Capítulo 10
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Aos poucos, a manhã vai chegando e clareando todo o ambiente. Eliza nota a luz começar a incomodar seus olhos, então ela os abre, mas logo os aperta, pelo incomodo da luz. Porém um sorriso discreto toma seus lábios, ao notar a ótima companhia que dormiu ao seu lado.
Ela pousa uma mão embaixo de sua bochecha enquanto ainda observa, Damien, dormir, admirando cada um dos seus mínimos detalhes. Deduz que já não pode mais ficar longe dele e definitivamente não vai mais negar isso a ela mesma. Ela ainda não sabe explicar o porquê de isso ser tão intenso para ambos.
Depois de relutar para se levantar, ela vence o frio e finalmente vai para o banho. A água quente junto a espuma perfumada da banheira, vai a deixado mais disposta para iniciar mais um dia. Ao passar pela porta do banheiro, ela aperta mais seu roupão felpudo, e ajeita a toalha nos cabelos recém lavados. Porém seus olhos vão de encontro a Damien, ainda dormindo, na cama dela.
É maravilhosa a sensação de tê-lo ali, em meio a suas cobertas, isso trás uma sensação de calmaria.
Ela desce e põe água para ferver. O apitar da chaleira desperta, Damien de seu sono, o fazendo levantar a cabeça a procura de sua pequena. E quando a vê lá embaixo, ele se espreguiça, parecendo mais tranquilo.
- Bom dia, gatinho! - Eliza sorri satisfeita, despejando a água fervente da chaleira sobre o pó preto, fazendo o aroma gostoso de café tomarem conta do ambiente.
Depois de sair do banheiro, ele desce as escadas indo até ela e se aproxima, a abraçando por trás, pousando o rosto sobre o pescoço dela, com carinho.
- É bom te ter aqui... - declara a garota, tentando ver seu rosto.
Ele se aproxima a beijando devagar e Eliza sente um gosto fresco de hortelã em seus lábios.
- Imagino que você escovou os dentes com minha escova?! - ela ergue uma sobrancelha.
- Achei que se importasse com o bafo - diz ele, sorrindo ao sentar-se, pegando uma xícara.
- Você é doidinho! Achei que se importasse em usar minha escova! Mas não me importo, Damien, eu lhe daria tudo o que eu tenho. E o que não tenho, arranjaria pra você! - declara ela.
Damien a pega pela mão a trazendo mais uma vez para seus braços, ainda mastigando um pedaço de pão com geleia:
- Saiba que você já tem tudo de mim, Liza! - declara ele, fazendo a garota sorrir em meio a um olhar emocionado.
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Logo depois do café, Damien resolve ir para casa estudar, porém, prometeu voltar logo. Eliza se despede, mas seu pensamento, está completamente focado em falar com seus pais de uma vez por todas, a respeito de seu namorado. Essa situação já não pode ir mais longe, ela vai tentar resolver isso de uma vez por todas.
Eliza respira fundo, puxando todo o ar que pode para dentro de seus pulmões, enquanto fecha os olhos. Depois solta tudo devagar, abrindo os olhos e finalmente disca a "temida" chamada de vídeo. Logo sua mãe aparece na tela:
- Olá, meu amor! - Sua mãe, trás um sorriso saudoso na face, ao rever sua filha.
- Que saudades, mãe! - Eliza sorri, lhe entregando um olhar necessitado, também.
- Olha só para você, filha! Onde estão suas bochechas? - Sua mãe olha preocupada. - Deve estar vivendo só de lanches! - Ela a repreende. - E essa bagunça no seu quarto, hum?
"Ainda bem que ela não pode ver dentro do meu guarda-roupas!"
Pensa a garota:
- Mas eu estou com o mesmo peso, mãe! - Eliza se defende, franzindo o cenho, abaixando os olhos por seu próprio corpo. - Mas isso não vem ao caso agora... Eu liguei porque preciso muito lhe falar uma coisa.
- Você parece agitada.
- Você já me conhece, mãe. Sabe que eu sou péssima em guardar coisas, então vou ser direta. - Ela aperta os olhos, se demorando um pouco, parece pensar bem, mas logo depois abre os olhos, suspira e solta:
- Eu... Eu... Conheci uma pessoa. - Eliza abaixa o olhar em direção de seus dedos, com jeito apreensivo, esperando a reação de sua mãe, de forma apreensiva.
- Você o quê!? - pergunta sua mãe, e Eliza despenca a falar, sem parar.
- Mãe, ele é francês, é o ser humano mais fofo e lindo que existe nesse mundo. Ele estuda medicina, é educado, é tão incrível...
- Eliza, se acalme! - Sua mãe a interrompe, com olhar completamente perdido.
A garota para de falar, respira fundo, depois toma coragem finalmente e declara:
- Estamos namorando!
- O que?! - Sua mãe franze o cenho tão rápido que quase teve câimbra. Ela sabe que Eliza é péssima em dar notícias. - Vocês o quê?! Ah minha nossa! - Sua mãe põe a mão na boca, e se levanta com olhar assustado.
"Imagina se eu falo pra ela, que já estamos até dormindo juntos!!"
- Me desculpe o meu jeito de falar, Mãe - pede Eliza, preocupada.
- Se o seu pai descobre! - Sua mãe, pousa a mão sobre a testa, ainda olhando preocupada.
- É por isso que você foi a primeira a saber. Quero que me ajude nisso, falando com meu pai, antes de mim, justamente por eu não ser boa com as palavras.
- Eu... Eu nem sei o que dizer! - Sua mãe se levanta e caminha pelo quarto, de um lado para o outro - Você conhece seu pai!
- Me desculpe mãe - pede Eliza, mudando o semblante, como se culpasse a si mesma. - Não foi nada premeditado, eu juro que vim para este lugar apenas para estudar! Mas eu não poderia imaginar que me apaixonaria por ele! Mãe, eu juro que eu tentei, eu até me afastei dele por uns dias mas... - Mãe?...
Eliza para de falar olhando pra sua mãe que caminha de uma lado para o outro pelo quarto sem parar.
- Ah, filha, me desculpe. É que eu ainda estou tentando entender tudo isso! - Ela se senta suspirando com jeito inquieto. - Eu prometo falar com seu pai, sei o quanto você é estabanada em dar notícias. Mas você já sabe o que esperar, não sabe?
- Sim. Mas esse é um risco que eu estou disposta a correr. - Eliza olha decidida.
- Ele vai ficar louco. Mas eu vou dar um jeito. Eu te conheço, sei que se não fosse algo tão importante para você, não estaria tão decidida. Mas me diga, quem é esse rapaz que lhe deu tanta coragem ao ponto de querer falar com seu pai sobre ele? - Sua mãe dá um pequeno sorriso, e olhar curioso.
- Ah, eu acho que já falei tudo sobre ele de uma vez, né? - Ela sorri. - Mas de uma coisa eu sei. Ele é diferente. Eu... Queria tanto que você o conhecesse! - Eliza lhe entrega um pequeno sorriso feliz.
- Depois disso, eu estou mesmo ansiosa para conhecer esse seu namorado!
Sua mãe ainda lhe falava, quando seu pai aparece no nada:
- Mas quem?!!...
...
Ronald entrou no quarto, carregando sua pasta do escritório, estava de saída para o trabalho, quando ouviu a conversa das duas. A mãe de Eliza se vira assustada e Eliza leva sua mão a boca, sentindo o medo tomar seu corpo, pelo jeito que ele ouviu a notícia.
- Que história é essa de namorado, Eliza?! - Ronald se aproxima, olhando incrédulo. Eliza fica paralisada e sua garganta parece ter dado um nó. - Eu lhe fiz uma pergunta! Você está namorando?
- Ronald, por favor! Eu estava aqui conversando com sua filha e você chega assim, de repente. - Sua mãe se levanta tentando o acalmar.
- Mas já que eu ouvi a conversa e quero uma explicação. - Ele larga seu terno e sua pasta sobre a cama e cruza os braços, olhando sério.
- Pai... - Eliza engole a seco, mas segue firme. - É isso mesmo que o senhor ouviu. - diz ela, devagar, com voz baixa. - E-eu estou namorando. Eu tentei lhe dizer aquele dia, mas o senhor não me deixou...
- Quem é ele, Eliza?! - Pergunta Ronald, a interrompendo.
- O nome dele é Damien, pai! - Ela olha firme. - Ele é francês, estudante de medicina. Ele é educado, inteligente e... o mais importante... É por quem eu estou apaixonada... - Solta Eliza, decidida.
- Não!... - Ronald exclama, apressado, a interrompendo novamente - Não, Eliza! E o nosso trato? Você falhou com o nosso trato! - Ele a culpa, se mostrando inconformado. - Eu não vou aceitar esse namoro, e-eu não posso! - ele caminha pela sala de um lado para o outro.
- Pai, eu prometo que não pretendia falhar com o nosso trato. Eu tentei por várias vezes, mas foi contra todas as minhas forças, e minhas expectativas. Eu realmente não fazia ideia que tudo isso aconteceria! - seus olhos ficam tristes, enquanto se explica.
- Não! Se você estivesse focada somente nos seus estudos, não teria tempo para namorar um gringo, eu sabia! - Ele acena com as mãos, enquanto fala rápido, com jeito nervoso. - Você não vai continuar com esse namoro, está decidido, termine tudo! - Seus olhos esbanjam raiva. - Não foi esse o combinado! - Grita com braveza.
- Pai, por favor, o senhor precisa entender que esse seu complexo maluco está me matando! - Solta ela, já sem paciência - Eu conheci pessoas maravilhosas aqui e Damien é um gringo maravilhoso. E o senhor não pode me fazer pensar o contrário, porque eu já tive minhas experiências! Acho que pelo menos o senhor deveria tentar!
- Antes da viajem, nós ficamos combinamos, agora que está aí, você em diz isso? Eu não vou conseguir aceitar ver minha filha aparecer com um gringo aqui na minha casa, ou se casar, ou... Ter filhos?! Não! Isso seria um pesadelo para mim! - Ele não se conforma.
- Pai, já chega! - Eliza diz alto. - Quer saber, eu estou cansada! Eu estou tentando lhe dizer da melhor forma, mas o senhor não me entende. Quer saber? A vida é minha, e eu preciso fazer minhas escolhas! - diz alto, sentindo suas bochechas esquentarem de raiva, seus olhos ficam molhados e inconformados. - Isso já foi longe demais, já está ficando fora de controle, o Senhor não está vendo que isso está acabando comigo! Por favor, me deixe viver a minha vida! - grita ela, com braveza.
- Parem! Vocês vão se machucar. Eu nunca os vi brigarem desse jeito! - Sua mãe tenta faze-los parar.
- Eu sabia que isso aconteceria, por isso fiz o trato com você! Agora você vai terminar o namoro com esse rapaz, seguir com o nosso trato e ponto final!
- Não!... - Rebate Eliza, rápido e ainda decidida.
- O que disse? - Ele se vira, olhando incrédulo.
- Eu disse, não... A minha opinião não conta!? Tudo o que eu disse até agora não conta para o senhor?!
- Eu já dei minha opinião sobre isso! Mas você também não quer me entender - explica ele, olhando com firmeza - Então você vai desligar esse celular e vai terminar com esse rapaz o quanto antes. Então vai poder continuar seus estudos e eu poderei te ajudar no que for possível... Sei o quanto é importante para você estudar fora, mas com esse rapaz, você não vai ficar. - Ele segue firme.
- Pai. Me desculpe. Mas eu não vou terminar com o Damien. Eu... eu estou apaixonada! E-eu não posso mais ficar longe dele! - Ela sente suas lágrimas caírem rápido por suas bochechas.
- Ora mais que droga! - Ele grita, furioso, batendo na mesa - Ah, você vai! - Ele insiste.
- Já chega, parem! - Sua mãe já sente uma tristeza a tomar, ao ver até onde eles chegaram.
- Eu liguei decida, eu quero estudar aqui, mas também quero continuar com Damien, eu preciso tanto que o senhor aceite, eu... Eu não posso terminar com ele! - Suplica ela mais uma vez.
Eliza não queria que as coisas fossem para esse lado.
- Mas isso nunca vai acontecer! - Ronald se levanta decidido. - Já chega! Amanhã bem cedo, eu vou comprar sua passagem de volta!
- Calma Ronald, por favor! - pede, Lara, tentando o acalmar.
- Eu tentei de tudo Lara, mas sua filha está me desafiando, e eu já cansei de vê-la me fazer de palhaço, pra mim chega!
- Pai... Eu não vou voltar agora! - Eliza balança a cabeça devagar, seu olhar é triste, porém profundo.
- Mas o que você está... - Seu pai sente seu corpo travar, olhando surpreso pela coragem de sua filha, em enfrenta-lo pela primeira vez.
- Isso mesmo que o senhor ouviu, eu não posso voltar sem ele...
- Já chega! Isso foi a gota d'água. Se você não vai voltar por bem, vai voltar por mal! Seu cartão de crédito, aluguel e faculdade, não serão mais pagos a partir de agora. Se você quiser continuar com essa loucura, terá que pagar por ela! - Ele cospe as palavras, com ira.
Depois ele abaixa a cabeça com jeito triste, esfregando a testa.
- Então você vai voltar e vai entender que assim foi melhor e eu vou estar te esperando como sempre. Mas se não terminar esse namoro... Eu não posso mais te ajudar... - Termina Ronald, sentindo seu coração amargurado.
O que ele mais temia realmente, está acontecendo.
- Tudo bem pai, achei que o senhor entenderia meus sentimentos, mas como sempre, você está colocando suas prioridades acima de mim! Me perdoe por ter te decepcionado. - Eliza tem os olhos magoados, mas seu pai não vai voltar atrás - mãe, conversamos depois..
- Fique bem, filha. - pede sua mãe, com jeito preocupado e triste.
Eliza desliga o celular com a cabeça baixa. Fecha os olhos e suas lágrimas caem. Ela soluça, cobrindo o rosto com as mãos, se deitando na cama devagar. Ela não pode deixar Damien, ele é tão precioso e ela está decidida a ir até às últimas consequências pelos seus sonhos e por ele.
Mas está decidida, agora mais do que nunca, ela vai ser a dona de suas escolhas.
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