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Assim que saem, um vento gelado os pega, fazendo Eliza segurar seu sobretudo branco e o abotoar. O céu está num azul limpo e foi o suficiente para enganar a garota. Eles caminham pela calçada conversando, enquanto olham ao redor, o clima é agradável.

Eliza mostra seu destino assim que chegam. Damien admira a sacada da linda cafeteira, antes de fazer sinal com a mão educadamente para que ela entre primeiro. Assim que entram o cheiro típico e delicioso de café os invade, naquele ambiente tão aconchegante.

- Eu ainda não comi nada - Eliza sorri, tirando seu cachecol, guiando Damien até o balcão.

- O que quer provar? - pergunta o rapaz, enquanto se encosta no balcão observando interessado.

- Hum! Não sei. O que você me indica? - os olhos da garota, estão fixos através do vidro.

- Acho que para o café da manhã, será bom... Um croissant, com chocolate quente! Tudo bem? - Ele termina de dizer encontrando os olhos dela de um jeito tão fofo e ela apenas sorri de volta, fascinada.

- Tudo bem.

"Minha mãe me mataria, se soubesse que não cozinho nada há dias!" - pensa ela.

Eles tiram seus casacos e sentam-se próximo da janela para esperar.

- Eu quero te mostrar uma coisa... - Damien põe a pasta que trouxe sobre a mesa e abre. - Eles são muito especiais para mim - comenta com olhar orgulhoso e Eliza se surpreende ao ver que são belas pinturas.

- Nossa. São lindos! Então você pinta? Olhe esse, que lindo! É arte abstrata - comenta ela quase sem parar, vendo que uma pintura em especial lhe chama a atenção.

- Você gostou mesmo deste? - Seus olhos grandes estão curiosos nela.

- Muito!

- Então, pode ficar com ele.

- Não, eu não posso aceitar - Ela para de sorrir e lhe devolve a folha. - Eles são especiais para você.

- Você me deu um de seus desenhos, então eu quero que fiquei com esse. - Ele segura a folha devolvendo a ela.

- Então, muito obrigada. Eu vou mandar emoldurar e pendurar em minha parede - avisa levantando a folha e olhando interessada.

- Sério? - Ele se surpreende - Eu fico feliz ouvindo isso de uma artista. - Eles sorrirem.

- Eu não fazia ideia que você pintava. É incrível como você é bom nisso sem ser profissional - Eliza olha com atenção para os outros desenhos.

- Na verdade, eu sempre quis estudar Artes - confessa devagar sentindo-se sem jeito, com os olhos nela - esse país é o lugar da arte, eu fui tão inspirado em tudo por aqui, cada detalhe. Mas infelizmente não tenho como estudar esse curso.

- Ora e por quê? - Eliza levanta a cabeça com olhar curioso.

- É complicado... Todos da minha família são médicos e eles insistiram nisso até que decidi trancar o curso para fazer medicina. Eles... Estão orgulhosos agora. - O rapaz abaixa a cabeça dando um pequeno sorriso, mas seus olhos azuis não estão mais no mesmo brilho de minutos atrás.

...

A atendente chega servindo a mesa, o rapaz pega a sua xícara e toma um gole do chocolate.

- Hum! Delicioso! - ele elogia colocando a xícara ao lado.

- Eu disse que você iria gostar do chocolate daqui - a garota, toma um gole também. - Ouça, Damien - Ela procura seus olhos - você tem talento, acho que deveria fazer o que gosta realmente. Eu posso te ajudar. - Ela o anima.

- Eu já disse, é complicado. - Ele não consegue esconder sua tristeza, deixando Eliza mais instigada em querer ajudar. Mas sabe que coisas de família são realmente complicadas. Ela é prova viva disso.

- Tudo bem... Eu nem sei porque estou lhe dizendo isso. Eu também passo por um difícil conflito familiar. Meu pai não suporta gringos, por experiências que ele teve no passado. Foi muito difícil convencê-lo a me deixar vir pra cá. Ele sabe que esse curso aqui, seria a melhor opção. Mas teve uma condição; Eu só viria para estudar, se um dia eu me envolver com alguém e assumir isso, ele me mataria! - Ela revira os olhos.

- E porque disso? - Damien, fica curioso e ao mesmo tempo desapontado.

- É complicado... Quem sabe um dia eu lhe diga. - Ela dá um pequeno sorriso insatisfeito.

- Então, você só poder se envolver com um brasileiro e quando voltar?! - Ele franze o cenho, parecendo perdido.

- É mais ou menos isso... Foi um trato que fizemos. Era assim ou eu não viria. - Ela fecha a pasta e lhe entrega.

- Isso é bem complexo, não acha? - Ele parece incomodado.

....

- Ah, finalmente a encontramos! - Diz Oliver, um dos amigos de classe de Eliza, entrando na cafeteria acompanhado de uma garota alta e loira.

- Sentem-se - pede Damien, levantando-se e apontando para os lugares, gentilmente.

- Obrigada - diz Louise, a amiga francesa de Eliza - Nós sabíamos que você estava aqui - avisa a loira, pegando a touca branca de Eliza sobre a mesa e colocando em sua cabeça só para a perturbar.

- Eu sei bem que vocês já sabem onde fica meu lugar preferido - Eliza puxa sua touca de volta da cabeça da loira e sorri sem humor.

- Hum!... Vejo que finalmente tem um novo "amigo" francês - comenta Louise, sorrindo para Eliza.

- Sim. Esse é Damien. Ele é estudante de... Medicina - Diz Eliza, meio incerta e eles se cumprimentam.

- Viemos para desenhar um pouco. Sabia que Damien é um excelente pintor? - Eliza sorri de forma discreta vendo o rapaz abaixar o olhar sem jeito.

- Que ótimo! - exclama Louise, animada - Eliza é a melhor desenhista que temos na classe. Ela pode te ensinar muita coisa - avisa a loira, percebendo um clima bom entre o casalzinho.

- Sim, eu pude ver os desenhos dela - Damien sorri colocando os olhos em Eliza, com jeito orgulhoso.

- Vejo que está mais relaxada em relação a amigos gringos, não é, Eliza? - Louise faz ênfase com as mãos ao dizer amigos. - Que bom que desencanou das loucuras de seu pai! E ele é um gatinho! - Cochicha a loira, no ouvido de Eliza, com olhar disfarçado, mas o rapaz ouve.

- Ele é aquele rapaz que eu lhes disse uma vez. Aquele que me salvou... - explica Eliza para seus amigos com orgulho.

- Ah sim! O seu herói bonitão! - comenta Oliver, entregando Eliza, sem perceber.

- Oh!... - As palavras de Oliver deixam a garota sem palavras, olhando para Damien, com jeito extremamente desconcertado enquanto o belo rapaz abre um enorme sorriso de dentes perfeitos e suas bochechas tomam um tom ainda mais ruborizado.

A garota apenas observa aquele conjunto de dentes e mesmo em hora errada, se dá conta de que Damien é realmente uma arte a ser sempre desenhada.

- Nossa! Como é bom ter amigos assim como vocês! - Eliza é irônica, enquanto bate pesado nas costas de Oliver, mas o que ela quer na realidade é estrangulá-lo, ali mesmo.

- Bom, não vamos mais incomodar, e aproveitem o chocolate - Louise se levanta puxando Oliver, percebendo sua "pisada na bola"

- Me liguem. - Eliza faz sinal com a mão, os vendo saírem.

...

- Quer dizer que... eu sou o seu herói bonitão!? - Ele sorri divertido e seus olhos azuis brilham novamente, enquanto leva a xícara de chocolate aos lábios rosados.

- Eu vou matar o Oliver! - Ela resmunga baixinho olhando para o lado.

- Eu amei saber que me acha bonito Eliza, eu também te achei linda! Na verdade... A garota mais linda que eu já vi! - Ele diz, enquanto a observa, parando de sorrir, seu olhar fica sério e profundo.

O silêncio toma conta dos dois e Eliza tem uma sensação estranha em seu coração com o jeito que ele a olha, fazendo-a se perder no azul brilhante.

- Obrigada... Mas eu também já vou. - Ela se levanta.

- Já! - Damien se levanta também, franzindo o cenho, parecendo desanimado.

- Eu... Hã... Imagino que tenha seus afazeres. - A garota disfarça sem pôr os olhos nele, pois sabe que não pode ficar em sua companhia por tanto tempo, isso parece perigoso demais para o trato maluco que fez com seu pai.

- Não! Pelo menos não hoje. Me desculpe se eu ri do comentário de Oliver e te deixei sem jeito - Ele olha sem entender.

- Não é isso... Eu...

- Então. Poderia ficar? Quero dizer, se não tiver nada melhor para fazer. - Seus olhos estão suplicantes num pedido irrecusável.

- Nada de importante. - Eliza sorri, mais relaxada.

- Eu adoraria passar o dia com você, Eliza. - Comenta com voz baixa.

O comentário transpassa direto para seu peito, já que para ela, é a companhia dele que tráz uma sensação gostosa, então resolve que não tem nada de mais em tirar o dia de passeio em sua companhia.

- Tudo bem. Eu já te mostrei um dos meus lugares preferidos, agora quero que me diga onde você me levaria?

- Ok! Eu sei de um lugar... - Ele sorri animado.

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Damien a leva direto para a exposição de artes e ali passam horas. Eliza explica tudo o que sabe, deixando Damien surpreso por seu amor pela arte. Mais tarde, quando a fome bate, eles param e almoçam. Eliza nunca se sentiu tão bem ao caminhar pelas ruas movimentadas daquela cidade, na companhia dele. O rapaz ensina várias coisas sobre a rotina francesa. A última parada é na Torre Eiffel.

A tarde cai rápido, nesse momento, eles estão sentados num banco observando o lindo pôr do sol.

- O que está fazendo? - pergunta o rapaz, ao ver que Eliza está muito tempo olhando para a folha de desenho - Ah já sei. Desenhando a Torre - deduz. - Mas eu me lembro de ver desenhos seus da Torre! - Ele estranha.

- Mas você já deve saber que desenhar é um estado de espírito, vai depender da inspiração, do sentimento que você sente na hora e o que é passado nele, isso vai ser lembrado e sentido sempre que alguém olhá-lo.

O rapaz se mostra mais fascinado com ela.

- Ei! Não se mexa tanto! - Eliza reclama, olhando para ele e para a folha.

- Você, está me desenhando?! - Um sorriso envergonhado e surpreso aparece em sua face.

A garota não diz nada, apenas sorri ainda com os olhos concentrados na folha.

- Já está acabando. - Finalmente ela responde - Esse desenho vai ficar melhor do que pensei.

- Por quê? - Ele ajeita seu cachecol preto no pescoço.

- Porque o modelo está posando agora, assim fica mil vezes melhor! Com seus traços perfeitos... Éh! Eu quis dizer... - Ela disfarça. - Os traços vão ficar mais bem feitos, olhando diretamente para você.

Ele percebe que Eliza desconversa, mas sente-se feliz em ver que ela parece sentir alguma coisa também.

- Acabei... - Ela esfrega o lápis no último sombreado e lhe entrega.

- Ficou perfeito. - Ele sorri admirado. - Eu quero ser o seu modelo sempre que quiser, Liza - brinca, lhe devolvendo a folha. - No desenho, está Damien e atrás dele a bela Torre Eiffel junto do lindo pôr do sol.

Logo escurece. Aos poucos, nuvens escuras tomam o céu prometendo uma noite de frio intenso. Os dois caminham à passos lentos, se encostando no muro baixo, admirando a vista do rio.

- Me diga qual foi a inspiração que teve para fazer esse desenho? - O olhar do rapaz é curioso.

- Digamos que... - Ela pensa um pouco - A Torre Eiffel, nunca esteve tão linda hoje! - Eliza olha fundo nos olhos brilhantes, admirando o quão diferente estão hoje.

- Eu estou feliz que tenha vindo ver o pôr do sol comigo, Liza. Você não sabe o quanto está me fazendo bem! - releva o rapaz - Venho me sentindo tão perdido há uns dias... bem, melhor não falar de problemas agora - Ele diminui a distância entre eles, de jeito calmo, Eliza já sente o seu perfume doce mais perto e seu coração acelera. - Eu sei que... Não posso fazer isso, mas estou com tanta vontade agora! - Damien está tão perto. Eliza sente o calor da respiração dele.

E ela tem a melhor visão até agora, pôde observar melhor seus cabelos claros, caídos sobre a testa por baixo da touca, sua pele bonita e limpa, seus lábios vermelhos tão perto, que estão sendo umedecidos de desejo por ela.

E como ela ficou quieta, na verdade perdida em tanta beleza, ele aproveita a oportunidade e virando o pescoço de lado, fecha os olhos devagar, ele encosta os lábios quentes nos dela. Eliza apenas se deleita com a maciez. Ele se aproxima mais, passando os braços ao redor de sua cintura com delicadeza e devagar ele encosta o corpo nela. Sentir o calor de seus braços tráz uma sensação maravilhosa a Eliza, junto a sua boca macia, provando a dela de um jeito tão perfeito. Agora sua língua quente encontra a dela de um modo delicioso e calmo.

Eliza se sente tão atraída, é inevitável, não consegue se afastar, ela tenta, mas nada. Isso faz Damien abraçar o corpo dela mais forte. Logo seus corpos se aquecem um nos braços do outro. Eliza não imaginava que o corpo dele era tão aconchegante, então logo se afasta e Damien sorri satisfeito ao abrir os olhos.

- Estou mais quente agora, Liza! - diz baixo e carinhosamente perto do ouvido dela deixando um pequeno selar em seus lábios redondinhos em seguida. Mas ele percebe que os olhos acastanhados da garota mudam rápido.

Eliza finalmente consegue raciocinar direito, então sai de seus braços rápido, enquanto eles se olham.

- Eu... não poderia! - Ela não consegue esconder sua preocupação.

- Eliza! Espere. - Ele segura sua mão - não pense tanto na condição de seu pai agora, só... Me deixe te sentir de novo?! Não me negue seus beijos, eu quero tanto isso!

- Você tem certeza?! - pergunta olhando em seus olhos e se dá conta de que na verdade, perguntou isso para si mesma.

- Eu nunca tive tanta certeza de uma coisa - Ele parece sincero. Seus olhos brilhantes penetram os dela como se tivessem o poder de ver sua mente e seu coração.

Então, finalmente Eliza se rende, se aproximando dele num abraço, encostando a cabeça em seu peito. Ele a abraça de volta fechando os olhos, sentido-se mais aliviado.

Depois levanta o queixo dela com as pontas dos dedos buscando seus lábios de novo. Eliza não consegue pensar em mais nada, apenas está concentrada nos macios lábios de Damien...

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