*Esse capítulo pode conter gatilho de cena de suposta violência*

∴ ════ ∴ ❈ ∴ ════ ∴

Finalmente reiniciam as aulas. E como esperado, Eliza resolve voltar a estudar. Ela decide continuar, enquanto pensa nas suas próximas decisões agora que está grávida. Ela está fazendo seus acompanhamentos médicos junto de sua mãe. Não consegue parar de pensar em como será quando tiver que dar a notícia uma hora para seu pai.

Se passaram algumas semanas, a barriga de Eliza cresceu bastante, já está de cinco meses e está cada dia, quase impossível conseguir esconder. Por enquanto ela está jantando mais cedo e indo para seu quarto antes de seu pai chegar. E quando Ronald, vai ver se está tudo bem, Eliza desconversa que está muito cansada devido aos estudos. Sempre que Ronald chega, em seu quarto ela está sempre sentada, embaixo das cobertas, desenhando ou com seu notebook no colo, para esconder o quanto puder sua barriga já bem grande.

Porém, no fim de semana, seu pai pensou nisso o dia todo. Esse comportamento estranho de sua filha, está o perturbando. Ela sempre foi bem agitada e espontânea, e ele não consegue achar uma razão aparente. De fato, Eliza está estranha e ele não vai descansar enquanto não chegar em casa e descobrir o que está realmente acontecendo.

Nesse dia ele chega mais cedo em casa, abre a porta e não vê ninguém, então sobe as escadas devagar e decidido. Pára na frente do quarto de sua filha, encosta o ouvido na porta e ouve Eliza e Lara, conversarem algum assunto que não dá para entender.

Sem esperar mais, ele abre a porta bem rápido. E assim que coloca a cabeça para dentro, ele finalmente descobre o motivo de Eliza estar tão diferente ultimamente. A garota está de lado, conversando com sua mãe e sua barriga aparece através da camiseta branca, já bem grande.

- Oh!!... M-mas o que significa isso, Eliza!! - Ronald entra rápido e abre a porta de vez mudando sua feição drasticamente.

Eliza e Lara se assustam, ficando surpresas pela ação de Ronald. Eliza se afasta, ficando trás de sua mãe, sentindo um medo a tomar e coloca as mãos na barriga, em sinal de proteção.

...

- Pai?! - exclama Eliza.

O medo toma conta de sua face, transparecendo nitidamente, em seus olhos. Ela sabe que chegou a hora dele, saber toda a verdade e não faz ideia do que acontecerá a partir de agora.

- Eu... E-u não acredito nisso! - diz Ronald, levantando sua voz de forma alterada, seus olhos estão arregalados e incrédulos. Parece não acreditar no que está diante de seus olhos, enquanto se aproxima dela, cada vez mais.

- Por quanto tempo, achou que ia me esconder essa barriga, Eliza?!

- Pai, e-eu.... - Eliza respira rápido, sua garganta trava ao tentar se explicar, já sentindo suas lágrimas caírem depressa e sua voz falhar.

- Eu... Eu não!... - Ronald parece sem ação e começa a surtar por alguns segundos - AH, EU MATO ÀQUELE GRINGO!! - Sua voz sai amarga, num grito alto, se virando e dando um soco na porta toda a sua força. - Ele engravidou minha filha! - Seus olhos vão se enchendo de lágrimas amargas, ao mesmo tempo em que esfrega os cabelos com força, desesperado.

- Por favor, Ronald! Eu quero que se acalme, nós vamos respirar fundo e conversar... - Lara teme pelo pior.

- Então você já sabia disso e não ia me dizer nada, Lara? - Ronald interrompe, sua mulher. - E você, Eliza, eu sabia! Você voltou dessa viagem conformada demais. Então era isso? Você estava se vingando de mim não é?

- O que? - Eliza olha confusa - Pai. NÃO! - Ela nega balançando a cabeça rápido, sem entender a colocação de Ronald.

- Você sabia que eu nunca iria permitir esse namoro e ao ver que você iria voltar sentindo-se derrotada, fez isso apenas para me insultar!! - Ele está aos berros, fora de si.

- NÃO PAI, EU NÃO ARMEI NADA! Acha mesmo que eu teria coragem de fazer uma coisa dessas com você!? - Eliza tenta se defender.

- Chega, Ronald! Eliza disse que não esperava que isso fosse acontecer, mas já aconteceu. E agora não podemos fazer mais nada! - Lara se vira, colocando os cabelos para trás, e suspira. - Agora só nos resta entrar em contato com o rapaz e lhe dar a notícia.

- Não! Não, não! - Ronald se vira apertando os punhos com força - Não... Isso nunca! Eu nunca vou aceitar um filho de um gringo dentro da minha casa!

E sem pensar em mais nada, nem nas consequências de seus próprios atos, Ronald agarra forte ao braço de Eliza, a puxando para fora do quarto, mas Eliza se segura alguma coisa.

- Não! Me solta, pai! - O medo a toma, sem saber o que vai acontecer com ela.

- Larga ela! - Lara tenta segurar, Ronald pelo braço, mas ele está fora de controle.

- Você vai se desfazer dessa criança agora, entendeu?! Você vai... - decide ele, puxando Eliza com força pelo quarto.

- Não! Isso nunca. Ele é meu, meu! Nem você, nem ninguém, vai tirá-lo de mim! - Eliza grita relutante, tentando ficar no quarto, mas é puxada por seu pai e sente medo do que ele pode fazer com eu filho.

Todos estão aos berros.

- Solta minha filha agora, Ronald! Você ficou louco! - Lara grita, preocupada e puxa Ronald com todas as suas forças, tentando o fazer parar.

Então ele desiste e solta Eliza com força sobre a cama a fazendo cair sentada.

- Ahhh!! Ai... - Eliza geme, sentindo uma pontada no baixo ventre, no momento em que foi jogada na cama e coloca a mão na barriga, apertando os olhos e os lábios com força. Sente medo por seu filho.

- Eliza!! - Lara se abaixa de frente para sua filha, olhando preocupada - tá tudo bem?!

- Tá tudo bem, mãe!... Já passou - diz Eliza, olhando de lado para seu pai, respirando rápido. Ela levanta os olhos para ele com jeito profundamente magoado. - Não há mais nada o que possamos fazer agora, pai! - diz ela devagar - Já está feito. Agora, aqui dentro de mim, tem um coração puro batendo e dentro desse coração tem seu sangue e o de um gringo misturados. E nada do que você possa fazer vai mudar isso! Você terá que conviver com isso pelo resto de sua vida! - O olhar de Eliza se torna vingativo e profundo para seu pai.

- Não! - ele coloca as mãos nos ouvidos e grita, parece estar vivendo um pesadelo. - Isso não vai acontecer, porque você não é mais minha filha!

Decide Ronald, abrindo a porta do guarda roupas com pressa, pegando alguns cabides com as roupas de Eliza começa a jogar sobre a cama com força, fazendo Eliza arregalar os olhos surpresa. Agora ela não faz idéia do que vai fazer, nem para onde vai.

- Você vai embora da minha casa, agora!! - Ele continua a pegar mais roupas, quando finalmente é interrompido por Lara.

- Já chega!! - grita Lara, se levantando. - Já chega de tudo isso! Eu só vou te avisar mais uma única vez! Nunca mais você vai encostar um só dedo em minha filha, ouviu? - Lara levanta o indicador, enquanto seus olhos estão tomados pela raiva ao presenciar as atitudes nunca antes vistas por ela, sobre seu marido, Ronald. - Eliza é nossa filha, a única filha que temos, ela não queria que isso acontecesse, mas agora já aconteceu. E ela esperava que no mínimo você a ajudasse.
Mas desde o começo você só tem feito o contrário! Você não tem dado nenhum apoio a ela. Eu já aguentei demais, agora já chega!!
Minha filha não vai arredar um só pé daqui, porque eu não vou permitir! Aqui é a casa dela e minha casa também! Ouça com atenção tudo o que você vai fazer: Você vai dar-lhe de tudo o que ela precisar, do bom e do melhor, vai sustenta-la, e ainda vai sustentar o filho que está dentro de seu ventre, enquanto nós vemos o que vamos fazer, direitinho. Você está me ouvindo, Ronald?

- Na minha casa ela não fica com essa barriga! - responde, Ronald, com voz relutante.

- Esse será seu castigo, se é que eu posso considerar isso um castigo, mas pelo que eu te conheço, pra você isso será mais do que uma tortura! É isso o que eu quero que aconteça, quero causar em você o que você vem causando em minha filha! Então é assim que vai ser.
Espero que assim você coloque uma coisa na sua cabeça; Independente do que aconteceu com Eliza, ela ainda será sempre sua filha, não adianta o que você faça e esse bebê sempre será seu neto. E isso você nunca vai poder mudar!

- Você não vai conseguir me convencer a aceita-la, Lara.

- Ah, eu vou sim. Ou você quer que a polícia fique sabendo que sua filha foi agredida pelo pai e ainda por cima estando grávida!? - Os olhos de Lara são completamente ameaçadores.

- Você teria coragem? - Ronald a olha de lado.

- Eu só não teria, como tenho! A partir de agora vá se acostumando com sua filha grávida, porque é aqui que ela vai ficar, na casa dela!

Ronald fica parado olhando para as duas, Lara de pé e Eliza sentada ainda com as mãos na barriga, olhando para ele, com os olhos molhados. Logo ele sai do quarto de Eliza, caminhando a passos largos, batendo a porta com força logo atrás de si.

Lara fecha os olhos e suspira pondo a mão na testa.

- Está tudo bem agora, Liza. O pior já passou. - Ela se abaixa de frente para sua filha olhando preocupada.

- Obrigada por me ajudar, mãe! Eliza olha com jeito grato, então as duas se abraçam apertado.

- Agora nós vamos ao médico, precisamos saber como está o bebê - diz ela, se levantando.

- Não. - Eliza se recusa a levantar. - Já não sinto mais nada, só foi um susto. Mas se eu sentir alguma coisa, prometo que nós vamos...

- Como você é temimosa! - Lara se levanta e cruza os braços.
Agora depois disso, espero que você crie coragem e finalmente converse com Damien, de uma vez - Lara lhe cobra, percebendo, Eliza relutar. - Eliza, mas o que há com você?! - pergunta ela, estranhando.

- É que... Eu sinto como se eu só tivesse arranjando problemas para Damien, desde o começo. - ela se levanta e caminha de vagar - As coisas por aqui só estão piorando e não quero levar mais problemas a ele. Eu o deixei triste várias vezes, acho que ele merece resolver as coisas dele primeiro, não quero atrapalha-lo contando que ele vai ser pai agora.
Assim como eu vou parar por um tempo com meus planos, ele também vai e eu não queria. Não é só isso... - ela olha confusa - tenho medo do que pode acontecer, medo de ele resolver vir para cá. Ele e meu pai vão se encontrar e eu não faço ideia do que vai acontecer.

- Mas isso é uma injustiça! Você não sabe mais o que está dizendo! - Lara se levanta. - Damien, tem que saber. Independente de qualquer coisa, ele é o pai dessa criança e precisa saber!

- Acho que... você tem razão.

- Liza, fique calma, pelo que você já me disse sobre esse rapaz, ele nunca teria coragem de renegar um filho!

- Eu sei disso.

- Então não tenha mais medo, já disse que o pior já passou. Sei que isso é assunto seu, por isso vou esperar você se preparar para dizer a ele. Porque se você não disser, eu mesma faço isso. - Ameaça Lara, saindo do quarto logo em seguida e deixando, Eliza, ali sozinha e pensativa.