação.

- O certo seria só engravidar alguém, quando já fosse casado e já tivesse sua profissão! - Como vai ficar a honra de nossa família agora?!

- Me perdoe, pai! Eu não imaginei que isso aconteceria! - Dessa vez, Damien ergue os olhos envergonhados na direção de seu pai.

- Ah, sabia! Creio que sabia muito bem o que acontece quando um homem e uma mulher!... - Seu pai ia terminar a frase, mas consegue refrear sua boca a tempo, então desiste, se virando e colocando a mão na testa, com olhar desapontado.

- Já não há mais nada o que eu possa fazer! - Damien desiste de tentar olha-los. - Meu filho já nasceu! - declara ele, de forma incomoda - Eu já sou pai. - Ele fecha os olhos e suplica. - Por favor, me perdoem.

- Oh céus! - Sua mãe se vira, pondo as mãos sobre a boca. - Nós já somos avós, Damien! - Ela fica sem ação.

- Você nos disse que o pai dela era contra esse namoro, mas que estavam animados mesmo assim, que iriam tentar convencê-lo e que seu curso de medicina já estava até fluindo melhor com Eliza lhe ajudando! Agora o que vão fazer com um filho! - pergunta seu pai.

- Sim pai, eu disse, mas... - Ele respira fundo - Eu menti! Eliza não fazia medicina, ela fazia artes plásticas. Eu escondi isso, porque sei que vocês não ficariam felizes em saber que eu estava me envolvendo justo com uma artista plástica, do curso que eu tanto queria fazer. E não sabem como eu me sinto mal por isso também!... - Ele abaixa a cabeça.

Finalmente ele declara o que seus pais tanto temiam e os vê olharem desapontados. Isso era o que ele vinha tentando evitar nos últimos tempos. O desapontamento deles.

- Não deveria ter mentido dessa forma! - Sua mãe lhe cobra.

- Mas eu já disse que me sinto muito mal por isso, por favor, me perdoem!? - Finalmente a coragem que Damien tanto queria, agora começa a tomar seu peito de um jeito absurdo. - Era isso o que eu queria dizer, já tranquei o curso de medicina e vou para o Brasil finalmente. Eliza e meu filho precisam de mim.

- Mas, Damien. Você estava decidido a fazer medicina antes de conhecê-la - diz seu pai - Ela o desestabilizou! Tirou seus sonhos de ser um médico e o deixou confuso de novo sobre o que quer fazer!

- Eu já não pretendo mais voltar ao curso de medicina, Pai. Não vou ser o médico que vocês tanto estão esperando, eu nunca quis isso! Nunca tive a oportunidade de dizer o que sinto sobre cursar medicina. Eu só queria que se orgulhassem de mim, mas... A minha vontade não conta? Vocês nunca se quer me perguntaram sobre meus sentimentos. Sabem o quanto eu amo arte e sempre que eu tentava demostrar algo nesse sentido, vocês acabavam com qualquer cogitação!

Eliza nunca tirou meu sonho, porque ele nunca foi meu! Bom, agora vocês já sabem o que eu realmente penso! Ao conhecer Eliza, abri meus olhos, ela me ajudou a me descobrir, me mostrou que eu tenho potencial, que eu posso fazer o que eu gosto realmente e muito bem feito. Me perdoem por eu não poder mais deixá-los orgulhosos. Mas Eliza me ensinou que eu posso me sentir orgulho comigo mesmo de verdade agora! Ela me disse isso tantas vezes!

Damien olha fundo nos olhos de seus pais.

- Depois desse tempo passando por tantas experiências, eu me decidi... Sei que vocês vão ficar magoados, mas eu já disse e repito, esses não são os meus sonhos de verdade.

- É muita informação! Está tudo tão confuso! - declara seu pai se virando e colocando seus cabelos castanhos para trás. - A criança é seu filho realmente, Damien?

- Sim, pai, tenho certeza disso.
Eu quero estar perto de Eliza e do meu filho o quanto antes. Só quero que o pai dela entenda isso! Quero estudar Artes. Mas por enquanto preciso me resolver primeiro - Ele pára, lembrando de seu filho e sorri discreto. - Eu tenho fotos dele. Vocês querem conhecer seu neto? - Ele pega seu celular no bolso e busca por fotos na galeria. - Vejam - O rapaz caminha para perto deles.

- Oh! Mas... Ele é a sua cara quando nasceu!! - Sua mãe se surpreende pegando o celular em suas mãos e olhando melhor. Quero que sabia que ainda é muito difícil assimilar tudo assim.

- Eu entendo perfeitamente, mãe. - Damien a conforta lhe entregando um olhar sereno.

- Quer dizer que... nós somos realmente avós?... - pergunta seu pai ainda tentando digerir tudo, mas com os olhos atentos nas fotos do bebê.

- Sim. Sei que vocês estão surpresos assim como eu fiquei quando soube. Espero que um dia vocês queiram conhecê-lo - Ele diz a frase em português e sorri de leve - Eu precisei vir aqui para deixar claro que logo estarei me mudando para o Brasil... Por tempo indeterminado...

Seus pais agora ouvem calados.

- Bom, então se esses são os meus planos. Só cabe a nós respeitar isso, mesmo que não concordamos em alguma coisas. Vamos ajudar no que precisar e volte para nos ver quando puder. Espero que tenhamos a oportunidade de conhecer nosso neto. - declara sua mãe para Damien.

O rapaz agradece a compreensão de seus pais. Sente-se triste por ter lhes tirado a alegria de ver com um belo jaleco branco, mas ele se dá conta de que nem tudo na vida dá para premeditar.

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Os dias passam rápido e no Brasil, Eliza vai levando a vida, cuidando de seu bebê com a ajuda de sua mãe. Ele está crescendo a cada dia, já com dois meses e meio.

Seu filho já está mais gordinho e espertinho, já observa as coisas e até solta alguns sorrisinhos pois já reconhece sua mãe e sua avó. Talvez pela correria, agora Eliza não conversa tanto com Damien, ela se vê sem tempo pra nada ultimamente. Às vezes se dá conta de que já é meio dia e ainda nem tirou o pijama.

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Olá tudo bem

O que acharam desse capítulo!❤️😢

Quero muito saber!

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